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sexta-feira, 20 de março de 2015

-FEIRA, 15 DE MAIO DE 2008

Escrita espelhada e outras dificuldades....

Um mau leitor, no ensino médio, pode ser gerado ou forjado no ensino fundamental. Tomemos, por ilustração, alguns alunos, com dificuldades específicas de lectoescrita, já no final do primeiro ciclo do ensino fundamental, fazem a troca dos grafemas simétricos (a escrita espelhada) ou de fonemas que têm o mesmo modo ou ponto de articulação, como t/d, f/v, b/p principalmente.
Escrita espelhada
Esta primeira proposta estou retirando do livro de Rossana Ramos "200 dias de Leitura e Escrita na escola" da editora cortez:
" Nomes ao contrário
Esta atividade auxilia a percepção da sequencia de letras na escrita das palavras; a percepção, principalmente quando as crianças ainda estão na fase da escrita espelhada.
Procedimento:
escrevrer no quadro-de-giz, de trás para frente, os nomes de todos os alunos.
pedir-lhes que identifiquem esses nomes e os reescrevam no caderno da forma correta.

exemplo: anasor (para rosana), síul (para luís), adnama (para amanda)
Outras maneiras de realizar a atividade:
escrever no quadro de giz os nomes dos alunos com as letras misturadas. Por exemplo: orsnaa, lísu, madana.
escrever no quadro-de-giz os nomes dos alunos com as letras viradas ao contrário."
Boa aula!!!


Escrita espelhada 
Valquiria Miguel Luchezi
Por que será que algumas crianças espelham letras e números quando estão se alfabetizando? Os pais tomam um susto quando isso acontece e ficam sem saber porque a criança escreve as letras de trás para frente. Mas esse é um distúrbio relativamente comum e a criança deve ter um acompanhamento para poder lidar com esse probleminha.

Etimologicamente a palavra "dislexia" foi traduzida do latim e do grego como "distúrbio de linguagem". Porém, esse termo foi adotado para denominar um distúrbio no aprendizado da leitura e escrita. Mas isso não significa que qualquer criança com dificuldades de leitura possa ser identificada como um indivíduo disléxico.
A criança com dislexia apresenta condições intelectuais normais, porém poderá ler com deficiência e transformar ou deformar as palavras. É comum o disléxico apresentar algum déficit no domínio da ação, da motricidade, da organização temporo-espacial e na dominância lateral, podendo ser acrescentados distúrbios de atenção e da memória.
As maiores dificuldades do disléxico são situar as diversas partes de seu corpo, umas em relação às outras, as noções de alto, baixo, frente, trás e sobretudo, direita e esquerda. Já na leitura, fazem confusão entre certas letras como p e q; d e b; u e n; p e b.
Cada letra é percebida isolada e corretamente, mas as relações que a criança estabelece entre elas não são estáveis, dependem do sentido de deslocamento do seu olhar, esquerda-direita, ou vice-versa.
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* A criança depois que se apropria da escrita alfabética, enfrenta inúmeros problemas ortográficos e morfossintáticos, considerados normais para a fase em que se encontra. Porém, cabe ao professor/a fazer intervenções significativas para que ela se aproprie da escrita ortográfica.

Os principais problemas que emergem quando as crianças se apropriam da escrita alfabética são:
Leitura
�� Confusão de letras (trocas).
�� Soletração sem aglutinação.
�� Decodificação sem compreensão.
�� Leitura soletrada
Escrita
�� Transcrição fonética: tumati - kavalu = tomate - cavalo
�� Segmentação indevida: utumati = o tomate, com seguiu = conseguiu.
�� Juntura vocabular - uka valu = o cavalo, agente = a gente.
�� Troca do ão pelo am, i por u (e vice versa): paum = pão.
�� Ausência de nasalização: troca de m por n ou til (vice e versa): comseguiu - cõsegiu =
conseguiu.
�� Supressão ou acréscimo de letras.
�� Troca de letras / origem das palavras (etimologia): zino = sino, geito = jeito.
�� Escrita não segmentada: UKAVALUPIZONUTUMATI = o cavalo pisou no tomate.
�� Não registra silabas de estruturas complexas: os dígrafos, o padrão consoante-consoantevogal, a vogal dos encontros consonantais: vido - vidro.
�� Escrita sem significado (letras aleatórias).
�� Frases descontextualizadas.
�� Textos sem seqüência lógica.
�� Escrita espelhada: d por b, p por q.
�� Repetição de elementos de ligação.
�� Hipercorreção: coloo - colou, medeco - médico.

Intervenções para superação
�� Antes da produção de qualquer texto, deve-se fazer um momento preparatório e trabalhar sempre com os modelos.
�� Informar os tipos de texto que vai produzir ou reescrever.
�� Fazer a correção do texto:
Combinar com os/as alfabetizando/as todos os procedimentos e fazer "legenda" para correção do texto. Ou seja, para cada tipo de dificuldade criar uma legenda, como, por exemplo:
- V: ERRO DE ORTOGRAFIA.
- +: SEGMENTAÇÃO INDEVIDA.
- ▲: JUNTURA.
- ☼: PONTUAÇÃO.
- ☺: USO DE LETRAS MAIÚSCULA.
- ♥: TROCA DE LETRAS.
- □ : ENGOLIR LETRAS - SUPRESSÃO.
TRANSPOSIÇÃO DA PSICOGÊNESE DA LÍNGUA ESCRITA
SITUAÇÕES DIDÁTICAS ENVOLVENDO OS NÍVEIS DE ESCRITA
DA ESCRITA PRÉ-SILÁBICA A ESCRITA ALFABÉTICA
LETRAS

Letras do alfabeto: Jogos de alfabeto de materiais e tamanhos diferentes. Letras móveis para o/a aluno/a montar espontaneamente palavras. Bingo e memória de letras. Atividades de escrita com letras.

Nomeação e identificação: Criar tiras com o alfabeto e figuras para serem materiais de consulta.

Análise das formas posições das letras: Atividades de escrita para o/a aluno/a analisar, por exemplo, quantas pontas têm o H, quantas retas e utiliza no traçado do A, M, E, , quantas curvas temas letras C, P, etc.

Valor sonoro - relação letra/som: jogos de memória com figura e letra inicial. Bingo de figuras. Alfabeto vivo.

PALAVRAS

Nome próprio: Crachá com nome e foto ou desenho (auto-retrato feito pelo/a alfabetizando/a).
Montar o nome com letras móveis. Bingo de nomes, de fotos e/ou auto-retrato. Dominó de nomes (letra inicial / nome). Painel de chamada com cartões de nomes.

Análise da lingüística da palavra: Letra inicial e final, número de letras, letras repetidas, vogal, consoante. Atividades de escrita com palavras.

Memorização de palavras significativas: Atividades de escrita. Listas de palavras.

Conservação da escrita de palavras:
Atividades de escrita: complete, forca, enigma, "stop", cruzadinha.Listas de palavras.

FRASES E TEXTOS

Sentido-direção da escrita: Produção coletiva de listas, receitas, bilhetes, recados, etc (sendo o/a professor/a o/a escriba). Ler para o/a alfabetizando/a (apontando sempre onde está lendo).

Vinculação do discurso oral com texto escrito: Leitura de história e reescrita espontânea individual ou produção coletiva. Escrita de história vivida pelos/as alunos/as.

Junção de letras na formação das sílabas: Listas de palavras. Atividades de escrita: complete, forca, enigma, "stop", cruzadinha.

ESCRITA PRE-SILÁBICA
* Iniciar pelos nomes dos/as alfabetizando/as escritos em crachás, listados no quadro e/ou em cartazes.
* Trabalhar com textos conhecidos de memória, para ajudar na conservação da escrita.
* Identificar o próprio nome e depois o de cada colega, percebendo que nomes maiores podem pertencer às crianças menores e vice-versa;
* Organizar os nomes em ordem alfabética, ou em "galerias" ilustradas com retratos ou desenhos;
* Criar jogos com os nomes: "lá vai a barquinha", dominó, memória, boliche, bingo;
* Fazer contagem das letras e confronto dos nomes;
* Confeccionar gráficos de colunas com os nomes seriados em ordem de tamanho (número de letras).
Fazer estas mesmas atividades utilizando palavras do universo dos/as alfabetizandos/as: rótulos de produtos conhecidos ou recortes de revistas (propagandas, títulos, palavras conhecidas).
* Classificar os nomes pelo som ou letra inicial, pelo número de letras, registrando-as * Copiar palavras inteiras;
* Contar número de letra ou palavra de uma frase;
* Pintar intervalos entre as palavras;
* Completar letras que faltam de uma palavra;
* Ligar palavras ao número de letras e a letra inicial;
* Circular ou marcar letra inicial ou final;
* Circular ou marcar letras iguais ao seu nome ou palavra chave.
* Produção de textos, ditados, listas.


ESCRITA SILÁBICA
* Fazer listas e ditados variados (de alfabetizandos/as ausentes e/ou presentes, de livros de histórias, de ingredientes para uma receita, nomes de animais, questões para um projeto).
* Trabalhar com textos conhecidos de memória, para ajudar na conservação da
escrita.
* Ditado de palavras do texto.
* Análise oral e escrita do número de sílaba, sílaba inicial e final das palavras do texto.
* Lista de palavras com a mesma silaba final ou inicial;
* Escrever palavras dado a letra inicial;
* Ligar desenho a primeira letra da palavra;
* Usar jogos e brincadeiras (forca, cruzadinhas, caça-palavras);
* Organizar supermercados e feiras; fazer "dicionário" ilustrado com as palavras aprendidas, diário da turma, relatórios de atividades ou projetos com ilustrações e legendas;
* Propor atividades em dupla (um dita e outro escreve), para reescrita de notícias, histórias, pesquisas, canções, parlendas e trava-línguas.
* Produção de textos, ditados, listas.

ESCRITA SILÁBICAALFABÉTICA
* Ordenar frases do texto;
* Completar frases, palavras, sílabas e letras das palavras do texto;
* Dividir palavras em sílabas;
* Formar palavras a partir de sílabas;
* Ligar palavras ao número de sílabas;
* Produção de textos, ditados, listas.

ESCRITA ALFABÉTICA
* Investir em conversas e debates diários.
* Possibilitar o uso de estratégias de leitura, além da decodificação.
* Considerar o "erro" como construtivo e parte do processo de aprendizagem.
* Produção coletiva de diversos tipos de textos.
* Análise lingüística das palavras.
* Reescrita de texto (individual / coletiva).
* Revisão de texto.
* Atividades de escrita: complete, forca, enigma, stop, cruzadinha, lacunado, caça-palavra.

OBSERVAÇÃO
É de fundamental importância que o/a professor:

�� Iniciar o processo de alfabetização com textos que os/as alfabetizando/as conheçam de memória, para ajudar na conservação da escrita e na relação entre o escrito e o falado Ele/a deverá sugerir que as crianças acompanhem a leitura com o dedo, apontando palavra por palavra.

�� Trabalhar com modelos estáveis de escrita, como, por exemplo, lista de palavras do texto, para que se possa conservar a escrita.

�� Fazer sempre a análise e a reflexão lingüística das palavras, confrontando as hipóteses de escrita dos/as alfabetizandos/as com a escrita convencional, ou seja, entre o padrão oral e o padrão escrito.

�� Propiciar atos de leitura e escrita para as crianças para que elas aprendam ler lendo e a escrever escrevendo, por meio de atividades significativas e contextualizadas. Elas deverão ler textos mesmo quando ainda não sabem ler convencionalmente, apoiando-se inicialmente na memória e ilustração.

�� Trabalhar em pequenas equipes, agrupando os/as alfabetizandos/as conforme os níveis próximos de escrita. Isto garante que crianças com diferentes níveis possam confrontar suas hipóteses, gerando conflitos cognitivos e avanços conceituais.

�� Propor atividades, por meio de situações problemas, que as crianças possam resolver e colocar em jogo o que sabem, para aprender o que ainda não sabem. Isto garantirá o trabalho com a auto-estima e o autoconceito dos/as alfabetizandos/as, que são imprescindíveis para o processo de aprendizagem. Porém, evitar que crianças com o mesmo nível de escrita sejam agrupadas entre si, já que a intenção do agrupamento heterogêneo é interação e a troca de conhecimentos entre os/as alfabetizandos/as com diferentes hipóteses de escrita.

�� Na sala de aula deve conter: cartazes com o alfabeto escrito em letras maiúsculas e minúsculas, cursiva e bastão; só com as vogais, só com as consoantes; com os números; com o nome da escola e do/a professor/a; Listas com os nomes dos/as alfabetizandos/as, dos/as aniversariantes, palavras, frases e textos (que circulam socialmente) trabalhados. Em outras palavras, fazer da sala de aula um ambiente rico em atos de leitura e escrita, que é propício para a alfabetizar letrando, isto é, ensinar ler e escrever por meio das práticas sociais de leitura e escrita.

Fonte:
http://www.smec.salvador.ba.gov.br/documentos/espaco-virtual/tecendo-trama/TEXTO%202.2.%20%20REFERENCIAL%20TE%D3RICO%20DO%20CEB%20-%20%20EM%CDLIA.pdf

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