"A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo. (Nelson Mandela) "

terça-feira, 9 de dezembro de 2014


ENSINO INTEGRAL

O que é educação integral?

Conheça o conjunto de fatores que reorganizam tempo, espaços e conteúdos para trabalhar o desenvolvimento dos alunos em sua totalidade


Foto: Dreamstime
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação propõe uma jornada diária de 7 horas para que as crianças se envolvam com a aprendizagem

Integral. Por definição, quer dizer total, inteiro, global. É isso o que se pretende com a educação integral: desenvolver os alunos de forma completa, em sua totalidade. Muito mais do que o tempo em sala de aula, a educação integral reorganiza espaços e conteúdos. Um grande desafio, mas que já começa a tomar forma.

O Programa Mais Educação, do MEC, por exemplo, trabalha neste sentido desde 2008, promovendo a ampliação de tempos, espaços e oportunidades educativas, de modo que a tarefa de educar seja dividida com os pais e a comunidade.

Como fazer para implantar um sistema complexo como esse em um país em que a maioria das escolas oferece apenas 3 a 4 horas de aula por dia para atender à imensa demanda de alunos que precisam estudar? A cidade de Palmas, no Tocantins, mostrou que nada é impossível. Inicialmente, foram implantadas nas escolas municipais as "salas integradas", com ampliação da carga horária de estudantes de renda mais baixa. Depois, somaram-se outras 4 modalidades: jornada ampliada, escolas de tempo de integral (com estrutura pensada especificamente para o período integral), educação integral no campo e educação integral nos centros de educação infantil.

Todos os alunos atendidos cursam as mesmas disciplinas e oficinas no contraturno escolar, e os professores procuram mostrar como se relacionam as diversas áreas do conhecimento. "Palmas é um exemplo importante de que a educação integral é possível", afirma Márcia Quintana, coordenadora de programas na Fundação Itaú Social. Ela lembra, no entanto, que não dá para estabelecer um modelo padrão para o país todo. "O Brasil é muito grande, com localidades de características muito diferentes. Por isso, cada estado e município devem implantar a educação integral de acordo com a própria realidade."

Com o intuito de avaliar os caminhos para a educação integral no Brasil, a Fundação Itaú Cultural, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e o Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec) realizaram uma pesquisa junto a 16 iniciativas lideradas por governos municipais, estaduais e organizações da sociedade civil. Confira, a seguir, os pontos fundamentais para a educação integral, levantados no estudo Tendências para a Educação Integral, e descubra se a escola do seu filho está no caminho certo.

Empapelamento: a arte de transformar objetos

Com essa técnica simples de construir formas tridimensionais utilizando papel, cola, sucatas e outros materiais, as crianças produzem esculturas, instalações artísticas e até brinquedos

Na Escola Carinho
de Mãe, as crianças decidiram produzir um carrinho e ficaram responsáveis por toda a criação, da escolha das formas às cores. Foto: Fernanda Preto
Planejamento e execução Na Escola Carinho de Mãe, as crianças decidiram produzir um carrinho e ficaram responsáveis por toda a criação, da escolha das formas às cores
O nome dessa técnica gera certa estranheza. Segundo o dicionário Houaiss, empapelar quer dizer revestir em papel. Em artes, esse é um procedimento de trabalho muito utilizado e consiste em transformar objetos em esculturas, instalações ou até em brinquedos utilizando papel embebido em cola.

Nas atividades escolares, em especial com os pequenos, ele permite a experimentação de uma série de linguagens artísticas, tendo como base materiais simples e baratos, como canudos de jornal, moldes de argila, garrafas PET ou caixinhas do tipo longa vida. A ideia por trás do trabalho é a transformação e a criação artística, dois importantes conteúdos da pré-escola. As crianças são convidadas a pensar sobre as formas, o que querem criar e qual cores utilizar.

Não é demais lembrar que, nessa fase, a Arte está ligada à apropriação de diversas linguagens que formam a expressividade humana. Dessa forma, o foco não é produzir obras de arte propriamente ditas, mas possibilitar que os pequenos deixem suas marcas e se expressem. Trabalhos com empapelamento vão ao encontro desse objetivo, pois dão espaço à liberdade e à criatividade.

O primeiro passo é repertoriar a turma. Você pode levar alguns trabalhos feitos em anos anteriores ou fotos de obras realizadas com a técnica. A criança precisa ter modelos nos quais possa se apoiar para realizar suas próprias produções. Um bom encaminhamento é contar qual será a proposta das próximas aulas e apresentar os materiais que serão utilizados nessa primeira fase: sucatas variadas e fita crepe. Uma estratégia é pedir que, em duplas, façam uma espécie de planejamento em desenho do que querem produzir. O ideal é deixá-las escolher e intervir caso o projeto pareça muito difícil de ser realizado com os materiais disponíveis. Você pode pedir que, em grupo, todos socializem o que pensaram e com isso troquem experiências.
Um pouco de teoria
A arte que vem do papel

O empapelamento nasceu do trabalho dos artesãos populares europeus. As clássicas máscaras do Carnaval de Veneza, que surgiram por volta do século 17, eram produzidas com a técnica. Já nessa época, ela dividia espaço com o papel machê (massa de papel triturado e embebido em água) na produção dos adereços. Foi só no começo do século 20 que o papel deixou de ser apenas o "suporte" para se tornar a "obra de arte". Isso ganhou força com o dadaísmo, que questionava a necessidade de duração das obras de arte, o que não condizia com o uso do papel. Os artistas passaram a utilizar diferentes técnicas de colagem em suas obras. Pouco tempo depois, na década de 1960, com a pop art, o papel conquistou ainda mais destaque nas produções artísticas.