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domingo, 2 de junho de 2013

Literatura Infantil: Construção da Leitura e da Escrita


INTRODUÇÃO
Durante os últimos anos, muitos estudos e pesquisas sobre o trabalho com a literatura infantil na pré-escola tem suscitado interesse dos professores que trabalham com essa faixa etária.
A fundamentação teórica tem como intenção, nesta abordagem, refletir e encontrar possibilidades de novas alternativas, visamos apresentar orientações metodológicas que possam garantir momentos prazerosos para a criança no contato com os textos literários, pois é inegável a importância da literatura na formação completa do ser humano. Nesse processo, busca-se equilíbrio entre o desenvolvimento da inteligência e a afetividade, entre a ação e a emoção, entre o útil e o agradável.
Durante este estudo pude perceber que a literatura infantil esteve e está presente em nossas vidas muito antes da leitura e da escrita, isto é, nas cantigas de ninar, nas brincadeiras de roda, no ouvir histórias contadas pelos familiares. Mas, é na escola que a literatura tem o poder de construir para a criança, um elo lúdico entre o mundo da imaginação, dos símbolos subjetivos e o mundo da escrita, dos signos convencionalizados e impostos pela cultura.
A partir do momento em que a criança passa a ter acesso ao mundo da leitura, ela passa a buscar novos textos literários, novas descobertas, ampliação de compreensão de si e do mundo, do desenvolvimento pessoal e do mundo que a cerca.
No entanto, cabe-nos ressaltar, a necessidade da literatura ser trabalhada de forma dinâmica na vida da criança, acreditando que, com os estímulos, a maneira como a escola vive e convive com o mundo literário, influencia muito na formação da sensibilidade da criança, pois o momento de ouvir ou inventar uma história representa um dos momentos mais significativos para a criança e para as atividades pedagógicas, porque proporciona um momento mágico para ela com um valor educativo sem igual.

JUSTIFICATIVA
Já muito se disse de quanto a escola tem representado, para a maioria das crianças, a única oportunidade de contato com obras literárias, uma vez que a história de leitura deles, dos alunos, revela, quando muito, opção por outros textos que não os literários.
E aqui pode se ratificar uma função que não é exclusiva, mas que é especifica da escola, qual seja a de dar oportunidade às crianças de estabelecer relação íntima e prazerosa com o mundo das produções literárias.
Oportunizar essa convivência com os livros, esse desvendamento do mundo literário constitui um dos objetivos da escola. Daí porque se pensa ser a literatura um dos componentes importantes do currículo escolar e deste projeto.
A leitura pode ser dada logo no primeiro dia de aula, mesmo em se tratando de crianças que ainda não conhecem letra alguma: ela pode olhar para as ilustrações (o que já é um tipo de leitura), enquanto o professor lê o texto. Nessa fase inicial, as crianças começam a tomar contato com o livro, aprender a manuseá-lo, a reconhecer suas formas, perceber a diagramação e iniciar suas experiências com as formas de composição textual. Quase 95% das escolas estaduais contêm acervos da literatura infanto-juvenil, à disposição de alunos e professores, recebidos através do programa. “Centros de Leitura” e promovido pela Fundação do Desenvolvimento Escolar (FDE), além do Acervo do Ciclo Básico, distribuídos às escolas.
Precisamos garantir este contato inicial com os livros e nunca mais deixar de atuar. A literatura só poderá ser apreciada e incorporada à vida das pessoas se os livros, na idade escolar, ultrapassarem as características de leitura “didática” e se tornarem agradáveis, sugestivos. Não é só o futuro leitor, a bom leitor, que estamos salvaguardando.
Complementando as atividades de linguagem oral e de escrita, o hábito da leitura é poderoso coadjuvante no aprendizado das convenções autográficas a na interação com textos mais complexos. Pessoas que lêem regularmente acabam por fixar na memória a forma ortográfica com que as palavras são escritas, além de vivenciarem, sem que se dêem conta formas inusitadas a sempre renovadas do uso da língua. Não estamos querendo dizer que quem lê fartamente, escreve com desenvoltura. Mas podemos apostar que bons leitores terão, sem dúvida, maior facilidade para criarem seus próprios textos.
“Observai que se faz sempre a criança dar coisas das quais ignora o valor, moedas de metal que tem no bolso, e que só servem mesmo para isso. Uma criança daria com mais facilidade cem luíses do que um pedaço de bolo. Mas instigai esse prodígio distribuidor a dar coisas que lhe são caras, brinquedos, bombons, sua merenda e logo saberemos se o tornastes verdadeiramente liberal”.(Rousseau)

OBJETIVOS
OBJETIVOS GERAIS
  • Ampliar o desenvolvimento da criança trabalhando a Literatura Infantil na leitura e escrita do dia-a-dia.
  • Compreender como o mundo literário participa de nossas vidas transvestido de diferentes formas.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
  • Reconhecer que a escrita é uma representação da fala;
  • Propiciar momentos para a expressão oral;
  • Reconhecer que o desenho representa um texto; tem significado próprio;
  • Interpretar textos escritos e desenhados;
  • Explorar a capacidade de expressão corporal dos alunos, com relação ao movimento;
  • Reconhecer as lições de moral que as histórias trazem;
  • Trabalhar a matemática com os contos de fadas.

METODOLOGIA
Este projeto será aplicado completando uma carga horária de no mínimo 40 horas, durante duas semanas.
Não tenho o objetivo de acabar com totalmente com a metodologia utilizada pelos profissionais da pré-escola, mas sim, aproveitar o que trazem para aperfeiçoar, procurando estabelecer uma nova proposta.
Será realizado um trabalho em sala de aula, com a utilização de livros e dinâmicas será trabalhado vários livros e textos importantes da literatura, todos voltados e adequados para a pré-escola.
A organização dos trabalhos e das dinâmicas seguirá de acordo com a apresentação para os alunos de obras literárias. Visando promover o desenvolvimento da escrita e da fala através da leitura de livros infantis, será fundamental que a criança aprenda a sintetizar aquilo que ela lê, e este será um dos objetivos deste trabalho prático. Porém esse tema será trabalhado de forma diversificada, visando trabalhar de forma integrada aos eixos do conhecimento, enfatizando principalmente “Linguagem Oral e Escritas”.
Será apresentado às crianças o tema, através de uma conversa informal sobre a literatura, problematizando esse tema.
Iniciarei as aulas com a leitura de um conto de fada, que poderá ser feita por mim ou por algum aluno, seguido de atividades relacionadas a ele levando em consideração os eixos do conhecimento, podendo colocar o CD com a história e a música para acompanharem. Convidarei-as também para fazer a encenação dos contos, do qual gostarem mais, fazerem uma releitura da imagem do conto, releitura escrita ou oral, listar os personagens da história na lousa com ajuda da professora. Irão pintar desenhos utilizando a técnica desejada (giz de cera, lápis de cor, canetinha para contornar, tinta, etc.), fazer máscaras dos personagens da história “lobo mau e os três porquinhos”, desenhos livres, fazer personagens com massa de modelar, fazer a cabeça do “gato de botas” utilizando a técnica do origami. Refletir sobre a lição que cada história nos traz.
Esses são alguns métodos de atividades, podendo ser flexível no decorrer da projeto.
Com esses recursos iremos explora-lo da melhor forma possível e deixa-las descobrir formas de resolver os problemas e elogiar suas conquistas.

AVALIAÇÃO
Através de nossos estudos aprendemos que há possibilidade de uma educação construtiva e democratizadora, voltada para o pleno desenvolvimento do ser humano, de sua consciência crítica e de sua capacidade de ação e reação.
Assim, optamos por uma avaliação constante, para poder superar as dificuldades encontradas, acompanhando permanentemente a ação da criança e confiando na evolução do seu pensamento.
Enfim, esta é uma proposta de avaliação em que não apenas a criança é avaliada, mas todo o trabalho pedagógico oferecido a ela também é avaliado, repensando e modificando sempre que necessário. Não é uma avaliação final, pontual, retratando um único momento da criança. Mas uma avaliação processual, que é registrada constantemente, através de fichas de avaliação, observando a participação interesse e desempenho nas atividades dos alunos.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Diante da importância que a educação exerce na sociedade, um dos grandes desafios do professor é desvelar com pertinência, como seus alunos aprenderão aquilo que será proposto em suas aulas. Não basta apenas definir estratégias, aderir métodos, é preciso comprometer-se em desenvolver com competência as capacidades cognitivas, motoras, afetivas, de relação interpessoal e de inserção social dos alunos.
Então, propõe-se investigar uma das maiores problemáticas vivenciadas pelos docentes desde os primórdios da atividade educativa, como se processa a aprendizagem e quais são os conhecimentos necessários que o professor aproprie-se, para que saiba lidar com a aprendizagem de forma inteligente e eficaz, proporcionando aquilo que os alunos necessitam para obterem a real aprendizagem, em uma abordagem construtivista.
No processo construtivo do saber, o erro da linguagem não é visto como um tropeço, mas como um trampolim na rota da aprendizagem. Ele é um indicativo valioso para o acerto da resposta. Através dele apresenta-se os caminhos que o aluno percorreu para chegar a determinado resultado. Nessa perspectiva, o ensino vai identificar a raiz, interagir, tornar o erro observável, que e a criança possa interagir sobre ele, que tenha uma construção própria num nível de conquista superior.
A educação para a competência prioriza o desenvolvimento integral do aluno, a capacidade do sujeito para abordar situações complexas, e também seu preparo para a vida, ou seja, sua inserção no espaço social. Portanto, pode-se dizer que a aprendizagem é produto da reação inerte com os conteúdos e a metodologia praticada na escola.
É nessa perspectiva que a aprendizagem ganha um olhar voltado ao objetivo que destaca não apenas as habilidades intelectuais, mas também a atenção no desenvolvimento afetivo e emocional. Sendo que, o professor, além da matéria preocupa-se com o desenvolvimento de atitudes e hábitos morais, formação de valores e comportamentos na participação e cooperação responsáveis.
E após analisar seus objetivos deve levar em conta condições em que espera que seus alunos demonstrem competência observando seu modo de avaliar e prevendo o que espera do desempenho dos alunos observando o aspecto reflexivo, espírito cientifico, curiosidades cientificas, criatividade e senso artístico. Dessa forma, ele atinge os objetivos instrucionais e expressivos ajudando o estudante a ter outras habilidades e conhecimentos e auxiliar assuntos, criando uma necessidade de respostas.
E é também nessa perspectiva que se quer desenvolver esses objetivos nos alunos, com o projeto de literatura infantil. Cabe ainda ressaltar que cada aluno possui um ritmo de desenvolvimento, devemos conhecer os diferentes graus de conhecimento e relacionar os conteúdos proporcionando experiência onde a possibilidade de explorar, comparar, analisar e aprender algo mais do que já se sabe, através da interação com o meio, e ação intermediaria entre os conhecimentos prévios dos alunos e o saber elaborado do professor enfatizando a Zona de Desenvolvimento Proximal.
A literatura infantil influencia em todos os aspectos da educação da criança tendo como finalidade educar, instruir e distrair. A mesma atua em três áreas que seriam a afetividade, desperta a sensibilidade e o amor a literatura; compreensão desenvolve a leitura e compreensão do texto; inteligência desenvolve a aprendizagem de termos e conceitos, e principalmente a aprendizagem intelectual.
No inicio os livros de literatura infantil devem ser escolhidos tendo histórias com poucas personagens, devem ser breves e simples, onde tenha presença de sons rimas, repetições, usando um vocabulário familiar, evoluindo gradativamente.
A literatura estimula a imaginação, abre novos horizontes para as crianças, transmite valores culturais, permite saber sobre o presente e também experiências e fatos do passado, sendo que a mesma propõe fantasia e distração, pois de acordo com a evolução psicológica da criança são consideradas algumas fases, e nesta fase predomina a fantasia, onde os contos de fadas, animais que falam, lendas, fabulas e mitos são preferidos.
Conforme pesquisa realizada, a importância de trabalhar literatura na pré-escola passa a se destacar a partir do século XVII, onde a criança começa a ser considerada um ser diferente do adulto e não mais uma miniatura deste, com necessidades e características diferentes, devendo então, receber uma educação especial, que contribuirá para a vida adulta.
A importância fundamental da literatura é permitir a evolução e a formação da personalidade do futuro adulto, pois a literatura infantil foi redescoberta para servir e enriquecer as bases das experiências sociais e culturais, fundamentais ao desenvolvimento da criança. Sendo assim, a literatura foi criada com objetivo de valorizar a fantasia do maravilhoso e da magia.
E desta forma, é uma aliada permanente, se a mesma for utilizada no trabalho com a educação na pré-escola. Neste caso, cabe ao professor proporcionar meios para que a criança goste do jeito dela, da maneira como ela se sente melhor e não um ato obrigatório, monótono e sem significado, ou seja, a literatura deve ser trabalhada com prazer, magia, fantasias, aventura, arte, sendo uma das atividades mais significativas e abrangentes, suscitadora de novos conhecimentos e informações.
As histórias com crianças são muito importante no desenvolvimento das mesmas, principalmente no inicio da aprendizagem, como a afirma. Abramovich (1999: 16). “Ah, como é importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas, muitas histórias”.
É através do trabalho com as histórias ouvidas que as crianças desenvolvem o imaginário, a curiosidade, idéias para solucionar problemas como as realizadas pelas personagens, com maior possibilidade de descobrir e também esclarecer melhor as próprias dificuldades ou encontrar um caminho mais adequado para a solução deles.
Também, é através das histórias que o professor trabalha as emoções importantes, como: a tristeza, a raiva, a irritação, o bem-estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a tranqüilidade, a angústia, a ansiedade, e muitas outras, alem de viver profundamente tudo o que cada uma das histórias provoca em quem as ouve, pois se torna necessário sentir, ouvir e enxergar com os olhos da imaginação. É através das histórias que a criança pode descobrir outros lugares, outros jeitos de agir e de ser, outra realidade, uma nova compreensão de mundo.
Percebe-se, cada vez mais a necessidade de valorizar a importância do trabalho da literatura, pois esta é uma das formas de estimular nas crianças, além do gosto pelas histórias e as fantasias, também as relações entre o real e o imaginário, desenvolvendo o senso crítico e a transformação do saber, sendo a literatura de histórias o momento em que a criança pode conhecer a forma de viver, pensar, agir o universo de valores, costumes e comportamentos de outras culturas situadas em outros tempos e lugares diferentes do seu. Como afirma Coelho (1999: 17), “As histórias são para criança o que foram as parábolas de Cristo para os Cristãos, para os homens, sementes para germinar e frutificar”.
Contar histórias não é um ato simples, mas sim uma arte que pode ou não contribuir na aprendizagem da criança, pois como as histórias são trabalhadas pode estimular ou não o processo de aquisição do saber. Mas, se bem utilizadas e apresentadas à criança, torna-se uma oportunidade de criar, imaginar, fantasiar e aprender com as histórias infantis, com faz de conta e principalmente, com a magia que existe durante o ato de ouvir as histórias.
Para Carvalho, apud Cagnet e Zots:
“A literatura é a arte de ouvir e de dizer, logo nasce com o homem, suas origens se assimilam com o uso das palavras: filogeneticamente o homem aprendeu a falar, dizer antes de ler e escrever como ontogeneticamente acontece com a criança: portadora de bagagem lingüística. Essa capacidade de ouvir e de dizer é o ponto de partida da literatura”. (1968: 71)
A história a ser contada deve transmitir confiança, motivar atenção e despertar admiração, mas é necessário que ela seja conhecida pela pessoa que conta. Também é importante escolher o momento ideal para contar, pois este é o essencial para a qualidade da história que vai ser contada. É mister abrir espaço para o lúdico, atentar para a magia e a fantasia, o real e o imaginário.
A magia das histórias contadas, não pode ser passada despercebida, pois é através da interação com os outros que a criança sensibiliza-se adquirindo uma visão ampla dos conhecimentos.
Para trabalhar a literatura infantil com crianças é necessário destacar três condições básicas:
  • Selecionar as obras literárias para as crianças de acordo com a faixa etária.
  • Determinar a forma de apresentar a história para as crianças.
  • Estimular a recriação e a expressão em relação à história.
Com a finalidade de compreender melhor cada uma das condições, vamos procurar fazer um embasamento teórico que demonstre a importância de cada uma delas.
Selecionar as obras literárias de acordo com a faixa etária
A escolha de um livro de história deve atender as características e os interesses da idade da criança. Mas é necessário que o professor tenha clareza da diversidade de interesses apresentada pelas crianças, pois muitas vezes o que para o professor é algo interessante, para as crianças é pouco atraente, o que faz com que ela não se interesse pela história apresentada.
Acredita-se que a seleção, a escolha dos livros de história deve apoiar-se em alguns aspectos básicos, como: a ilustração, a propriedade da imagem, a estética coerente com o tema e as emoções que a obra literária sugere, o destaque dos elementos figurativos como a cor, tamanho da imagem, disposição espacial, a ilustração de ser sem muitos detalhes, pois os mesmo no inicio atrapalham o uso da imaginação.
A material das obras literária infantil deve ser resistente e durável. A caracterização dos personagens deve ter um número limitado, apresentar características distintas, com comportamentos que permitam a identificação pela criança. A forma de abordagem do tema pode ser feita através de dramatizações, narrativas, comicidades, lirismo, suspense, surpresas e outras formas.
Na mensagem deve-se evitar a transmissão de preconceitos e também evitar a moral através de textos literários. A historia deve oferecer uma mensagem que permita um espaço de criatividade, sem bloquear o imaginário da criança. A linguagem deve ser clara, simples, evitando a linguagem infantilizada, a mesma deve usar recursos como as rimas, ritmos e repetições. A criança gosta da maneira criativa do tema como é abordado pelo autor.
Determinar a forma de apresentar a história para a criança
Os textos apresentados para as crianças da pré-escola podem ser: contos de fada, ou melhor, todo o tipo de produção literária que possa ser, de alguma forma, compreendida pela criança, e deve ter presente, recursos que auxiliam no desenvolvimento dela.
Contos de fada: “Era uma vez…”, geralmente é assim que começam todos os contos de fada, contados e perpetuados há milênios, atravessando os tempos através da tradição oral do folclore dos povos. A visão literária dos contos de fada atualiza ou reinterpreta os conflitos de poder e de formação de valores, através da mistura de realidade com fantasia, pois lidam com a sabedoria popular, com conteúdos essenciais das condições humanas, perpetuadas até hoje: amor, medo, carência, perdas, solidão, dificuldades e descobertas de ser criança.
O enredo básico dos contos de fada são obstáculos, desafios que os heróis precisam vencer para ficar com suas princesas e terem um final feliz, e ainda com fadas e bruxas como papéis femininos, devido a mística que a feminilidade exerce sobre o homem, e assim estão sempre proporcionando auxilio ou dificuldades para que se atinja objetivos. O que pode ser visto em Abramovich, (1997, p. 121): “a magia não está no fato de haver uma fada já anunciada no título, mas a sua força de ação, de aparição, de comportamento, de abertura de portas, na sua insegurança…”.
Assim os contos de fadas objetivam mostrar o verdadeiro “eu” dos personagens, através de seres imaginários, fantásticos, belos, virtuosos e principalmente a realização existencial do ser humano. Mas, o que se tem que observar e analisar sobre a mente humana, e, principalmente a mente infantil, é a forma de perpassar muitas vezes a ideologia da sociedade vigente, pois contribuem para que a criança se acostume a aceitar as normas de conduta moral e social que lhe são transmitidas através dos contos.
Mas é preciso que se faça um trabalho de interpretação compreendendo o sentido do conto de fada, além de fazer um questionamento frente a história que é contada, pois, é isso que enriquece as atividades e proporcionam a criança uma interpretação crítica e ampla visão do mundo.
O “era uma vez…”, traz implícito a idéia de que se era assim há algum tempo, deve continuar a ser hoje, ou ainda, que tudo o que precisa ser feito ou pensado, vai partir de um acontecimento mágico para ser concretizado. Dessa forma, percebe-se ao se utilizar os contos de fada para se transmitir uma idéia ou modelo social, que deve haver uma análise para não se incorrer no erro de perpetuar esse desfecho de “foram felizes para sempre” ou “final feliz”, já que a realidade nem sempre permite que as coisas terminem dessa maneira. O que pode ser analisado em Abramovich (1991, p. 121) “por lidar com conteúdos de sabedoria popular com conteúdos essenciais a condição humana, é que esses contos de fadas são importantes, perpetuando-se até hoje…”
Estimular a recriação e a expressão da história
Com o intuito de enfatizar a recriação e a expressão da história infantil, estimula-se a magia da literatura no processo educativo. Com a leitura de livros de literatura infantil, o educando tem a oportunidade de contextualizar os significados das palavras através do pensamento e da ação, pois, segundo Abramovich, os primeiros contatos com o caminho do conhecimento devem ser repletos de sonhos encantados, fantasias, prazer, brincando com as palavras para que a criança descubra o mundo cientifico, através da reestruturação do pensamento com relação ao pensamento real e o imaginário.
Assim ao utilizarmos a literatura infantil, devemos levar em consideração que a criança deve ter a oportunidade de descobrir na leitura de textos infantis, a imaginação, a magia, as fantasias, que são pertinentes aos textos criados para elas, proporcionando constantemente, a integração entre o que ela é capaz de criar ou incorporar através das histórias ao seu processo de ensino e aprendizagem.
Dessa forma, a história infantil deve ser bem aproveitada enquanto recurso para o processo ensino-aprendizagem, não somente recursos didáticos e pedagógicos, mas sim, para a construção e transformação de nossa imagem social, como seres sociais, culturais, históricos e afetivos, com capacidade de formular hipóteses, recriar conhecimentos, rever nossa postura enquanto seres atuantes e sujeitos na sociedade, enfim, de nos transformarmos em pessoas mais abertas e capazes, tanto no cognitivo quanto afetivo.
Portanto cabe ao professor represar o uso que se faz da literatura infantil na sala de aula, para que ela não se torne simplesmente mais um recurso para o ensinar a aprender, mas sim, para o lúdico, a fascinação, a magia que o livro infantil exercerá na vida dessa criança. Então o professor estará conseguindo produzir na criança o gosto pela leitura, e não a obrigação de ler, ato que não gera prazer e não produzirá nenhum sentido ao leitor.
Após realizar um estudo mais elaborado sobre a finalidade da leitura infantil, percebeu-se como a mesma deve ser trabalhada, algumas técnicas e alguns recursos que podem ser utilizados no trabalho com a literatura infantil.
Enfim com base nessa breve fundamentação sobre aprendizagem, leitura e escrita, cabe-nos ressaltar que a mesma contribui muito no desenvolvimento da criança, mas para isso é necessário que o professor trabalhe com amor e comprometimento, tendo em vista que a literatura, se bem trabalhada na fase inicial da vida escolar produz na criança o interesse pelo mundo literário e possibilita a mesma, uma visão de mundo melhor. Sendo essa uma condição para identificar o que é melhor para si e para as pessoas que vivem ao seu redor.
CONCLUSÃO
Esse projeto enfatiza a importância da criança ter acesso aos livros, para que possa fazer uma leitura crítica, possibilitando tornar-se ativo, dialogar criativamente com o texto, a ponto de essa leitura interferir em sua vida.
Porém, é de responsabilidade do professor criar e incentivar o gosto pela leitura. Ler e manusear diariamente livros de histórias em sala de aula exercita a imaginação da criança, pois assim eles se sentem como se estivessem em contato com as próprias personagens e isso diminui muito a distância entre texto e aluno.
Ao término desse trabalho podemos concluir que um projeto como esse tem grande importância para a nossa formação, pois nos mostrou que podemos formar escritores/leitores através da literatura, buscando com isso uma alfabetização mais criativa e dentro de um contexto mais próximo das crianças.

BIBLIOGRAFIA
BRASIL. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998.
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: Gostosuras e Bobices. 5ª Edição. São Paulo: Scipione, 1997.
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CARVALHO, Bárbara Vasconcelos. A literatura Infantil. 6ª edição. São Paulo: Global, 1989.
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FREIRE, Paulo. A Importância do Ato de Ler. 40ª ed. São Paulo: Cortez Editora, 2000.
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ZABALA, Antoni. A prática Educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
CAGLIARI, Luis Carlos – Alfabetização e Leriguística. 39ª edição.
Sites:
www.vidadecriança.com.br
www.liceu.com.br
www.vertentes.com.br
www.sitedeliteratura.com/infantil/leitor
Literatura Infantil: Construção da Leitura e da Escrita
Autor: Carla Milene Gomes

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