"A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo. (Nelson Mandela) "

sábado, 6 de dezembro de 2014

A Pequena Vendedora de Fósforos

A Pequena Vendedora de Fósforos
Fazia um frio terrível; caía a neve e estava quase escuro; a noite descia: a última noite do ano.
Em meio ao frio e à escuridão uma pobre menininha, de pés no chão e cabeça descoberta, caminhava pelas ruas.
Quando saiu de casa trazia chinelos; mas de nada adiantavam, eram chinelos tão grandes para seus pequenos pézinhos, eram os antigos chinelos de sua mãe.
A menininha os perdera quando escorregara na estrada, onde duas carruagens passaram terrivelmente depressa, sacolejando.
Um dos chinelos não mais foi encontrado, e um menino se apoderara do outro e fugira correndo.
Depois disso a menininha caminhou de pés nus - já vermelhos e roxos de frio.
Dentro de um velho avental carregava alguns fósforos, e um feixinho deles na mão.
Ninguém lhe comprara nenhum naquele dia, e ela não ganhara sequer um níquel.
Tremendo de frio e fome, lá ia quase de rastos a pobre menina, verdadeira imagem da miséria!
Os flocos de neve lhe cobriam os longos cabelos, que lhe caíam sobre o pescoço em lindos cachos; mas agora ela não pensava nisso.
Luzes brilhavam em todas as janelas, e enchia o ar um delicioso cheiro de ganso assado, pois era véspera de Ano Novo.
Sim: nisso ela pensava!
Numa esquina formada por duas casas, uma das quais avançava mais que a outra, a menininha ficou sentada; levantara os pés, mas sentia um frio ainda maior.
Não ousava voltar para casa sem vender sequer um fósforo e, portanto sem levar um único tostão.
O pai naturalmente a espancaria e, além disso, em casa fazia frio, pois nada tinham como abrigo, exceto um telhado onde o vento assobiava através das frinchas maiores, tapadas com palha e trapos.
Suas mãozinhas estavam duras de frio.
Ah! bem que um fósforo lhe faria bem, se ela pudesse tirar só um do embrulho, riscá-lo na parede e aquecer as mãos à sua luz!
Tirou um: trec! O fósforo lançou faíscas, acendeu-se.
Era uma cálida chama luminosa; parecia uma vela pequenina quando ela o abrigou na mão em concha...
Que luz maravilhosa!
Com aquela chama acesa a menininha imaginava que estava sentada diante de um grande fogão polido, com lustrosa base de cobre, assim como a coifa.
Como o fogo ardia! Como era confortável!
Mas a pequenina chama se apagou, o fogão desapareceu, e ficaram-lhe na mão apenas os restos do fósforo queimado.
Riscou um segundo fósforo.
Ele ardeu, e quando a sua luz caiu em cheio na parede ela se tornou transparente como um véu de gaze, e a menininha pôde enxergar a sala do outro lado. Na mesa se estendia uma toalha branca como a neve e sobre ela havia um brilhante serviço de jantar. O ganso assado fumegava maravilhosamente, recheado de maçãs e ameixas pretas. Ainda mais maravilhoso era ver o ganso saltar da travessa e sair bambaleando em sua direção, com a faca e o garfo espetados no peito!
Então o fósforo se apagou, deixando à sua frente apenas a parede áspera, úmida e fria.
Acendeu outro fósforo, e se viu sentada debaixo de uma linda árvore de Natal. Era maior e mais enfeitada do que a árvore que tinha visto pela porta de vidro do rico negociante. Milhares de velas ardiam nos verdes ramos, e cartões coloridos, iguais aos que se veem nas papelarias, estavam voltados para ela. A menininha espichou a mão para os cartões, mas nisso o fósforo apagou-se. As luzes do Natal subiam mais altas.
Ela as via como se fossem estrelas no céu: uma delas caiu, formando um longo rastilho de fogo.

"Alguém está morrendo", pensou a menininha, pois sua vovozinha, a única pessoa que amara e que agora estava morta, lhe dissera que quando uma estrela cala, uma alma subia para Deus.

Ela riscou outro fósforo na parede; ele se acendeu e, à sua luz, a avozinha da menina apareceu clara e luminosa, muito linda e terna.

- Vovó! - exclamou a criança.

- Oh! leva-me contigo!

Sei que desaparecerás quando o fósforo se apagar!

Dissipar-te-ás, como as cálidas chamas do fogo, a comida fumegante e a grande e maravilhosa árvore de Natal!

E rapidamente acendeu todo o feixe de fósforos, pois queria reter diante da vista sua querida vovó. E os fósforos brilhavam com tanto fulgor que iluminavam mais que a luz do dia. Sua avó nunca lhe parecera grande e tão bela. Tornou a menininha nos braços, e ambas voaram em luminosidade e alegria acima da terra, subindo cada vez mais alto para onde não havia frio nem fome nem preocupações - subindo para Deus.
Mas na esquina das duas casas, encostada na parede, ficou sentada a pobre menininha de rosadas faces e boca sorridente, que a morte enregelara na derradeira noite do ano velho.

O sol do novo ano se levantou sobre um pequeno cadáver.
A criança lá ficou, paralisada, um feixe inteiro de fósforos queimados. - Queria aquecer-se - diziam os passantes.
Porém, ninguém imaginava como era belo o que estavam vendo, nem a glória para onde ela se fora com a avó e a felicidade que sentia no dia do Ano Novo.

Hans Christian Andersen

Cachinhos de Ouro

Cachinhos de Ouro
Era uma vez... uma menina chamada Cachinhos de Ouro. Ela gostava de passear pela floresta nas manhãs de primavera. Numa dessas manhãs, ela ia andando, andando, andando, quando avistou lá longe uma casinha. Curiosa, apressou o passo e logo, logo chegou bem perto.

Cachinhos de Ouro ficou encantada com a formosura da casa.

Mas nunca imaginaria que ali moravam o Senhor Urso, a Dona Ursa e o filhote do casal, o Ursinho.

Cachinhos de Ouro, ao ver que a casa estava fechada, espiou pela janela e viu que não havia ninguém. Deu uma volta ao redor da casa e nada, ninguém... Então, ela teve a certeza de que os donos daquela casa tinham saído.

Mas ela não queria voltar pra casa sem ver o que havia dentro daquela casinha. E com um forte empurrão, conseguiu abrir a porta e entrou. Na sala havia uma mesa com três pratros cheios de sopa. A menina, que estava com muita fome, sentou-se e rapidinho tomou a sopa.

Em seguida, ela sentou na cadeira do senhor Urso; depois, na cadeira do Dona Ursa e, por fim, na cadeirinha do Ursinho, que era a mais bonitinha e muito gostosa de se sentar. Logo que ela sentou, ela começou a se espreguiçar. Ah! Ah! Foi quando a cadeirinha... ploft... quebrou, e a menina foi ao chão.

Daí, Cachinhos de Ouro foi até o quarto e lá viu três camas. Deitou na cama do senhor Urso, depois na cama de Dona Ursa. E a caminha do Ursinho, assim como a cadeirinha, parecia a mais gostosa de todas pra se dormir. Não parou para pensar. Deitou-se nela e acabou dormindo suavemente.

A família Urso, que despreocupada passeava pela floresta, resolveu voltar. Ao chegarem, logo perceberam que alguém tinha tomado a sopa toda. Aí o Ursinho exclamou:

- Alguém tomou a minha sopa!

Viram depois que alguém tinha sentado em todas as cadeiras da casa. E imediatamente o Ursinho berrou:

- Minha cadeirinha está quebrada!

Os três olharam muito espantados e foram juntos para o quarto pra ver se alguma coisa tinha acontecido ali também. E o Ursinho gritou logo:

- Tem alguém dormindo na minha caminha!

Com os gritos do Ursinho, Cachinhos de Ouro acordou muito assustada... porque se viu frente a frente com toda a família Urso. Então, ela pulou da cama e, muito envergonhada, pediu desculpas e saiu correndo pra casa.

A Cigarra e a Formiga

A Cigarra e a Formiga, para se pensar!

Era uma vez uma cigarra que vivia saltitando e cantando pelo bosque, sem se preocupar com o futuro. Esbarrando numa formiguinha, que carregava uma folha pesada, perguntou:

- Ei, formiguinha, pra que todo esse trabalho? O verão é pra gente aproveitar! O verão é pra gente se divertir!

- Não, não, não! Nós, formigas, não temos tempo pra diversão. É preciso guardar comida para o inverno.


Durante o verão, a cigarra continuou se divertindo e passeando por todo o bosque. Quando tinha fome, era só pegar uma folha e comer.

Um belo dia, passou de novo perto da formiguinha carregando outra pesada folha. A cigarra então aconselhou:

- Deixa esse trabalho pras outras! Vamos nos divertir. Vamos, formiguinha, vamos cantar! Vamos dançar!

A formiguinha gostou da sugestão. Ela resolveu ver a vida que a cigarra levava e ficou encantada. Resolveu viver também como sua amiga.

Mas, no dia seguinte, apareceu a rainha do formigueiro e, ao vê-la divertindo, olhou feio pra ela e ordenou que voltasse ao trabalho. Tinha terminado a vidinha boa.

Dai, a rainha das formigas falou pra cigarra:

- Se não mudar de vida, no inverno você há de se arrepender, cigarra! Vai passar fome e frio.

A cigarra nem ligou, fez uma reverência pra rainha e comentou:

- Hum!! O inverno ainda está longe, querida!

Pra cigarra, o que importava era aproveitar a vida, e aproveitar o hoje, sem pensar no amanhã. Pra que construir um abrigo? Pra que armazenar alimento?

Começou o inverno, e a cigarra começou a tiritar de frio. Sentia seu corpo gelado e não tinha o que comer. Desesperada, foi bater na casa da formiga. Abrindo a porta, a formiga viu na sua frente a cigarra quase morta de frio. Puxou-a pra dentro, agasalhou-a e deu-lhe uma sopa bem quente e deliciosa.

Naquela hora, apareceu a rainha das formigas que disse à cigarra.

- No mundo das formigas, todos trabalham e se você quiser ficar conosco, cumpra o seu dever: toque e cante pra nós.

Pra cigarra e pras formigas, aquele foi o inverno mais feliz das suas vidas.



A Patinha Esmeralda

A Patinha Esmeralda História Infantil 
Uma linda historinha contada pela patinha Esmeralda sobre sua vida! 




Meu nome é Esmeralda.
Antes de nascer, eu era assim, um ovo!
Depois de um tempo, quebrei a casca e saí de dentro e agora sou uma patinha.
Aí, eu vi que tinha muitos irmãos patinhos. E todos eles gostam de banho de sol pela manhã. Eu também!
Então, eu fico com muita sede. Mas sou desastrada e muitas vezes caio na tigela ao tomar água. Os patos gostam de se refrescar nadando no lago. É uma aventura muito divertida.
Certa vez, um ganso correu atrás de mim. Acho que os gansos não gostam de patinhos como eu. Os patos adultos comem milho. Mas eu sou pequena, por isso, como farelo de fubá com água para não engasgar.
No final da tarde, mamãe pata fica contente ao ver seus filhotes em fila atrás dela, voltando para casa.



Uma Mãe, que era muito má (severa e rude) para os filhos, deu de presente a sua filhinha um par de brincos de ouro. 
Quando a menina ia à fonte buscar água e tomar banho, costumava tirar os brincos e botá-los em cima de uma pedra. 
Um dia ela foi à fonte, tomou banho, encheu o pote e voltou para casa, esquecendo-se dos brincos. 
Chegando em casa, deu por falta deles e com medo da mãe brigar com ela e castigá-la correu à fonte para buscar os brincos. 
Chegando lá, encontrou um velho muito feio que a agarrou, botou-a nas costas e levou consigo. 
O velho pegou a menina, meteu ela dentro de um surrão (um saco de couro), coseu o surrão e disse à menina que ia sair com ela de porta em porta para ganhar a vida e que, quando ele ordenasse, ela cantasse dentro do surrão senão ele bateria com o bordão (cajado). 
Em todo lugar que chegava, botava o surrão no chão e dizia:

Canta, canta meu surrão,
Senão te bato com este bordão.


E o surrão cantava:

Neste surrão me puseram,
Neste surrão hei de morrer,
Por causa de uns brincos de ouro
Que na fonte eu deixei.


Todo mundo ficava admirado e dava dinheiro ao velho. 
Quando foi um dia, ele chegou à casa da mãe da menina que reconheceu logo a voz da filha. Então convidaram Ele para comer e beber e, como já era tarde, insistiram muito com ele para dormir. 
De noite, já bêbado, ele ferrou num sono muito pesado.
As moças foram, abriram o surrão e tiraram a menina que já estava muito fraca, quase para morrer. Em lugar da menina, encheram o surrão de excrementos.
No dia seguinte, o velho acordou, pegou no surrão, botou às costas e foi-se embora. Adiante em uma casa, perguntou se queriam ouvir um surrão cantar. Botou o surrão no chão e disse:

Canta,canta meu surrão, 
Senão te bato com este bordão.
Nada. O surrão calado. Repetiu ainda. Nada. 

Então o velho bateu com o cajado no surrão que se arrebentou todo e lhe mostrou a peça que as moças tinham pregado.


A Menina e o Vampiro

A Menina e o Vampiro, um conto de Emílio Carlos

Era uma vez uma menina chamada Patrícia que adorava sair para brincar na rua longe da sua mãe.
A mãe sempre avisava:

- Patrícia: não vá muito longe.

Mas não adiantava. Patrícia não obedecia.
Começou brincando perto de casa, com os vizinhos de perto. Logo estava brincando no fim da rua. Depois no outro quarteirão. E no outro.
A mãe saía atrás da Patrícia:

- Patrícia! Hora de fazer tarefa!

E às vezes sabe o que a menina fazia? Se escondia atrás de uma árvore ou de um muro para a mãe não vê-la e ela não ter que fazer tarefa.
Um dia Patrícia saiu de casa depois do almoço. Foi brincando e brincando cada vez mais longe. E quando deu por si estava em outro bairro, sozinha, longe de tudo que ela conhecia.
Para piorar estava anoitecendo e a Patrícia longe de casa. Era a primeira vez que ela ia tão longe.

- Deixe-me ver: se eu for reto aqui saio na rua do meu bairro.

E como tinha descoberto o caminho de casa começou a andar lentamente de volta, brincando pelo caminho.
A noite caiu e Patrícia continuava a andar de volta. Passou por um beco escuro e nem percebeu que dois olhos brilhantes a observavam.
A menina ia calmamente pela rua. E do beco escuro saiu um vulto que ia atrás dela. A menina andava tranqüila. E o vulto a acompanhava de perto.
De repente o vulto pisou no rabo de um gato, que gritou. Patrícia olhou para trás e viu pelo rabo dos olhos o vulto se aproximar. E começou a andar mais rápido.
O vulto também começou a andar mais rápido. Patrícia apertou o passo e o vulto também. Patrícia olhou para trás e pode ver o brilho de dois dentes caninos pontiagudos. Agora ela tinha certeza: era um vampiro que estava atrás dela!
Patrícia começou a correr. E o vulto também corria. Só que como ele era adulto corria mais que ela. E estava se aproximando rápido. Rápido. Cada vez mais rápido.
Patrícia corria mas não conseguia fugir. O vampiro estava bem perto dela agora. Patrícia estava quase ao alcance das mãos do vampiro. E corria o mais que podia.
O vampiro até deu uma risada enquanto ia pra cima da menina. Por sorte nessa hora o vampiro pisou numa casca de banana e caiu de cabeça no chão. Ficou meio tonto e Patrícia conseguiu chegar na rua de sua casa.
Entrou em casa como um foguete e fechou a porta atrás dela.
Contou toda história para sua mãe e prometeu:
- De hoje em diante só brinco no portão de casa.

Autor da História:  Emílio Carlos

A Dama e o Vagabundo

A Dama e o Vagabundo, linda historinha!

Que natal feliz! Uma jovem recém-casada recebeu de presente uma pequena cadelinha que chamou de Lady.
E desde então é um festival de carinhos que não tem fim!
Lady é tão linda que os cães do quarteirão não tem olhos para nada, a não ser para ela.
Especialmente Vagabundo!
Porém, Lady recusa-se a falar com ele. Ela acha tão despenteado, tão mal-educado!
Um belo dia, Lady deu adeus à sua boa vida.
Sua dona teve um bebê.
Todos os sorrisos, todos os carinhos são para o recém-nascido.
Mas o pior de tudo é quando tia Sarah chega em casa com seus dois horríveis gatos, Si e Ão.
Os dois siameses malvados começam imediatamente a atacá-la e a mexer em tudo que havia dentro de casa. Lady defende, porém quebra tudo na sala.
Como punição lhe colocam uma focinheira. Lady se debate, salta, dá pulos, se enfurece! Para onde será que ela vai?
Ela foge desesperada para a rua, e os cães vadios a atacam sem piedade.
Mas eis que chega o Vagabundo! Ele rosna, morde, afasta os cachorrões, salvando Lady.
Lady se encanta com a bravura de Vagabundo e começa se apaixonar!
Vagabundo conduz Lady à uma cantina do seu amigo Tony. E aquele dia em especial Tony prepara uma deliciosa macarronada para os dois.
E ali começou um grande romance.


Mais tarde eles se casaram, tiveram muitos filhotes e Lady pode voltar com sua família para casa, onde todos puderam ser felizes.





Entre os bichos da floresta, espalhou-se a notícia de que haveria uma festa no Céu. 
Porém, só foram convidados os animais que voam. 
As aves ficaram animadíssimas com a notícia, começaram a falar da festa por todos os cantos da floresta. Aproveitavam para provocar inveja nos outros animais, que não podiam voar.
Um sapo muito malandro, que vivia no brejo,lá no meio da floresta, ficou com muita vontade de participar do evento. Resolveu que iria de qualquer jeito, e saiu espalhando para todos, que também fora convidado. 
Os animais que ouviam o sapo contar vantagem, que também havia sido convidado para a festa no céu, riam dele. 
Imaginem o sapo, pesadão, não agüentava nem correr, que diria voar até a tal festa! 
Durante muitos dias, o pobre sapinho, virou motivo de gozação de toda a floresta. 

- Tira essa idéia da cabeça, amigo sapo. – dizia o esquilo, descendo da árvore.- Bichos como nós, que não voam, não têm chances de aparecer na Festa no Céu. 

- Eu vou sim.- dizia o sapo muito esperançoso. - Ainda não sei como, mas irei. Não é justo fazerem uma festa dessas e excluírem a maioria dos amimais. 

Depois de muito pensar, o sapo formulou um plano. 
Horas antes da festa, procurou o urubu. Conversaram muito, e se divertiram com as piadas que o sapo contava. 
Já quase de noite, o sapo se despediu do amigo: 

- Bom, meu caro urubu, vou indo para o meu descanso, afinal, mais tarde preciso estar bem disposto e animado para curtir a festa. 

- Você vai mesmo, amigo sapo? - perguntou o urubu, meio desconfiado. 

- Claro, não perderia essa festa por nada. - disse o sapo já em retirada.- Até amanhã! 


Porém, em vez de sair, o sapo deu uma volta, pulou a janela da casa do urubu e vendo a viola dele em cima da cama, resolveu esconder-se dentro dela. 
Chegada a hora da festa,o urubu pegou a sua viola, amarrou-a em seu pescoço e vôou em direção ao céu. 

Ao chegar ao céu, o urubu deixou sua viola num canto e foi procurar as outras aves. O sapo aproveitou para espiar e, vendo que estava sozinho, deu um pulo e saltou da viola, todo contente. 

As aves ficaram muito surpresas ao verem o sapo dançando e pulando no céu. Todos queriam saber como ele havia chegado lá, mas o sapo esquivando-se mudava de conversa e ia se divertir. 
Estava quase amanhecendo, quando o sapo resolveu que era hora de se preparar para a "carona" com o urubu. Saiu sem que ninguém percebesse, e entrou na viola do urubu, que estava encostada num cantinho do salão. 
O sol já estava surgindo, quando a festa acabou e os convidados foram voando, cada um para o seu destino. 
O urubu pegou a sua viola e vôou em direção à floresta. 
Voava tranqüilo, quando no meio do caminho sentiu algo se mexer dentro da viola. Espiou dentro do instrumento e avistou o sapo dormindo , todo encolhido, parecia uma bola. 

- Ah! Que sapo folgado! Foi assim que você foi à festa no Céu? Sem pedir, sem avisar e ainda me fez de bobo! 

E lá do alto, ele virou sua viola até que o sapo despencou direto para o chão. 
A queda foi impressionante. O sapo caiu em cima das pedras do leito de um rio, e mais impressionante ainda foi que ele não morreu. 
Nossa Senhora, viu o que aconteceu e salvou o bichinho. 
Mas nas suas costas ficou a marca da queda; uma porção de remendos. É por isso que os sapos possuem uns desenhos estranhos nas costas, é uma homenagem de Deus a este sapinho atrevido, mas de bom coração.

Autor desconhecido

A Barata Arrogante

A Barata Arrogante



Era uma vez uma Barata - do sexo masculino - que era muito inteligente e sempre era o primeiro da classe. Tornou-se logo uma autoridade na sua área, a cirurgia plástica.

Era muito vaidoso e toda manhã se olhava no espelho e dizia:

- É impressionante como sou bonito e inteligente, dá até vontade de chorar diante de tanta beleza...

Era bem sucedido no trabalho e, como sucesso é sempre uma atração, as baratas, do sexo feminino, viviam arás dele. Tão convencido de sua auto-suficiência ele era, que podia ser considerado um padrão quando o assunto era indiferença para com os outros.

Essa nova geração de baratas desenvolvera alta resistência aos modernos venenos fabricados pelos Humanos. Assim a maioria dos venenos, antes mortais, hoje eram banais e sem efeito nocivo nenhum sobre elas. Alguns até eram consumidos em festinhas da elite pois seu único efeito era deixá-los aéreos ou doidões.

Haviam criado um conselho de cientistas especializados em estudar os novos venenos criados pelos homens, assim, podiam fabricar a tempo os antídotos e vacinas, em caso de contágio acidental.

Com o passar dos anos, a nova geração das baratas foi tomando conta de tudo, e novos costumes foram sendo incorporados ao dia a dia. Então, velhos costumes, como o kit inseticida foram sendo deixados de lado pelos mais novos. O conselho dos pesquisadores de venenos também foi extinto.

O Kit Inseticida era uma tradição milenar desde os tempos das Baratas profetas. E de geração em geração foram sendo incorporados aos costumes da população. Era uma caixinha que todas as pessoas - baratas- carregavam consigo e que continha alguns materiais básicos, com os quais os mesmos podiam testar a qualidade dos alimentos que comiam. Com o tempo, o Kit foi aperfeiçoado e foi a ele incorporado um detector de lagartixas. Assim, as mães sabiam que seus filhos de posse do Kit Inseticida, podiam andar seguros pelas ruas. Assim era comum as mães perguntarem aos filhos quando iam sair:

- Está levando seu celular? E o Kit Inseticida está na sua bolsa? Não se esqueça de na volta passar na Lanchonete Mac-Lixo e trazer para mim um Lixo-Burger...

Com a advento do Supermercado, ficara muito mais seguro para as baratas se alimentarem. Assim verdadeiros exércitos e baratas especializadas na coleta de alimentos saudáveis, vasculhavam diáriamente os muitos lixos das cidades de modo, que alimentos sempre frescos estavam à disposição da população e sem muitos riscos à saúde. Era comum nos anúncios de TV a mensagem do governo:

- Verifiquem se nos alimentos existe o Selo do Ministério dos Alimentos, para evitar riscos à sua saúde! Lembrem-se lixo saúdavel é lixo sujo...

Mas, a nova geração começou a desprezar as tradições milenares, e a primeira consequência foi a extinção do Kit Inseticida. Liderados pela Barata Prodígio disseram em coro:

- Nos novos tempos onde o rapel é uma religião, não há mais lugar para tradição de velhos esclerosados e sem novas idéias. Achamos que nossos Genes já estão adequadamente adaptados a todos os tipos de venenos que existem, e não mais precisamos dessas "tradições velhas" feita para velhos.

Feito! O Kit Inseticida foi tirado de circulação e seu uso tornou-se coisa de Caretas. E como ninguém queria ser Careta na nova sociedade, logo tornou-se peça de colecionadores.

Uma velha e sábia Barata então lhes disse em tom de alerta:

- Havia uma antiga civilização, onde as baratas lideradas por um tal de Barata-Hitler, também desprezaram o bom senso e deu no que deu...

Riram do velho Barata, e disseram:

- Não disse, velho só pensa em coisas velhas...Isso já era Coroa, nós estamos em outra realidade... nosso negócio é Skate, Rock Pesado, muito auê e Detefon orgânico...

E, resolveram comemorar. Foram então 600 baratas para um luxuoso clube de campo. Para o azar de todas elas, 500 lagartixas também tiveram a mesma idéia e foram comemorar suas formaturas no mesmo clube de campo. E sem o Kit Inseticida com Detector de Lagartixas em mãos, foram presas fáceis.

Uma das lagartixas, que estava se formando em nutrição, ao saborear a última barata, uma barata que era um respeitado doutor em engenharia genética, comentou meio intrigada e com ar eclético:

- Eu que só estava acostumado a comer essas iguarias finas criadas em cativeiro, achei estas que vivem soltas uma verdadeira delícia. São macias e com pouco colesterol. Esta então que acabo de degustar, tem um gosto que lembra a ciência, e lembra a mais pura safra das Baratas fogosas do Afeganistão. Magnifíco, um verdadeiro manjar dos Deuses.... Só fiquei triste porque comi apenas duas. A outra tinha um gosto meio plástico... parecia ser um cirurgião ou coisa parecida, e pelos seus gestos parecia ser de origem nobre. Pena que haviam tantos convidados e tão poucos petiscos...

Autor: Alberto S. Grimm

A Carochinha

A Carochinha
Reza a história, bem velhinha, que havia uma Carochinha, que por ser engraçadinha, teimou que haveria de casar.
Certo dia, quando estava a varrer a cozinha, encontrou uma moeda de cinco réis e correu para ir dizer à vizinha que já não tinha de esperar.
Vaidosa como era, escolheu o seu melhor vestido e foi pôr-se à janela para ver se arranjava marido.

Pensou como deveria começar e decidiu cantar:

– Quem quer casar com a Carochinha, que é formosa e bonitinha?

– Muu…, Muu…Quero eu, quero eu! – mugiu o Boi mostrando-se muito interessado – Se casares comigo, vais andar o dia inteiro no prado…

– Que voz é essa? Com essa voz, acordavas-me a mim e aos meninos de noite! Contigo é que não quero casar! E, além disso, tenho pressa…

Como era o primeiro pretendente, não ficou desanimada e continuou a perguntar, desta vez com uma voz mais alegre e um aperto no coração.

– Quem quer casar com a Carochinha que é formosa e bonitinha?

Mal tinha acabado de dizer a última palavra, apareceu o Cão que ladrava e gania de animação.

– Ão, ão! Quero eu, quero eu! Se casares comigo, tens uma casota toda janota e comida saborosa que me dá a D. Rosa.

– Ai pobre de mim! Que alarido! – queixou-se dando um suspiro – Com essa voz, acordavas-me a mim e aos meninos de noite! Não, não me serves para marido.

Ficou a ver o Cão a afastar-se com as orelhas baixas e o rabo entre as pernas, e voltou a tentar a sua sorte.

– Quem quer casar com a Carochinha que é formosa e bonitinha?

Muito gorducho e envergonhado, aproximou-se o Porco com um rabo que mais parecia um saca-rolhas e o focinho molhado.

– Oinc! Oinc! Quero eu, quero eu! Sou muito comilão, mas também dizem que sou bonacheirão.

– És muito simpático e pareces ser divertido. Mas com essa voz, acordavas-me a mim e aos meninos de noite! Também mão me caso contigo.

Depois, encheu o peito de ar, sorriu e voltou a perguntar:

– Quem quer casar com a Carochinha que é formosa e bonitinha?Com peito inchado, penas coloridas e luzidias, candidatou-se o Galo que resolveu cantar para impressionar.

– Cocorocó! Cocorococó! Quero eu, quero eu! Se casares comigo, vais madrugar.

– Galo garnisé, com tanto banzé acordavas-me a mim e aos meninos de noite! E, sem dormir, íamos passar o tempo a refilar.

A nossa amiga queria mesmo casar, por isso tinha de continuar. – Quem quer casar com a Carochinha que é formosa e bonitinha?
Com um miar meigo e a cauda bem levantada, aproximou-se o Gato janota a ronronar.

– Miau, renhaunhau. Quero eu, quero eu! Se gostas de leite, peixe fresquinho e de apanhar banhos de sol nos telhados, então podemos casar.

– Banhos de sol talvez… Mas leite? Peixe fresquinho? E, com essa voz, acordavas-me a mim e aos meninos de noite! Não, não é contigo que vou subir ao altar.

Seria possível? Seria assim tão difícil encontrar alguém que não fosse barulhento? Mas foi então que reparou em alguém que se aproximava a passo lento.

– Oin, in, oin. Quero eu, quero eu! – zurrou o Burro – Olha, se casares comigo, não vais dormir ao relento.

– Mas com essa voz, acordavas-me a mim e aos meninos de noite! A minha vida ia ser um verdadeiro tormento!

Como já era tarde, a Carochinha pensou que seria melhor ir tratar do jantar, mas foi então que ouviu chiar…

– Hi, hi! E a mim, não vais perguntar se quero casar?

Com um sorriso de felicidade por encontrar alguém tão simpático e com uma voz tão fininha, a Carochinha correu para o pátio.

– Como te chamas?

– Sou o João Ratão. Queres casar comigo ou não?

A Carochinha convidou-o a entrar, pois tinham muito que conversar e uma data de casamento para marcar. Enviaram os convites, compraram a roupa e prepararam a boda a rigor com o senhor prior.
Domingo era o grande dia! A noiva foi a última a entrar na igreja e estava linda, de causar inveja. O João Ratão estava orgulhoso mas também muito nervoso. Trocaram juras de amor eterno e, no fim, choveu porque era Inverno. Foi então que o João Ratão se lembrou da viagem ao Japão. Correu para casa, porque se tinha esquecido das luvas, mas sentiu um cheirinho gostoso e, acabou por ir espreitar o caldeirão.
Pouco depois, a Carochinha achou melhor ir procurar o marido que estava a demorar.

– João Ratão, encontraste as luvas? – chamou ela ao entrar.

Procurou, procurou e quando chegou perto do caldeirão, quase desmaiou e gritou:

– Ai o meu marido, o meu rico João Ratão, cozido e assado no caldeirão!

E assim acaba a história da linda Carochinha, que ficou sem o João Ratão, pois era guloso e caiu no caldeirão