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quinta-feira, 1 de agosto de 2013

O aluno e o professor como pessoas: conhecendo o professor (Parte 2)

Na parte 1 sobre o tema " O aluno e o professor como pessoas" vimos alguns teóricos que estudaram sobre as diferenças entre os alunos e sobre a importância de considerar essas diferenças a fim de utilizar os melhores métodos na busca pelo melhor aprendizado.
Agora, veremos as diferenças na perspectiva dos professores. Continuem acompanhando...

Para Díaz, a deficiência de metodologia de ensino por parte dos professores não é só produto de deficiência na formação pedagógica. De acordo com uma pesquisa da revista TIME, os melhores professores não são aqueles que se utilizam de técnicas de ensino "refinadas", mas sim os que, estimulados por seu entusiasmo para contagiar seus alunos com o amor à sua disciplina, encontravam maneiras próprias de comunicar e ensinar.

A metodologia seguida pelo professor reflete sobretudo uma "mentalidade", um sistema de crenças e valores, quase que uma "cosmovisão". Uma parte importante dessa "cosmovisão" é o conceito que se tem do homem e de sua capacidade de crescimento. Outra parte é o conceito que se tem da sociedade e da necessidade ou não de sua transformação.



No texto, após um estudo feito pela Universidade da Califórnia, o autor classifica os professores em seis "tipos". Então, vamos acompanhar essa classificação:

1. O PROFESSOR TIPO INSTRUTOR DE 'AUTÔMATOS'


O professor do tipo "instrutor" procura ajudar o aluno a adquirir a capacidade de responder imediatamente sem necessidade de pensar. Nessas aulas os estudantes pouco mais fazem que recitar definições, explicações e generalizações que memorizam a partir das exposições do professor ou de um texto ou apostila dados por ele. O aluno se converte numa máquina de dar respostas corretas, um autômato, nada mais.

O instrutor é uma autoridade máxima e o aluno tem poucas alternativas oferecidas ou exigidas. Os alunos são obrigados a conseguir uma proficiência que não depende do raciocínio e devem aprender um conjunto de informações de uma forma mais ou menos mecânica. Esse tipo de professor é comum nos cursos rápidos de preparação para a iniciação à educação secundária ou universitária ("vestibulares"), mas seus semelhantes não são raros nas IES.

2. O PROFESSOR QUE SE CONCENTRA NO CONTEÚDO

Este tipo de professor afirma que sua primeira tarefa consiste em cobrir sistematicamente as matérias de sua disciplina para assim ajudar os alunos a dominá-las. Ele tem plena certeza das matérias que devem ser tratadas e aprendidas. Considera uma tolice a opinião de que o processo de ensinar e de aprender deva consistir numa pesquisa conjunta. Se utiliza a pesquisa o faz apenas como um problema previamente estruturado.

Este professor dá menos importância à originalidade  que o fato do aluno aprender toda a matéria que já foi descoberta no passado. A idéia de aprender algo à partir da troca de experiências e do diálogo com os alunos é para esse tipo de professor é completamente estranho ao objetivo de ensinar e aprender.

Ele concebe um aluno que já domina o conteúdo apresentado em suas aulas (ou quer enganar-se disso).

3. O PROFESSOR QUE SE CONCENTRA NO PROCESSO DE INSTRUÇÃO

Diferente do tipo anterior, esse professor se concentra em conseguir que seus alunos tratem a matéria com os mesmos métodos e processos com que ele os trata. Aí você pode questionar: "Mas como assim?". Trata-se do professor que impõe um modelo de raciocínio e exige que seus alunos demonstrem (imitem) nos exercícios, avaliações etc. os mesmo procedimentos para alcançar determinado resultado ou raciocínio.

Este professor transmite a impressão de autoridade e de independência que. Entretanto, ao analisarmos sua postura, observamos que tudo gira em torno dele, do que ele pensa, das suas formulações.

Podemos diferenciar o professor que se concentra na instrução, do professor que se concentra no conteúdo, da seguinte forma: o primeiro, concentra-se no processo e o segundo no produto.

4. O PROFESSOR QUE SE CONCENTRA NO INTELECTO DO ALUNO

Para este tipo de professor, o processo de ensino-aprendizagem deve concentra-se na própria atividade racional. Para ele, deve-se dar muito mais importância ao como e ao “porquê” do saber, que ao que. Preocupa-se sobretudo em desenvolver as habilidades intelectuais do aluno.

Este tipo de professor utiliza a análise e a solução de problemas como o principal artifício do ensino, porém dá mais importância ao intelecto que às atitudes e emoções do estudante. o problema é, para ele, apenas um recurso para a tarefa didática, e não um assunto com o qual se compromete como pessoa.

5. O PROFESSOR QUE SE CONCENTRA NA PESSOA TOTAL

Esse professor tem muito de comum com o tipo D, pois ambos concentram-se no estudante. A diferença é que o professor E não acredita que o desenvolvimento intelectual deva ou possa ser desligado dos outros aspectos da personalidade humana, tais como os fatores afetivos e não-racionais da identidade e da intimidade.


Esse tipo de professor considera o ensino como um desafio global à pessoa do estudante, que o obriga a buscar respostas ainda não aprendidas, e a experimentá-las. Ele acha que o estudante deve ser tratado como pessoa integral, pois separando-se o mundo intelectual do resto, o processo de crescimento do estudante na direção de um ser adulto torna-se seriamente comprometido.

6. O PROFESSOR QUE TEM UMA VISÃO ESTRUTURAL DA SOCIEDADE

Esse tipo de professor não é citado na pesquisa realizada pela Universidade da Califórnia, como os cinco tipos anteriores, pois como afirma Díaz, esse professor possui características típicas de professores de países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento. Aí você pergunta: "Como assim?"

Este professor considera o aluno, ai matérias a ensinar, e a si mesmo, como partes inseparáveis de um contexto "societal", isto é, de uma sociedade historicamente estruturada em estratos dominantes e estratos dominados; sociedade que, por sua vez, está imersa num mundo onde certas sociedades competem com outras ou dominam outras, provocando as reações de conflito ou de libertação que hoje são assuntos das notícias em jornais e revistas. Ele considera possível que a educação esteja sendo usada pelo establishment dominante para consolidar e perpetuar sua situação privilegiada.

A metodologia didática deste último tipo de professor, obviamente, será radicalmente diferente da utilizada pelos tipos anteriores, principalmente pelo caráter de engajamento ou compromisso liberador que sua visão dos problemas da sociedade exige dele e de seus alunos.

Esse último tipo de classificação de professores é útil pelo menos para nos alertar para um fato importante: o de que a opção metodológica feita pelo professor pode ter efeitos decisivos sobre a formação da mentalidade do aluno, de sua “cosmovisão”, de seu sistema de valores e, finalmente, de seu modo de viver. Alguém disse, uma vez, que, "enquanto os conteúdos do ensino informam, os métodos de ensino “formam”.
Efetivamente, dos conteúdos do ensino, o aluno aprende datas, fórmulas, estruturas, classificações, nomenclaturas, cores, pesos, causas, efeitos, etc. Dos métodos ele aprende a ser livre ou submisso; seguro ou inseguro; disciplinado ou organizado; responsável ou irresponsável; competitivo ou cooperativo. Dependendo de sua metodologia, o professor pode contribuir para gerar uma consciência crítica ou uma memória fiel, uma visão universalista ou uma visão estreita e unilateral, uma sede de aprender pelo prazer de aprender e resolver problemas, ou uma angústia de aprender apenas para receber um prêmio e evitar um castigo.




Do exame do problema das diferenças pessoais entre alunos e entre professores, à luz da teoria e das pesquisas, uma idéia parece ter ficado bem clara: Não há um método bom para todos. Como a dinâmica interna de cada aluno é diferente da dos demais, uns encontram desafio e satisfação onde outros acham aborrecimento e frustração. Por sua vez, cada professor é um ser humano com crenças e emoções diversas.
Como pode o professor resolver o problema das diferenças individuais e a escolha de métodos? Não existe uma receita pronta para oferecer. Somente é possível afirmar com McKeachie que, na medida em que o professor faz questão de conhecer cada vez mais as diferenças entre seus alunos, mais motivado ele ficará para variar e experimentar novos métodos, alternando os de exposição com os de discussão, os de transmissão por meios mecânicos, os métodos de projeto e estudo dirigido etc., observando sempre que tipos de alunos aprendem melhor com que tipo de método.

Aos poucos, professor será capaz de identificar quais são as diferenças de personalidade mais determinantes nas diferenças de aprendizagem. Isto lhe ajudará a agrupar seus alunos por tipos e adequar seus métodos aos diversos tipos.

No processo, o professor irá concentrando-se mais nos alunos como pessoas totais do que na matéria a ensinar. A meta final é o desenvolvimento da empatia, aquela capacidade de perceber situações e sentir emoções da maneira como o aluno as percebe e sente, graças à identificação e à simpatia que o professor sente para com aquele.

É óbvio que só pode desenvolver simpatia e empatia, aquele professor que olha e trata seus alunos como pessoas humanas que vivem em uma sociedade específica, neste momento, e não como meras unidades do "corpo discente".

Vamos refletir sobre nossa prática, amigos e amigas da pedagogia!

Você pode baixar o texto na íntegra (Partes 1 e 2 do tema "O aluno e o professor como pessoas") AQUI


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