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quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

A DIDÁTICA E A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO PROFESSOR

A formação profissional do professor é realizada nos cursos de Habilitação ao Magistério em nível superior. Compõe-se de um conjunto de disciplinas coordenadas e articuladas entre si, cujos objetivos e conteúdos devem confluir para uma unidade teórico-metodológica do curso. A formação profissional é um processo pedagógico, intencional e organizado, de preparação teórico-científica e técnica do professor para dirigir competentemente o processo de ensino.

A formação do professor abrange, pois, duas dimensões: a formação teórico-científica, incluindo a formação acadêmica específica nas disciplinas em que o docente vai especializar-se e a formação pedagógica, que envolve os conhecimentos da Filosofia, Sociologia, História da Educação e da própria Pedagogia que contribuem para o esclarecimento do fenômeno educativo no contexto histórico-social; a formação técnico-prática visando à preparação profissional específica para a docência, incluindo a Didática, as metodologias específicas das matérias, a Psicologia da Educação, a pesquisa educacional e outras.

A organização dos conteúdos da formação do professor em aspectos teóricos e práticos de modo algum significa considerá-los isoladamente. São aspectos que devem ser articulados. As disciplinas teórico-científicas são necessariamente referidas à prática escolar, de modo que os estudos específicos realizados no âmbito da formação acadêmica sejam relacionados com os de formação pedagógica que tratam das finalidades da educação e dos condicionantes históricos, sociais e políticos da escola. Do mesmo modo, os conteúdos das disciplinas específicas precisam ligar-se às suas exigências metodológicas. As disciplinas de formação técnico-prática não se reduzem ao mero domínio de técnicas e regras, mas implicam também os aspectos teóricos, ao mesmo tempo em que fornecem à teoria os problemas e desafios da prática. A formação profissional do professor implica, pois, uma contínua interpenetração entre teoria e prática, a teoria vinculada aos problemas reais postos pela experiência prática e a ação prática orientada teoricamente.

Nesse entendimento, a Didática se caracteriza como mediação entre as bases teórico-científicas da educação escolar e a prática docente. Ela opera como que uma ponte entre o "o quê" e o "como" do processo pedagógico escolar. A teoria pedagógica orienta a ação educativa escolar mediante objetivos, conteúdos e tarefas da formação cultural e científica, tendo em vista exigências sociais concretas; por sua vez, a ação educativa somente pode realizar-se pela atividade prática do professor, de modo que as situações didáticas concretas requerem o "como" da intervenção pedagógica. Este papel de síntese entre a teoria pedagógica e a prática educativa real assegura a interpenetração e interdependência entre fins e meios da educação escolar e, nessas condições, a Didática pode constituir-se em teoria do ensino. O processo didático efetiva a mediação escolar de objetivos, conteúdos e métodos das matérias de ensino. Em função disso, a Didática descreve e explica os nexos, relações e ligações entre o ensino e a aprendizagem; investiga os fatores co-determinantes desses processos; indica princípios, condições e meios de direção do ensino, tendo em vista a aprendizagem, que são comuns ao ensino das diferentes disciplinas de conteúdos específicos. Para isso recorre às contribuições das ciências auxiliares da Educação e das próprias metodologias específicas. É, pois uma matéria de estudo que integra e articula conhecimentos teóricos e práticos obtidos nas disciplinas de formação acadêmica, formação pedagógica e formação técnico-prática, provendo o que é comum, básico e indispensável para o ensino de todas as demais disciplinas de conteúdo.

A formação profissional para o magistério requer, assim, uma sólida formação teórico-prática. Muitas pessoas acreditam que o desempenho satisfatório do professor na sala de aula depende de vocação natural ou somente da experiência prática, descartando-se a teoria. É verdade que muitos professores manifestam especial tendência e gosto pela profissão, assim como se sabe que mais tempo de experiência ajuda no desempenho profissional. Entretanto, o domínio das bases teórico-científicas e técnicas, e sua articulação com as exigências concretas do ensino, permitem maior segurança profissional, de modo que o docente ganhe base para pensar sua prática e aprimore sempre mais a qualidade do seu trabalho.

Entre os conteúdos básicos da Didática figuram os objetivos e tarefas do ensino na nossa sociedade. A Didática se baseia numa concepção de homem e sociedade e, portanto, subordina-se a propósitos sociais, políticos e pedagógicos para a educação escolar a serem estabelecidos em função da realidade social brasileira.

O processo de ensino é uma atividade conjunta de professores e alunos, organizado sob a direção do professor, com a finalidade de prover as condições e meios pelos quais os alunos assimilam ativamente conhecimentos, habilidades, atitudes e convicções. Este é o objeto de estudo da Didática.



Sugestões para estudo

1) Por que a educação é um fenômeno e um processo social?

2) Explicar as relações entre a definição de educação em sentido mais amplo e em sentido estrito.

3) Podemos falar que nas associações civis, nas associações de bairro, nos movimentos sociais etc., ocorre uma ação pedagógica?

4) Que significa afirmar que o ensino tem um caráter pedagógico?

5) Dar uma definição de educação com suas próprias palavras.

6) Explicar a afirmação: "Não há fato da vida social que possa ser explicado por si mesmo".

7) Qual é a finalidade social do ensino? Qual o papel do professor?

8) Quais as relações entre Pedagogia e Didática?

9) Por que se afirma que a Didática é o eixo da formação profissional?


Bibliografia: LIBÂNEO, José Carlos. DIDÁTICA. São Paulo: Cortez, 1994.



terça-feira, 15 de julho de 2014

PAULO FREIRE, O MENTOR DA EDUCAÇÃO PARA A CONSCIÊNCIA

O mais célebre educador brasileiro, autor da pedagogia do oprimido, defendia como objetivo da escola ensinar o aluno a "ler o mundo" para poder transformá-lo.



Paulo Freire (1921-1997) foi o mais célebre educador brasileiro, com atuação e reconhecimento internacionais. Conhecido principalmente pelo método de alfabetização de adultos que leva seu nome, ele desenvolveu um pensamento pedagógico assumidamente político. Para Freire, o objetivo maior da educação é conscientizar o aluno. Isso significa, em relação às parcelas desfavorecidas da sociedade, levá-las a entender sua situação de oprimidas e agir em favor da própria libertação. O principal livro de Freire se intitula justamente Pedagogia do Oprimido e os conceitos nele contidos baseiam boa parte do conjunto de sua obra.

Ao propor uma prática de sala de aula que pudesse desenvolver a criticidade dos alunos, Freire condenava o ensino oferecido pela ampla maioria das escolas (isto é, as "escolas burguesas"), que ele qualificou de educação bancária. Nela, segundo Freire, o professor age como quem deposita conhecimento num aluno apenas receptivo, dócil. Em outras palavras, o saber é visto como uma doação dos que se julgam seus detentores. Trata-se, para Freire, de uma escola alienante, mas não menos ideologizada do que a que ele propunha para despertar a consciência dos oprimidos. "Sua tônica fundamentalmente reside em matar nos educandos a curiosidade, o espírito investigador, a criatividade", escreveu o educador. Ele dizia que, enquanto a escola conservadora procura acomodar os alunos ao mundo existente, a educação que defendia tinha a intenção de inquietá-los.


Aprendizado conjunto

Freire criticava a ideia de que ensinar é transmitir saber porque para ele a missão do professor era possibilitar a criação ou a produção de conhecimentos. Mas ele não comungava da concepção de que o aluno precisa apenas de que lhe sejam facilitadas as condições para o auto-aprendizado. Freire previa para o professor um papel diretivo e informativo - portanto, ele não pode renunciar a exercer autoridade. Segundo o pensador pernambucano, o profissional de educação deve levar os alunos a conhecer conteúdos, mas não como verdade absoluta. Freire dizia que ninguém ensina nada a ninguém, mas as pessoas também não aprendem sozinhas. "Os homens se educam entre si mediados pelo mundo", escreveu. Isso implica um princípio fundamental para Freire: o de que o aluno, alfabetizado ou não, chega à escola levando uma cultura que não é melhor nem pior do que a do professor. Em sala de aula, os dois lados aprenderão juntos, um com o outro - e para isso é necessário que as relações sejam afetivas e democráticas, garantindo a todos a possibilidade de se expressar. "Uma das grandes inovações da pedagogia freireana é considerar que o sujeito da criação cultural não é individual, mas coletivo", diz José Eustáquio Romão, diretor do Instituto Paulo Freire, em São Paulo.

A valorização da cultura do aluno é a chave para o processo de conscientização preconizado por Paulo Freire e está no âmago de seu método de alfabetização, formulado inicialmente para o ensino de adultos. Basicamente, o método propõe a identificação e catalogação das palavras-chave do vocabulário dos alunos - as chamadas palavras geradoras. Elas devem sugerir situações de vida comuns e significativas para os integrantes da comunidade em que se atua, como por exemplo "tijolo" para os operários da construção civil. 

Diante dos alunos, o professor mostrará lado a lado a palavra e a representação visual do objeto que ela designa. Os mecanismos de linguagem serão estudados depois do desdobramento em sílabas das palavras geradoras. O conjunto das palavras geradoras deve conter as diferentes possibilidades silábicas e permitir o estudo de todas as situações que possam ocorrer durante a leitura e a escrita. "Isso faz com que a pessoa incorpore as estruturas lingüísticas do idioma materno", diz Romão. Embora a técnica de silabação seja hoje vista como ultrapassada, o uso de palavras geradoras continua sendo adotado com sucesso em programas de alfabetização em diversos países do mundo.



Seres inacabados

O método Paulo Freire não visa apenas tornar mais rápido e acessível o aprendizado, mas pretende habilitar o aluno a "ler o mundo", na expressão famosa do educador. "Trata-se de aprender a ler a realidade (conhecê-la) para em seguida poder reescrever essa realidade (transformá-la)", dizia Freire. A alfabetização é, para o educador, um modo de os desfavorecidos romperem o que chamou de "cultura do silêncio" e transformar a realidade, "como sujeitos da própria história".

No conjunto do pensamento de Paulo Freire encontra-se a idéia de que tudo está em permanente transformação e interação. Por isso, não há futuro a priori, como ele gostava de repetir no fim da vida, como crítica aos intelectuais de esquerda que consideravam a emancipação das classes desfavorecidas como uma inevitabilidade histórica. Esse ponto de vista implica a concepção do ser humano como "histórico e inacabado" e conseqüentemente sempre pronto a aprender. No caso particular dos professores, isso se reflete na necessidade de formação rigorosa e permanente. Freire dizia, numa frase famosa, que "o mundo não é, o mundo está sendo".



Três etapas rumo à conscientização 

Embora o trabalho de alfabetização de adultos desenvolvido por Paulo Freire tenha passado para a história como um "método", a palavra não é a mais adequada para definir o trabalho do educador, cuja obra se caracteriza mais por uma reflexão sobre o significado da educação. "Toda a obra de Paulo Freire é uma concepção de educação embutida numa concepção de mundo", diz José Eustáquio Romão. Mesmo assim, distinguem-se na teoria do educador pernambucano três momentos claros de aprendizagem. O primeiro é aquele em que o educador se inteira daquilo que o aluno conhece, não apenas para poder avançar no ensino de conteúdos mas principalmente para trazer a cultura do educando para dentro da sala de aula. O segundo momento é o de exploração das questões relativas aos temas em discussão - o que permite que o aluno construa o caminho do senso comum para uma visão crítica da realidade. Finalmente, volta-se do abstrato para o concreto, na chamada etapa de problematização: o conteúdo em questão apresenta-se "dissecado", o que deve sugerir ações para superar impasses. Para Paulo Freire, esse procedimento serve ao objetivo final do ensino, que é a conscientização do aluno.


Para pensar 

Um conceito a que Paulo Freire deu a máxima importância, e que nem sempre é abordado pelos teóricos, é o de coerência. Para ele, não é possível adotar diretrizes pedagógicas de modo conseqüente sem que elas orientem a prática, até em seus aspectos mais corriqueiros. "As qualidades e virtudes são construídas por nós no esforço que nos impomos para diminuir a distância entre o que dizemos e fazemos", escreveu o educador. "Como, na verdade, posso eu continuar falando no respeito à dignidade do educando se o ironizo, se o discrimino, se o inibo com minha arrogância?" Você, professor, tem a preocupação de agir na escola de acordo com os princípios em que acredita? E costuma analisar as próprias atitudes sob esse ponto de vista?

sexta-feira, 13 de junho de 2014

COMO INCENTIVAR A LEITURA NA INFÂNCIA


Na fase quando podemos investir e introduzir hábitos positivos é na infância, arrumar os brinquedos depois de usa-los, deixar as tarefinhas em dia, e muito importante, o hábito de ler. Sabemos que a tecnologia trouxe muitas facilidades, inclusive no meio das letras e outras na área do entretenimento. Porém, o tradicional livro não sai de moda.

As crianças têm desde cedo a chance de provar todas as parafernálias eletrônicas e os pais até admiram a desenvoltura e rapidez que eles, os pequenos, aprendem, até mais rápido do que os adultos, nada de mal nisso. Mas é bom tentar mante-los ligados ao universo da literatura, porque é através dela que conseguimos desenvolver o senso crítico, melhorar o conhecimento pessoal e do mundo, e de quebra, melhorar a escrita e a competência linguística.

As primeiras leituras são sempre ligadas a hora de lazer, ou descanso, hora de dormir, historinhas de contos de fada, personagens mágicas e que despertam na criança o interesse pelo universo fantasioso da literatura. Isso significará momento de espontaneidade em família. Junto com esse exercício tente explorar a imaginação infantil após a leitura de um livro didático e peça para a criança fazer desenhos de acordo com o que ela entendeu da historinha ou fazer a sua própria versão. 

Uma maneira de incentivar é, de acordo com a idade, visitar livrarias e bibliotecas e faze-los escolher o que mais chama a atenção. Talvez não seja o livro que você esperasse seu filho optar, mas isso faz com que a criança se sinta importante na escolha. 

Por que não montar uma mini biblioteca no quarto e organizar o cantinho da leitura? São atitudes simples mas que na maioria dos casos no futuro revertem em bons resultados. Além de que, são os grandes escritores que traçam o perfil das gerações em suas obras e guardam informação através de suas linhas que são pontos importantes para conhecer o próprio país e sua história. Profissionais de pedagogia revelam o quanto é relevante esse investimento em casa, porque agrega valor às atividades na escola.

É vantajoso também procurar temas do dia a dia e incluir como opções de leitura, como a saúde da criança. Se você se preocupa em pagar um plano de saúde para ela, invista também em bons hábitos que funcionam como prevenção de doenças, como higiene bucal, alimentação e hábitos esportivos. Há livros escritos exatamente para despertar essas ações nas crianças através de personagens engraçados e lúdicos.

Como você incentiva seu filha(a) a ler?

quarta-feira, 21 de maio de 2014

LEV VYGOTSKY, O TEÓRICO DO ENSINO COMO PROCESSO SOCIAL

A obra do psicólogo ressalta o papel da escola no desenvolvimento mental das crianças e é uma das mais estudadas pela pedagogia contemporânea.



O psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky (1896-1934) morreu há mais de 70 anos, mas sua obra ainda está em pleno processo de descoberta e debate em vários pontos do mundo, incluindo o Brasil. "Ele foi um pensador complexo e tocou em muitos pontos nevrálgicos da pedagogia contemporânea", diz Teresa Rego, professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Ela ressalta, como exemplo, os pontos de contato entre os estudos de Vygotsky sobre a linguagem escrita e o trabalho da argentina Emília Ferreiro, a mais influente dos educadores vivos. 

A parte mais conhecida da extensa obra produzida por Vygotsky em seu curto tempo de vida converge para o tema da criação da cultura. Aos educadores interessa em particular os estudos sobre desenvolvimento intelectual. Vygotsky atribuía um papel preponderante às relações sociais nesse processo, tanto que a corrente pedagógica que se originou de seu pensamento é chamada de sócio-construtivismo ou sócio-interacionismo. 




Surge da ênfase no social uma oposição teórica em relação ao biólogo suíço Jean Piaget (1896-1980), que também se dedicou ao tema da evolução da capacidade de aquisição de conhecimento pelo ser humano e chegou a conclusões que atribuem bem mais importância aos processos internos do que aos interpessoais. Vygotsky, que, embora discordasse de Piaget, admirava seu trabalho, publicou críticas ao suíço em 1932. Piaget só tomaria contato com elas nos anos 1960 e lamentou não ter podido conhecer Vygotsky em vida. Muitos estudiosos acreditam que é possível conciliar as obras dos dois. 


O papel do adulto 

Todo aprendizado é necessariamente mediado - e isso torna o papel do ensino e do professor mais ativo e determinante do que o previsto por Piaget e outros pensadores da educação, para quem cabe à escola facilitar um processo que só pode ser conduzido pelo própria aluno. Segundo Vygotsky, ao contrário, o primeiro contato da criança com novas atividades, habilidades ou informações deve ter a participação de um adulto. Ao internalizar um procedimento, a criança "se apropria" dele, tornando-o voluntário e independente.

Desse modo, o aprendizado não se subordina totalmente ao desenvolvimento das estruturas intelectuais da criança, mas um se alimenta do outro, provocando saltos de nível de conhecimento. O ensino, para Vygotsky, deve se antecipar ao que o aluno ainda não sabe nem é capaz de aprender sozinho, porque, na relação entre aprendizado e desenvolvimento, o primeiro vem antes. É a isso que se refere um de seus principais conceitos, o de zona de desenvolvimento proximal, que seria a distância entre o desenvolvimento real de uma criança e aquilo que ela tem o potencial de aprender - potencial que é demonstrado pela capacidade de desenvolver uma competência com a ajuda de um adulto. Em outras palavras, a zona de desenvolvimento proximal é o caminho entre o que a criança consegue fazer sozinha e o que ela está perto de conseguir fazer sozinha. Saber identificar essas duas capacidades e trabalhar o percurso de cada aluno entre ambas são as duas principais habilidades que um professor precisa ter, segundo Vygotsky. 

Expansão dos horizontes mentais

Como Piaget, Vygotsky não formulou uma teoria pedagógica, embora o pensamento do psicólogo bielo-russo, com sua ênfase no aprendizado, ressalte a importância da instituição escolar na formação do conhecimento. Para ele, a intervenção pedagógica provoca avanços que não ocorreriam espontaneamente. Ao formular o conceito de zona proximal, Vygotsky mostrou que o bom ensino é aquele que estimula a criança a atingir um nível de compreensão e habilidade que ainda não domina completamente, "puxando" dela um novo conhecimento. "Ensinar o que a criança já sabe desmotiva o aluno e ir além de sua capacidade é inútil", diz Teresa Rego. O psicólogo considerava ainda que todo aprendizado amplia o universo mental do aluno. O ensino de um novo conteúdo não se resume à aquisição de uma habilidade ou de um conjunto de informações, mas amplia as estruturas cognitivas da criança. Assim, por exemplo, com o domínio da escrita, o aluno adquire também capacidades de reflexão e controle do próprio funcionamento psicológico. 

Para pensar 

Vygotsky atribuiu muita importância ao papel do professor como impulsionador do desenvolvimento psíquico das crianças. A ideia de um maior desenvolvimento conforme um maior aprendizado não quer dizer, porém, que se deve apresentar uma quantidade enciclopédica de conteúdos aos alunos. O importante, para o pensador, é apresentar às crianças formas de pensamento, não sem antes detectar que condições elas têm de absorvê-las. E você? Já pensou em elaborar critérios para avaliar as habilidades que seus alunos já têm e aquelas que eles poderão adquirir? Percebe que certas atividades estimulam as crianças a pensar de um modo novo e que outras não despertam o mesmo entusiasmo? 

quinta-feira, 6 de março de 2014

DEVER DE CASA: UMA LIÇÃO PARA A ESCOLA



Os professores que trabalham com crianças de educação infantil costumam se deparar com situações complicadas. Uma delas é a “lição de casa”. Sabe-se que muitos pais pressionam os educadores para que enviem atividades a seus filhos para serem feitas em casa, acreditando que, dessa forma, eles irão aprender mais. No ensino fundamental, a função das atividades extra- classe é de realmente reforçar o aprendizado dado em sala de aula e ainda instigar um novo aprendizado por meio de pesquisas. Já na educação infantil, essa função é mais ampla. Ela não apenas reforça o aprendizado, mas desenvolve o senso de responsabilidade na criança pequena, pois terá que cuidar da atividade, entregar para a professora sem amassar e na data combinada. Dessa forma, elas funcionam para os pequenos como um desafio a ser superado. Ao fazer isso, porém, o professor deve ter certeza de que o conteúdo foi assimilado em classe e que a criança é capaz de realizar a atividade proposta, mesmo que precise da ajuda dos pais. 
   
O que muitos perguntam é se enviar as lições de casa para os menores cumprem de verdade sua função. A resposta a essa pergunta nos remete a algumas questões anteriores:

- Por que tradicionalmente se dá o dever, também chamado de “Para casa”, às crianças?
- Com que objetivo se dá “Para casa”?
- Esse objetivo é realmente alcançado? Em outras palavras, o “Para casa” dá retorno?
- Para as crianças, o “Para casa” é um castigo, um dever ou um prazer?
- Qual a vantagem de se dar “Para casa”?


Muitos educadores e pais não refletem sobre essas questões. Seguem apenas a tradição escolar do “Para casa”, "Lição de Casa" ou "Tarefa", sem questionar sua utilidade ou validade. Na verdade, o hábito de dar “Para casa” tem, sim, algunsobjetivos — nem sempre claros para os educadores e os pais de ordem formativa, diagnóstica, sistematizadora, avaliativa, recuperadora/reforçadora, mas que só serão alcançados se o “Para casa” for:

  • Significativo para a criança, ou seja, que atenda a seus interesses e sua necessidades.
  • Bem planejado, elaborado e dosado, criativo, instigante e coerente.
  • Orientado, esclarecido e justificado com antecedência pelo educador.
  • Feito pela própria criança, de acordo com suas possibilidades.
  • Utilizado no dia seguinte como fonte de ampliação, confirmação ou geração de conhecimento.
  • Elogiado quando bem feito, questionado quando não feito e esclarecido quando incorreto.

Entre as razões que dão validade ao “Para casa”, destacam-se:
  • Revela o tipo e o nível de aprendizagem da criança.
  • Explicita suas dificuldades específicas a serem atendidas
  • Sistematiza e amplia os conhecimentos trabalhados na sala de atividades.
  • Desenvolve habilidades individuais e interesses específicos, criando hábitos de estudo.
  • Contribui para a formação dos valores da corresponsabilidade, da disciplina, do compromisso, da autonomia.
  • Serve como “ponte” entre a escola e a família.

A LIÇÃO DE CASA..
Não tem função alguma quando se transforma em uma atividade burocrática. Portanto, ela deve ser planejada e ter conteúdo adequado a idade e ao que a criança aprendeu em sala de aula.

Tem uma função positiva quando desafia o aluno, ou seja, não é mera repetição do que ele já faz na escola Além disso, a criança precisa ter conhecimento prévio da lição para que possa fazê-la sozinha, com a mínima ajuda dos pais.


ORIENTE OS PAIS PARA QUE:
Criem um ambiente confortável e seguro para que seus filhos possam fazer sua lição de casa. Se possível sem muitos atrativos para que não se dispersem.

Eles devem estar por perto nessa hora para que, quando solicitado pela criança, possam ajudar.

Não apressem a criança. Cada uma tem seu tempo e é natural que, nessa fase, ela demore um pouco mais para realizara atividade proposta A lição não deverá ser realizada em frente à televisão.


Na hora de explicar a importância da lição, use temas cotidianos para mostrar que o que se aprende na escola pode ser aplicado no dia a dia. Exemplos: matemática na hora da pagar contas no supermercado, imigração japonesa para entender história e geografia.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

DIFICULDADES DE ADAPTAÇÃO À EDUCAÇÃO INFANTIL

Medos, temores e fobias. A Educação Infantil constitui uma experiência necessária de “socialização” para a criança. É o seu primeiro contato com um grupo de pessoas diferentes das de sua família. É por isso que é comum que a criança chore em seu primeiro dia de aula na educação infantil, já que sente com mais ou menos intensidade a separação de sua mãe, experimenta um sentimento de abandono e angústia e um temor frente ao novo. À medida que se desenvolve, a criança se depara com objetos, situações, experiências cujas qualidades perceptivas resultam ameaçadoras.

O desenvolvimento cognitivo da criança se mostra insuficiente para urna correta avaliação do perigo, avaliação que se baseia em um conhecimento mais profundo o e complexo das características e funções dos objetos ou situações. Estes temores são passageiros e desaparecem com um maior desenvolvimento cognitivo. Alguns autores discriminam entre os medos:

1) Medo de perigos reais: aqueles que ameaçam a existência da criança (ex.: medo de estar aos cuidados de uma pessoa que não conhece).

2) Medos de perigos imaginários: objetos ou situações de cuja periculosidade a criança ouviu falar, e responde a eles com demonstrações de ansiedade.

Anna Freud fala de “medos arcaicos”, que seriam aqueles medos prematuros e de caráter universal: da escuridão, da solidão, do desconhecido. Grande parte das crianças sofrem destes medos ainda muito cedo, mas são transitórios em crianças com desenvolvimento normal e desaparecem durante a primeira infância. A escuridão, a solidão, o desconhecido, são significantes para a criança com “ausência materna”.


Os temores típicos da infância revelam o quanto são inseguras as percepções nas crianças quando se encontram sob a influência do medo. Nos momentos de angústia não conseguem distinguir o que é possível do que não é. Durante o período intuitivo da inteligência entre os2 e os 5 anos a regra vigente é a da transferência, ou seja, a generalização de um caso particular a outro também particular, ex.: uma criança assiste a morte de seu bichinho de estimação nas garras de um cachorro e pensa que, ela ou sua mãe poderão, no futuro, ser as próximas vítimas. Em muitos casos há crianças que mesmo possuindo um conhecimento maior sobre os objetos não se tranquilizam. muito pelo contrário isto contribui para aumentar os temores e depois virão os medos de terremotos, dos extraterrestres, da guerra nuclear O perigo é conhecido e real, porém a angústia perante ele é excessivamente grande. Nestes casos a angústia contagia o medo, transformando-se em fobia. O autor Ajuriaguerra considera que as fobias nas crianças estão ligadas ao temor injustificado e não razoável perante os objetos, seres ou situações frente aos quais a criança reconhece o quanto é incoerente a sua reação. No entanto, a dominam repetidamente enquanto que os medos seriam “percepções de perigos reais diante de situações pressupostas ou de um perigo possível que venha do exterior”. A diferença entre medo e fobia deve ser estabelecida sobre um elemento de racionalidade; o perigo deve ser justificado para que não seja considerado patológico. A questão não está na natureza do objeto ou em sua periculosidade, mas sim na atribuição de perigo dada pela criança a partir de sua vivência. A diferença entre medo e fobia se estabelece através do juízo da realidade. “Terror, medo e angústia são usados equivocadamente como expressão de angústia; pode-se diferenciá-los muito bem em relação ao perigo; a angústia designa certo estado de expectativa frente e de preparação para ele. O medo requer um objeto determinado. na presença do qual o sentirá, em compensação chama-se terror o estado em que se cai quando se corre um perigo sem estar preparado; destaca-se o fator da surpresa. Na angústia existe algo que protege contra o temor (S. Freud). Quando orientar os pais a realizarem uma consulta psicológica. Quando quaisquer destas manifestações forem expressas tanto no lar como na escola, e sejam crônicas. A fobia infantil implica na instalação de uma neurose com mecanismos estruturais específicos, que se manifestam na criança através de uma visível alteração na adaptação, podendo variar de fobias a objetos ou a situações específicas (ex. aranhas, cachorros, etc.) para logo deslocar-se para fora provocando inibições, isolamento e sérias dificuldades na adaptação social.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

COCHILAR NÃO!

Converse com pais e alunos para tentar uma volta às aulas sem sono:

1. O que é o sono?
O sono é uma parte do nosso dia em que o cérebro nos deixa em repouso na parte neurológica, ou seja, é um estado durante a noite em que não gastamos energia e sua principal função é a recuperação muscular e esquelética do corpo. Na criança, o hormônio do crescimento, chamado de GH, estimula o crescimento e a reprodução celular e é secretado principalmente durante a noite, por isso é tão importante garantir uma noite tranquila. A memória e o raciocínio também se recuperam durante o sono. É nessa hora que a criança arquiva tudo que aprendeu durante o dia, por isso na fase de aprendizado ela tem bastante sono.


2. Como o corpo reage quando não dormimos bem?
A privação do sono é como uma situação de stress durante a noite, o sono normal deve ser tranquilo e praticamente não secretar adrenalina. Se a criança não dorme, ela passa por uma situação de stress, tendo mais dificuldade para dormir.


3. Quantas horas de sono são ideais?
O número de horas necessárias para dormir diminui durante a vida, um recém-nascido, por exemplo, dorme em média 16 horas por dia. Uma criança de 10 anos dorme 12 horas por noite, já um adulto dorme em geral oito horas. Portanto, é importante que a criança durma bem e bastante.


4. Quais os distúrbios do sono que atingem as crianças ?
Sonambulismo – é um distúrbio que atinge muitas crianças. A pessoa se levanta durante a noite em um sono profundo e pode desenvolver habilidades motoras simples, como andar pela casa. É muito comum e perfeitamente normal, não necessitando de nenhum tipo de tratamento. De forma geral, 1/3 das crianças tem sonambulismo. É importante prevenir acidentes para a criança não cair ou levar tombos enquanto estiver sonâmbula.

Terror noturno – também é um comportamento normal e não necessita nenhum tratamento. Durante o sono, a criança grita como se estivesse vendo um bicho, uma bruxa ou coisas desse tipo, mas ela ainda está dormindo. É um distúrbio passageiro que dura, em geral, até os 10 anos de idade, e depois desaparece.

Insônia – existe um tipo de insônia que atinge crianças de 8 a 10 anos. A criança acorda durante a noite preocupada e ansiosa e não consegue dormir. Ela geralmente tem pesadelos ou sonhos ruins. É comum principalmente nessa idade, em que ela começa a ter medos e anseios, além de bruxas e monstros que estão dentro de sua cabeça.

Dica esperta! 
Se durante a discussão em sala, as crianças relatarem alguns desses distúrbios, entre em contato com os pais. É importante que os pais entendam o que ocorre e deem o apoio necessário para a criança. 


Dica esperta! 
Que tal trabalhar o tema do sono também em Matemática? Peça às crianças que perguntem aos colegas quantas horas eles dormem por noite e que utilizem essas informações para montar um gráfico. 




domingo, 9 de fevereiro de 2014

O PAPEL DOS EDUCADORES NA VISÃO DE RUBEM ALVES

O EDUCADOR

RUBEM ALVES


"O estudo da gramática não faz poetas.

O estudo da harmonia não faz compositores.

O estudo da psicologia não faz pessoas equilibradas.

O estudo das "ciências da educação" não faz educadores.

Educadores não podem ser produzidos. Educadores nascem.

O que se pode fazer é ajudá-los a nascer.

Para isso eu falo e escrevo:

para que eles tenham coragem de nascer.

Quero educar os educadores. E isso me dá grande prazer

porque não existe coisa mais importante que educar.

Pela educação o indivíduo se torna mais apto para viver:

aprende a pensar e a resolver problemas práticos da vida.

Pela educação ele se torna mais sensível e mais

rico interiormente,

o que faz dele uma pessoa mais bonita, mais feliz

e mais capaz de conviver com os outros.

domingo, 26 de janeiro de 2014

OITO QUESTÕES SOBRE COMO TRABALHAR COM BRINQUEDOS


Brincar é a linguagem que as crianças usam para se manifestar, descobrir o mundo e interagir com o outro. Quando ela é incentivada, a turma adquire novas habilidades e desenvolve a imaginação e a autonomia. É possível brincar sem ter nada em mãos. Como ocorre durante o pega-pega e a ciranda, por exemplo. Mas os brinquedos têm papel fundamental no desenvolvimento infantil. Para que eles cumpram bem essa função, não basta deixar o acervo da pré-escola ao alcance dos pequenos, imaginando que, por já brincarem sozinhos em casa, eles saberão o que fazer. É essencial oferecer objetos industrializados e artesanais, organizar momentos em que o grupo construa seus próprios brinquedos e ampliar as experiências da meninada. Tudo isso sempre equilibrando quantidade, qualidade e variedade, o que significa exemplares variados, seguros, resistentes e com um bom aspecto estético.


1-  Como trabalhar bem sem uma brinquedoteca?

Ela não garante um trabalho bem-feito. Além disso, não é interessante que os brinquedos fiquem restritos a um ambiente. As crianças precisam encontrá-los em vários lugares e momentos. A preocupação maior deve ser em relação à organização do local e ao acesso dos pequenos aos itens. De nada adianta ter uma brinquedoteca se ela sempre estiver fechada ou se a turma só usá-la esporadicamente. Se ela existir, o acesso deve ser livre, assim como a circulação de brinquedos pela escola.


2-  O que fazer se não existem brinquedos para todos?

É importante organizá-los para que sejam compartilhados, garantindo que todos brinquem. Os educadores devem planejar intercâmbios de objetos entre as turmas e a interação entre elas, inclusive reunindo crianças de idades diferentes. A garotada tem muito a ganhar: há trocas de ideias e o brincar se torna mais rico.


3-  Armas de brinquedo devem fazer parte do acervo?

Mais do que decidir por incluir armas ou outros objetos, o importante é que as crianças possam elaborar ideias sobre o bem e o mal. Nas brincadeiras, o vilão é tão importante quanto o mocinho, portanto os pequenos têm de lidar com ambos no universo lúdico.


4-  Há itens adequados para meninos e para meninas?

Não. Se o brincar é um modo de representar, experimentar e conhecer as culturas, não faz sentido imaginar que panelinhas são só para meninas, e carrinhos, para meninos. Todos precisam ter acesso a qualquer item sem distinção e ficar livres para escolher com o que brincar. Elaine Eleutério, coordenadora pedagógica da CEINF Lafayete Câmara, em Campo Grande, explica que, quando os meninos, por exemplo, se negam a participar das brincadeiras de casinha por acreditarem que isso não é coisa de homem, os educadores entram em cena. "Questionamos a validade da afirmação com os pequenos. Dizemos que existem homens que fazem as tarefas domésticas e perguntamos se a turma conhece alguém que faça isso no dia a dia", diz.


5-  É interessante usar sucata para incrementar o acervo?

Sim, não há problema em reaproveitar materiais. Ao eleger quais vão ser usados, é necessário questionar a utilidade que eles terão. Não se trata de aproveitar qualquer coisa para montar brinquedos, e sim criar brinquedos com objetos interessantes, de qualidade, bonitos e que não sejam perigosos. O ideal é deixar à disposição itens de uso não evidente, como rolos de papel-alumínio, e estimular os pequenos a conferir utilidade a ele, montando lunetas, binóculos ou cornetas, por exemplo.



6-  Deve-se permitir levar brinquedos de casa?

Sim. As crianças gostam de fazer isso para mostrar aos outros quem são e do que gostam. Também o fazem para ter por perto um objeto pessoal com o qual se identificam e têm familiaridade. Combinados com a turma e com as famílias sobre emprestar os objetos para os colegas brincarem, ter cuidado para não danificá-los, misturá-los ao acervo, perder os esquecê-los ajuda a evitar problemas. É válido elaborar uma lista coletiva do que não é legal levar, dos brinquedos que não se quer emprestar, que tenham peças muito pequenas ou que já existam na escola e divulgá-la para os pais. Estipular um dia para que todos levem seus brinquedos pode ser uma alternativa interessante desde que não seja esse o único dia que eles tenham para brincar.



7-  Quais objetos fazem as vezes dos brinquedos?

Há muitos que podem enriquecer a brincadeira. Quem acha que os pequenos precisam de algo específico são os adultos. O acervo pode ter coisas perenes, como caixas de madeira e tecidos. "Eles podem ser usados para construir diversos itens", explica Cisele Ortiz, coordenadora de projetos do Instituto Avisa Lá, em São Paulo. Lupas, fitas métricas e lanternas são ótimos para estimular a meninada a estudar e explorar o ambiente.



8-  Como evitar que a turma destrua os brinquedos?

Primeiramente, é fundamental compreender que mesmo os objetos de qualidade não são eternos. Depois, brinquedo desgastado é sinônimo de brinquedo usado. Explique às crianças que cuidados são essenciais para manter os itens em bom estado para serem usados por outros colegas que chegarão à pré-escola no futuro, por exemplo. Novos brinquedos no acervo, principalmente aqueles que o grupo não conhece, pedem atenção. Ninguém sabe como cuidar do que nunca viu e que não sabe como funciona. 


Fonte: Nova Escola

A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA INFÂNCIA

Estudos, pesquisas e livros são boas fontes não só para compreender a relevância do brincar como também para proporcioná-lo às crianças. Mergulhe fundo neles!


Brincar é importante para os pequenos e disso você tem certeza. Mas por quê? Sem essa resposta, fica difícil desenvolver um bom trabalho com as turmas de creche e de pré-escola, não é mesmo? Se essa inquietação faz parte do seu dia a dia, sinta-se convidado a estudar o tema. Ele rende pano para manga desde muito, muito tempo atrás. "Os primeiros questionamentos sobre o brincar não estavam relacionados a jogos, brinquedos e brincadeiras, mas focavam a cultura", diz Clélia Cortez, formadora do Instituto Avisa Lá, em São Paulo. 


No fim do século 19, o psicólogo e filósofo francês Henri Wallon (1879-1962), o biólogo suíço Jean Piaget (1896-1980) e o psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky (1896-1934) buscavam compreender como os pequenos se relacionavam com o mundo e como produziam cultura. Até então, a concepção dominante era de que eles não faziam isso. "Investigando essa faceta do universo infantil, eles concluíram que boa parte da comunicação das crianças com o ambiente se dá por meio da brincadeira e que é dessa maneira que elas se expressam culturalmente", explica Clélia.




Wallon foi o primeiro a quebrar os paradigmas da época ao dizer que a aprendizagem não depende apenas do ensino de conteúdos: para que ela ocorra, são necessários afeto e movimento também. Ele afirmava que é preciso ficar atento aos interesses dos pequenos e deixá-los se deslocar livremente para que façam descobertas. Levando em conta que as escolas davam muita importância à inteligência e ao desempenho, propôs que considerassem o ser humano de modo integral. Isso significa introduzir na rotina atividades diversificadas, como jogos. Preocupado com o caráter utilitarista do ensino, Wallon pontuou que a diversão deve ter fins em si mesma, possibilitando às crianças o despertar de capacidades, como a articulação com os colegas, sem preocupações didáticas. 

Já Piaget, focado no que os pequenos pensam sobre tempo, espaço e movimento, estudou como diferem as características do brincar de acordo com as faixas etárias. Ele descobriu que, enquanto os menores fazem descobertas com experimentações e atividades repetitivas, os maiores lidam com o desafio de compreender o outro e traçar regras comuns para as brincadeiras. 

As pesquisas de Vygotsky apontaram que a produção de cultura depende de processos interpessoais. Ou seja, não cabe apenas ao desenvolvimento de um indivíduo, mas às relações dentro de um grupo. Por isso, destacou a importância do professor como mediador e responsável por ampliar o repertório cultural das crianças. Consciente de que elas se comunicam pelo brincar, Vygotsky considerou uma intervenção positiva a apresentação de novas brincadeiras e de instrumentos para enriquecê-las. Ele afirmava que um importante papel da escola é desenvolver a autonomia da turma. E, para ele, esse processo depende de intervenções que coloquem elementos desafiadores nas atividades, possibilitando aos pequenos desenvolver essa habilidade. 



Jogar define a organização da cultura humana 


Mais focado na questão do brincar com jogos, o filósofo e historiador holandês Johan Huizinga (1872-1975) se dedicou a observar os aspectos do tema no que diz respeito não só ao universo infantil. Ele se debruçou sobre a questão envolvendo a produção cultural de forma geral, chegando a propor que a nomenclatura Homo ludens fosse usada para distinguir os humanos de outras espécies, como Homo sapiens e Homo faber. 

A razão, de acordo com ele, é a seguinte: os jogos fazem parte de todas as fases da vida e estão na base do surgimento e do desenvolvimento da civilização, a ponto de definir a organização cultural das sociedades. Seus mecanismos e suas estruturas estão na essência, por exemplo, de guerras e leis. Com base em levantamentos históricos, Huizinga apontou que ambas têm características semelhantes às encontradas no funcionamento dos jogos. Há espaços definidos para as jogadas - o campo de batalha e o tribunal, respectivamente - e os adversários competem de acordo com regras no intuito de evitar arbitrariedades. 

O pensamento infantil ainda desafia os pesquisadores Se com os resultados das pesquisas realizadas entre os séculos 19 e 20, várias questões sobre o brincar foram respondidas, ainda existem muitas sem respostas. Hoje, diversos pesquisadores continuam se dedicando ao tema levando em consideração o que Wallon e seus contemporâneos descobriram. 

O filósofo francês Gilles Brougère, por exemplo, se dedica a pesquisar os brinquedos e a relação das crianças com eles em diferentes contextos desde a década de 1970. Ele defende que, mesmo fazendo parte da essência do ser humano, a brincadeira precisa de um contexto social para ocorrer. Com base nessa concepção, define o objeto como algo simbólico e que só tem caráter funcional quando os pequenos o utilizam em brincadeiras. Ao levar em conta esse aspecto, Brougère considera que a intervenção do educador deve ocorrer para socializar as diferentes maneiras de brincar da turma, com conversas e registros. 

No Brasil, núcleos de pesquisas também se dedicam ao tema. É o caso do Grupo de Estudo e Pesquisa em Psicopedagogia (Gepesp) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), do qual faz parte Rosely Brenelli, doutora em Psicopedagogia. Desde a década de 1980, ela se dedica a pesquisar jogos de regra e sua influência nas interações sociais, focando o ambiente escolar. 

O estudo teve como ponto de partida a observação de crianças com dificuldades de aprendizagem para entender como as necessidades delas podem ser supridas com jogos. "Eles surgiram como uma alternativa para o ensino de alguns conteúdos. Mas era necessário entender por que isso ocorria e em que medida seria útil na sala de aula", diz. A pesquisa abordou como as intervenções do educador afetam a construção do raciocínio de uma criança durante o jogo. "Analisamos em que medida isso deve ocorrer para que ela construa suas habilidades." 

Outra brasileira que estuda o brincar é Renata Meirelles, mestre em Educação pela Universidade de São Paulo (USP). Com o objetivo de conhecer e divulgar o amplo repertório de jogos, brinquedos e brincadeiras do Brasil, ela se voltou às práticas externas à escola. "Descobri modalidades e variações interessantes a serem exploradas", diz ela. 

Além desses estudiosos, existem outros empenhados em desvendar as questões que envolvem jogos, brinquedos e brincadeiras, a relação deles com os pequenos, com a Educação e com você também. Vale a pena conhecer mais a fundo as pesquisas para enriquecer as experiências da turma. 

Fonte: Revista Nova Escola

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

PACTO NACIONAL PELA ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA - PNAIC

O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa é um compromisso formal assumido pelos governos federal, do Distrito Federal, dos estados e municípios de assegurar que todas as crianças estejam alfabetizadas até os oito anos de idade, ao final do 3º ano do ensino fundamental.
Alfabetização
Aos oito anos de idade, as crianças precisam ter a compreensão do funcionamento do sistema de escrita; o domínio das correspondências grafofônicas, mesmo que dominem poucas convenções ortográficas irregulares e poucas regularidades que exijam conhecimentos morfológicos mais complexos; a fluência de leitura e o domínio de estratégias de compreensão e de produção de textos escritos.
No Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, quatro princípios centrais serão considerados ao longo do desenvolvimento do trabalho pedagógico:
1. o Sistema de Escrita Alfabética é complexo e exige um ensino sistemático e problematizador;
2. o desenvolvimento das capacidades de leitura e de produção de textos ocorre durante todo o processo de escolarização, mas deve ser iniciado logo no início da Educação Básica, garantindo acesso precoce a gêneros discursivos de circulação social e a situações de interação em que as crianças se reconheçam como protagonistas de suas próprias histórias;
3. conhecimentos oriundos das diferentes áreas podem e devem ser apropriados pelas crianças, de modo que elas possam ouvir, falar, ler, escrever sobre temas diversos e agir na sociedade;
4. a ludicidade e o cuidado com as crianças são condições básicas nos processos de ensino e de aprendizagem.

Dentro dessa visão, a alfabetização é, sem dúvida, uma das prioridades nacionais no contexto atual, pois o professor alfabetizador tem a função de auxiliar na formação para o bom exercício da cidadania. Para exercer sua função de forma plena é preciso ter clareza do que ensina e como ensina. Para isso, não basta ser um reprodutor de métodos que objetivem apenas o domínio de um código linguístico. É preciso ter clareza sobre qual concepção de alfabetização está subjacente à sua prática.
Governos
Ao aderir ao Pacto, os entes governamentais se comprometem a:
  • alfabetizar todas as crianças em língua portuguesa e em matemática;
  • realizar avaliações anuais universais, aplicadas pelo INEP, junto aos concluintes do 3º ano do ensino fundamental;
  • no caso dos estados, apoiar os municípios que tenham aderido às Ações do Pacto, para sua efetiva implementação.

Para conhecer melhor o Pacto
As Ações do Pacto apoiam-se em quatro eixos de atuação:
1. Formação continuada presencial para os professores alfabetizadores e seus orientadores de estudo;
2. Materiais didáticos, obras literárias, obras de apoio pedagógico, jogos e tecnologias educacionais;
3. Avaliações sistemáticas;


NÚMEROS DA ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL
Nº escolas com matrículas no 1º, 2º, 3º ano e multisseriadas/ multietapa108.733
Nº de turmas do 1º, 2º, 3º ano e multisseriadas/ multietapa400.069
Nº de matrículas do 1º, 2º, 3º ano e multisseriadas/ multietapa7.980.786
Fonte: INEP



Para saber mais acesse: http://pacto.mec.gov.br/o-pacto

IMPORTÂNCIA DO ALFABETO


Nas classes de educação infantil e alfabetização acontecem os primeiros contatos das crianças com as letras.

Com isso, a visualização das mesmas é de fundamental importância para que os pequenos sintam-se seguros ao reproduzi-las para o papel, afinal ainda não aprenderam como é a grafia correta das 26 letras do nosso alfabeto.

Ao imaginar uma palavra a ser escrita, as crianças conseguem montá-la, copiando o traçado correto das letras.

O alfabeto afixado na sala é de grande importância no mundo da escrita, pois dá maior segurança para quem está aprendendo seus primeiros traçados. Se a criança não lembra pra que lado fica a perninha do “P”, basta consultá-lo que sua dúvida se esclarecerá.

A oportunidade de visualizar o alfabeto se constitui também em autonomia, pois a criança deixa de depender do professor ou dos colegas, conseguindo elucidar sozinha a sua imprecisão, tornando-se mais segura, sentindo-se capaz.

Porém, não basta que o alfabeto esteja afixado na parede, é preciso incentivar os alunos a usá-lo, e propondo atividades que despertem para a fixação dos símbolos das letras.

Algumas atividades ajudam no processo de construção desse conhecimento, como as listagens, leitura de textos simples como parlendas e trava-línguas, agendas telefônicas, etc.

O professor deve manter um cronograma com essas atividades, para que as mesmas estejam sempre presentes no cotidiano da sala de aula. É bom lembrar que as mesmas são classificadas como atividades de fixação, ótimas para se decorar as letras, a ordem do alfabeto e a utilizar cada uma de forma correta.

Nas classes de alfabetização podem ser montados alfabetos pelas próprias crianças, a partir de recortes de jornais e revistas. Essa atividade pode ser feita em pequenos grupos (no máximo 4 crianças) onde pesquisam letras em tamanho grande, recortam e fazem a colagem das mesmas no papel craft ou cartolina, na ordem correta.

Essa atividade impulsiona a curiosidade, a capacidade de percepção visual, a troca de experiências, o esclarecimento das dúvidas, enfim, um ensina o outro, trabalham em conjunto, de forma integrada, para chegar a um objetivo – a montagem do alfabeto.

Dependendo do tamanho da turma, o número de cartazes será acima de cinco. Não pense que a sala ficará repetitiva, mas pelo contrário, afixados em pontos estratégicos, os mesmos poderão ser visualizados por todos, facilitando as consultas. Além disso, os cartazes terão uma representação funcional mais adequada para as crianças, pois foram feitos por elas, ou seja, existe uma vinculação positiva com os mesmos, contrário ao alfabeto grandão, colado acima do quadro.

No caso das listagens, são utilizadas nos lugares dos antigos ditados. “Faça uma lista com seis nomes de animais selvagens”. Depois da listagem cada criança lê os animais escolhidos e o professor pode acompanhar de perto essa leitura, apontando para os erros que apareceram. Mas lembre-se, deixe que a criança faça a sua correção, e nada de riscos ou canetas vermelhas grifando os mesmos.

É importante fazer esse acompanhamento, pois é uma forma de verificar as palavras que foram escritas de forma diferente (os erros). O professor deve anotar todas essas palavras e depois escrevê-las no quadro, a fim de que os alunos revejam suas escritas e façam as correções.

Com isso, as aulas de alfabetização ficam motivadas, as crianças não se sentem pressionadas pela obrigação de aprender a ler e escrever, mas o processo vai acontecendo de forma gradual, suave, sem impor regras e formas corretas a serem seguidas.

E à medida que forem dominando o alfabeto, as letras devem aparecer de outras formas, como de forma minúscula, manuscrita maiúscula e manuscrita minúscula.

Por Jussara de Barros

Graduada em Pedagogia

Equipe Brasil Escola

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

SUGESTÃO PARA LEITURA




"Se o professor é capaz de oferecer uma ajuda efetiva quanto à diversidade das situações de uso, a criança poderá aprender, por meio desse uso, as regras de funcionamento da linguagem escrita. O principal propósito, na nossa experiência, é ajudar os professores na interpretação das respostas das crianças e na programação de situações de aprendizagem. Por isso, antes de discutir o que é que os professores podem e devem ensinar, parece-nos importante saber quais são as ideias e os conhecimentos das crianças e quais expectativas podemos ter para proporcionar, depois, situações de ensino e aprendizagem."





"Progredir alfabetização adentro não é uma jornada tranquila. Encontram-se muitos altos e baixos nesse caminho, cujos significados precisam ser compreendidos. Como qualquer outro conhecimento no domínio cognitivo, é uma aventura excitante, repleta de incertezas, com muitos momentos críticos, nos quais é difícil manter a ansiedade sob controle."

ESCRITA PELO ALUNO NA ALFABETIZAÇÃO INICIAL

1. O que é?

A escrita pelo aluno na alfabetização inicial é uma situação didática em que o professor cria condições para que o aluno escreva, antes mesmo de dominar completamente o funcionamento do sistema alfabético. Os principais exemplos dessa situação são as atividades de escrita de textos memorizados (poemas, parlendas, canções, trava-línguas) e de listas de palavras ou expressões de um determinado campo semântico familiar ao aluno (nomes dos colegas da turma, ingredientes de uma receitas, títulos de histórias conhecidas etc). O registro desses textos pode ser feito com letras móveis ou com lápis e papel, a depender do conhecimento que a criança possui sobre o alfabeto e sua grafia.
Nessas situações, os alunos são convidados a pensar sobre as relações grafofônicas e as peculiaridades da língua escrita. A intenção é fazer com que eles investiguem quais letras, quantas e onde usá-las para escrever. Nesse contexto, as intervenções dos professores são fundamentais para provocar a reflexão nos alunos. É preciso fazer questionamentos diversos para ajudar a criança a pensar. Alguns exemplos de perguntas carregadas de intencionalidade: a palavra que você vai escrever começa com que letra? Termina com qual? É por meio de reflexões desse tipo que as crianças entendem a ligação entre os sons e as possíveis grafias. 

Isso não significa que a única intervenção possível é a pergunta e que os alunos precisam descobrir tudo sozinhos. O professor precisa perceber o limite dos alunos e deve fornecer informações, conforme enfatiza a pesquisadora argentina Ana Maria Kaufman "é importante que o professor, seja como for, ensine. Porque erros muito sérios foram cometidos pensando assim: ah, se isso é uma construção, a psicogênese, há que se ver como a criança avança, temos de deixá-la... Não, o professor sempre deve ensinar, ler e escrever com as crianças e propor situações de leitura e escrita e fornecer informação." 

Atenção: a situação de escrita pelo aluno não é a única atividade da alfabetização inicial. Ela precisa ser articulada a outras três situações didáticas fundamentais: a leitura pelo aluno, a leitura em voz alta pelo professor e a produção de texto oral com destino escrito (também conhecida como ditado para escriba).


2. Por que ensinar?

O trabalho de escrita pelo aluno durante a alfabetização inicial é necessário, pois essa situação faz com que a criança coloque em jogo tudo o que pensa sobre a escrita. Ela reflete sobre suas hipóteses, confrontando-as com as dos colegas e com as informações oferecidas pela professora e pelo ambiente. Esses confrontos fazem com que o aluno reforce ou reelabore seus conceitos, avançando na compreensão do sistema alfabético de escrita. Somente por meio dessa reflexão é que a criança terá condições de compreender a relação grafofônica entre o que se escreve e o que se lê. 

Trata-se, portanto, de um esforço intelectual, de reflexão, e não de um exercício mecânico, de repetição ou memorização, como se acreditava até pouco tempo atrás. Os alunos primeiro repetiam inúmeras vezes as sílabas já formadas (ba, be, bi, bo, bu) e depois tentavam formar palavras e frases utilizando as sílabas que já haviam aprendido ("O burro corria para o correio", "Ivo viu a uva" e outras sem sentido algum). Só depois de guardar todas as possibilidades, as crianças eram autorizadas a produzir pequenos textos. 

Há ainda uma última justificativa para realizar essa situação didática em sala de aula: ao escrever por conta própria, os alunos tornam observáveis suas ideias. Em outras palavras, é por meio da escrita do aluno que se pode ter acesso às concepções elaboradas pela criança sobre o sistema alfabético. A interpretação dessas escritas possibilitará ao professor conhecer melhor seu aluno, o que é essencial para planejar boas situações didáticas, melhores intervenções e parcerias mais produtivas entre as crianças. 



3. O que ensinar? 
Ao trabalhar com situações de escrita pelo aluno na alfabetização inicial é preciso desafiar os alunos a escrever por conta própria textos reais de complexidade adequada ao seu estágio de alfabetização, ou seja, gêneros que sejam acessíveis aos alunos. No esforço de entender como funciona o sistema alfabético, as crianças vão inicialmente tentar escrever com base no que conhecem sobre a escrita e onde ela aparece (cartazes, livros, jornais etc.), utilizando o contexto para identificar quais letras "servem" para quais palavras ou partes delas. As questões que o professor faz para que a criança justifique o que está escrito e os conflitos cognitivos decorrentes dessas indagações e da interação com os colegas levam à revisão de suas hipóteses. 

Atenção: Os alunos precisam compreender a natureza do sistema de escrita ao mesmo tempo em que se apropriam das práticas sociais de linguagem presentes na vida social, lendo e escrevendo diferentes gêneros literários e informativos.

De acordo com os PCNs: 
"A compreensão atual da relação entre a aquisição das capacidades de redigir e grafar rompe com a crença arraigada de que o domínio do bê-á-bá seja pré- requisito para o início do ensino de língua e nos mostra que esses dois processos de aprendizagem podem e devem ocorrer de forma simultânea. Um diz respeito à aprendizagem de um conhecimento de natureza notacional : a escrita alfabética; o outro se refere à aprendizagem da linguagem que se usa para escrever." (p. 22) 

"As propostas de escrita mais produtivas são as que permitem aos alunos monitorarem sua própria produção, ao menos parcialmente. A escrita de listas ou quadrinhas que se sabe de cor permite, por exemplo, que a atividade seja realizada em grupo e que os alunos precisem se pôr de acordo sobre quantas e quais letras irão usar para escrever. Cabe ao professor que dirige a atividade escolher o texto a ser escrito e definir os parceiros em função do que sabe acerca do conhecimento que cada aluno tem sobre a escrita, bem como, orientar a busca de fontes de consulta, colocar questões que apóiem a análise e oferecer informação específica sempre que necessário." (p. 56) 

Expectativas de aprendizagem:
Confira, a seguir, as aprendizagens que são esperadas para os alunos de 1º e 2º anos em relação à escrita autônoma, com base nas orientações curriculares de Língua Portuguesa da rede municipal de São Paulo. 

Escrita e produção textual para o 1º ano 
- Conhecer as representações das letras maiúsculas do alfabeto de imprensa e a ordem alfabética. 
- Escrever o próprio nome e utilizá-lo como referência para a escrita. 
- Produzir texto de memória de acordo com sua hipótese de escrita. 
- Escrever usando a hipótese silábica, com ou sem valor sonoro convencional. 
- Reescrever histórias conhecidas - ditando para o professor ou para os colegas e, quando possível, de próprio punho -, considerando as ideias principais do texto-fonte e algumas características da linguagem escrita. 
- Produzir escritos de autoria (bilhetes, cartas, instrucionais). 

Escrita e produção textual para o 2º ano 
- Escrever alfabeticamente, ainda que com erros ortográficos (ausência de marcas de nasalização, hipo e hipersegmentação, entre outros). 
- Reescrever histórias conhecidas, ditando-as ou de próprio punho. 
- Produzir textos simples de autoria. 
- Revisar textos coletivamente, com ajuda do professor e dos colegas, para melhorá-los e, assim, compreender a revisão como parte do processo de produção. 
- Aprender a se preocupar com a qualidade de suas produções escritas, no que se refere tanto aos aspectos textuais como à apresentação gráfica. 



4. Quando ensinar?


A escrita pelo aluno precisa ser planejada pelo professor para ser um trabalho sempre presente na rotina da alfabetização inicial. Uma distribuição de ações deve ser estabelecida com antecedência, contemplando atividades permanentes, sequências com prazos determinados e projetos que durem várias semanas ou meses. Ao montar essa programação, cabe ao professor abrir espaço para as situações em que os alunos irão escrever por conta própria, vinculadas às outras três situações didáticas essenciais para o sucesso na alfabetização: ler para os alunos, fazer com que eles leiam mesmo antes de saber ler e assumir a função de escriba para textos que a turma produz oralmente. 



5. Planos de aula

5.1 Como ensinar

Para preservar o sentido do conteúdo, evitar sua fragmentação e distribuir os temas em função do tempo de aprendizagem, o ensino pode ser organizado de acordo com as chamadas modalidades organizativas. Abaixo, você confere um resumo sobre cada uma das modalidades: 

Plano de aula: Forma de organizar a aula com foco numa atividade específica (leitura exploratória de um texto, resolução de um tipo de um tipo de problema matemático etc.). Como dura apenas uma aula, costuma ser usado para apresentar um conteúdo ou explorar um detalhe dele. 

Atenção: Não se esqueça de incluir uma atividade diagnóstica inicial (para verificar os alunos sabem sobre o assunto) e uma avaliação final (para indicar o que aprenderam). 

Atividade permanente: Também chamada de atividade habitual, é realizada regularmente (todo dia, uma vez por semana ou a cada 15 dias). Ela serve para construir hábitos e familiarizar os alunos com determinados conteúdos. Por exemplo: a escrita de parlendas e de listas, semanalmente, faz com que os alunos reflitam sobre o sistema alfabético e, aos poucos, compreendam a relação entre o que se escreve e o que se lê. 

Atenção: Ao planejar esse tipo de tarefa, é essencial saber o que se quer alcançar, que materiais usar e quanto tempo tudo vai durar. Vale sempre contar para as crianças que a atividade em questão será recorrente. Com o tempo, os alunos passam a prever a atividade que será proposta, de tão habituados. 

Sequência didática: Conjunto de propostas com ordem crescente de dificuldade. O objetivo é focar conteúdos particulares (por exemplo, a regularidade ortográfica) numa ordenação com começo, meio e fim. Em sua organização, é preciso prever esse tempo e como distribuir as sequências em meio às atividades permanentes e aos projetos. 

Atenção: É comum confundir essa modalidade com o trabalho do dia a dia. A questão é: há continuidade? Se a resposta for não, você está usando uma coleção de atividades com a cara de sequência. 

Projeto didático: Reunião de atividades que se articulam para a elaboração de um produto final forte, em que podem ser observados os processos de aprendizagem e os conteúdos aprendidos pelos alunos. Costuma partir de um desafio ou situação-problema. Trabalhados com uma frequência diária ou semanal, podem estender-se por períodos relativamente prolongados (um ou dois meses, por exemplo), tornando os alunos especialistas num determinado tema. 

Atenção: O erro mais comum é um certo descaso pelo processo de aprendizagem, com um excessivo cuidado em relação à chamada culminância (a elaboração do produto final).



5.2 Ditado para sondagem na alfabetização 


Ano: 1º e 2º ano 

Tempo estimado: Uma aula. 

Tematização: Você deve realizar a primeira sondagem no início do período letivo e, depois, ao fim de cada bimestre, mantendo um registro criterioso do processo de evolução das hipóteses de escrita das crianças. Ao mesmo tempo, é fundamental uma observação cotidiana e atenta do percurso dos alunos.
Confira um exemplo de tabela para organizar o mapa de hipóteses dos alunos da turma

Introdução: Nos primeiros dias de aula, o professor alfabetizador tem uma tarefa imprescindível: descobrir o que cada aluno sabe sobre o sistema de escrita. É a chamada sondagem inicial (ou diagnóstico da turma), que permite identificar quais hipóteses sobre a língua escrita as crianças têm e com isso adequar o planejamento das aulas de acordo com as necessidades de aprendizagem. 

Por que devemos fazer o diagnóstico inicial das hipóteses de escrita dos alunos? Além de objetivos práticos como a organização de parcerias produtivas de trabalho e o acompanhamento da evolução dos alunos, a realização da sondagem pressupõe um respeito intelectual do professor em relação ao conhecimento do aluno. Significa assumir que os alunos pensam sobre a língua escrita - formulando hipóteses sobre o seu funcionamento - e que é primordial para o desenvolvimento de um bom trabalho conhecer detalhadamente o que eles pensam sobre o sistema alfabético. 

A sondagem não é um momento para ensinar conteúdos e sim para o aluno mostrar ao professor o que pensa sobre o sistema alfabético de escrita. Portanto, o único objetivo dessa atividade é fazer com que os alunos escrevam da maneira como acreditam que as palavras devem ser escritas. 


Objetivo:
Escrever uma lista de palavras e uma frase, ditadas pelo professor, colocando em jogo todos os conhecimentos disponíveis 


Material necessário: Papel e lápis. 

Desenvolvimento:
Atividade deve ser feita individualmente. Chame um aluno por vez e explique que ele deve tentar escrever algumas palavras e uma frase que você vai ditar. Escolha palavras do mesmo campo semântico, como por exemplo: lista das comidas de uma festa de aniversário, frutas, animais etc. 

O ditado deve ser iniciado por uma palavra polissílaba, seguida de uma trissílaba, de uma dissílaba e, por último, de uma monossílaba. Ao ditar, NÃO marque a separação das sílabas, pronunciando normalmente as palavras. Após a lista, é preciso ditar uma frase que envolva pelo menos uma das palavras já mencionadas, para poder observar se o aluno volta a escrevê-la de forma semelhante, ou seja, se a escrita da palavra permanece estável mesmo num contexto diferente. 

A escolha das palavras do ditado deve ser muito cuidadosa. Evite palavras que tenham vogais repetidas em sílabas próximas, como ABACAXI, por exemplo, por causar um grande conflito para as crianças que estão entrando no Ensino Fundamental, cuja hipótese de escrita talvez faça com que creiam ser impossível escrever algo com duas ou mais letras iguais. Por exemplo: um aluno com hipótese silábica com valor sonoro convencional, que utiliza vogais, precisaria escrever AAAI. Os monossílabos ficam para o fim do ditado. Esse cuidado deve ser tomado porque, no caso de as crianças escreverem segundo a hipótese do número mínimo de letras, poderão se recusar a escrever se tiverem de começar por ele. 

Confira 3 sugestões de grupos de palavras e frases para o ditado: 

Sugestão 1
CENTOPÉIA 
JOANINHA 
FORMIGA 
MINHOCA 
ABELHA 
LESMA 
GRILO
Rà

A FORMIGA MORA NO JARDIM. 

Sugestão 2 
MUSSARELA 
ESCAROLA 
TOMATE 
PALMITO 
PRESUNTO 
ALHO 
ATUM 

COMEMOS PIZZA DE MUSSARELA COM TOMATE. 

Sugestão 3
REFRIGERANTE 
MORTADELA 
PRESUNTO 
MANTEIGA 
QUEIJO 
SUCO 
PÃO 

NO LANCHE DE HOJE TEREMOS PÃO COM MORTADELA. 

Fique atento às reações dos alunos enquanto escrevem e anote o que eles falam, sobretudo de forma espontânea, isso pode ajudar a perceber quais as ideias deles sobre o sistema de escrita. 

A cada palavra ditada, peça para que o aluno leia em voz alta o que acabou de escrever. 

É imprescindível pedir que a criança leia o que escreveu. Por meio da interpretação dela sobre a própria escrita, durante a leitura, é que se pode observar se ela estabelece ou não relações entre o que escreveu e o que lê em voz alta - ou seja, entre o falado e o escrito - ou se lê aleatoriamente. 

Anote em uma folha à parte como o aluno faz a leitura, se aponta com o dedo cada uma das letras, se lê sem se deter em cada uma das partes, se associa aquilo que fala à escrita, em que sentido faz a leitura etc. 

Avaliação: Finalmente, analise qual hipótese de escrita o aluno demonstrou na atividade. 


Hipóteses de escrita mais comuns: 

Pré-silábica, sem variações quantitativas ou qualitativas dentro da palavra e entre as palavras.O aluno diferencia desenhos (que não podem ser lidos) de "escritos" (que podem ser lidos), mesmo que sejam compostos por grafismos, símbolos ou letras. A leitura que realiza do escrito é sempre global, com o dedo deslizando por todo o registro escrito. 

Pré-silábica com exigência mínima de letras ou símbolos, com variação de caracteres dentro da palavra, mas não entre as palavras. A leitura do escrito é sempre global, com o dedo deslizando por todo o registro escrito. 

Pré-silábica com exigência mínima de letras ou símbolos, com variação de caracteres dentro da palavra e entre as palavras (variação qualitativa intrafigural e interfigural). Neste nível, o aluno considera que coisas diferentes devem ser escritas de forma diferente. A leitura do escrito continua global, com o dedo deslizando por todo o registro escrito. 

Silábica com letras não pertinentes ou sem valor sonoro convencional. Cada letra ou símbolo corresponde a uma sílaba falada, mas o que se escreve ainda não tem correspondência com o som convencional daquela sílaba. A leitura é silabada. 

Silábica com vogais pertinentes ou com valor sonoro convencional de vogais. Cada letra corresponde a uma sílaba falada e o que se escreve tem correspondência com o som convencional daquela sílaba, representada pela vogal. A leitura é silabada. 

Silábica com consoantes pertinentes ou com valor sonoro convencional de consoantes. Cada letra corresponde a uma sílaba falada e o que se escreve tem correspondência com o som convencional daquela sílaba, representada pela consoante. A leitura é silabada. 

Silábica com vogais e consoantes pertinentes. Cada letra corresponde a uma sílaba falada e o que se escreve tem correspondência com o som convencional daquela sílaba, representada ora pela vogal, ora pela consoante. A leitura é silabada. 

Silábico-alfabética. Este nível marca a transição do aluno da hipótese silábica para a hipótese alfabética. Ora ela escreve atribuindo a cada sílaba uma letra, ora representando as unidades sonoras menores, os fonemas. 

Alfabética inicial. Neste estágio, o aluno já compreendeu o sistema de escrita, entendendo que cada um dos caracteres da palavra corresponde a um valor sonoro menor do que a sílaba. Agora, falta-lhe dominar as convenções ortográficas. 

Alfabética. Neste estágio, o aluno já compreendeu o sistema de escrita, entendendo que cada um dos caracteres da palavra corresponde a um valor sonoro menor do que a sílaba e também domina as convenções ortográficas. 



5.3 Projetos didáticos 


Trabalhar com projetos didáticos na alfabetização inicial significa contemplar, na rotina da classe, um processo planejado com a participação dos alunos que resulte em um produto final escrito (um cartaz, um livro, indicações literárias para o mural etc.). Esse tipo de organização do trabalho preserva a intenção comunicativa dos textos (informar, entreter etc.), respeitando o destinatário real da produção. Com isso, fornece um sentido maior para as atividades a ser realizadas pelos alunos, já que eles sabem que o resultado final será lido por outras pessoas, além da professora. 

Nos projetos didáticos, as crianças enfrentam situações e desafios reais de produção. "Com isso, aprendem usos e funções da escrita enquanto aprendem a escrever", explica Cristiane Pelisssari. Uma das principais vantagens do trabalho com projetos didáticos é a possibilidade de articulação entre momentos de reflexão sobre o sistema alfabético e sobre as práticas de linguagem. Outro ponto positivo é a criação de um contexto para a leitura e a escrita: por estarem debruçados sobre determinado assunto, os alunos conseguem ativar um repertório de conhecimentos sobre o tema que estão pesquisando para antecipar o que ler e saber o que escrever. 
Erros mais comuns 

- Focar o trabalho excessivamente no produto final. É preciso lembrar sempre que os alunos aprendem muito mais com todo o processo do que com a chamada culminância. 

- Não aproveitar os projetos para refletir sobre o sistema alfabético. Os alunos devem realizar registros e ter atividades de leitura e escrita em diversas etapas, articulando o sistema de escrita com as práticas de linguagem. 

Lista de projetos didáticos:

5.3.1. Projeto 1: Escrita de textos instrucionais: regras de brincadeiras

5.3.2. Projeto 2: Escrita de recomendações literárias

5.3.3. Projeto 3: Legendas para fotos

5.3.4. Projeto 4: Livro de parlendas preferidas

5.3.5. Projeto 5: Galeria de bruxas


5.3.1 Escrita de textos instrucionais: regras de brincadeiras 


Objetivos:
Com este trabalho, pretende-se que os alunos sejam capazes de:
- Falar e ouvir em diversas situações nas quais faz sentido expor opiniões, ouvir com atenção, sintetizar idéias, defender pontos de vista e replicar;
- Perceber as propriedades da escrita: letras como representação de fonemas, direção da escrita, combinação das letras, formas e tipos de letras;
- Ler e escrever diversos tipos de textos em situações comunicativas específicas;
- Valorizar o resgate das brincadeiras, comparando-as no espaço e no tempo 

Ano: 2º ano

Tempo estimado: 10 aulas

Introdução:
Alfabetizar significa muito mais que simplesmente ensinar a traçar letras ou decodificar palavras. Este plano de aula propõe, através do tema "brincadeiras: ontem e hoje", atividades em que a criança possa se apropriar do sistema de escrita, ao mesmo tempo em que vai conhecendo a linguagem escrita, ou seja, os diversos tipos de textos presentes na sociedade. Os alunos vão pesquisar brincadeiras da infância de seus pais, farão votação para determinar as brincadeiras preferidas de ontem e de hoje e produzirão textos com instruções sobre essas brincadeiras para divulgação em cartazes na escola.

Material necessário: Cartolina, papel sulfite, lápis de cor/cera e canetas coloridas.

Desenvolvimento:

1ª Etapa
Faça com as crianças um roteiro de entrevista para que pesquisem junto aos pais e familiares as brincadeiras de seu tempo de infância. Essa pesquisa pode conter perguntas como: "Quais eram as brincadeiras preferidas quando você era criança?", "Quais eram as regras dessas brincadeiras?" ou "Quantas crianças podiam participar?". Solicite que algumas leiam a pesquisa para a classe e que outras contem de memória o que os pais explicaram sobre suas brincadeiras de criança;

2ª Etapa
Selecione algumas brincadeiras pesquisadas para, na lousa, junto com as crianças, elaborar as instruções que explicam as brincadeiras escolhidas. Dessa forma, você estará mostrando às crianças um modelo de texto que deve atender a certas condições de produção para atender um objetivo específico;

3ª Etapa
Agrupe as brincadeiras comuns numa lista e peça que cada dupla de alunos escolha uma brincadeira que será divulgada para as outras turmas da escola por meio de um cartaz com o nome da brincadeira e o jeito de brincar;

4ª Etapa
Faça com os alunos uma lista de brincadeiras atuais, colocando-as em ordem alfabética;

5ª Etapa
Faça um cartaz com as crianças no qual conste, de um lado, os nomes das brincadeiras de hoje e, de outro, das brincadeiras de antigamente. Organize a divulgação do cartaz na escola;

6ª Etapa
Elabore uma cédula (mimeografada, xerocada ou impressa) da qual constem as brincadeiras levantadas pelos alunos e faça uma votação para escolher três delas; Junto com as crianças, faça a apuração das mais votadas, colocando na lousa o levantamento dos dados;

7ª Etapa
Divida a classe em três grandes grupos: cada grupo deverá elaborar as regras de cada brincadeira mais votada. Cada grupo será subdividido em duplas que organizarão suas regras no caderno;

8ª Etapa
Escreva na lousa as regras das três brincadeiras selecionadas. Para cada brincadeira, as duplas darão, oralmente, suas contribuições que serão negociadas com a classe toda até se chegar ao texto final que melhor esclareça as regras das três brincadeiras selecionadas;

9ª Etapa
Estabeleça uma data, um espaço e os materiais necessários para que as crianças coloquem em prática as três brincadeiras escolhidas e comparem-nas com as instruções dadas por escrito: estão claras? seguem o passo-a-passo da brincadeira? ajudam na organização? quais modificações devem ser feitas nos textos, tendo em vista sua eficácia no desenvolvimento das brincadeiras selecionadas?

10ª Etapa
Finalizando a atividade, organize junto com as crianças cartazes com cada uma das três brincadeiras mais votadas e suas regras. Estes cartazes deverão ser afixados fora da sala de aula para divulgação do trabalho. 

Produto final: Escrita de cartazes com regras de brincadeiras para ser divulgadas na escola

Avaliação:
Ao longo do desenvolvimento da atividade, é possível avaliar como o aluno:
a) utilizou a linguagem (oral e escrita) em determinadas situações nas quais faz sentido falar, ouvir, ler ou escrever;
b) discutiu oralmente;
c) colaborou com o grupo no roteiro de pesquisa com os pais;
d) organizou individual e coletivamente os dados coletados na pesquisa;
e) escreveu as regras das brincadeiras, negociando com os colegas a elaboração das instruções;
f) trabalhou os aspectos gráficos e os elementos lingüísticos dos textos trabalhados: lista, texto de instruções e cartaz.
g) elaborou sínteses escritas para divulgação do trabalhos através de cartazes;
h) relacionou suas hipóteses de escrita com as propriedades da escrita convencional, quando foi necessário ajustar o que fala ou ouve com o que precisa escrever.

Aprofundamento do conteúdo: Este trabalho propõe uma articulação entre as duas aprendizagens que a criança em início de alfabetização precisa empreender: o conhecimento do sistema de escrita alfabético e a linguagem escrita expressa em vários textos presentes na sociedade. Assim, todas as crianças deverão estar envolvidas em todos os momentos do trabalho, mesmo aquelas que ainda não escrevem convencionalmente. Neste caso, o professor deve ser intérprete e, às vezes, escriba da produção do aluno. A atividade proposta trabalha com três tipos de textos, a saber:

LISTA - texto com palavras do mesmo campo semântico com uma disposição gráfica vertical ou horizontal. Texto que procura organizar informações e que exercita a memória. Ao lado deste conhecimento textual, pode-se contribuir para que a criança vá conhecendo as características do sistema de escrita, se forem sendo estabelecidas comparações no que se refere ao conhecimento/uso de letras como representação de fonemas, a direção da escrita, a distribuição das unidades gráficas das palavras (quais e quantas letras em cada vocábulo; quais iniciam com a mesma letra, quais têm a última letra igual, etc), as formas e tipos de letras; 

TEXTO INSTRUCIONAL - que prescreve ações/orientações precisas para a realização de tarefas, no caso, as regras de brincadeiras infantis: nome da brincadeira, lista de quantas pessoas e/ou materiais usados (se for o caso), modo de brincar (com uso de verbos no imperativo que é o modo da ordem ou pedido); 

CARTAZ - possibilita registrar e divulgar as sínteses feitas pelos alunos no decorrer do trabalho. O cartaz é um tipo de texto breve sobre cartolina ou cartões cuja organização espacial no papel (diagramação, cores, tamanho de letras) deve permitir a leitura à distância.

Bibliografia:
JOLIBERT, Josette. Formando crianças produtoras de texto. Volume II. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994
KAUFMAN, Ana Maria e RODRIGUEZ, Maria Elena. Escola, leitura e produção de textos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995
TEBEROSKY, Ana. Aprendendo a escrever. Perspectivas psicológicas e implicações educacionais. São Paulo: Ática, 1994 


5.3.2 Escrita de recomendações literárias 


Objetivos:
- Escrever recomendações literárias considerando as características textuais e discursivas do gênero.
- Revisar os textos escritos em pequenos grupos ou coletivamente.
- Refletir sobre o funcionamento do sistema de escrita. 

Conteúdos:
- Procedimentos escritores.
- Características textuais das recomendações.
- Sistema de escrita. 

Anos: 1º e 2º anos 

Tempo estimado: Um mês. 

Material necessário: Livros de literatura infantil, catálogo de editoras, revistas para educadores ou para o público infantil, sites de editoras e livrarias ou blogs literários. 

Desenvolvimento:
1ª etapa
Converse com a turma sobre o projeto, contando o que será feito, qual será o produto final e a quem se destina. Informe sobre as etapas necessárias para elaborar o produto final e o que aprenderão em cada uma delas. 

Flexibilização para deficiência física (cadeirante com dificuldade no movimento dos membros superiores e na comunicação oral) => Tenha uma conversa individual com o aluno, enfatizando as etapas do trabalho, situando quais serão as participações dele na atividade e o estimulando a se expressar sempre que necessário. Procure exclarecer que cada um terá sua participação e a produção será resultado do trabalho de todo o grupo. 

2ª etapa
Apresente alguns livros e combine uma agenda de leitura. Escreva uma lista de títulos de leituras da semana (ou do mês) e deixe afixada na sala. Antes de ler a história do dia, anuncie o título e solicite que encontrem na agenda para marcá-lo (possibilitando que leiam autonomamente). 

Flexibilização => Peça a colaboração da família e do AEE para que façam a leitura dos livros com o aluno. Deixe acessivel ao cadeirante a lista de leituras e o estimule a preenchê-la e consultá-la. Acrescente ilustrações de personagens e cenários para que ele possa compreender com mais facilidade de que história se trata. 

3ª etapa
Sempre antes de começar a ler, proporcione variadas situações de exploração, leitura e conversas sobre livros entre os alunos. Nessas situações, os pequenos leitores terão a oportunidade de vivenciar diversas práticas de leitor, por exemplo, decidir o que ler, compartilhar os efeitos que as obras produzem, conhecer melhor o estilo de determinado autor e recomendar textos lidos a outros leitores. 

Flexibilização => Se a roda for no chão, posicione o aluno na parede ou utilize o apoio próprio e/ou proponha roda com cadeiras. 

4ª etapa
É o momento de familiarizar as crianças com a linguagem das recomendações. Ofereça catálogos de editoras e outros materiais que tragam esse tipo de texto e deixe que os alunos explorem e descubram do que se trata. Leia alguns exemplos e converse sobre sua utilidade, seus possíveis leitores e suas características mais comuns (como o fato de serem curtos, de estarem acompanhados pela capa do livro etc.). 

Flexibilização => Faça perguntas direcionadas a esse aluno de modo que ele possa respondê-las pela afirmação ou negação ou possa, por exemplo, apontar no livro ou o mural qual é o personagem a que a professora está se referindo. 

5ª etapa
Após esse primeiro contato com o estilo linguístico das recomendações, planeje uma discussão mais aprofundada. Selecione e leia exemplos que permitam discutir aspectos específicos da linguagem utilizada nesse tipo de texto. Pergunte: como fazem os escritores de recomendações para despertar no leitor o desejo de leitura? Como as recomendações podem ser iniciadas e finalizadas? Que informações trazem? Que informações são emitidas? Coletivamente, elabore uma lista de palavras e expressões utilizadas para despertar o desejo de leitura. Registre os aspectos relevantes da discussão em um cartaz e deixe afixado para que consultem no momento da produção. 

Flexibilização => Utilize vídeos de críticos literários de livros infantis encontrados na internet. Isso irá ampliar, para o aluno e o grupo, as possibilidades de compreensão e desenvolvimento nessa atividade. 

6ª etapa
Peça que as crianças escolham um livro do repertório da turma para ser recomendado. Elas devem ditar o texto para você (que fará o papel de escriba). Um dos objetivos dessa etapa é que percebam a diferença entre a linguagem oral e a linguagem escrita. Coloque questões que os ajudem a refletir sobre a linguagem escrita: esta é a melhor forma de escrevermos isso? Será que o leitor vai compreender o que queremos dizer? Será que, escrito dessa forma, o texto despertará o desejo no leitor? Será que ele vai entender um pouco da história? Estamos contando demais? Faça interrupções para reler o que foi escrito, proponha a resolução de problemas que o texto pode apresentar e, sempre que possível, remeta ao cartaz elaborado na etapa anterior. 

7ª etapa
Organize a turma em trios ou quartetos com diferentes hipóteses de escrita. Disponibilize todos os livros lidos até o momento e oriente para quecada grupo escolha um para fazera recomendação. Combine que o texto deverá ser planejado por todos os integrantes e redigido por um deles (definido previamente por você). Durante a produção circule pela classe, dando apoio aos alunos, como reler fragmentos do livro selecionado. 

Flexibilização => Peça auxílio dos colegas para que se efetive a participação do aluno no grupo para que ele tenha acesso ao livro mesmo que necessite das mãos do amigo para virar as páginas. 

8ª etapa
Analise as produções e faça um levantamento dos problemas discursivos mais recorrentes (repetição de elementos de ligação entre as orações - uso do E, AÍ, -, falta de adequação ao gênero, trechos confusos etc.). Selecione uma produção que represente as dúvidas mais comuns, copie-a em lousa ou cartaz e proponha uma revisão coletiva que torne o texto mais agradável e convincente ao leitor. 

9ª etapa
Devolva as recomendações para cada grupo com um bilhete sinalizando os problemas textuais. Peça que discutam e busquem soluções para torná-la mais bem escrita assim como fizeram na revisão coletiva. Circule pelos grupos tirando dúvidas e sugerindo alterações. Ao término da atividade, informe às crianças que mesmo escritores experientes solicitam o apoio de um revisor antes de publicar um texto e que, nesse caso, você fará esse papel. 

10ª etapa
Ofereça cópias da capa dos livros recomendados e oriente a montagem do painel de recomendações. Discuta com as crianças a importância da apresentação do texto: o tipo e o tamanho da letra a ser usada, a disposição da imagem e do texto, a distribuição das recomendações no painel, o uso das reproduções das capas, elementos de destaque etc. 

Produto final: Painel de recomendações para afixar na biblioteca da escola ou em um espaço de circulação comum dos alunos das diferentes turmas. 

Avaliação: Analise a adequação dos textos produzidos e a participação das crianças nas diferentes etapas, avaliando o quanto conseguiram ampliar seus conhecimentos acerca dos comportamentos leitores e escritores e das características do texto.

5.3.3 Legendas para fotos 


Objetivos:
- Escrever legendas para fotografias considerando as características textuais e discursivas do gênero. 
- Revisar os textos escritos em pequenos grupos ou coletivamente. 

Conteúdos:
- Procedimentos de produção e revisão de textos escritos. 
- Características textuais das legendas. 
- Reflexão sobre o funcionamento do sistema de escrita. 

Anos: 1º e 2º anos.

Tempo estimado: Um mês. 

Material necessário: Fotografias de um passeio feito com a turma (duas para cada dupla), materiais que tenham legendas, como álbuns de fotografias, figurinhas, revistas e jornais. 

Flexibilidade para deficiência visual => Aparelho datashow para reproduzir as imagens ampliadas na parede da sala caso haja alunos com baixa visão. 

Desenvolvimento:

1ª etapa 
Apresente a ideia de montar um álbum com fotos de um passeio realizado pela turma. Peça que tragam as imagens de casa. Questione a garotada sobre a necessidade de as imagens serem acompanhadas por legendas. 

2ª etapa 
A turma precisa se familiarizar com o estilo das legendas e observar como são escritas. Proponha a leitura de revistas e jornais. Deixe os alunos explorá-los livremente, peça que encontrem legendas parecidas com as que pretendem escrever no álbum de fotos e justifiquem as escolhas. Discuta as características linguísticas: são textos curtos? Descritivos? Diferentes do que encontramos nos contos de fadas? Registre as conclusões. 

Flexibilidade para deficiência visual => Coloque o aluno com deficiência junto a uma dupla e peça que um dos videntes descreva detalhadamente as imagens e o outro leia as legendas em voz alta. Estimule-o a fazer perguntas para os colegas para obter mais informações. 

3ª etapa 
Coloque o aluno com deficiência junto a uma dupla e peça que um dos videntes descreva detalhadamente as imagens e o outro leia as legendas em voz alta. Estimule-o a fazer perguntas para os colegas para obter mais informações. 

Flexibilidade para deficiência visual => Inclua nessa apresentação as flexibilizações que serão realizadas para que o estudante com deficiência visual participe do projeto ativamente. 

4ª etapa 
Distribua duas fotos para cada dupla e proponha a produção oral do texto. Cada grupo dita as legendas que gostaria de escrever. Transcreva os textos no quadro e faça uma revisão coletiva, considerando o leitor ausente, a clareza do texto e a relação com a foto. 

Flexibilidade para deficiência visual => Oriente o estudante a tocar nas fotos com as mãos, mostrando-lhe onde estão dispostas e quantas são. 

5ª etapa 
Peça que as duplas escrevam a primeira versão das legendas. Nesse momento, circule pela sala e faça intervenções que ajudem as crianças a pensar sobre a escrita enquanto realizam a tarefa. Sugira que leiam o que estão escrevendo, observem o trabalho do colega, comentem o que ainda falta escrever e verifiquem se o escrito contempla quem ou o que é visto na foto. Tire cópias dessa primeira versão do material produzido e identifique-a antes de iniciar a próxima etapa. 

Flexibilidade para deficiência visual => Peça aos estudantes que estão formando o trio com o aluno com deficiência para explicarem a ele detalhadamente o que a foto exibe e oriente-os a contar com a participação do colega na descrição do texto. Para estimular essa competência, proponha atividades para casa ou para o AEE, para que leiam para ele as legendas de imagens. Recomende que ele descreva como imagina ser a foto e quais elementos estão presentes. 

6ª etapa 
Proponha uma revisão coletiva de metade das legendas. Nesse momento,o objetivo é explicitar os problemas em relação à interpretação das informações por parte dos alunos que não são seus autores. Assim, se propõe a interação dos autores reais com leitores potenciais. Transcreva no quadro as produções, pedindo à turma que proponha mudanças, justifique cada uma delas e avalie o resultado final. 

7ª etapa 
Separe a outra metade dos textospara ser revisado em pequenos grupos. Explicite que deverão ser explicados os problemas de interpretação, porém, nesse momento, não faça intervenções diretas. Por fim, peça que revisem e selecionem o material que fará parte do álbum. 

Flexibilidade para deficiência visual => Privilegie o trio para que o aluno com deficência tenha mais espaço de participação. Estimule sua crítica, colocando-o no lugar de ouvinte do texto. 


Produto final: Um álbum de fotos de um passeio da turma, legendado pelas crianças. 

Avaliação: Durante o processo de revisão, observe a qualidade e a propriedade dos comentários das crianças. Avalie a adequação das legendas produzidas em relação à função comunicativa, à forma e aos aspectos linguísticos e ao conteúdo apresentado nas fotos. 


5.3.4 Livro de parlendas preferidas 


Objetivos:
- Favorecer situações de escrita com base em textos memorizados. 
- Possibilitar a reflexão sobre o sistema alfabético. 

Conteúdo:
- Escrita. 

Anos: 1º e 2º anos. 

Tempo estimado:  Nove aulas. 

Material necessário: Livros de parlendas, canetas coloridas, giz de cera, lápis preto e letras móveis. 


Desenvolvimento:
1ª etapa 
Apresente parlendas aos alunos e conte que farão um livro com esse tipo de texto para apresentar aos demais colegas da escola. Leia uma delas, pergunte se conhecem outras e inicie a escrita de uma lista coletiva das conhecidas. Leia outras e acrescente à lista. 

Flexibilização para deficiência intelectual => Encaminhe para o aluno algumas parlendas como lição de casa para que a família o ajude a memorizar partes da história e os títulos. 

2ª etapa 
Divida a classe em grupos. Distribua um conjunto com as letras móveis necessárias para a escrita da parlenda para cada grupo da sala. Peça que contem quantas letras receberam e confirmem a quantidade. Retome a parlenda oralmente e anuncie qual será o primeiro trecho a ser escrito. Enquanto observa as produções, faça perguntas que promovam a reflexão sobre a própria escrita: "Com qual letra começaram a escrever o trecho da parlenda?", "O nome de algum aluno pode ajudar nessa escrita?". Peça que leiam o que escreveram - essa intervenção é fundamental para que ajustem a fala à escrita. 

3ª etapa 
Forme duplas para a escrita de outra parlenda. A escrita será em conjunto, por isso cada criança deve colocar uma letra de cada vez, anunciando ao parceiro o que já está escrito para que este dê continuidade. Distribua as letras e relembre oralmente a parlenda. Faça intervenções: "Quantas letras deve ter esse pedaço?", "Com qual letra deve terminar o verso?". Peça que leiam cada trecho escrito para que reflitam e reorganizem as hipóteses iniciais. 

Flexibilização para deficiência intelectual => Coloque o aluno com uma das duplas e considere os conhecimentos dele ao realizar esse agrupamento. 

4ª etapa 
Após a escrita das parlendas, crie com a turma o título da coletânea, escrevendo-o no quadro negro. 

5ª etapa 
Monte os livros e distribua-os aos alunos. Peça que cada um coloque seu nome, inicie a ilustração da capa e escreva o título combinado. 

6ª etapa 
Proponha a escrita coletiva do convite para o lançamento do livro, destinado a alguma turma da escola. No dia marcado, divida a sala em grupos. Cada um recitará uma parlenda. 


Produto final: Livro com parlendas eleitas pelo grupo. 

Avaliação: Observe se os alunos aprofundaram seus conhecimentos a respeito do sistema de escrita. Eles reviram suas escolhas com base nas intervenções e da parceria com os colegas? 


5.3.5 Galeria de bruxas 


Objetivos:
- Avançar no conhecimento da linguagem escrita e na aquisição da leitura e da escrita convencional. 
- Aproximar os alunos de autores contemporâneos e clássicos, com textos informativos e obras literárias. 

Conteúdos:
- Leitura. 
- Escrita. 

Anos: 1º e 2º anos

Tempo estimado: Sete aulas. 

Material necessário:
Livros de contos sobre bruxas, como A Bruxa Salomé (Audrey Wood, 32 págs., Ed. Ática, tel. 11/3990-2100, 23,90 reais) e As Férias da Bruxa Onilda (Enric Larreula e Roser Capdevila, 32 págs., Ed. Scipione, tel. 0800-16-1700, 22,90). 

Flexibilização para deficiência auditiva => Acrescente trechos de filmes ou desenhos que retratem bruxas de tipos variados. 

Desenvolvimento:
1ª etapa 
Selecione contos que tenham bruxas como personagens principais. Durante duas ou três semanas, incorpore nas atividades permanentes a leitura em voz alta desses textos. Discuta com a turma que sensações elas despertam e quais relações é possível fazer com contos já conhecidos. Releia trechos para confirmar as interpretações, retomar parte da história ou notar a maneira como o trecho foi escrito. Direcione a conversa para a bruxa em questão: como é o comportamento dela? Quais suas qualidades e seus defeitos? Peça que citem os recursos usados para gerar suspense e medo, por exemplo. 

Flexibilização para deficiência auditiva => Solicite que a família e o AEE conversem com o aluno sobre o assunto, usando a linguagem de libras ou materiais como livros, jogos, brinquedos e outras formas de ampliar seu conhecimento sobre bruxas. 

2ª etapa 
Organize uma tabela para ficar exposta na sala com três colunas. Nomeie cada uma delas: título do livro, nome da bruxa e caracaterísticas. A ideia é que as crianças a completem com as informações pedidas ao fim de cada leitura e que você seja o escriba. Colabore para que elas encontrem não só as características descritas mas também as implícitas. Esse quadro também deve ser usado para promover desafios de leitura e de escrita: oriente, por exemplo, que localizem o que está escrito em algum trecho e o copiem. 

Flexibilização para deficiência auditiva => Fale sempre de frente para o aluno, explique cada item, levando-o próximo à tabela. Proponha a parceria dos colegas para que, junto a uma dupla, complete a tabela. 

3ª etapa 
Proponha que, em dupla, os alunos escrevam informações importantes sobre as bruxas, considerando todos os textos lidos. Esse procedimento é próprio de leitores e escritores experientes, que organizam a informação que consideram conveniente registrar. Levante algumas perguntas que podem ajudar: onde vivem as bruxas? Com quem convivem? Elas se casam? Existem bruxas boas? 

Flexibilização para deficiência auditiva => Estimule a parceria dos colegas, revezando-os para que se sentem ao lado do aluno e esclareçam as dúvidas. 

4ª etapa 
Convide o grupo a criar uma galeria de bruxas para expor à comunidade escolar. Proponha que ditem coletivamente um texto sobre o que aprenderam a respeito das bruxas até então. Permita que nesse momento as crianças tenham os contos para consultar e confirmar dados e ver como as informações são escritas. 

Flexibilização para deficiência auditiva => Antecipe essa atividade para ser desenvolvida com o AEE, que pode ser o escriba das ideias desse aluno. E ele poderá levar o registro escrito dessas ideias e participar da produção do texto coletivo. 

5ª etapa 
Reúna os alunos em duplas e proponha que elaborem um texto, com o foco na descrição de uma bruxa. É importante que antes sejam eleitas as informações para caracterizá-las, como nome, aspecto físico e personalidade. No momento da escrita, deve ser discutido como colocar as informações, quais palavras e expressões usar e pensar em problemas da separação das palavras e, no caso dos alunos alfabéticos, na ortografia. Cada dupla também deve desenhar a bruxa. 

Flexibilização para deficiência auditiva => Antecipe a primeira parte dessa atividade para ser realizada junto ao AEE da mesma maneira que na etapa anterior. Forme uma dupla com um aluno mais competente na escrita e solicite que este fale sempre de frente para o amigo e conte com sua participação na produção do texto.

6ª etapa 
Escolha alguns textos com problemas de escrita recorrentes - como o escasso uso de recursos descritivos - para discuti-los com a turma. Depois, devolva-os e oriente a revisão. Os alunos das duplas devem se alternar para reescrever o texto definitivo. Sugira também que finalizem o desenho. Reúna os trabalhos escritos e as ilustrações e monte a galeria em algum lugar de destaque na escola. 

Flexibilização para deficiência auditiva => Se o aluno ainda não estiver alfabético, combine com a dupla que ela não fará alternância na reescrita do texto, mas o aluno que tem surdez terá de trabalhar mais na organização para a atividade. 

Produto final: Galeria de bruxas. 

Avaliação: Ao longo do projeto, note se os alunos mostram preferências de estilos, autor e temas, relacionam o que estão lendo com outros livros e opinam sobre as obras lidas. No momento da escrita, veja se planejam o texto e o revisam. Também analise se confrontam suas concepções sobre o sistema de escrita e se avançaram em relação à escrita convencional.


5.4 Sequências didáticas de escrita pelo aluno


As sequências didáticas que priorizam a escrita pelo aluno na alfabetização inicial devem ser compostas por uma série de atividades focadas num conteúdo específico, em que uma etapa está ligada à outra. 

Se o foco é a leitura, uma opção é ler com as crianças diferentes exemplares de um mesmo gênero, variadas obras de um mesmo autor, textos sobre um mesmo tema ou versões de uma mesma história (leia o depoimento abaixo). A sequência deve estar ligada aos propósitos leitores que se quer aprofundar. Se a ideia é ler para saber mais, a sequência deve contemplar as diversas etapas de pesquisa, da localização ao registro de informações. Se o objetivo é a leitura para entreter, a turma pode avaliar os recursos linguísticos utilizados para provocar suspense, comicidade etc. e criar um arquivo de expressões úteis para as próprias produções. Uma sequência semelhante pode ser preparada para apresentar desafios relacionados ao sistema de escrita. Numa lista de livros de bruxa, por exemplo, a garotada pode ser convidada a criar um título que tenha palavras específicas (como "a bruxinha malvada"). 

Erros mais comuns:
- Prever atividades sem ligação ou continuidade. Uma atividade deve preparar para a outra. Pode-se, por exemplo, começar lendo uma versão tradicional de Chapeuzinho Vermelho e terminar com uma carta do Lobo a Chapeuzinho. 
- Não ter clareza dos objetivos da sequência didática. É fundamental ter em mente o que se quer ensinar e o que deve ser avaliado. 

5.4.1 Escrita de títulos de contos conhecidos 


Objetivos:
- Favorecer a reflexão sobre o sistema de escrita. 
- Refletir com os pares e avançar nas hipóteses de escrita. 

Conteúdo: Escrita. 

Anos: 1º e 2º anos. 

Tempo estimado:  Dois meses. 

Material necessário: Livros variados de contos acumulativos, lápis e papel, cartolina, tecido TNT, tinta, papel e canetinha. 

Desenvolvimento: 

1ª etapa 
Apresente histórias de contos acumulativos aos alunos. Leia uma delas e pergunte se conhecem outras. Proponha apresentar uma dessas histórias aos demais colegas da escola. Nos dias seguintes, leia outras. 

Flexibilização para deficiência auditiva => Fale sempre de frente para o aluno e antecipe a explicação da proposta para ele. Encaminhe o livro como lição de casa antes da leitura com o grupo para que ele possa explorar a história com o AEE ou com os pais. Ao contar a história, explore a expressão facial e gestual, apresente a ilustração ampliada em papel ou projete no telão. 

2ª etapa 
Relembre os títulos das histórias e peça que as crianças votem em qual gostariam de apresentar para a outra turma. Organize a sala em duplas de trabalho produtivas. É interessante ter como critério das duplas: hipóteses de escrita diferentes, porém próximas, e a relação entre os alunos. Peça que cada dupla escreva o título da história que deseja que seja lida para a outra sala. Acompanhe a produção escrita e peça que leiam o que escreveram e, assim, controlem sua produção. 

3ª etapa 
Proponha um jogo de adivinhação do nome dos cinco contos vencedores da eleição. Dê pistas sobre o enredo, personagens, cenário, número de partes que compõem o título. Quando a turma acertar, convide algumas crianças (de preferência, as com escrita não alfabética) para escrever no quadro. Deixe as diferentes possibilidades de escrita registradas e aproveite para lançar perguntas que contribuam para a observação das diferenças (variedade, quantidade e ordem das letras). Eles devem colocar em jogo o que sabem e pensam sobre o sistema. Repita a brincadeira com cada um dos cinco títulos. 

Flexibilização => Ao falar dos livros vencedores, se o aluno não estiver alfabetizado, elabore um símbolo para cada livro. 

4ª etapa 
Converse com os alunos sobre os contos mais votados e elabore um cartaz coletivamente. Eles devem ditar os títulos ao escriba (o professor ou algum aluno que já tenha a escrita alfabética). Nesse momento, aproveite para perguntar: quantos pedaços tem esse título? Qual a primeira palavra a ser escrita? Qual a letra inicial? Qual a última letra? Como sabe que é tal letra? Por que não pode ser outra letra? Combine detalhes sobre a roda de leitura a ser feita para a outra sala. 

5ª etapa 
Espalhe os livros de contos preferidos da turma pela sala. Convide outra sala para compartilhar uma roda de leitura de contos acumulativos. Como são contos de fácil memorização, os próprios alunos podem ser os leitores. 

Flexibilização => Divida as tarefas no grupo, eleja alguns alunos para contar a história e outros para mostrar as ilustrações. Valorize a leitura de imagem desses contos. 

Avaliação: Observe se as crianças avançaram em suas hipóteses de escrita, se ampliaram o repertório das relações que estabelecem, se começam a interpretar a escrita durante e depois de sua produção e se pedem ou fornecem informações ao colega durante a realização das atividades. 


5.4.2 A agenda telefônica da turma 


Objetivos:
- Identificar a letra inicial dos nomes dos alunos. 
- Utilizar a ordem alfabética para inserção de nomes na agenda telefônica. 
- Reconhecer os contextos de uso da agenda telefônica. 

Conteúdos:
- Ordem alfabética. 
- Procedimentos de uso da agenda telefônica. 

Anos: 1º e 2º anos.

Tempo estimado: Quatro aulas. 

Material necessário: 
Vários modelos de agenda de telefone para reconhecimento e uma agenda nova para cada aluno, fichas com os nomes de todos os estudantes do grupo. 

Flexibilização para deficiência intelectual => Letras móveis e tarjas com os nomes dos estudantes. 



Desenvolvimento: 

1ª etapa 
Apresente vários modelos de agenda e converse com as crianças sobre as situações de uso. Pergunte a respeito das ocasiões em que elas costumam ver os adultos utilizando esse objeto e sugira que citem situações em que precisariam fazer isso também. Por exemplo, telefonar para um colega e convidá-lo para ir à sua casa ou até uma pizzaria. Desafie-as a observar os diferentes aspectos da organização de uma agenda: o tamanho, os espaços reservados para a escrita dos diferentes dados, as letras que a subdividem etc. 

2ª etapa 
Questione a necessidade dos nomes e dos números a serem registrados por escrito na agenda. Por que não podemos guardar essas informações na memória? Indagações como essa ajudam a compreender que a agenda permite arquivar dados a serem consultados posteriormente. 

3ª etapa 
É hora de ouvir o que todos têm a dizer sobre a função das letras que aparecem dividindo as partes do caderninho. Por que elas sempre aparecem? Por que estão em ordem alfabética? Essa reflexão contribui para pensar na melhor maneira de organizar os nomes, de modo a facilitar a consulta. Por fim, discuta com a turma quais informações podem ser registradas na agenda. Onde devemos escrever o número do telefone? Há um campo para escrever o endereço do amigo? 

Flexibilização para deficiência intelectual => Como lição de casa, o aluno deve providenciar uma agenda usada por algum familiar. Converse com ele anteriormente, antecipando o que explicará ao grupo e use sua agenda como um dos exemplos na explicação. 

4ª etapa 
Momento de pensar como organizar os nomes que farão parte da agenda. Distribua para o grupo fichas com o nome de todos e sugira que agrupem aqueles que começam com a mesma letra, respeitando a ordem alfabética. Oriente os estudantes a consultar o alfabeto disponível na parede da sala. Crie oportunidades para que analisem detidamente as letras iniciais e finais, identifiquem os nomes diferentes que começam ou terminam da mesma forma e antecipem o número de letras necessárias para escrever determinado nome. Concluída a lista, faça a preparação para o registro na agenda, como ler as listas organizadas pela letra inicial para revisá-las e certificar-se de que está correta e localizar as letras nas quais não há nomes para serem escritos. 

Flexibilização para deficiência intelectual => Organize as tarefas por grupos. Para o grupo do estudante com deficiência, dê o nome dos alunos em tarjas e use a letra móvel para indicar a primeira letra dos nomes que devem separar. Esses nomes devem ser conferidos por um do grupo e encaminhado a outro grupo que fará a outra classificação. 

5ª etapa 
Escreva no quadro a lista em ordem alfabética feita pelos alunos. Cada um deve registrar, ao lado do próprio nome, o número do seu telefone. Oriente-os a copiar na agenda os nomes e telefones dos colegas em ordem alfabética. 

Flexibilização para deficiência intelectual => Preveja mais tempo para o aluno realizar essa atividade. Se ele ainda não souber fazer cópia do quadro, dê os números em uma etiqueta para que cole ao lado do nome correspondente. 

Avaliação: A consulta à agenda passa a ser uma atividade permanente para que os estudantes entrem em contato com os colegas. Além disso, eles podem, ao longo do ano, incluir os dados de novas pessoas e, assim, o uso será ampliado para além do contexto escolar. O trabalho será realmente um sucesso se você planejar várias situações em que a agenda deva ser usada.



5.5 Atividades permanentes de escrita pelo aluno 


São aquelas que desenvolvem o hábito de utilizar a linguagem escrita a serviço de demandas cotidianas 

Prever atividades diárias para colocar os alunos em contato constante com determinados conteúdos importantes para conseguir ler e escrever de forma convencional. "No caso da escrita, o domínio do sistema alfabético requer sucessivas aproximações e tentativas de escrever adequadamente", afirma Neurilene Martins. Outro foco é a aprendizagem de procedimentos e comportamentos leitores e escritores: por onde e como começo a ler? Como tomar pequenas notas na hora de pesquisa? Como expressar preferências literárias e trocar informações sobre os livros? 

Em termos de escrita, destaque para listas, textos de memória (como parlendas e poemas) e atividades com o nome próprio e os dos colegas de classe e com a troca de recomendações literárias. 

Erros mais comuns:
- Não propor atividades com foco no sistema de escrita. É fundamental incluir atividades permanentes que levem a pensar sobre as relações grafofônicas. 

- Deixar o aluno escrever sem intervir nem fornecer informações. A criança só avança ao receber ajudas desse tipo do professor. 

- Pedir que os alunos copiem textos. Esse exercício mecânico pode, no máximo, ajudar a memorizar. 

- Não desafiar os alunos a ler. Os processos de aprendizagem da escrita e da leitura estão diretamente relacionados. Procurar nomes em listas, por exemplo, é essencial para entender a lógica do sistema de escrita. 


5.5.1 Leitura e escrita de nomes próprios 


Conteúdo:  Leitura e escrita de nomes próprios 

Ano: 1º e 2º anos 

Tempo estimado:  Um mês 

Introdução: 
Por que trabalhar com os nomes próprios? As crianças que estão se alfabetizando podem e devem aprender muitas coisas a partir de um trabalho intencional com os nomes próprios da classe. 

Objetivos:
- Diferenciar letras e desenhos. 
- Diferenciar letras e números. 
- Diferenciar letras umas das outras. 
- A quantidade de letras usadas para escrever cada nome. 
- Função da escrita dos nomes: para marcar trabalhos, identificar materiais, registrar a presença na sala de aula (função de memória da escrita) etc. 

Material necessário: Folhas de papel sulfite com os nomes das crianças da classe impressos, etiquetas de cartolina, folhas de papel craft e letras móveis. 

Desenvolvimento:
1ª etapa
Peça que as crianças desenhem. Recolha as produções e questione os alunos como fazer para que se saiba a quem pertence cada material. Ouça as sugestões. Distribua etiquetas e peça que cada um escreva seu nome na sua presença. Chame a atenção para as letras usadas, a direção da escrita, a quantidade de letras etc. 

Flexibilização para deficiência auditiva (perda auditiva parcial, tem oralidade e está em fase de alfabetização) => Dê oportunidade de o aluno escrever da maneira que consegue. 

2ª etapa 
Questione os alunos como os professores podem fazer para saber o nome da sala toda nos primeiros dias de aula. Ajude-os a concluir sobre a função do uso de crachás. Distribua 
cartões com a escrita do nome de cada um que deverá ser copiado nos crachás. Priorize nesse momento a escrita com a letra de imprensa maiúscula (mais fácil de compreensão e reprodução pelo aluno). 

3ª etapa 
Lance para a classe o problema: como podemos fazer para não esquecer quem falta na aula? Apresente uma lista com todos os nomes da classe. Escreva todos os nomes com letra de imprensa maiúscula. Peça que localizem na lista da sala o próprio nome. O cartaz com essa lista pode ser grande e fixado em local visível. Disponibilize letras móveis e peça para cada um montar o próprio nome. 

4ª etapa 
Dê uma lista com todos os nomes da sala para cada criança. Dite um nome e peça que encontre sua escrita e o circule. Em seguida, peça a um aluno que escreva aquele nome na lousa. A turma deve conferir se circularam o nome certo. Para que essa atividade seja possível, é importante fornecer algumas ajudas. Diga a letra inicial e final, por exemplo. 

Flexibilização para deficiência auditiva (perda auditiva parcial, tem oralidade e está em fase de alfabetização) => Para o aluno saber melhor qual é o nome ditado, a professora pode pedir que cada aluno se levante quando seu nome for dito. 

5ª etapa 
Peça que as crianças digam o nome dos alunos ausentes e que façam circular esses nomes. Depois, peça para separarem a lista em duas colunas: nomes das meninas e nomes dos meninos. É importante chamar a atenção para a ordem alfabética utilizada nas listas. A nomeação das letras do alfabeto é fundamental para ajudar o aluno a buscar a letra que necessita para escrever. Em geral, as crianças chegam à escola sabendo "dizer" o alfabeto, ainda que não associando o nome da letra aos seus traçados. Aproveite esse conhecimento para que possam fazer a relação entre o nome da letra e o respectivo traçado. 

Avaliação: Observe se as crianças avançaram em suas hipóteses de escrita, ampliaram o repertório das relações que estabelecem, começam a interpretar a escrita durante e depois de sua produção e se pedem ou fornecem informações ao colega durante a realização das atividades.



6. Avaliação

A análise frequente do professor é a chave para elaborar situações cada vez mais desafiadoras para os alunos 

Para avaliar se os alunos estão escrevendo cada vez melhor por conta própria, observe se avançaram em suas hipóteses de escrita, se ampliaram o repertório das relações que estabelecem, se começam a interpretar a escrita durante e depois de sua produção e se pedem ou fornecem informações ao colega durante a realização das atividades. 


Tenha sempre como referência o diagnóstico inicial e para comparar com as sondagens realizadas ao longo do ano. 

Além de avaliar o desenvolvimento da escrita, preste atenção nas interações entre os alunos. Todas as crianças devem estar envolvidas em todos os momentos do trabalho, mesmo aquelas que ainda não escrevem convencionalmente. Se for necessário, reorganize os grupos de trabalho para que as trocas entre os alunos se tornem produtivas para todos.



7. Inclusão 

7.1 Alunos com deficiência visual


Uma máquina braille ou uma reglete são recursos indispensáveis. 

Ao planejar as atividades de produção de texto, selecione textos disponíveis em braille para alunos cegos alfabetizados neste sistema. Solicite a releitura dos textos trabalhados em aula atenciosamente no contraturno. Uma máquina Braille disponível ou uma reglete para que ele anote as informações que considerar relevantes e possa produzir as sucessivas versões de seus próprios textos, é fundamental. 

Os problemas encontrados nas produções textuais dos alunos devem ser enumerados oralmente. Ao longo das produções coletivas, garanta a participação do aluno com deficiência visual, mediando as contribuições da turma toda. Conte com a ajuda do educador do Atendimento Educacional Especializado (AEE) para que as versões dos textos e o produto final sejam sempre copiados em Braille, para que o aluno cego também tenha acesso ao resultado do trabalho. 

7.2 Alunos com deficiência auditiva 

Contar com um intérprete de Libras em sala de aula é fundamental.

A educação bilingue - sendo a Língua Brasileira de Sinais (Libras) a primeira e a Língua Portuguesa, a segunda língua - é um direito dos alunos surdos garantido pelo Decreto Federal nº 5.626 de 22 de dezembro de 2005. O mesmo decreto assegura ainda a presença de tradutores e intérpretes de Libras nas salas de todos os segmentos do ensino regular público, da Educação Infantil ao Ensino Superior. 

Ao chegar ao 1º ano, espera-se que os alunos com deficiência auditiva que passaram pela Educação Infantil saibam comunicar-se em Libras e sejam capazes de escrever o próprio nome. Mas vale lembrar que essas crianças começam o Ensino Fundamental sem conhecimento da Língua Portuguesa falada e, por isso, não partem do mesmo princípio que os alunos ouvintes para aprender a ler e a escrever. 

Mesmo que, em um determinado prazo, não alcancem os mesmos resultados obtidos pelos alunos ouvintes, os estudantes com deficiência auditiva precisam participar de todas as aulas. Se o aluno surdo ainda não for capaz de escrever um texto, faça com que ele contribua para as atividades escrevendo listas ou frases sobre o tema abordado. 

Produções coletivas ou em pequenos grupos também ajudam o aluno a se expressar melhor pela escrita. O importante é que ele sempre conte com algum apoio visual. O professor deve registrar todas as atividades e utilizar recursos diferenciados - como letras móveis ou cores diferentes para designar elementos distintos de uma frase, por exemplo. Fazer com que o aluno surdo sente-se nas carteiras da frente é outra medida essencial, assim como atuar em conjunto com o Atendimento Educacional Especializado (AEE). 

7.3 Alunos com deficiência física (sem mobilidade nos membros superiores) 

Flexibilização dos recursos garante a participação de alunos sem mobilidade nos membros superiores.

Para trabalhar a produção de texto em alunos com deficiência física nos membros superiores, é preciso encontrar alternativas para que possam escrever. O importante é valorizar o que o estudante faz dentro das suas possibilidades. 

Para os que conseguem escrever com uma adaptação para o uso do lápis, é possível que os traçados sejam disformes e distantes da representação formal das letras e palavras. Nessa situação, o melhor é não se prender às diferenças de forma - ao contrário, procure se focar no conteúdo, analisando o que o texto revela em termos de compreensão do assunto abordado. Já para aqueles que necessitam da ajuda de um colega para escrever, o ideal é observar a interação entre o aluno com deficiência e o colega, em especial a maneira como ele dita e revisa o que está escrevendo. 


7.4 Alunos com deficiência intelectual 

Ajudar o aluno sem fazer as atividades por ele.

O desafio principal na inclusão dos alunos com deficiência intelectual é garantir que ele avance na aquisição da leitura e da escrita, contribuindo com o trabalho da turma de alguma maneira e dentro das suas possibilidades. 

Antecipar as etapas e deixar que o aluno repita e execute atividades com ajuda do professor responsável pela sala de recursos, é uma ação importantíssima para que ele consiga discutir o tema junto dos colegas em sala. Peça para que ele destaque nos textos lidos algumas palavras-chave, o que pode ser feito no contra turno. 

Flexibilize o gênero que está sendo trabalhado com a turma, propondo que o aluno com deficiência intelectual elabore listas que serão utilizadas em alguma etapa do projeto. Durante as produções coletivas, coloque imagens e palavras-chave no quadro para que esse aluno possa consultá-las e assim, contribua para o desenvolvimento da tarefa. 

Nas atividades em grupo, organize uma equipe favorável à participação do aluno com deficiência intelectual (amigos, crianças com facilidade de relacionamento etc.). Quando necessário, coloque -o para trabalhar junto a um colega, ainda dentro do grupo, que deverá dividir com ele as atividades a serem realizadas. 

Se a coordenação motora do aluno ainda não estiver tão desenvolvida, inclua papéis em tamanho maior e lápis ou canetas com pontas mais grossas. Oriente os pais ou o AEE em como ajudar o aluno em casa, sem realizar a atividade por ele. 


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