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domingo, 1 de março de 2015


SIMERS — JOGO DAS ELEIÇÕES

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Convidamos você a imprimir o tabuleiro acima, conseguir um dado (o milenar cubo de azar/sorte), ou uma roleta com até seis números, e improvisar pequenas peças que percorrerão a trilha de casas. Nossa proposta é ao mesmo tempo diverti-lo e informá-lo como se dá o processo eleitoral no Sindicato Médico do RS. O jogo é simples, bem ao estilo dos antigos passatempos. O único porém será na escolha do lado que você irá jogar. Para aqueles que gostam de ganhar a qualquer custo e passando por cima de tudo (que acreditamos serem alguns poucos) é melhor escolher a chapa situacionista. O caminho da chapa oposicionista é mais difícil, repleto de obstáculos e surpresas.
Regras básicas
O tabuleiro sugere figurativamente as ruas do bairro Petrópolis, onde se localiza o SIMERS. A partida, a ser disputada por dois jogadores, consiste em iniciar do ponto sinalizado como LARGADA e percorrer o trajeto marcado pelas casas, em sentido horário, conforme o número indicado no dado a ser lançado de forma alternada por cada jogador. O objetivo é alcançar a linha de chegada, representada pela logotipia do SIMERS. É fundamental que cada jogador escolha uma chapa para representar: situação ou oposição.
Entenda a numeração e a história do jogo
1- Se você escolheu pela chapa da situação seu caminho está facilitado. Não precisa enfrentar a maratona de obstáculos da chapa oposicionista. Como se vê, o jogo reproduz as eleições no SIMERS, e tal como o mundo real, a desigualdade de tratamento entre as chapas também é reproduzida neste tabuleiro. Vá direto para o Atalho do Argollo.
3- Encontrar o edital de convocação é um grande feito. Nesta eleição até que não foi tarefa das mais difíceis (devido aos alertas da chapa de oposição), mas o padrão é publicar o edital em tamanho menor do que o habitual, em páginas de pouca visualização, e em jornais de circulação reduzida. O olho vivo, portanto, deve ser recompensado: avance duas casas.
6- A chapa de oposição, tomando como base o Regulamento Eleitoral, começa a busca de integrantes para compor a nominata necessária, antes mesmo da publicação do edital. Usa, então, o Termo de Aquiescência do regulamento da última eleição. Com um expressivo número de Termos assinados, vem o edital e com ele um novo regulamento (que exige até comprovante de endereço). Os termos assinados têm que ser desconsiderados, e cada médico contatado outra vez, solicitadas novas remessas de documentos pelo correio (interior), tempo perdido, etc. Então, volte uma casa.
9- Para completar o número de integrantes da chapa, o regulamento prevê 79 nomes. Destes, 33 devem obrigatoriamente residir em uma das cidades que compõe a área de abrangência das delegacias regionais do SIMERS. Para tanto, entre a retirada do regulamento na sede do Sindicato e a entrega da documentação requerida, no mesmo endereço, o edital estabelece somente 10 dias (com um feriado neste intervalo de tempo). A tarefa não é fácil. Por isso a proposta da chapa oposicionista de antecipar a composição da nominata — mas aí vem a mudança de regulamento. Enquanto isso, a chapa da situação, conhecedora de antemão de todos os prazos, assim como das alterações no regulamento (a Comissão Eleitoral, indicada pelo presidente do Sindicato, é quem cria o e modifica), constitui sua nominata.
15- Sem acesso ao cadastro de associados, a tarefa de mapear, contatar e conferir a situação de cada possível integrante da chapa fica dificultada. Por exemplo: a fim de participar no processo eleitoral, o médico tem que ser associado por um período mínimo de seis meses e estar rigorosamente em dia com suas obrigações financeiras perante o Sindicato (qualquer dívida, até mesmo pequenos valores referentes a serviços utilizados, impossibilita a participação no pleito). Um trabalho de conferência de dados que a chapa de oposição não tem como proceder. Enquanto isso, novamente, a chapa da situação, detentora do acesso ao cadastro, constitui sua nominata, conferindo e reconferindo a situação de cada elemento.
 18- Mesmo com todos os percalços impostos: desconhecimento antecipado das datas (edital) e das mudanças (regulamento), prazo exíguo, e inacessibilidade ao cadastro de associados, a chapa de oposição consegue completar a nominata exigida. Se só isso não é motivo para comemorar… E para permanecer neste jogo de regras desiguais.
20- Apesar do esforço do movimento opositor, a Comissão Eleitoral decide não homologar a inscrição da chapa em razão de alguns sócios estarem em dívida, e outros desassociados. Um simples e único e-mail é enviado à representante da chapa oposicionista, que alega não ter recebido tal comunicado. O sistema digital de envio da Comissão diz ter a confirmação de envio.
22- Dentro do prazo estabelecido, a chapa oposicionista solicita também a impugnação de elementos da chapa da situação (atuais diretores não teriam comparecido ao número previsto de reuniões ordinárias — cláusula constante em estatuto requer o afastamento e a inelegibilidade). Mesmo com problemas no prazo recursal, em função da precária (e estratégica) comunicação elaborada pela Comissão Eleitoral, a oposição apresenta seu recurso. A regra do tabuleiro impõe a retirada de uma carta revés — Comissão Eleitoral, pois são seus membros (escolhidos para a função pelo presidente do SIMERS) que definirão o futuro da chapa.
26- A única carta revés — Comissão Eleitoral que você vai retirar (todas são iguais) é esta: “Sua impugnação foi considerada insanável.” O estranho é que na eleição anterior, a única em que uma chapa de oposição consegue completar o périplo, idênticos motivos de impugnação foram considerados sanáveis por esta mesma Comissão Eleitoral (presidente e assessor jurídico —  aliás, advogado que presta serviços ao SIMERS). O único recurso cabível (e impossível) é convocar uma assembleia geral extraordinária com a presença de 1/5 dos associados (cerca de 2.600 médicos). Jogue o dado e só avance se tirar o número 2.
 28- A Justiça do Trabalho é o caminho a seguir. A chapa opositora ingressa com uma ação em que requer a anulação dos atos da Comissão Eleitoral e a homologação da chapa. As alegações: desproporcionalidade de tratamento pela Comissão Eleitoral, desrespeito com itens constitucionais que defendem a igualdade perante a lei, entre outros. É solicitada uma liminar. Avance três casas.
33- A Justiça do Trabalho decide ouvir as partes antes de definir sobre o pedido de liminar. Aguarde para avançar.
 37- Eleições no SIMERS. Chega a hora em que os associados podem avaliar as propostas das chapas, e, democraticamente, escolher quem dirigirá o Sindicato no próximo triênio.
Conheça o Atalho do Argollo
1- Com poder desmedido, o presidente do SIMERS e sua diretoria alteram o estatuto a cada novo mandato com o claro intuito de impedir o surgimento de grupos opositores. O caminho da arbitrariedade está pavimentado. Nem precisa lançar o dado. Avance duas casas.
 3- A situação, por meio do presidente do SIMERS, também tem a responsabilidade de escolher e nomear os integrantes da Comissão Eleitoral — que cria o Regulamento Eleitoral e o modifica a bel-prazer. É a pavimentação da verdadeira estrada de tijolos amarelos. Pule mais três casas.
6- A Comissão Eleitoral recebeu um pedido de impugnação da chapa situacionista, mas considera que não tem competência de julgá-lo (apesar da justificativa do pedido estar no estatuto). Por outro lado, é plenamente competente para julgar as impugnações da chapa da oposição. A sorte está do seu lado, mesmo. Vá adiante, vá adiante.
7- Utilizando a máquina administrativa (o dinheiro dos associados) a seu favor, a chapa da situação empreende campanha com o uso de avião fretado para as viagens do presidente ao interior do Estado, patrocina jantares e churrascos (franqueados) em diversos municípios, edita a toque de caixa edições da revista Vox Medica, distribui guias de serviços, etc. O know-how da permanência a todo custo no poder, a cada mandato é aprimorado com a contratação de gestores de imagens e renomados estrategistas de campanhas eleitorais. Você está ficando imbatível neste jogo antidemocrático, avance mais três casas.
10- Se tudo correr bem e os associados continuarem acreditando que: tudo está funcionando corretamente; o presidente é um líder nato e democrático; as prestações de contas estão perfeitas; os factoides valem mais do que ações e resultados reais; o poder desmedido e a arbitrariedade são inerentes à presidência; e os funcionários do sindicato precisam ser conduzidos sob extrema pressão, e não merecem ter seus direitos trabalhistas plenamente respeitados. Diante da aceitação deste cenário, o jogo está ganho e você emplaca mais um mandato.

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