"A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo. (Nelson Mandela) "

quinta-feira, 1 de agosto de 2013


Desenhos Dia das Crianças Cartaz para Colorir

Desenhos e cartaz para colorir em comemoração ao Dia das Crianças.
Cartaz e desenho com a declaração dos direitos da criança!
Cartaz e desenho viva o Dia da Criança!
Dia 12 de outubro dia da criança!
Cartaz para colorir com a música criança feliz!
Para ampliar, imprimir ou salvar os desenhos do dia das Crianças, clique na figura que mais gostou.
As atividades acadêmicas para crianças especiais na formas de brincar


Marinez Vanucci Zamai1
Universidade de Mogi das Cruzes/Universidade Braz Cubas


Embora ainda privilegiando a escola especial como lugar formal do conhecimento do aluno portador de algum tipo de necessidade especial, a opção pelo aprender brincando contribuirá para que o professor encontre instrumentos, procedimentos e uma série de recursos para reciclar e redimensionar seu trabalho docente. Levando em conta as particularidades de seu meio, cada professor vai estruturar o curso, escolhendo os caminhos mais adequados.
A educação especial ainda em nossos dias é fator de desenvolvimento da cidadania que fundamenta e amplia a vivência da democracia, em um país tão cheio de contrastes, ambigüidades e contradições como o nosso. Ter acesso à educação especial é direito de todos aqueles que dela necessitam, tendo sido sempre um processo marcado por lutas e reviravoltas de todo tipo ao longo da história educacional (Sálvia, 1991; Amiralian, 1993). Assim, trabalhar em educação especial, estudála, conhecê-la em profundidade, tem sido um desafio no a fim de superar condições precárias de ensino, desigualdades na distribuição de oportunidades, formação insuficiente de professores e especialistas, baixos salários e falta de recursos para o ensino efetivo em sala de aula (Fonseca, 1995).
Ao trabalhar o aprender em educação especial de maneira mais agradável na forma de brincadeiras, caminharemos em direção aos aspectos mais específicos da preparação e da formação do professor, ou seja, às chamadas didáticas especiais. A ênfase, então, será dada às metodologias do ensino das diferentes disciplinas que integram a grade curricular do ensino especial. (Aufauvre, 1987; Chateau, 1990; Bomtempo & Zamberlan, 1996,).
Nesse caso, para lidar com a questão do aprender convém preparar o profissional para algo agradável e eficaz, uma vez que o brincar e a brincadeira possibilitam caminhar em direção a aspectos mais específicos da preparação e da formação do aluno especial. Faz- se necessário explicitar, neste momento o uso aqui feito dos verbetes brincar e brincadeira. Em brincar, uma forma linguística resultante da nominalização do verbo brincar, mantém o traço semântico ação de. Já em brincadeira, pressupõe-se necessariamente sujeitos brincando. O foco deste estudo prioriza o brincar.
Entretanto, atividades e conteúdos a serem pesquisados implicam em trabalho conjunto entre professor e aluno. Este é, sem dúvida, componente essencial do processo de brincar e aprender. Desde muito cedo, a criança aprende a se relacionar com o mundo, com seus semelhantes e com seu próprio eu. O que demonstra como é importante brincar. Brincar não só é necessário, como imprescindível para que uma criança se desenvolva de maneira sadia em diferentes setores e fases da vida (Vygotsky, 1984). O brincar, como prática diária em sala de aula, pode responder aos anseios de melhoria da condição de vida acadêmica dos alunos especiais, pois estes poderão participar decisivamente dos caminhos da aprendizagem de forma prazerosa. O brincar para a criança é necessário, uma vez que isto contribui para seu desenvolvimento bem como para sua capacidade de aprender e de pensar (Bomtempo & Zamberlan, 1996).
Para a criança com necessidades especiais, o brincar não é um comportamento fácil, diante das dificuldades pessoais que a caracterizam tais como: isolamento, insegurança, sentimento de inferioridade. Assim sendo, o brincar torna-se ainda mais importante para uma criança que tenha um déficit em seu desenvolvimento em conseqüência de uma deficiência intelectual, como forma de expressão, pois será um recurso para sua identidade, desenvolvendo ao máximo suas possibilidades de exploração e experimentação, visando à sua integração ao meio normal. Vale enfocar a relação entre o brincar e aprender para a criança portadora de necessidades especiais. A relação do brincar e o aprender está no desenvolvimento das habilidades diárias em uma escola especial por intermédio de materiais pedagógicos apropriados ao nível intelectual de cada aluno e outros materiais de sucata, por exemplo. O desenvolvimento das habilidades diárias do aluno, em uma escola especial, com materiais pedagógicos apropriados ao nível intelectual de cada aluno tem a ver com a natureza da relação que se estabelece entre o brincar e o aprender.
Psicólogos, professores e assistentes de sala de aula devem assumir o papel de profissional-pesquisador para que se disponha de dados que respondam às perguntas e dúvidas que pairam na área.
Instrumentos - suporte:
a) Roteiro de entrevista para o professor ou assistente de sala de aula, com as seguintes questões:
1- O brincar para você é: (poderá assinalar várias alternativas) ( ) uma maneira de passar o tempo ( ) uma forma de transferência das atividades de vida diária do aluno ( ) uma forma de recreação informal ( ) uma forma de deixar menos formais as atividades de sala de aula
2 -Para você o brincar de uma criança "comum" é diferente do brincar da criança portadora de deficiência mental? sim ( ) não ( ) Caso sim, em qual aspecto: (poderá assinalar várias alternativas) ( ) na forma de comunicação verbal ( ) nas habilidades motoras ( ) na forma de elaborar as brincadeiras
3- Que tipo de brincadeira você acha adequado para as suas crianças: (poderá assinalar várias alternativas) ( ) brincadeira livre ( ) brincadeira dirigida ( ) brincadeira livre e dirigida
4- Você percebe diferenças quanto à forma de brincadeira de suas crianças ? sim ( ) não ( ) Caso sim, em qual aspecto: (poderá assinalar várias alternativas) ( ) quanto à atividade motora ( ) quanto à atividade sensorial ( ) quanto à atividade afetiva
5- Com o que as suas crianças brincam? Do que brincam? (poderá assinalar várias alternativas) ( ) com brinquedos pedagógicos ( ) com materiais recicláveis ( ) constróem seus próprios brinquedos
6- Quais as contribuições para você do brincar para a aprendizagem ? (poderá assinalar várias alternativas) ( ) ajuda a desenvolver melhor as habilidades motoras Sugestões Práticas 203 ( ) ajuda a estimular o raciocínio ( ) ajuda a desenvolver as habilidades sensório-motoras ( ) estimula a comunicação entre os alunos ( ) serve apenas para passar o tempo
7- Onde seus alunos brincam em grupo: (poderá assinalar várias alternativas) ( ) em sala de aula, sempre na presença do professor ou assistente ( ) em sala de aula, nem sempre com a presença do professor ou assistente ( ) no pátio, sempre na presença do professor ou assistente ( ) no pátio, nem sempre na presença do professor ou assistente
8) Por que seus alunos brincam: (poderá assinalar várias alternativas) ( ) para realização de suas fantasias ( ) para exteriorizarem seus sentimentos ( ) para se sentirem mais independentes e responsáveis ( ) para se sentirem mais adultas
data_________________ sala de aula___________
nº de alunos ___________ idade cronológica dos alunos_______a_______
b) Ficha de Observação Aluno ____________________________________________________________________________________
Data _____________________________________________________________________________________
Dia da Semana _____________________________________________________________________________
Duração da Sessão __________________________________________________________________________
Espaço Físico ______________________________________________________________________________
Proposta da Sessão: _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________
Materiais Utilizados: _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________
Resultados: ________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________
c) Documentação Diagnóstica Documentação de Observação Diagnóstica
Nome do professor __________________________________________________________________________
Dia de observação __________________________________________________________________________
Assinalar quaisquer comportamentos notados na criança. Poderá assinalar várias alternativas.


d) Roteiro para Coleta da Rotina Escolar
Rotina Escolar
1) Quanto ao espaço físico, as crianças brincam geralmente : (poderá assinalar várias alternativas) ( ) na sala de aula ( ) fora da sala ( ) no pátio ( ) na areia ( ) no gramado
2) Quanto à presença do professor ou assistente, esse profissional:
(poderá assinalar várias alternativas)
( ) está sempre junto ( ) não interfere muito ( ) dá possibilidade à criança de brincar sozinha

3) Quanto aos recursos utilizados, constitui-se: (poderá assinalar várias alternativas)
( ) material pedagógico ( ) sucata ( ) balanço ( ) brincadeiras infantis ( ) jogos recreativos
classe_________________ data__________________
Para atender à necessidade de se acompanhar o desenvolvimento da pesquisa quanto ao desempenho dos professores e assistentes e ao trabalho diário em sala de aula, organiza-se um esquema de supervisão constante envolvendo reunião de acompanhamento e orientação e reunião de estudo teórico sobre o brincar, cujo esquema é apresentado a seguir:
Freqüência: 1 sessão semanal Duração da sessão: 40 minutos. Tempo: 7 meses Ambiente Físico: sala de aula
Procedimento Básico: observação no desempenho dos alunos em situação natural ou em situação especialmente para este fim. Folha de registro para as sessões de observações.
Material Utilizado: O material poderá ser praticamente ilimitado. Tanto brinquedos comercializados, quanto material de sucata e objetos com uso convencional diferente. Um único brinquedo pode atender a diferentes objetivos e ser usado em situações diversas.



REFERÊNCIAS
Amiralian, M. L. (1986). Psicologia do Excepcional. São Paulo: EPU.         [ Links ]
Aufauvre, M. R. (1987). Aprender a Brincar / Aprender a Viver. São Paulo: Manole Ltda.         [ Links ]
Bomtempo, E. H. C., & Zamberlan, M. A. (1986). A Psicologia do Brinquedo. Aspectos Teóricos e Metodológicos. São Paulo : Edusp.         [ Links ]
Chateau, J. (1990). O Jogo e a Criança. São Paulo: Summus.         [ Links ]
Fonseca, V. (1995). Educação Especial: Programa de Estimulação Precoce. Porto Alegre: Artes Médicas.         [ Links ]
Sálvia, J. (1991). Avaliação em Educação Especial e Corretiva. São Paulo:Manole.         [ Links ]
Vygotsky, L. S. (1984). A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes.         [ Links ]


1 Docente da Universidade de Mogi das Cruzes e Universidade Braz Cubas

Da paixão de ensinar à paixão de aprender

Já tive o privilégio de ser contagiada em um congresso com as palavras motivadoras do professor Hamilton Werneck e convido você a ler este texto desse professor, conferencista e escritor. 



Ensino e aprendizagem estão sempre juntos. É verdade que a visão cartesiana era diferente: ensino deveria estar separado de aprendizagem, porque o ensino dependia do professor e o aprendizado do aluno. Muitos educadores ainda acolhem essa dicotomia até os nossos dias.

O que impede a paixão pelo ensinar, estar em sala de aula, atender alunos com dificuldades e envolver-se com os têm grande dificuldade de aprender? Uma das razões é a nossa origem histórica como professores porque somos originários da escravidão. Vivíamos em palácios e com os príncipes que educávamos, porém, éramos escravos. Sentindo-se sem autoridade porque esta era delegada, sobretudo, aos soldados dos reinos antigos, os educadores foram estruturando em si mesmos uma necessidade de ter autoridade e poder exercê-la. Ainda hoje muitos buscam inúmeras razões para dar ordens e determinar situações dentro da escola, sem a mínima razão de ser, apenas para demonstrar que têm poder, aquele poder que não tinham à época da escravidão. Trata-se de um mecanismo de compensação. E quando o professor percebe que está fazendo algo que não representa fator relevante frustra-se e se desapaixona.

Outra razão é o conservadorismo. Desenvolver práticas porque deram certo no passado, nada garante a eficácia delas em nossos dias. Seguir tradições sem discernimento pode levar à frustração desapaixonante.

As escolas estão envolvidas pelo instrucionismo. Acreditam que o professor ensina e o aluno aprende. Quem acredita nisso, quando vê seus alunos repelirem certas aulas, parecem estar diante de castelos que desabaram. Creio que deva ser frustrante, em todos os anos letivos repetir as mesmas coisas, falando dos mesmos fatos, narrando os mesmos acontecimentos. Um ensino, pelo ensino, sem a participação, sem as relações contextualizadas perde o seu brilho e frustra o professor.

Quem imita um mestre antigo também não consegue se apaixonar porque imita. Não se trata de um educador original, trata-se de um imitador.

O mais grave em tudo é o descompromisso. Muitas vezes ouvimos a fala de alguns professores referindo-se aos salários, dizendo que, agora, dançam conforme a música: se pagam o que acham devido, trabalham, se não recebem, diminuem o ritmo, condensam a matéria e não criam nada de novo.

O resultado disso é desastroso porque, em pouco tempo, o professor sente-se inútil. Os educandos falam melhor dos computadores que dos seus educadores. Além disso, seria importante lembrar que se discute, hoje, a eutanásia, em vários países do mundo. O nosso não estará longe dessa situação. O descompromisso poderá oferecer à sociedade uma plêiade de jovens também descompromissados, sobretudo com a vida. O resultado para nós, professores, será frustrante quando daqui a cinqüenta anos percebermos os mais novos aborrecidos com a nossa presença no mundo e desejando enviar-nos para a vida eterna mais depressa! O filósofo alemão Frank Schirrmacher prevê que a sociedade estará envolta numa revolução cultural muito forte determinada pela demografia e que a crise será instalada entre jovens versus idosos que, segundo o autor de Complô Matusalém, ainda sem tradução no Brasil, triplicará até o ano de 2056 (Schirrmacher, 2004).

Mesmo que Massimo Canevacci discorde desse enfoque em seu livro Culturas eXtremas, informando e deduzindo acerca do aumento do conceito de juventude e derrubando os conceitos impostos pela demografia, um fato me parece claro: o choque acabará existindo e, não será pela via do descompromisso e da inexistência de uma formação ética desapaixonante que chegaremos a bom termo.

Teoricamente estes elementos apresentados impedem a paixão pelo ensinar que desemboca em práticas incentivadas pela sociedade, imprensa e congressos de educação que, por sua vez, "tapando o sol com a peneira" continuam a frustrar os educadores.
Passa-se, então, a ensinar o que os alunos gostam de aprender. O resultado é simples: surgirão lacunas que derrubarão os alunos em fases posteriores. O professor ouve dizer que, agora, ele deve ser facilitador. O problema não é que o facilitador seja um "mão aberta" deixando que tudo aconteça. Se facilitar é um caminho para o aprender mais, então ótimo, vamos facilitar. Mas, a questão é mais profunda porque enquanto facilitamos não podemos deixar de sermos desafiadores. Irá crescer na vida quem vencer desafios, quem tiver coragem para superar obstáculos. Pedro Demo afirma em seu livro "Ironias da Educação" que conferência-show e aula-show não é local de pesquisa, portanto esse nosso momento é um momento desafiador e incentivador, não é um momento de pesquisa que, se foram todos os leitores desse tema responsáveis, deverá acompanhar o educador pelos dias seguintes, meses e anos. Será o árduo trabalho do pós-congresso que trará de volta o saber mais profundo e a responsabilidade estribada em competência resultante de relevantes estudos.

Certas convicções erradas levam ao desastre profissional e à frustração desapaixonante: a) já aprendi o que tinha de aprender, agora somente devo ensinar; b) se participo de seminários e semanas pedagógicas tenho tudo resolvido, cumpri com minha parte e nada mais precisa ser acrescentado; c) agora basta encantar os alunos, nem que seja com algum trabalho de grupo que não represente um fenômeno pedagógico relevante (Demo, 2005) e constitua, apenas, uma conversa fiada.

Além disso, o que frustra muito é até a ditadura da beleza. Diante de um modelo de 23 anos, uma mulher de 25 sente-se velha e feia (Schirrmacher, 2004). Muitos se acham velhos e feios diante dos alunos cada vez mais produzidos pelos padrões da sociedade de consumo.

Impõe-se aos educadores uma reflexão sobre a bagagem que transportam. As quantidades de carga cognitiva sem expressão, valores corrompidos e diluídos na sociedade consumista e atitudes de descompromisso com as pessoas e com os projetos de educação.

Resta a questão sobre a possibilidade de ainda apaixonar-se com o magistério. Há caminhos e pistas seguras e algumas delas são aqui colocadas para reflexão:     Apaixonar-se sai caro e é preciso ser vocacionado para essa carreira. Além disso, o aprender sempre e o aprender a aprender devem acompanhar o professor. A capacidade de saber lidar com alunos com grande dificuldade para aprender (Morin, 2003) e ser capaz de ensinar o aluno a aprender fazem parte dessa paixão. Apaixonar-se não significa alienar-se, portanto, buscar um melhor salário faz parte dessa questão, contanto que se apresente ao lado das reivindicações a competência correspondente.

 A paixão, além de representar uma adesão ao projeto educacional da Instituição em que estamos trabalhando, terá como conseqüência o "vestir a camisa" livremente e conscientemente, superar obstáculos, comprometer-se, continuar lendo e pesquisando. Junte-se a tudo isso o otimismo gerado na esperança e a criação de oportunidades, e teremos um ser humano comprometido e apaixonado pelo que faz.

A realização profissional do educador acontece em vários espaços, porém, é dentro da escola que ele é mais visível por ser lá que a maioria trabalha. Quem se dirige a uma escola para trabalhar leva consigo um projeto e, lá dentro, deseja colocá-lo em prática. Aqui é importante salientar que não somos nós, educadores, que realizaremos um projeto nosso dentro de uma escola que não é nossa. Nosso trabalho é para que o projeto da escola seja colocado em prática, então, dentro das possibilidades, podemos ajustar alguns de nossos ideais educacionais e até projetos educacionais ao projeto que a escola onde trabalhamos está desenvolvendo. Essa capacidade de conviver com projetos alheios para, em seguida, incorporar aos nossos é vital para a realização de cada educador.

Decorre, então, uma questão simples e, ao mesmo tempo, vital: ao escolhermos uma escola para trabalhar e, conseqüentemente, nos realizarmos profissionalmente precisamos avaliar as relações entre o projeto da escola e os nossos. Se a discrepância entre um e outro for muito grande a ponto de não haver possibilidade de assimilação, deveríamos buscar outro estabelecimento porque, se não conseguirmos juntar ao nosso trabalho algum ideal que temos dentro de nós, para sentirmos mais de perto as pessoas (Werneck, 2004), o trabalho será frustrante.

Trabalhar em qualquer lugar, em qualquer instituição e nem ligar para a realização será a adoção de professor, típico "dador de aulas" ou "piloto de livro didático". Desses caricatos a realização passa longe!

Todos esses elementos nos colocarão em pé de igualdade com a juventude de culturas eXtremas (Canevacci, 2005), essa juventude ocupada com a aporia, a nonorder, a e-scape e a diáspora virtual. E enquanto estivermos nós, educadores, perdidos diante do ciberespaço que eles dominam, convivendo com mercadorias tatuadas (as que usam códigos de barras) e, ainda de modo pior, na desilusão entre a fronteira entre a pessoa e seu site, não teremos razão para nos apaixonarmos. No entanto, quando assumirmos as nossas vidas, a real e a virtual, a metrópole com suas dispersões e o ciberespaço com sua virtualidade envolvente estaremos dentro do paradigma moderno de uma educação que busca a inspiração no texto e nos contextos da vida humana.


Texto do Professor e conferencista Hamilton Werneck

O aluno e o professor como pessoas: conhecendo o professor (Parte 2)

Na parte 1 sobre o tema " O aluno e o professor como pessoas" vimos alguns teóricos que estudaram sobre as diferenças entre os alunos e sobre a importância de considerar essas diferenças a fim de utilizar os melhores métodos na busca pelo melhor aprendizado.
Agora, veremos as diferenças na perspectiva dos professores. Continuem acompanhando...

Para Díaz, a deficiência de metodologia de ensino por parte dos professores não é só produto de deficiência na formação pedagógica. De acordo com uma pesquisa da revista TIME, os melhores professores não são aqueles que se utilizam de técnicas de ensino "refinadas", mas sim os que, estimulados por seu entusiasmo para contagiar seus alunos com o amor à sua disciplina, encontravam maneiras próprias de comunicar e ensinar.

A metodologia seguida pelo professor reflete sobretudo uma "mentalidade", um sistema de crenças e valores, quase que uma "cosmovisão". Uma parte importante dessa "cosmovisão" é o conceito que se tem do homem e de sua capacidade de crescimento. Outra parte é o conceito que se tem da sociedade e da necessidade ou não de sua transformação.



No texto, após um estudo feito pela Universidade da Califórnia, o autor classifica os professores em seis "tipos". Então, vamos acompanhar essa classificação:

1. O PROFESSOR TIPO INSTRUTOR DE 'AUTÔMATOS'


O professor do tipo "instrutor" procura ajudar o aluno a adquirir a capacidade de responder imediatamente sem necessidade de pensar. Nessas aulas os estudantes pouco mais fazem que recitar definições, explicações e generalizações que memorizam a partir das exposições do professor ou de um texto ou apostila dados por ele. O aluno se converte numa máquina de dar respostas corretas, um autômato, nada mais.

O instrutor é uma autoridade máxima e o aluno tem poucas alternativas oferecidas ou exigidas. Os alunos são obrigados a conseguir uma proficiência que não depende do raciocínio e devem aprender um conjunto de informações de uma forma mais ou menos mecânica. Esse tipo de professor é comum nos cursos rápidos de preparação para a iniciação à educação secundária ou universitária ("vestibulares"), mas seus semelhantes não são raros nas IES.

2. O PROFESSOR QUE SE CONCENTRA NO CONTEÚDO

Este tipo de professor afirma que sua primeira tarefa consiste em cobrir sistematicamente as matérias de sua disciplina para assim ajudar os alunos a dominá-las. Ele tem plena certeza das matérias que devem ser tratadas e aprendidas. Considera uma tolice a opinião de que o processo de ensinar e de aprender deva consistir numa pesquisa conjunta. Se utiliza a pesquisa o faz apenas como um problema previamente estruturado.

Este professor dá menos importância à originalidade  que o fato do aluno aprender toda a matéria que já foi descoberta no passado. A idéia de aprender algo à partir da troca de experiências e do diálogo com os alunos é para esse tipo de professor é completamente estranho ao objetivo de ensinar e aprender.

Ele concebe um aluno que já domina o conteúdo apresentado em suas aulas (ou quer enganar-se disso).

3. O PROFESSOR QUE SE CONCENTRA NO PROCESSO DE INSTRUÇÃO

Diferente do tipo anterior, esse professor se concentra em conseguir que seus alunos tratem a matéria com os mesmos métodos e processos com que ele os trata. Aí você pode questionar: "Mas como assim?". Trata-se do professor que impõe um modelo de raciocínio e exige que seus alunos demonstrem (imitem) nos exercícios, avaliações etc. os mesmo procedimentos para alcançar determinado resultado ou raciocínio.

Este professor transmite a impressão de autoridade e de independência que. Entretanto, ao analisarmos sua postura, observamos que tudo gira em torno dele, do que ele pensa, das suas formulações.

Podemos diferenciar o professor que se concentra na instrução, do professor que se concentra no conteúdo, da seguinte forma: o primeiro, concentra-se no processo e o segundo no produto.

4. O PROFESSOR QUE SE CONCENTRA NO INTELECTO DO ALUNO

Para este tipo de professor, o processo de ensino-aprendizagem deve concentra-se na própria atividade racional. Para ele, deve-se dar muito mais importância ao como e ao “porquê” do saber, que ao que. Preocupa-se sobretudo em desenvolver as habilidades intelectuais do aluno.

Este tipo de professor utiliza a análise e a solução de problemas como o principal artifício do ensino, porém dá mais importância ao intelecto que às atitudes e emoções do estudante. o problema é, para ele, apenas um recurso para a tarefa didática, e não um assunto com o qual se compromete como pessoa.

5. O PROFESSOR QUE SE CONCENTRA NA PESSOA TOTAL

Esse professor tem muito de comum com o tipo D, pois ambos concentram-se no estudante. A diferença é que o professor E não acredita que o desenvolvimento intelectual deva ou possa ser desligado dos outros aspectos da personalidade humana, tais como os fatores afetivos e não-racionais da identidade e da intimidade.


Esse tipo de professor considera o ensino como um desafio global à pessoa do estudante, que o obriga a buscar respostas ainda não aprendidas, e a experimentá-las. Ele acha que o estudante deve ser tratado como pessoa integral, pois separando-se o mundo intelectual do resto, o processo de crescimento do estudante na direção de um ser adulto torna-se seriamente comprometido.

6. O PROFESSOR QUE TEM UMA VISÃO ESTRUTURAL DA SOCIEDADE

Esse tipo de professor não é citado na pesquisa realizada pela Universidade da Califórnia, como os cinco tipos anteriores, pois como afirma Díaz, esse professor possui características típicas de professores de países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento. Aí você pergunta: "Como assim?"

Este professor considera o aluno, ai matérias a ensinar, e a si mesmo, como partes inseparáveis de um contexto "societal", isto é, de uma sociedade historicamente estruturada em estratos dominantes e estratos dominados; sociedade que, por sua vez, está imersa num mundo onde certas sociedades competem com outras ou dominam outras, provocando as reações de conflito ou de libertação que hoje são assuntos das notícias em jornais e revistas. Ele considera possível que a educação esteja sendo usada pelo establishment dominante para consolidar e perpetuar sua situação privilegiada.

A metodologia didática deste último tipo de professor, obviamente, será radicalmente diferente da utilizada pelos tipos anteriores, principalmente pelo caráter de engajamento ou compromisso liberador que sua visão dos problemas da sociedade exige dele e de seus alunos.

Esse último tipo de classificação de professores é útil pelo menos para nos alertar para um fato importante: o de que a opção metodológica feita pelo professor pode ter efeitos decisivos sobre a formação da mentalidade do aluno, de sua “cosmovisão”, de seu sistema de valores e, finalmente, de seu modo de viver. Alguém disse, uma vez, que, "enquanto os conteúdos do ensino informam, os métodos de ensino “formam”.
Efetivamente, dos conteúdos do ensino, o aluno aprende datas, fórmulas, estruturas, classificações, nomenclaturas, cores, pesos, causas, efeitos, etc. Dos métodos ele aprende a ser livre ou submisso; seguro ou inseguro; disciplinado ou organizado; responsável ou irresponsável; competitivo ou cooperativo. Dependendo de sua metodologia, o professor pode contribuir para gerar uma consciência crítica ou uma memória fiel, uma visão universalista ou uma visão estreita e unilateral, uma sede de aprender pelo prazer de aprender e resolver problemas, ou uma angústia de aprender apenas para receber um prêmio e evitar um castigo.




Do exame do problema das diferenças pessoais entre alunos e entre professores, à luz da teoria e das pesquisas, uma idéia parece ter ficado bem clara: Não há um método bom para todos. Como a dinâmica interna de cada aluno é diferente da dos demais, uns encontram desafio e satisfação onde outros acham aborrecimento e frustração. Por sua vez, cada professor é um ser humano com crenças e emoções diversas.
Como pode o professor resolver o problema das diferenças individuais e a escolha de métodos? Não existe uma receita pronta para oferecer. Somente é possível afirmar com McKeachie que, na medida em que o professor faz questão de conhecer cada vez mais as diferenças entre seus alunos, mais motivado ele ficará para variar e experimentar novos métodos, alternando os de exposição com os de discussão, os de transmissão por meios mecânicos, os métodos de projeto e estudo dirigido etc., observando sempre que tipos de alunos aprendem melhor com que tipo de método.

Aos poucos, professor será capaz de identificar quais são as diferenças de personalidade mais determinantes nas diferenças de aprendizagem. Isto lhe ajudará a agrupar seus alunos por tipos e adequar seus métodos aos diversos tipos.

No processo, o professor irá concentrando-se mais nos alunos como pessoas totais do que na matéria a ensinar. A meta final é o desenvolvimento da empatia, aquela capacidade de perceber situações e sentir emoções da maneira como o aluno as percebe e sente, graças à identificação e à simpatia que o professor sente para com aquele.

É óbvio que só pode desenvolver simpatia e empatia, aquele professor que olha e trata seus alunos como pessoas humanas que vivem em uma sociedade específica, neste momento, e não como meras unidades do "corpo discente".

Vamos refletir sobre nossa prática, amigos e amigas da pedagogia!

Você pode baixar o texto na íntegra (Partes 1 e 2 do tema "O aluno e o professor como pessoas") AQUI