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segunda-feira, 15 de abril de 2013


Escrever é mandar recado
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 A receita de uma sobremesa é um recado. O convite para uma festa é um recado.  A prova de um  concurso é um recado. A gente manda e recebe recados todos os dias. O empregado anota a mensagem para o patrão ausente. O médico prescreve o remédio para o enfermo. O professor dá o tema da redação. Você escreve uma carta para seu amado. Seu coleguinha manda um bilhetinho pra você. É tudo recado. 
E a dissertação no vestibular? É recado. O relatório para o presidente da empresa? É recado. Então, por que aquele frio na espinha? Só de pensar as mãos ficam geladas. O coração dispara. O suor jorra. Os sintomas têm nome — medo. De quê? De não ter nada para dizer. 
Qual a saída? Ser esperto. Você já leu muitos livros, revistas e jornais. Viu milhares de filmes. Conversou sobre variados assuntos. Está pra lá de preparado. Tem assunto pra dar e vender. Na hora de dar o recado, fique calmo. E siga as dicas. 
1. Respire fundo.
Três vezes. Devagarinho. Deixe o ar chegar lá em baixo, no fundão da barriga. Visualize o umbigo. Sorria para ele. 
2. Leia o tema da redação.
Entenda-o. 
3. Planeje o texto:
Delimite o tema, defina o objetivo, selecione as idéias capazes de sustentar sua tese. Depois, faça um plano como o proposto no esqueminha: 
  Tema: assunto geral do texto.
  Delimitação do tema: aspecto do tema que vai ser tratado.
  Objetivo: aonde você quer chegar com seu texto?
  Idéias do desenvolvimento: argumentos, exemplos, comparações, confrontos e tudo que ajudar na sustentação do ponto de vista que você quer defender. 
4. Exemplo:
  Tema: Brasília
  Delimitação: Turismo em Brasília
  Objetivo: demonstrar as opções de turismo em Brasília
  Idéias do desenvolvimento: Brasília monumental (palácios, catedral, torre), Brasília ecológica (parques, cachoeiras), Brasília mística (Vale do Amanhecer, Cidade da Paz). 
5. Redija.
Comece pelo começo. Escolha uma frase bem atraente. Pode ser uma citação, uma pergunta, uma letra de música. Depois, desenvolva a sua tese. Cada idéia num parágrafo. Por fim, conclua. Com um fecho elegante. 
6. Seja natural.
Imagine que o leitor esteja à sua frente ou ao telefone com você. Fique à vontade. Espaceje suas frases com pausas. Sempre que couber, introduza uma pergunta direta. Confira a seu texto um toque humano. Você está escrevendo para gente igual a você. 
7. Use frases curtas. Com elas, você tropeça menos nas vírgulas e nos pontos. ‘‘Uma frase longa’’, ensinou Vinicius de Moraes, ‘‘não é nada mais que duas curtas’’. 
8. Ponha as sentenças na forma positiva.
Diga o que é, nunca o que não é. Em vez de ‘ele não assiste regularmente às aulas’, escreva ‘ele falta com freqüência às aulas’. 
9. Prefira palavras curtas e simples.
Os vocábulos longos e pomposos criam uma barreira entre leitor e autor. Fuja deles. Seja simples. Entre duas palavras, prefira a mais curta. Entre duas curtas, a mais expressiva. Casa, residência ou domicílio? Casa. 
10. Opte pela voz ativa.
Ela torna o texto esperto, vigoroso e conciso. A passiva, ao contrário, deixa-o desmaiado, sem graça.
  Compare:
  Voz ativa: Os alunos fizeram a redação.
  Voz passiva: A redação foi feita pelos alunos. 
11. Abuse de substantivos e verbos.
Seja sovina com adjetivos e advérbios. Eles são os inimigos do estilo enxuto.
12.Seja conciso.
Respeite a paciência do leitor. A frase não deve ter palavras desnecessárias. Por quê? Pela mesma razão que o desenho não deve ter linhas desnecessárias ou a máquina peças desnecessárias. 
13. Revise.
Sua redação tem começo, meio e fim? Você defendeu seu ponto de vista? Escreveu parágrafos com tópico frasal e desenvolvimento? Respeitou a correção gramatical (redobre os cuidados com a pontuação, a regência, a crase, a concordância. Triplique a atenção com a passiva sintética — do tipo ‘vendem-se carros’). 
14. Avalie.
As frases soam bem? Sem cacófatos (por cada, por tão, boca dela)? Sem rimas (rigor do calor)? Você começou bem? Terminou melhor? Parabéns!!

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