ARMANDINHO, O JUIZ
ARMANDINHO, O JUIZ Vocês conhecem o Armandinho ? Armandinho é o nosso juiz.Pois é, juiz de futebol. Todo sábado à tarde a gente joga bola lá no campinho, perto da casa do seu Manuel. E o juiz toda vez é o Armandinho. A turma se dá bem, a gente não briga muito não. Mas antigamente . . . Era assim: começava o jogo. Um pegava a bola, começava a correr. Vinha outro por trás e PIMBA ! Pregava um pontapé. Armandinho apitava logo. O que tinha levado o pontapé gostava, é claro. Mas o que tinha dado . . . ficava danado ! ___ Falta nada, eu não fiz nada. O Armandinho está torcendo para o outro time! A torcida sempre vaiava. ___ Juiz ladrão! Juiz ladrão! Armandinho não ligava: ___ Vida de juiz é assim mesmo. B . Agora que você já leu, complete certinho:1 . O nome do personagem que aparece no texto é ______________________________.2 . Armandinho e sua turma gostavam de jogar bola. Eles se reuniam para jogar todo ___________ à tarde.3 . Eles jogavam bola lá no _____________ perto da casa do seu Manuel.4 . No jogo de futebol, Armandinho era _______________. C . Agora responda com letra bem caprichada.1 . Se você fosse jogar com a turma do Armandinho, o que você seria ?________________________________________________________________________2 . A torcida vivia dizendo que Armandinho era um juiz ladrão. O que Armandinho fazia quando a torcida vaiava ?3 . Você acha que é fácil ou é difícil ser juiz ? Por quê ?
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
Tem uma varinha mágica
Tem uma varinha mágica
Estou falando com todo mundo aqui em casa que quero ser um tigre.
Ninguém liga. Parece que nem me escutam. O jeito é falar com o vovô.
Quando ele atende o telefone, vou logo dizendo:
― Vovô, eu quero ser um tigre.
E ele:
― Que bom! Posso saber por que você quer ser um tigre?
― Claro, vovô. É a única maneira de ter um tigre aqui em casa.
Ele ficou calado um pouquinho e depois falou:
― É mesmo. Você tem razão. Nunca tinha pensado nisso.
Desliguei satisfeito. Alguém, afinal, me tinha escutado e entendido.
Vovô apareceu de tarde. Veio com ele um homem desconhecido para mim. Fomos apresentados. Vovô, então, disse:
― Eu quis que ele viesse comigo porque ele tem uma varinha mágica.
O homem me mostrou a varinha. Depois começou a fazer mágicas. Fez uma pedra virar sapo, fez o sapo virar príncipe, fez o príncipe virar pedra.
Depois fez chover suco de laranja, fez flores brotarem do meu carrinho, fez xícaras voarem como discos voadores.
Parou um pouco com as mágicas e me perguntou:
― É verdade que você quer ser tigre?
Eu já ia dizer um sim bem grande, um SINZÃO, mas resolvi pensar um pouquinho antes de responder. Acabei fazendo uma pergunta:
― Tigre tem avô ?
― Só lá na Ásia – ele respondeu.
Pensei mais um pouco e preferi ser eu mesmo: pulei no colo do vovô, enquanto o homem da varinha mágica se despedia deixando uma grande certeza dentro do meu coração.
Ronaldo Simões.
Estou falando com todo mundo aqui em casa que quero ser um tigre.
Ninguém liga. Parece que nem me escutam. O jeito é falar com o vovô.
Quando ele atende o telefone, vou logo dizendo:
― Vovô, eu quero ser um tigre.
E ele:
― Que bom! Posso saber por que você quer ser um tigre?
― Claro, vovô. É a única maneira de ter um tigre aqui em casa.
Ele ficou calado um pouquinho e depois falou:
― É mesmo. Você tem razão. Nunca tinha pensado nisso.
Desliguei satisfeito. Alguém, afinal, me tinha escutado e entendido.
Vovô apareceu de tarde. Veio com ele um homem desconhecido para mim. Fomos apresentados. Vovô, então, disse:
― Eu quis que ele viesse comigo porque ele tem uma varinha mágica.
O homem me mostrou a varinha. Depois começou a fazer mágicas. Fez uma pedra virar sapo, fez o sapo virar príncipe, fez o príncipe virar pedra.
Depois fez chover suco de laranja, fez flores brotarem do meu carrinho, fez xícaras voarem como discos voadores.
Parou um pouco com as mágicas e me perguntou:
― É verdade que você quer ser tigre?
Eu já ia dizer um sim bem grande, um SINZÃO, mas resolvi pensar um pouquinho antes de responder. Acabei fazendo uma pergunta:
― Tigre tem avô ?
― Só lá na Ásia – ele respondeu.
Pensei mais um pouco e preferi ser eu mesmo: pulei no colo do vovô, enquanto o homem da varinha mágica se despedia deixando uma grande certeza dentro do meu coração.
Ronaldo Simões.
REGINALDO TIRANOSSAURO (Edith Thabet)
REGINALDO TIRANOSSAURO
(Edith Thabet)
Reginaldo cresceu e se tornou um dinossauro bem bonitinho.
— Já está na hora de eu começar a lhe ensinar maus modos – observou Papai Rex um belo dia.
— Eu preciso de maus modos para quê ? - perguntou Reginaldo.
— Para impressionar os outros moradores da floresta. Quanto mais bruto for seu comportamento e quanto mais alto for seu urro, mais respeitado você será - explicou Papai Rex. – Espere aí, eu mostro como se faz - acrescentou ele antes de começar:
— A-ruá-rurrarrááá ... - Parecia um trovão reboando.
Um dinossauro corpulento, com dois chifres no alto da cabeça e um no focinho, brecou sua corrida, paralisado de susto. Uma cobra, que havia acabado de engolir um musaranho, ficou com ele entalado na garganta e tratou de fugir, tossindo e resfolegando.
— Você é mesmo o máximo, Papai! - disse Reginaldo , admirado.
— Ah, mas isso não é nada de mais. Você também pode fazer o mesmo. Vamos, tente uma vez! - disse Papai Rex, encorajando-o.
— A-riá-rirrarááá ... - gritou Reginaldo o mais alto que pôde, fazendo com que uma libélula gigante, que estava pousada diante dele num talo de capim, piscasse um dos olhos.
— Será que você não pode bocejar mais baixinho, seu bobo? Você atrapalhou minha sesta! - ralhou a libélula.
— Por favor, desculpe, não fiz por mal - disse Reginaldo.
Papai Rex não disse nada. Apenas balançou a cabeça, desanimado.
(Edith Thabet)
Reginaldo cresceu e se tornou um dinossauro bem bonitinho.
— Já está na hora de eu começar a lhe ensinar maus modos – observou Papai Rex um belo dia.
— Eu preciso de maus modos para quê ? - perguntou Reginaldo.
— Para impressionar os outros moradores da floresta. Quanto mais bruto for seu comportamento e quanto mais alto for seu urro, mais respeitado você será - explicou Papai Rex. – Espere aí, eu mostro como se faz - acrescentou ele antes de começar:
— A-ruá-rurrarrááá ... - Parecia um trovão reboando.
Um dinossauro corpulento, com dois chifres no alto da cabeça e um no focinho, brecou sua corrida, paralisado de susto. Uma cobra, que havia acabado de engolir um musaranho, ficou com ele entalado na garganta e tratou de fugir, tossindo e resfolegando.
— Você é mesmo o máximo, Papai! - disse Reginaldo , admirado.
— Ah, mas isso não é nada de mais. Você também pode fazer o mesmo. Vamos, tente uma vez! - disse Papai Rex, encorajando-o.
— A-riá-rirrarááá ... - gritou Reginaldo o mais alto que pôde, fazendo com que uma libélula gigante, que estava pousada diante dele num talo de capim, piscasse um dos olhos.
— Será que você não pode bocejar mais baixinho, seu bobo? Você atrapalhou minha sesta! - ralhou a libélula.
— Por favor, desculpe, não fiz por mal - disse Reginaldo.
Papai Rex não disse nada. Apenas balançou a cabeça, desanimado.
A VONTADE DE TOMÉ
A VONTADE DE TOMÉ
Todo dia, toda hora, todo minuto, o Tomé só pensava numa coisa: queria virar super-herói.
Isso mesmo! Super-herói que nem esses dos filmes, da televisão, dos gibis. Queria voar pelo mundo, ficar invisível, ter braços de borracha, sair nos jornais, escalar prédios como aranha, ter força de gigante e visão de raio X! Supervelocidade, superouvidos!
O tempo todo ele passava pensando em como fazer para conseguir a tal transformação. Porque você vai concordar com uma coisa: é uma injustiça esse negócio de só algumas pessoas virarem super-heróis! E mais, uma gente boba que passa o tempo todo se escondendo, fingindo que não tem poderes ou correndo atrás de trens que descarrilham, de assaltantes de jóias, de roubos misteriosos. O Tomé não! Se ele fosse super-herói, ia saber aproveitar a vida!
“Ia esticar meus braços de borracha e pegar um carrinho cheio de sorvetes! Ia voar na doceria e sair carregando um bolo enorme! Entrava invisível no bar do Mané e enchia a barriga de pastel, kibe, esfiha e coxinha!”.
Não ia esconder a identidade de ninguém! Que bobagem, ia é mostrar o que é um superchute no jogo de futebol! (O Tomé jogava mal pra burro, volta e meia perdia a bola, viviam botando ele pra fora do time. Pois iam ver só, quando fosse super-herói!)
Ia ganhar bastante dinheiro e comprar uma casa nova pro pai e pra mãe, que viviam reclamando que não agüentavam mais pagar aluguel.
E na escola? Com a supermemória, ia ser um sucesso!
Se alguém enchesse a paciência, pluft! Com um sopro, mandava pra lua! E os sustos que ia pregar por aí? Imaginem só, chegar no prédio do Flávio, tranqüilamente, e entrar voando pela janela! Ele ia morrer de medo.
Quando o Tomé começava a pensar, nem conseguia pôr fim a tanta idéia.
Walcyr Rodrigues Carrasco. Cadê o super-herói? São Paulo, Quinteto Editorial.
Todo dia, toda hora, todo minuto, o Tomé só pensava numa coisa: queria virar super-herói.
Isso mesmo! Super-herói que nem esses dos filmes, da televisão, dos gibis. Queria voar pelo mundo, ficar invisível, ter braços de borracha, sair nos jornais, escalar prédios como aranha, ter força de gigante e visão de raio X! Supervelocidade, superouvidos!
O tempo todo ele passava pensando em como fazer para conseguir a tal transformação. Porque você vai concordar com uma coisa: é uma injustiça esse negócio de só algumas pessoas virarem super-heróis! E mais, uma gente boba que passa o tempo todo se escondendo, fingindo que não tem poderes ou correndo atrás de trens que descarrilham, de assaltantes de jóias, de roubos misteriosos. O Tomé não! Se ele fosse super-herói, ia saber aproveitar a vida!
“Ia esticar meus braços de borracha e pegar um carrinho cheio de sorvetes! Ia voar na doceria e sair carregando um bolo enorme! Entrava invisível no bar do Mané e enchia a barriga de pastel, kibe, esfiha e coxinha!”.
Não ia esconder a identidade de ninguém! Que bobagem, ia é mostrar o que é um superchute no jogo de futebol! (O Tomé jogava mal pra burro, volta e meia perdia a bola, viviam botando ele pra fora do time. Pois iam ver só, quando fosse super-herói!)
Ia ganhar bastante dinheiro e comprar uma casa nova pro pai e pra mãe, que viviam reclamando que não agüentavam mais pagar aluguel.
E na escola? Com a supermemória, ia ser um sucesso!
Se alguém enchesse a paciência, pluft! Com um sopro, mandava pra lua! E os sustos que ia pregar por aí? Imaginem só, chegar no prédio do Flávio, tranqüilamente, e entrar voando pela janela! Ele ia morrer de medo.
Quando o Tomé começava a pensar, nem conseguia pôr fim a tanta idéia.
Walcyr Rodrigues Carrasco. Cadê o super-herói? São Paulo, Quinteto Editorial.
terça-feira, 10 de janeiro de 2012
A menina do cabelo de mola
Juliana era uma menina bacana prá chuchu. Era inteligente, divertida, amiga, carinhosa. Tinha uma porção de amigos em todos os lugares: na escola, no prédio, no clube. Seus amigos a chamavam de Jujuba, porque diziam que ela era doce demais para ser Juliana. Jujuba gostava muito de sua escola, mas agora que ela mudaria de série, também teria que mudar de escola. Mas ela não estava preocupada: sabia que logo teria um bocado de amigos novos.
Jujuba foi para uma escola nova em outro bairro, onde não conhecia ninguém. Logo no primeiro dia, conheceu as meninas da turma: Luiza, Fernanda, Gabriela e Maria Antônia. Todas elas eram parecidas: tinham os cabelos loiros e muito lisos – tirando a Gabriela, que tinha os cabelos castanhos, mas também bem lisinhos. Jujuba, por outro lado, era bem diferente delas. Tinha a pele mais escura e o cabelo era de mola: todo enroladinho! Mas isto não impediu que todas se tornassem amigas instantaneamente, claro.
Maria Antônia – Tônia, como a chamavam – era a mais velha da turma. Por isso mesmo, se sentia no direito de decidir a brincadeira. Logo no primeiro dia em que Jujuba entrou para a turma, Tônia disse:
• Hoje vamos brincar de princesas! Eu vou ser a Aurora, porque o meu cabelo é loiro igualzinho ao dela. A Luiza vai ser a Cinderela. A Fernanda vai ser a Rapunzel, já que ela tem o cabelo mais comprido de todas nós. E a Gabi vai ser a Branca de Neve, porque tem o cabelo escuro.
• E eu, Tônia, vou ser quem? - perguntou Jujuba.
• Ih, é, Jujuba, esqueci. Você... vai ser a fada madrinha, está bem?
• Está bem - Jujuba respondeu, feliz em brincar com suas novas amigas.
Conforme os dias foram passando, Jujuba começou a estranhar a brincadeira. Todos os dias brincavam de princesas. E todos os dias ela não era uma das princesas! Era madastra, irmã malvada ou fada madrinha.Todos os dias ela tinha que, de alguma forma, servir às outras. Até que, no final da semana, cansou da brincadeira. Quando Tônia começou a nomear as princesas, foi logo avisando:
• Tônia, hoje eu quero ser princesa também! Cansei de ser fada madrinha.
As meninas olharam umas para as outras com espanto. Tônia, um pouco sem graça, disse:
• Desculpa, Jujuba, mas não pode.
• Por que? - perguntou a doce menininha.
• Porque princesa não tem cabelo de mola como o seu!
Jujuba ficou muito, muito chateada mesmo. Acabou não querendo brincar de nada neste dia. Assim que chegou em casa, correu para a sua prateleira de livros e pegou um livro enorme, cor de rosa, com uma única palavra no título: 'Princesas'. Abriu- o e começou a folheá-lo. Tinha as histórias da Branca de Neve, da Rapunzel, da Bela Adormecida, da Ariel, da Cinderela. Nem lia as histórias, estava hipnotizada olhando as gravuras. Nenhuma, nenhuma princesa tinha cabelo de mola! Suas amigas estavam certas. Ela nunca poderia ser princesa. Fechou o livro e chorou. Chorou até dormir. Estava tão chateada que nem levantou para jantar.
De manhã bem cedinho, Jujuba escutou um barulhinho e despertou. Sua irmã mais velha estava na sala, vendo televisão. Foi até a sala e perguntou para a irmã o que ela estava vendo. Levou um susto com a resposta.
• Acorda, Juliana, hoje é o casamento da princesa!
• Que princesa? Da Cinderela? - a menina perguntou.
• Não! Da princesa de verdade, olha ali – e mostrou um príncipe e sua noiva, agora uma princesa, em um casamento de verdade, num país longe que Jujuba nem sabia que existia.
Jujuba assistiu, fascinada, às imagens do casamento. Era tudo tão bonito! A princesa era tão linda, com um vestido tão maravilhoso, e... com um cabelo tão liso. Ao perceber isso, Jujuba não conseguiu conter as lágrimas. Sua irmã não entendeu nada.
• Que houve, Jujuba, o que te deixou triste?
• Eu estou triste porque nunca vou ser princesa!
A irmã soltou uma gargalhada, abraçou sua irmãzinha e disse:
• Você não sabe disso, Jujuba. Quem sabe você não casa com um príncipe de verdade e vira princesa, igual a esta da televisão?
Entre soluços, a menina respondeu:
• Não, eu nunca vou ser princesa, nem de verdade e nem de mentira.
• E por que você acha isso? - indagou sua irmã.
• É porque eu tenho cabelo de mola, e princesa tem cabelo liso! - a menina respondeu isso chorando forte como a irmã nunca vira.
Tatiana, a irmã mais velha, secou as lágrimas dos olhos de sua irmã caçula, deu-lhe um beijo e abraçou-a com força até que ela se acalmasse. Assim que a menina parou de chorar, Tatiana disse:
• Juliana, eu quero que você olhe para a televisão.
• Eu tô olhando – respondeu a menina.
• Presta atenção. Repara nisso: a princesa não se mexe. Tem que ficar ali, parada, acenando com a mão. Está todo mundo olhando para ela, e nem dar um beijo na hora que quer ela pode. Ela não pode fazer nada. É quase uma estátua viva. É isso que você quer?
• Não, mas...
• Princesa é bonito em conto de fadas. Mais legal é ser gente de verdade. Assim, igual a mim e a você. Quando eu casar, eu vou dançar a noite toda, vou tomar aquela bebida de bolhinhas chique, vou fazer uma bagunça danada! Não vou querer ficar só acenando minha mão, não! E aposto que você também não quer isso!
Jujuba riu de imaginar a irmã acenando, quase como uma estátua, para todos os que passavam. Não, ela também não queria isso. Deu um beijo na irmã e saiu da sala saltitando de felicidade.
Quando chegou a hora do recreio, na escola, Tônia foi logo definindo os papéis, como sempre. E disse:
• Jujuba você vai ser a governanta do castelo, nós dançamos e você prepara o chá e...
Jujuba interrompeu sua amiga.
• Tônia, eu até posso brincar de princesa, mas só se for para brincar direito.
• Como assim? - as meninas estranharam.
• Vocês não são princesas?
• Sim!- responderam todas juntas.
• Então vocês tem que ficar sentadinhas aí, acenando para todo mundo!
• Mas, mas, não é assim que...
Jujuba interrompeu Tônia novamente.
• É assim que é a vida de princesa. Eu vi hoje uma princesa de verdade casando na televisão. Se vocês são princesas, tem que brincar assim!
Mesmo contrariadas, as meninas sentaram e ficaram acenando. Jujuba, com seu cabelo de mola, foi brincar de pique com os meninos, pulou corda, brincou de elástico, fez uma farra tremenda. No meio do recreio, suas amigas perguntaram se não podiam brincar também e ela respondeu que não, princesa só acenava e mantinha a pose. 'Brincadeira de verdade é para gente de verdade', Jujuba explicou.
Daquele dia em diante, nunca mais se brincou de princesa naquela escola. Todas as meninas diziam: 'meu cabelo é liso, mas faz mola quando eu tomo banho. Posso brincar como gente de verdade?' Jujuba ria e concordava. Era bom ter amigas de verdade ao invés de princesas!
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
A CUMBUCA DE OURO
: Atividades : _____/______/______
1)- Leia o Texto:
A CUMBUCA DE OURO
Um homem rico e outro muito pobre eram amigos e, por brincadeira, andavam sempre a pregar peça um ao outro. Certa vez , o pobre pediu ao rico um pedaço de terra. _ quero fazer uma roça, plantar milho e feijão. O rico não negou a terra. Mas não quis também perder a oportunidade de pregar uma peça no amigo. Deu-lhe, pois, o cantinho menos fértil que encontrou. Então, tentando cavar o chão duro, o pobre gritou para a mulher: _ Veja só, Maria encontrei aqui uma cumbuca cheia de ouro! _ Marido, que fortuna! Mas não é nossa... Na verdade, muito honestos, foram levar ao amigo rico o ouro que estava no terreno dele. O rico pulou de contente! _ Deixe lá a cumbuca, compadre, disse ele. Talvez eu lhe dê um pouquinho do ouro. O rico tentava enganar o pobre, pois consigo mesmo, pensava em ficar com tudo. E foi correndo para o mato. Deixa estar que a cumbuca era encantada. Mal o rico chegou, virou casa de marimbondos. _ Eles me pagam, os marotos, vou pregar-lhes também outra peça. Foi à casa do amigo pobre e de fora gritou: _ Compadre, abra uma bandinha da janela! Foi logo atendido Zupt! Lá se foi a casa de marimbondos pela brecha. _ Feche a janela depressa! Continuou o rico. Mas, batendo no chão, os marimbondos transformaram-se outra vez em moedas de ouro. Tlim... Tlim... faziam elas caindo no chão. O rico desconfiou: _ Abra bem a porta, compadre! _ Ah! Não posso, que os marimbondos estão me matando! - respondeu o pobre. E foi assim que o pobre ficou rico e o rico com cara de bobo.
MONTEIRO, Lobato. Histórias de Tia Anastácia.
São Paulo:Brasilense, 1979.
1- Escreva o pedido que o pobre fez ao rico.
2-Quando o homem pobre se dirigiu à sua esposa, o que ele disse? Copie.
3-Quando o homem pobre se dirigiu à sua esposa, o que ele disse? Copie.
4- “Deixe lá a cumbuca compadre.” Quem disse a frase?
( ) pobre. ( ) rico.
5- Qual era o segredo da cumbuca?
6- O que tinha dentro da cumbuca?
7 - Por que o homem rico correu para o mato?
1)- Leia o Texto:
A CUMBUCA DE OURO
Um homem rico e outro muito pobre eram amigos e, por brincadeira, andavam sempre a pregar peça um ao outro. Certa vez , o pobre pediu ao rico um pedaço de terra. _ quero fazer uma roça, plantar milho e feijão. O rico não negou a terra. Mas não quis também perder a oportunidade de pregar uma peça no amigo. Deu-lhe, pois, o cantinho menos fértil que encontrou. Então, tentando cavar o chão duro, o pobre gritou para a mulher: _ Veja só, Maria encontrei aqui uma cumbuca cheia de ouro! _ Marido, que fortuna! Mas não é nossa... Na verdade, muito honestos, foram levar ao amigo rico o ouro que estava no terreno dele. O rico pulou de contente! _ Deixe lá a cumbuca, compadre, disse ele. Talvez eu lhe dê um pouquinho do ouro. O rico tentava enganar o pobre, pois consigo mesmo, pensava em ficar com tudo. E foi correndo para o mato. Deixa estar que a cumbuca era encantada. Mal o rico chegou, virou casa de marimbondos. _ Eles me pagam, os marotos, vou pregar-lhes também outra peça. Foi à casa do amigo pobre e de fora gritou: _ Compadre, abra uma bandinha da janela! Foi logo atendido Zupt! Lá se foi a casa de marimbondos pela brecha. _ Feche a janela depressa! Continuou o rico. Mas, batendo no chão, os marimbondos transformaram-se outra vez em moedas de ouro. Tlim... Tlim... faziam elas caindo no chão. O rico desconfiou: _ Abra bem a porta, compadre! _ Ah! Não posso, que os marimbondos estão me matando! - respondeu o pobre. E foi assim que o pobre ficou rico e o rico com cara de bobo.
MONTEIRO, Lobato. Histórias de Tia Anastácia.
São Paulo:Brasilense, 1979.
1- Escreva o pedido que o pobre fez ao rico.
2-Quando o homem pobre se dirigiu à sua esposa, o que ele disse? Copie.
3-Quando o homem pobre se dirigiu à sua esposa, o que ele disse? Copie.
4- “Deixe lá a cumbuca compadre.” Quem disse a frase?
( ) pobre. ( ) rico.
5- Qual era o segredo da cumbuca?
6- O que tinha dentro da cumbuca?
7 - Por que o homem rico correu para o mato?
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
O Sobrenome de Joana
O Sobrenome de Joana
Se pelo menos eu tivesse conservado meu sobrenome, suspirava sua mãe em dolorido lamento. Joana, quando criança, ouvia essa reclamação muitas vezes. Dolorido e explicável lamento: a mãe era uma mulher submissa, maltratada pelo marido. Em conseqüência, muito cedo, pensando na mãe, Joana decidiu: manteria o sobrenome de solteira, como só casaria com um homem que adotasse seu sobrenome.
Logo as oportunidades começaram a aparecer, bonita, inteligente, ela atraía a atenção dos rapazes. Proposta matrimonial não lhe faltava, até de jovem muito interessante.
O primeiro pretendente sério foi o Marcelo. Rapaz trabalhador, queria casar. Joana, depois de um namoro morno, disse que aceitava a proposta, mas com aquela condição. Marcelo teria de adotar o sobrenome dela. Coisa que o rapaz rejeitou. Romperam o namoro ali mesmo, ao lado de uma parede de pedra.
O segundo foi Bruno, não tão sério quanto Marcelo, porém mais inteligente. Namoraram algum tempo, ele propôs o casamento, de noite, ao sair. Suando, ouviu a exigência dela, vacilou; não lhe agradava aquilo, mas fez uma contraproposta: casariam e cada um conservaria seu sobrenome. Nada feito, retrucou Joana.
O terceiro foi Arlindo, não tão inteligente quanto Bruno, mas muito mais afetivo. Desta vez foi Joana quem levantou o assunto: quando a gente se casar, disse, eu quero que você adote meu sobrenome. Ele olhou-a espantado: a verdade é que nunca cogitara isso. Viver juntos, tudo bem; casamento nem pensar. Ela, então, após muitas lágrimas, com os olhos vermelhos de choro, mandou-o embora, indignada.
Agora, faz tempo que está sozinha, mas tem observado com interesse um colega de escritório. Homem trabalhador, esforçado, inteligente, afetivo. Marido ideal. Problema: ele e ela têm o mesmo sobrenome, Silveira. Se casarem, esse Silveira será o sobrenome dela ou dele? Se for o caso, ela não quer nem saber.
(Moacy Scliar. Folha de São Paulo, 21.03.05. Adaptado)
Se pelo menos eu tivesse conservado meu sobrenome, suspirava sua mãe em dolorido lamento. Joana, quando criança, ouvia essa reclamação muitas vezes. Dolorido e explicável lamento: a mãe era uma mulher submissa, maltratada pelo marido. Em conseqüência, muito cedo, pensando na mãe, Joana decidiu: manteria o sobrenome de solteira, como só casaria com um homem que adotasse seu sobrenome.
Logo as oportunidades começaram a aparecer, bonita, inteligente, ela atraía a atenção dos rapazes. Proposta matrimonial não lhe faltava, até de jovem muito interessante.
O primeiro pretendente sério foi o Marcelo. Rapaz trabalhador, queria casar. Joana, depois de um namoro morno, disse que aceitava a proposta, mas com aquela condição. Marcelo teria de adotar o sobrenome dela. Coisa que o rapaz rejeitou. Romperam o namoro ali mesmo, ao lado de uma parede de pedra.
O segundo foi Bruno, não tão sério quanto Marcelo, porém mais inteligente. Namoraram algum tempo, ele propôs o casamento, de noite, ao sair. Suando, ouviu a exigência dela, vacilou; não lhe agradava aquilo, mas fez uma contraproposta: casariam e cada um conservaria seu sobrenome. Nada feito, retrucou Joana.
O terceiro foi Arlindo, não tão inteligente quanto Bruno, mas muito mais afetivo. Desta vez foi Joana quem levantou o assunto: quando a gente se casar, disse, eu quero que você adote meu sobrenome. Ele olhou-a espantado: a verdade é que nunca cogitara isso. Viver juntos, tudo bem; casamento nem pensar. Ela, então, após muitas lágrimas, com os olhos vermelhos de choro, mandou-o embora, indignada.
Agora, faz tempo que está sozinha, mas tem observado com interesse um colega de escritório. Homem trabalhador, esforçado, inteligente, afetivo. Marido ideal. Problema: ele e ela têm o mesmo sobrenome, Silveira. Se casarem, esse Silveira será o sobrenome dela ou dele? Se for o caso, ela não quer nem saber.
(Moacy Scliar. Folha de São Paulo, 21.03.05. Adaptado)
A escolinha do mar
A escolinha do mar
Ruth Rocha
A escola de Dona Ostra fica lá no fundo do mar.
Nesta escola, as aulas são muito diferentes.
O Doutor Camarão, por exemplo, dá aulas aos peixinhos menores.
_ Um peixe inteligente presta atenção aquilo que come. Não come minhoca com anzol dentro. Nunca!
O peixe elétrico ensina a fazer foguetes.
_ Quando nosso foguete ficar pronto, vamos a terra. Os homens não vão a lua? Então nós vamos a terra!
O maestro Villa Peixes ensina aos outras lindas canções:
Como pode peixe vivo
viver fora de água fria?...
Os alunos desta escola não são apenas peixes. Há, por exemplo, Estela, a pequena estrela-do-mar tão graciosa, que é a primeira aluna da aula de balé.
Há Lulita, a pequena lula, que é a melhor em caligrafia, porque já tem dentro dela pena e tinta. E há o Siri, que só sabe andar de lado, por isso nunca acompanha a aula de ginástica.
Mas nem todos os alunos são comportados.
Quando o professor Camarão se distrai, escrevendo na concha, Peixoto, o peixinho vermelho solta bolhas tão engraçadas que os outros alunos riem, riem...
O professor Camarão se queixa:
_ Estes meninos estão ficando muito marotos, fazem estripulias nas
minhas barbas!
1. Complete
a) O título do texto é: _______________________________________________
b) A autora se chama: _______________________________________________
2. Responda
a) Onde fica a escola de dona Ostra?
R: ______________________________________________________________
b) Como são as aulas nesta escola?
R: ____________________________________________________________
c) O que o Doutor camarão diz aos peixinhos menores?
R: ________________________________________________
d) O que ensina o peixe elétrico?
R: ________________________________________________
e) Quem ensina as canções?
R: ________________________________________________
f) Escreva o nome dos alunos que não são peixes:
__________________________________________________
3. Marque somente as frases que estão de acordo com a história:
a) ( ) Na escola de dona ostra os alunos são todos peixes.
b) ( ) Estela, é a primeira aluna de caligrafia.
c) ( ) O doutor Camarão da aula para peixinhos menores.
d) ( ) O siri é um aluno da escola.
e) ( ) Lulita, a pequena Lula, é aluna de balé.
4. Dê sua opinião:
a) O que você acha desta escola?
R: _________________________________________________
b) Por que o doutor Camarão pede atenção?
R: _________________________________________________
Ruth Rocha
A escola de Dona Ostra fica lá no fundo do mar.
Nesta escola, as aulas são muito diferentes.
O Doutor Camarão, por exemplo, dá aulas aos peixinhos menores.
_ Um peixe inteligente presta atenção aquilo que come. Não come minhoca com anzol dentro. Nunca!
O peixe elétrico ensina a fazer foguetes.
_ Quando nosso foguete ficar pronto, vamos a terra. Os homens não vão a lua? Então nós vamos a terra!
O maestro Villa Peixes ensina aos outras lindas canções:
Como pode peixe vivo
viver fora de água fria?...
Os alunos desta escola não são apenas peixes. Há, por exemplo, Estela, a pequena estrela-do-mar tão graciosa, que é a primeira aluna da aula de balé.
Há Lulita, a pequena lula, que é a melhor em caligrafia, porque já tem dentro dela pena e tinta. E há o Siri, que só sabe andar de lado, por isso nunca acompanha a aula de ginástica.
Mas nem todos os alunos são comportados.
Quando o professor Camarão se distrai, escrevendo na concha, Peixoto, o peixinho vermelho solta bolhas tão engraçadas que os outros alunos riem, riem...
O professor Camarão se queixa:
_ Estes meninos estão ficando muito marotos, fazem estripulias nas
minhas barbas!
1. Complete
a) O título do texto é: _______________________________________________
b) A autora se chama: _______________________________________________
2. Responda
a) Onde fica a escola de dona Ostra?
R: ______________________________________________________________
b) Como são as aulas nesta escola?
R: ____________________________________________________________
c) O que o Doutor camarão diz aos peixinhos menores?
R: ________________________________________________
d) O que ensina o peixe elétrico?
R: ________________________________________________
e) Quem ensina as canções?
R: ________________________________________________
f) Escreva o nome dos alunos que não são peixes:
__________________________________________________
3. Marque somente as frases que estão de acordo com a história:
a) ( ) Na escola de dona ostra os alunos são todos peixes.
b) ( ) Estela, é a primeira aluna de caligrafia.
c) ( ) O doutor Camarão da aula para peixinhos menores.
d) ( ) O siri é um aluno da escola.
e) ( ) Lulita, a pequena Lula, é aluna de balé.
4. Dê sua opinião:
a) O que você acha desta escola?
R: _________________________________________________
b) Por que o doutor Camarão pede atenção?
R: _________________________________________________
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
A Menina que Não Era Maluquinha
A Menina que Não Era Maluquinha
RUTH ROCHA
Maluquinha, eu?
Eu não! Não sou nenhuma maluquinha!
Quem me pôs esse apelido foi aquele menino de casacão e panela na cabeça.
Ele me botou esse apelido quando eu fui brincar na casa do Mauricinho.
Eu nem queria ir.
Mas a mãe dele telefonou pra minha mãe, ela disse que o Mauricinho era muito tímido e que ela queria que ele brincasse com umas crianças mais... Não sei o que ela disse, acho que ela queria que ele brincasse com umas crianças mais descoladas...
E aí minha mãe me encheu um pouco e eu acabei indo.
A gente chegou na casa do Mauricinho e foi logo almoçar.
E depois do almoço a mãe dele botou a gente pra fazer a lição.
Eu não me incomodo de fazer lição logo depois do almoço, porque eu fico logo livre.
Mas a mãe do Mauricinho começou a fazer uns discursos sobre responsabilidade e coisa e tal, que a gente já era grandinha e tinha que cumprir com os compromissos... Um saco!
Eu tô careca de saber disso!
E então eu fiz minha lição correndo e o Mauricinho ficou lá toda a vida, ele não acabava mais de fazer a lição dele.
Aí eu comecei a rodar pela casa até que encontrei um gato.
Gato não, gata. Chamava Pom-pom. Ou era Fru-fru... Ou era Bom-Bom, sei lá.
E eu peguei a gata e ela estava meio fedida.
Então eu resolvi dar um banho nela. Gato não gosta de banho, vocês sabem.
Mas meu avô tinha me contado que quando ele queria dar banho no gato ele botava o bicho dentro da banheira e ele não conseguia sair e meu avô dava banho à vontade!
Mauricinho tinha um banheiro dentro do quarto dele.
Quando eu fui chegando perto da banheira a gata arrepiou toda e eu joguei ela bem depressa lá dentro e tapei o ralo e enchi de água.
E esfreguei a gata todinha com um shampoo todo perfumado que tinha lá e eu estava achando que todo mundo ia gostar de ver a gata toda limpinha. A gata estava muito infeliz e ela miava miaaauuu... e tentava sair do banho, mas meu avô tinha razão: ela arranhava a parede da banheira, mas não conseguia sair.
Mas acho que aí caiu shampoo no olho da gata, porque ela deu um pulo e agarrou na minha roupa e conseguiu pular fora e saiu correndo, espalhando espuma de shampoo por todo lado e nisso a mãe do Mauricinho vinha chegando e levou o maior susto e caiu sentada e a gata continuou correndo e assustando todo mundo e respingando tudo de espuma.
Eu não sei quem estava mais assustado: se era o Mauricinho, a mãe dele, a gata, ou se era eu.
Eu corri atrás da gata, mas ela pulou pela janela, atravessou o jardim, saiu pela rua e eu atrás.
Só que no meio da rua estava a turma daquele menino, aquele da panela na cabeça, e a gata passou pelo meio deles todos e eu atrás!
E eles levaram o maior susto, cada um correu para um lado, e atrás de mim vinha a mãe do Mauricinho e o Mauricinho e a cozinheira e o jardineiro todos correndo e gritando e eu resolvi correr para a minha casa e me esconder lá.
Mas no dia seguinte... a escola toda já sabia da história e aquele menino, aquele da panela na cabeça começou a me chamar de maluquinha...
Mas eu não sou maluquinha, não! Só se for a vó dele!
RUTH ROCHA
Maluquinha, eu?
Eu não! Não sou nenhuma maluquinha!
Quem me pôs esse apelido foi aquele menino de casacão e panela na cabeça.
Ele me botou esse apelido quando eu fui brincar na casa do Mauricinho.
Eu nem queria ir.
Mas a mãe dele telefonou pra minha mãe, ela disse que o Mauricinho era muito tímido e que ela queria que ele brincasse com umas crianças mais... Não sei o que ela disse, acho que ela queria que ele brincasse com umas crianças mais descoladas...
E aí minha mãe me encheu um pouco e eu acabei indo.
A gente chegou na casa do Mauricinho e foi logo almoçar.
E depois do almoço a mãe dele botou a gente pra fazer a lição.
Eu não me incomodo de fazer lição logo depois do almoço, porque eu fico logo livre.
Mas a mãe do Mauricinho começou a fazer uns discursos sobre responsabilidade e coisa e tal, que a gente já era grandinha e tinha que cumprir com os compromissos... Um saco!
Eu tô careca de saber disso!
E então eu fiz minha lição correndo e o Mauricinho ficou lá toda a vida, ele não acabava mais de fazer a lição dele.
Aí eu comecei a rodar pela casa até que encontrei um gato.
Gato não, gata. Chamava Pom-pom. Ou era Fru-fru... Ou era Bom-Bom, sei lá.
E eu peguei a gata e ela estava meio fedida.
Então eu resolvi dar um banho nela. Gato não gosta de banho, vocês sabem.
Mas meu avô tinha me contado que quando ele queria dar banho no gato ele botava o bicho dentro da banheira e ele não conseguia sair e meu avô dava banho à vontade!
Mauricinho tinha um banheiro dentro do quarto dele.
Quando eu fui chegando perto da banheira a gata arrepiou toda e eu joguei ela bem depressa lá dentro e tapei o ralo e enchi de água.
E esfreguei a gata todinha com um shampoo todo perfumado que tinha lá e eu estava achando que todo mundo ia gostar de ver a gata toda limpinha. A gata estava muito infeliz e ela miava miaaauuu... e tentava sair do banho, mas meu avô tinha razão: ela arranhava a parede da banheira, mas não conseguia sair.
Mas acho que aí caiu shampoo no olho da gata, porque ela deu um pulo e agarrou na minha roupa e conseguiu pular fora e saiu correndo, espalhando espuma de shampoo por todo lado e nisso a mãe do Mauricinho vinha chegando e levou o maior susto e caiu sentada e a gata continuou correndo e assustando todo mundo e respingando tudo de espuma.
Eu não sei quem estava mais assustado: se era o Mauricinho, a mãe dele, a gata, ou se era eu.
Eu corri atrás da gata, mas ela pulou pela janela, atravessou o jardim, saiu pela rua e eu atrás.
Só que no meio da rua estava a turma daquele menino, aquele da panela na cabeça, e a gata passou pelo meio deles todos e eu atrás!
E eles levaram o maior susto, cada um correu para um lado, e atrás de mim vinha a mãe do Mauricinho e o Mauricinho e a cozinheira e o jardineiro todos correndo e gritando e eu resolvi correr para a minha casa e me esconder lá.
Mas no dia seguinte... a escola toda já sabia da história e aquele menino, aquele da panela na cabeça começou a me chamar de maluquinha...
Mas eu não sou maluquinha, não! Só se for a vó dele!
MEU IRMÃOZINHO ME ATRAPALHA
MEU IRMÃOZINHO ME ATRAPALHA
Eu tenho um irmãozinho que se chama Pedro. A gente chama ele de Pedrinho. Ele é bem bonitinho e eu gosto muito dele. Acho que eu gosto.
Antes que ele nascesse eu vivia chateando a minha mãe pra ela me arranjar um irmãozinho. Eu até andava pra trás, porque quando uma criança anda pra trás, é porque ela vai ganhar um irmãozinho.
E fui eu que escolhi o nome dele: Pedro, que é o nome do meu melhor amigo. E no dia que ele nasceu, eu fui no hospital visitar minha mãe e meu pai botou ele no meu colo! E ele era tão pequenininho! Eu até achei que eu tinha que tomar conta dele sempre!
Mas às vezes, meu irmãozinho me atrapalha!
Ele é muito pequeno e não sabe brincar das coisas que eu sei!
E ele se mete nas minhas brincadeiras e atrapalha tudo!
E a minha mãe fica me enchendo, que ela quer que eu leve ele pra todo lugar que eu vou: pra brincar na areia, pras festas de aniversário, pra ir ao shopping com meu pai.
Quando a gente sai na rua, todo mundo fica dizendo:
“Que bonitinho!”
“Que engraçadinho!”
Eu não acho graça nenhuma, que eu quero andar depressa e ele não sabe andar depressa...
E se eu quero comprar alguma coisa a minha mãe diz:
“Você já ganhou um presente hoje! Agora é a vez do Pedrinho!”
Antigamente, meu pai me contava uma história, antes de dormir.
Mas agora, ele não quer fazer barulho, pro Pedrinho não acordar!
Então ele me leva pra sala, pra contar histórias, e eu acabo dormindo no sofá!
E os meus tios e os meus primos, quando eu chego na casa da vovó, só ficam brincando com o Pedrinho e não ligam mais pra mim...
E quando o Pedrinho fica doente? Todo mundo só quer saber dele, só manda eu ficar quieto, pra não acordar ele, e todo mundo traz presentes pra ele e esquece de me trazer presentes...
Mas no outro dia eu estava um pouquinho doente. Aí minha mãe nem foi trabalhar pra ficar comigo e a minha tia passou o dia todo me agradando e meu pai me trouxe um monte de brinquedos.
É! Aquele dia foi bom!
Também foi bom no outro dia, quando a vovó veio lá em casa, e todo mundo estava fazendo festa pro Pedrinho, e ela disse:
“Eu quero é ver o Miguel! Que eu gosto muito do Miguel!”
Aí minha avó me pegou no colo, me contou um monte de histórias e disse que eu já estava ficando muito grande e muito bonito!
Ela até falou que ela gostava de brincar comigo, porque eu sei brincar de uma porção de coisas, que o Pedrinho ainda não sabe.
E quando meu amigo veio na minha casa e disse que não queria brincar com o Pedrinho que ele era chato, eu fiquei louco da vida e disse que meu irmão não era chato, nada! Só se fosse o irmão dele!
Porque o Pedrinho é bem bacana!
Ele anda de um jeito diferente, e ele fala umas coisas engraçadas. Ele brinca comigo de carrinho e de pegador e a gente joga bola junto
E eu boto ele no carrinho de brinquedo e empurro pela casa toda, e ele ri muito e eu também.
Está certo que às vezes criança pequena atrapalha.
Mas também, às vezes, criança pequena é bem divertida!
E sabe de uma coisa?
Eu não acho que eu gosto dele.
Eu sei que eu gosto muito, muito mesmo do meu irmãozinho!
]
Eu tenho um irmãozinho que se chama Pedro. A gente chama ele de Pedrinho. Ele é bem bonitinho e eu gosto muito dele. Acho que eu gosto.
Antes que ele nascesse eu vivia chateando a minha mãe pra ela me arranjar um irmãozinho. Eu até andava pra trás, porque quando uma criança anda pra trás, é porque ela vai ganhar um irmãozinho.
E fui eu que escolhi o nome dele: Pedro, que é o nome do meu melhor amigo. E no dia que ele nasceu, eu fui no hospital visitar minha mãe e meu pai botou ele no meu colo! E ele era tão pequenininho! Eu até achei que eu tinha que tomar conta dele sempre!
Mas às vezes, meu irmãozinho me atrapalha!
Ele é muito pequeno e não sabe brincar das coisas que eu sei!
E ele se mete nas minhas brincadeiras e atrapalha tudo!
E a minha mãe fica me enchendo, que ela quer que eu leve ele pra todo lugar que eu vou: pra brincar na areia, pras festas de aniversário, pra ir ao shopping com meu pai.
Quando a gente sai na rua, todo mundo fica dizendo:
“Que bonitinho!”
“Que engraçadinho!”
Eu não acho graça nenhuma, que eu quero andar depressa e ele não sabe andar depressa...
E se eu quero comprar alguma coisa a minha mãe diz:
“Você já ganhou um presente hoje! Agora é a vez do Pedrinho!”
Antigamente, meu pai me contava uma história, antes de dormir.
Mas agora, ele não quer fazer barulho, pro Pedrinho não acordar!
Então ele me leva pra sala, pra contar histórias, e eu acabo dormindo no sofá!
E os meus tios e os meus primos, quando eu chego na casa da vovó, só ficam brincando com o Pedrinho e não ligam mais pra mim...
E quando o Pedrinho fica doente? Todo mundo só quer saber dele, só manda eu ficar quieto, pra não acordar ele, e todo mundo traz presentes pra ele e esquece de me trazer presentes...
Mas no outro dia eu estava um pouquinho doente. Aí minha mãe nem foi trabalhar pra ficar comigo e a minha tia passou o dia todo me agradando e meu pai me trouxe um monte de brinquedos.
É! Aquele dia foi bom!
Também foi bom no outro dia, quando a vovó veio lá em casa, e todo mundo estava fazendo festa pro Pedrinho, e ela disse:
“Eu quero é ver o Miguel! Que eu gosto muito do Miguel!”
Aí minha avó me pegou no colo, me contou um monte de histórias e disse que eu já estava ficando muito grande e muito bonito!
Ela até falou que ela gostava de brincar comigo, porque eu sei brincar de uma porção de coisas, que o Pedrinho ainda não sabe.
E quando meu amigo veio na minha casa e disse que não queria brincar com o Pedrinho que ele era chato, eu fiquei louco da vida e disse que meu irmão não era chato, nada! Só se fosse o irmão dele!
Porque o Pedrinho é bem bacana!
Ele anda de um jeito diferente, e ele fala umas coisas engraçadas. Ele brinca comigo de carrinho e de pegador e a gente joga bola junto
E eu boto ele no carrinho de brinquedo e empurro pela casa toda, e ele ri muito e eu também.
Está certo que às vezes criança pequena atrapalha.
Mas também, às vezes, criança pequena é bem divertida!
E sabe de uma coisa?
Eu não acho que eu gosto dele.
Eu sei que eu gosto muito, muito mesmo do meu irmãozinho!
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MEUS LÁPIS DE COR SÃO SÓ MEUS
MEUS LÁPIS DE COR SÃO SÓ MEUS
A Lulu estava muito contente naquele dia.
É que era o dia do aniversário dela.
Quando ela chegou da escola já encontrou a mamãe preparando a festa.
O bolo já estava pronto, os brigadeiros, as balas e os pirulitos.
O papai estava enchendo as bolas e a tia Mari estava botando a mesa na sala.
Todos almoçaram na cozinha para não atrapalhar as arrumações.
Então Lulu tomou banho e vestiu sua roupa nova, que a mamãe tinha comprado para ela. E se arrumou toda e a mamãe botou nela um pouquinho de água de colônia.
O primeiro convidado que chegou foi o priminho da Lulu, o Miguel.
Depois chegou a Taís, o Arthur e o Caiã e todos os colegas do colégio.
E ficaram todos brincando no jardim.
Aí todos entraram para abrir os presentes.
Depois foram soprar as velinhas e cantar parabéns.
Lulu gostou de todos os presentes, mas o que ela mais gostou foi da caixa grande de lápis de cor que se abria feito uma sanfona e que tinha todas, mas todas as cores, mesmo.
Depois que todos foram embora a Lulu foi dormir e ela até botou a caixa de lápis de cor do lado da caminha dela.
Então, logo de manhã, a Lulu já se sentou na mesa da sala, pegou o bloco grande de desenho e começou a fazer um desenho bem bonito, com seus novos lápis. Aí chegou o Miguel, que veio passar o dia com ela.
Ele se sentou junto da Lulu e disse que também queria desenhar.
Mas Lulu não quis nem por nada emprestar os lápis a ele.
- Os meus lápis de cor são só meus! – ela disse.
A mãe de Lulu ficou zangada:
- Que é isso, minha filha? Os dois podem desenhar muito bem. Empreste os lápis para o seu primo!
Mas o Miguel já estava enjoado dessa conversa, e foi para fora andar de bicicleta.
A Lulu desenhou casinhas e desenhou bonecas e desenhou um pato e um elefante. E pintou todos os desenhos com seus lápis novos e mostrou para a mamãe. Mamãe disse que estavam todos ótimos, mas que ela guardasse os desenhos e os lápis que ela precisava preparar a mesa para o almoço.
A Lulu juntou todos os lápis, mas, em vez de guardar na caixa, que é o melhor jeito para se guardar lápis, ela botou os lápis em cima do bloco e foi para o quarto, equilibrando tudo.
Ela foi subindo as escadas, subindo as escadas, até que já estava chegando lá em cima, quando ela perdeu o equilíbrio e deixou os lápis caírem todos escada abaixo. Os lápis rolaram pela escada e foram batendo, batendo, batendo nos degraus.
A Lulu desceu as escadas e viu que todas as pontas dos lápis estavam quebradas. Então ela começou a chorar, que os lápis estavam estragados e que nunca mais ela ia poder desenhar. O Miguel, que estava brincando lá fora, veio correndo apara ver o que tinha acontecido.
Então ele disse à Lulu:
- Não chore não, Lulu, eu vou buscar meu apontador lá em casa e eu aponto todos os seus lápis. E ele foi e logo ele chegou com o apontador.
O Miguel apontou todos os lápis da Lulu.
Então a Lulu convidou:
- Miguel, você não quer desenhar comigo?
E o Miguel veio e eles fizeram uma porção de desenhos, e o Miguel ensinou a Lulu a fazer um automóvel e a Lulu ensinou o Miguel a fazer um elefante. Aí o Miguel ensinou a Lulu a fazer um foguete que voava direitinho. E a Lulu ensinou o Miguel a recostar umas bonecas engraçadas.
E a Lulu se divertiu muito mais do que quando ela ficava desenhando sozinha...
A Lulu estava muito contente naquele dia.
É que era o dia do aniversário dela.
Quando ela chegou da escola já encontrou a mamãe preparando a festa.
O bolo já estava pronto, os brigadeiros, as balas e os pirulitos.
O papai estava enchendo as bolas e a tia Mari estava botando a mesa na sala.
Todos almoçaram na cozinha para não atrapalhar as arrumações.
Então Lulu tomou banho e vestiu sua roupa nova, que a mamãe tinha comprado para ela. E se arrumou toda e a mamãe botou nela um pouquinho de água de colônia.
O primeiro convidado que chegou foi o priminho da Lulu, o Miguel.
Depois chegou a Taís, o Arthur e o Caiã e todos os colegas do colégio.
E ficaram todos brincando no jardim.
Aí todos entraram para abrir os presentes.
Depois foram soprar as velinhas e cantar parabéns.
Lulu gostou de todos os presentes, mas o que ela mais gostou foi da caixa grande de lápis de cor que se abria feito uma sanfona e que tinha todas, mas todas as cores, mesmo.
Depois que todos foram embora a Lulu foi dormir e ela até botou a caixa de lápis de cor do lado da caminha dela.
Então, logo de manhã, a Lulu já se sentou na mesa da sala, pegou o bloco grande de desenho e começou a fazer um desenho bem bonito, com seus novos lápis. Aí chegou o Miguel, que veio passar o dia com ela.
Ele se sentou junto da Lulu e disse que também queria desenhar.
Mas Lulu não quis nem por nada emprestar os lápis a ele.
- Os meus lápis de cor são só meus! – ela disse.
A mãe de Lulu ficou zangada:
- Que é isso, minha filha? Os dois podem desenhar muito bem. Empreste os lápis para o seu primo!
Mas o Miguel já estava enjoado dessa conversa, e foi para fora andar de bicicleta.
A Lulu desenhou casinhas e desenhou bonecas e desenhou um pato e um elefante. E pintou todos os desenhos com seus lápis novos e mostrou para a mamãe. Mamãe disse que estavam todos ótimos, mas que ela guardasse os desenhos e os lápis que ela precisava preparar a mesa para o almoço.
A Lulu juntou todos os lápis, mas, em vez de guardar na caixa, que é o melhor jeito para se guardar lápis, ela botou os lápis em cima do bloco e foi para o quarto, equilibrando tudo.
Ela foi subindo as escadas, subindo as escadas, até que já estava chegando lá em cima, quando ela perdeu o equilíbrio e deixou os lápis caírem todos escada abaixo. Os lápis rolaram pela escada e foram batendo, batendo, batendo nos degraus.
A Lulu desceu as escadas e viu que todas as pontas dos lápis estavam quebradas. Então ela começou a chorar, que os lápis estavam estragados e que nunca mais ela ia poder desenhar. O Miguel, que estava brincando lá fora, veio correndo apara ver o que tinha acontecido.
Então ele disse à Lulu:
- Não chore não, Lulu, eu vou buscar meu apontador lá em casa e eu aponto todos os seus lápis. E ele foi e logo ele chegou com o apontador.
O Miguel apontou todos os lápis da Lulu.
Então a Lulu convidou:
- Miguel, você não quer desenhar comigo?
E o Miguel veio e eles fizeram uma porção de desenhos, e o Miguel ensinou a Lulu a fazer um automóvel e a Lulu ensinou o Miguel a fazer um elefante. Aí o Miguel ensinou a Lulu a fazer um foguete que voava direitinho. E a Lulu ensinou o Miguel a recostar umas bonecas engraçadas.
E a Lulu se divertiu muito mais do que quando ela ficava desenhando sozinha...
A Arca de Noé
Textode Ruth Rocha
A Arca de Noé
Esta história é muito,
Muito antiga.
Eu li
Num livrão grande do papai,
Que se chama Bíblia.
É a história de um homem chamado Noé.
Um dia, Deus chamou Noé.
E mandou que ele construísse
Um barco bem grande.
Não sei por quê,
Mas todo mundo chama esse barco
De Arca de Noé.
Deus mandou
Que ele pusesse dentro do barco
Um bicho de cada qualidade.
Um bicho, não. Dois.
Um leão e uma leoa...
Um macaco e uma macaca...
Um caititu e uma caititoa...
Quer dizer, caititoa não,
Que eu nem sei se isso existe.
E veio tudo que foi bicho.
Girafa, com um pescoço
Do tamanho de um bonde...
Tinha tigre de bengala.
Papagaio que até fala.
E tinha onça-pintada.
Arara dando risada,
Que era ver uma vitrola!
E um casal de tatu-bola...
Bicho d´água, isso não tinha,
Nem tubarão, nem tainha,
Procurando por abrigo.
Nem peixe-boi nem baleia,
Nem arraia nem lampreia,
Que não corriam perigo...
E zebra, que parece cavalo de pijama...
E pavão, que parece um galo
Fantasiado pra baile de carnaval.
E cobra, jacaré, elefante...
E paca, tatu e cutia também.
E passarinho de todo jeito.
Curió, bem-te-vi, papa capim...
E inseto de todo tamanho.
Formiga, joaninha, louva-a-deus...
Eu acho que Noé
Devia Ter deixado fora
Tudo que é bicho enjoado,
Como pulga, barata r pernilongo,
Que faz fiuuummm no ouvido da gente.
Mas ele não deixou.
Levou tudo que foi bicho.
Tinha peru, tinha pato.
Tinha vespa e carrapato.
Avestruz, carneiro, pinto...
Tinha até ornitorrinco.
Urubu, besouro, burro.
Gafanhoto, grilo, gato.
Tinha abelha, tinha rato...
Quando a bicharada
Estava toda embarcada,
E mais a família do Noé todinha,
Começou a cair uma chuvarada.
Mas não era uma chuvarada
Dessas que caem agora.
Você já viu uma cachoeira?
Pois era igualzinho
A uma cachoeira caindo,
Caindo, que não acabava mais.
Parecia o Rio Amazonas despencando.
E aquela água foi cobrindo tudo, tudo.
Cobriu as terras, cobriu as plantas, cobriu as árvores, cobriu as montanhas.
Só mesmo a Arca de Noé, que boiava em cima das águas, é que não ficou coberta.
E mesmo depois
Que passou a tempestade
Ficou tudo coberto de água.
E passou muito tempo.
Todo mundo estava enjoado
De ficar preso dentro da Arca,
Sem poder sair nem um bocadinho.
Os bichos até começaram a brigar.
Que nem criança,
Que fica muito tempo dentro de casa
E já começa a implicar com os irmãos.
O gato e o rato
Começaram a brigar nesse tempo
E até hoje não fizeram as pazes.
Até que um dia...
Veio vindo um ventinho lá de longe.
E as águas começaram a baixar.
E foram baixando, baixando...
E Noé teve uma idéia.
Mandou o pombo
Dar uma volta lá fora
Para ver como estavam as coisas.
Os pombos são ótimos para isso.
Eles sabem ir e voltar dos lugares,
Sem se perder, nem nada.
Por isso é que Noé escolheu o pombo
Para esse trabalho.
O pombo foi e voltou
Com uma folhinha no bico.
E Noé ficou sabendo
Que as terras já estavam aparecendo.
E as águas foram baixando
Mais e mais...
Então a Arca pousou
Sobre um monte.
E todo mundo pôde sair
E todo mundo ficou contente.
E todos se abraçaram
E cantaram.
E Deus pendurou no céu
Um arco colorido,
Todo de listras.
E esse arco queria dizer
Que Deus era amigo dos homens,
E que nunca mais
Ia chover assim na terra.
Você já viu, depois da chuva,
O arco-íris redondinho no céu?
Pois é pra sossegar a gente.
Pra gente nunca mais
Ter medo da chuva
A Arca de Noé
Esta história é muito,
Muito antiga.
Eu li
Num livrão grande do papai,
Que se chama Bíblia.
É a história de um homem chamado Noé.
Um dia, Deus chamou Noé.
E mandou que ele construísse
Um barco bem grande.
Não sei por quê,
Mas todo mundo chama esse barco
De Arca de Noé.
Deus mandou
Que ele pusesse dentro do barco
Um bicho de cada qualidade.
Um bicho, não. Dois.
Um leão e uma leoa...
Um macaco e uma macaca...
Um caititu e uma caititoa...
Quer dizer, caititoa não,
Que eu nem sei se isso existe.
E veio tudo que foi bicho.
Girafa, com um pescoço
Do tamanho de um bonde...
Tinha tigre de bengala.
Papagaio que até fala.
E tinha onça-pintada.
Arara dando risada,
Que era ver uma vitrola!
E um casal de tatu-bola...
Bicho d´água, isso não tinha,
Nem tubarão, nem tainha,
Procurando por abrigo.
Nem peixe-boi nem baleia,
Nem arraia nem lampreia,
Que não corriam perigo...
E zebra, que parece cavalo de pijama...
E pavão, que parece um galo
Fantasiado pra baile de carnaval.
E cobra, jacaré, elefante...
E paca, tatu e cutia também.
E passarinho de todo jeito.
Curió, bem-te-vi, papa capim...
E inseto de todo tamanho.
Formiga, joaninha, louva-a-deus...
Eu acho que Noé
Devia Ter deixado fora
Tudo que é bicho enjoado,
Como pulga, barata r pernilongo,
Que faz fiuuummm no ouvido da gente.
Mas ele não deixou.
Levou tudo que foi bicho.
Tinha peru, tinha pato.
Tinha vespa e carrapato.
Avestruz, carneiro, pinto...
Tinha até ornitorrinco.
Urubu, besouro, burro.
Gafanhoto, grilo, gato.
Tinha abelha, tinha rato...
Quando a bicharada
Estava toda embarcada,
E mais a família do Noé todinha,
Começou a cair uma chuvarada.
Mas não era uma chuvarada
Dessas que caem agora.
Você já viu uma cachoeira?
Pois era igualzinho
A uma cachoeira caindo,
Caindo, que não acabava mais.
Parecia o Rio Amazonas despencando.
E aquela água foi cobrindo tudo, tudo.
Cobriu as terras, cobriu as plantas, cobriu as árvores, cobriu as montanhas.
Só mesmo a Arca de Noé, que boiava em cima das águas, é que não ficou coberta.
E mesmo depois
Que passou a tempestade
Ficou tudo coberto de água.
E passou muito tempo.
Todo mundo estava enjoado
De ficar preso dentro da Arca,
Sem poder sair nem um bocadinho.
Os bichos até começaram a brigar.
Que nem criança,
Que fica muito tempo dentro de casa
E já começa a implicar com os irmãos.
O gato e o rato
Começaram a brigar nesse tempo
E até hoje não fizeram as pazes.
Até que um dia...
Veio vindo um ventinho lá de longe.
E as águas começaram a baixar.
E foram baixando, baixando...
E Noé teve uma idéia.
Mandou o pombo
Dar uma volta lá fora
Para ver como estavam as coisas.
Os pombos são ótimos para isso.
Eles sabem ir e voltar dos lugares,
Sem se perder, nem nada.
Por isso é que Noé escolheu o pombo
Para esse trabalho.
O pombo foi e voltou
Com uma folhinha no bico.
E Noé ficou sabendo
Que as terras já estavam aparecendo.
E as águas foram baixando
Mais e mais...
Então a Arca pousou
Sobre um monte.
E todo mundo pôde sair
E todo mundo ficou contente.
E todos se abraçaram
E cantaram.
E Deus pendurou no céu
Um arco colorido,
Todo de listras.
E esse arco queria dizer
Que Deus era amigo dos homens,
E que nunca mais
Ia chover assim na terra.
Você já viu, depois da chuva,
O arco-íris redondinho no céu?
Pois é pra sossegar a gente.
Pra gente nunca mais
Ter medo da chuva
O HOMEM E A GALINHA--------- RUTH ROCHA
Era uma vez um homem que tinha uma galinha.
Era uma galinha como as outras.
Um dia a galinha botou um ovo de ouro.
O homem ficou contente. Chamou a mulher:
- Olha o ovo que a galinha botou.
A mulher ficou contente: – Vamos ficar ricos!
E a mulher começou a tratar bem da galinha.
Todos os dias a mulher dava mingau para a galinha.
Dava pão-de-ló, dava até sorvete.
E a galinha todos os dias botava um ovo de ouro.
Vai que o marido disse:
- Pra que este luxo todo com a galinha?
Nunca vi galinha comer pão-de-ló…
Muito menos sorvete! Vai que a mulher falou:
- É, mas esta é diferente. Ela bota ovos de ouro!
O marido não quis conversa:
- Acaba com isso, mulher. Galinha come é farelo.
Aí a mulher disse:
- E se ela não botar mais ovos de ouro?
- Bota sim! – o marido respondeu.
A mulher todos os dias dava farelo à galinha.
E a galinha botava um ovo de ouro.
Vai que o marido disse:
- Farelo está muito caro, mulher, um dinheirão!
A galinha pode muito bem comer milho.
- E se ela não botar mais ovos de ouro?
- Bota sim. – respondeu o marido.
Aí a mulher começou a dar milho pra galinha.
E todos os dias a galinha botava um ovo de ouro.
Vai que o marido disse:
- Pra que este luxo de dar milho pra galinha?
Ela que cate o de-comer no quintal!
- E se ela não botar mais ovos de ouro?
- Bota sim – o marido falou.
E a mulher soltou a galinha no quintal.
Ela catava sozinha a comida dela.
Todos os dias a galinha botava um ovo de ouro.
Um dia a galinha encontrou o portão aberto.
Foi embora e não voltou mais.
Dizem, eu não sei, que ela agora está numa boa casa onde tratam dela a pão-de-ló.
Ruth Rocha, Enquanto o mundo pega fogo,2. ed.
Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1984.p.14-9.
Era uma galinha como as outras.
Um dia a galinha botou um ovo de ouro.
O homem ficou contente. Chamou a mulher:
- Olha o ovo que a galinha botou.
A mulher ficou contente: – Vamos ficar ricos!
E a mulher começou a tratar bem da galinha.
Todos os dias a mulher dava mingau para a galinha.
Dava pão-de-ló, dava até sorvete.
E a galinha todos os dias botava um ovo de ouro.
Vai que o marido disse:
- Pra que este luxo todo com a galinha?
Nunca vi galinha comer pão-de-ló…
Muito menos sorvete! Vai que a mulher falou:
- É, mas esta é diferente. Ela bota ovos de ouro!
O marido não quis conversa:
- Acaba com isso, mulher. Galinha come é farelo.
Aí a mulher disse:
- E se ela não botar mais ovos de ouro?
- Bota sim! – o marido respondeu.
A mulher todos os dias dava farelo à galinha.
E a galinha botava um ovo de ouro.
Vai que o marido disse:
- Farelo está muito caro, mulher, um dinheirão!
A galinha pode muito bem comer milho.
- E se ela não botar mais ovos de ouro?
- Bota sim. – respondeu o marido.
Aí a mulher começou a dar milho pra galinha.
E todos os dias a galinha botava um ovo de ouro.
Vai que o marido disse:
- Pra que este luxo de dar milho pra galinha?
Ela que cate o de-comer no quintal!
- E se ela não botar mais ovos de ouro?
- Bota sim – o marido falou.
E a mulher soltou a galinha no quintal.
Ela catava sozinha a comida dela.
Todos os dias a galinha botava um ovo de ouro.
Um dia a galinha encontrou o portão aberto.
Foi embora e não voltou mais.
Dizem, eu não sei, que ela agora está numa boa casa onde tratam dela a pão-de-ló.
Ruth Rocha, Enquanto o mundo pega fogo,2. ed.
Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1984.p.14-9.
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
SOMBRAS ASSUSTADORAS
SOMBRAS ASSUSTADORAS
A coisa aconteceu mais ou menos assim: era aniversário do Marquinho da minha classe e lá fomos nós, um bando de meninos e meninas na sua festa. Comemos, bebemos, pulamos, gritamos, falamos, cantamos... até não poder mais.
Lá pelas tantas, todo mundo cansado de comer, beber, correr, gritar, pular e cantar, fomos sossegando e sentando num sofá marrom, num dos cantos da sala. Marquinho, eu, Rita, Felipe, Marisinha, Tiago e Kikão. Era hora do bate-papo mais próximo, do assunto mais íntimo. Conversamos durante uma boa meia hora. Os assuntos iam e vinham com incrível facilidade e velocidade. Falávamos de jogos, de televisão, de escola, dos irmãos, dos inimigos.
A certa altura da conversa, quando a sala estava quase vazia e só nós conversávamos ali no canto, o assunto que veio foi o medo. Não o medo da professora e da bronca da mãe, nem o medo de apanhar do vizinho maior ou medo de levar bomba na escola. O medo de que começamos a falar era o medo de almas do outro mundo, de cemitérios, de defuntos, de mortos-vivos... De todos nós, Marquinho era o mais quieto e o que menos falava.
- Pô, Marquinho, você está com tanto medo que nem abre a boca?!
Ele mal abriu a boca para explicar:
- É medo, mesmo.
Felipe entrou na conversa.
- Medo de quê, cara? Medo é coisa de mulher!
As meninas, discordando da afirmação, mas também com medo, não abriram a boca, enquanto ele continuava a provocação:
- Medo é coisa de maricas, Marquinho.
Marquinho tentou explicar-se:
- Eu tenho medo mesmo. E não tenho vergonha de dizer. Se você quiser achar que é só mulher que tem medo, problema seu!
- Chiii! Cada homem medroso... parece mulherzinha.
Eu também entrei na conversa.
- Quer dizer que você não tem medo, Felipe?
Ele olhou para mim, com uma cara que eu não entendi se era de gozação ou de medo disfarçado, e respondeu:
- Não tenho, não. Medo passa longe de mim.
O diz-que-diz rolou mais um pouco, com Felipe, provocador, dizendo não ter medo de nada e o resto de nós não acreditando na sua exibição. Foi o próprio aniversariante quem deu a dica para passarmos a limpo nossa discussão.
- Você pode provar para nós que não tem medo?
- Posso.
- Agora?
- Qualquer hora.
- Então vou te fazer uma proposta. Se você provar que não tem medo, eu vou na escola vestido de mulherzinha...
- E se eu não provar?
- Você vai na escola, durante a semana inteira, com uma placa de cartolina, na qual escreveremos “eu sou medroso”. Você topa?
Esfregando as mãos, aparentando satisfação imensa, Felipe respondeu imediatamente:
- Está topado. Topadíssimo! Pode fazer a proposta.
Marquinho pensou por alguns segundos, enquanto todos nós fizemos um silêncio esperançoso.
- Você deverá sair dessa sala, passar pela cozinha, abrir a porta e entrar no salão sem acender as luzes!
O salão ao qual Marquinho fazia referência era o salão que ficava no fundo do quintal da sua casa, onde tinha sido feita a sua festa de aniversário. Era um salão grande, mas separado da casa pelo quintal. Estava tudo escuro.
- Prepare-se, Marquinho. Quero ver você vestido de mulherzinha na escola...
- Não cante vitória antes, Felipe!
- A vitória é para já! Felipe ia saindo quando Marquinho deu-lhe uma última recomendação:
- Só quero que você saiba o seguinte: quando nós mudamos para essa casa, toda a vizinhança dizia que o salão era mal assombrado, que, no escuro, duas sombras humanas ficam vagando lá dentro. Eu não acredito nisso de sombra; eu só escuto vozes gemendo à noite. Mas acho que você não se incomoda com essas coisas, né?!
Eu juro que vi o Felipe atrapalhar-se com um risinho meio nervoso e diminuir levemente seus passos. Seria medo?
Bem... a resposta todos nós ficamos sabendo, menos de um minuto depois que ele saiu pela cozinha e se dirigiu ao salão. E foi uma resposta curta, seca e grossa: um grito bem dado, uma mistura de “ui, iau, uáá”, um berro bem sonoro, bem forte, que saiu de dentro do seu peito, passou pela sua garganta e veio correndo de volta, até a sala onde estávamos. Felipe chegou esbaforindo-se, quase primeiro que seu próprio grito, derramando-se de susto.
- Eu vi... eu vi...
Marquinho, já saboreando a derrota do falso corajoso, perguntou-lhe:
- Viu o quê? E Felipe, sem pose nenhuma, foi explicando:
- Eu vi as sombras...
Marquinho caiu na gargalhada.
- Que sombras: eu inventei isso! Não tem sombra nenhuma.
- Claro que tem! Eu vi!
- Você viu foi o seu medo, Felipe.
- Vamos lá, vocês vão ver... eu mostro...
A esta altura da farra, fomos todos em bando, para o salão de festas ver as tais sombras. E não é que era verdade? Felipe tinha visto sombras assustadoras lá dentro, mas eram sombras das bexigas penduradas no teto, dos enfeites nas paredes e das pás do grande ventilador. Claro, todas essas coisas misturadas pelo vento suave que invadia o salão mais o medo de Felipe fizeram-no ver as sombras mais tenebrosas da sua vida.
A festa terminou assim, com aquele sabor de refrigerantes, sombras assustadoras e esperança de muita brincadeira na semana inteira. Afinal, alguém frequentaria as aulas com a tabuleta “eu sou medroso”.
(Fonte: GARCIA, Edson Gabriel. Meninos e meninas – emoções, sentimentos e descobertas. São Paulo, Edições Loyola, 2002. p.35-38
Que crianças faziam parte da turma?
Motivo do encontro
Local aconteceu o encontro
O que eles fizeram juntos?
) Em que momento da festa surgiu à conversa sobre o medo?
Quais medos que não faziam parte da conversa
,Medos que faziam parte da conversa
) Essa conversa fez algumas crianças sentirem medo. Pensando no momento e no local em que eles estavam conversando, o que pode ter contribuído para que as crianças sentissem medo?
Responda:
a) Por que Marquinhos e Felipe discutiram?
______________________________________________________________________________________________________
b) Quem estava com a razão? Explique sua resposta.
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
c) Num primeiro momento, Felipe estava confiante que venceria a aposta. Copie uma informação do texto que comprove essa afirmativa.
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
d) Que truque Marquinho usou para vencer Felipe?
Em sua opinião, por que Felipe sentiu medo de coisas que não existiam?
A coisa aconteceu mais ou menos assim: era aniversário do Marquinho da minha classe e lá fomos nós, um bando de meninos e meninas na sua festa. Comemos, bebemos, pulamos, gritamos, falamos, cantamos... até não poder mais.
Lá pelas tantas, todo mundo cansado de comer, beber, correr, gritar, pular e cantar, fomos sossegando e sentando num sofá marrom, num dos cantos da sala. Marquinho, eu, Rita, Felipe, Marisinha, Tiago e Kikão. Era hora do bate-papo mais próximo, do assunto mais íntimo. Conversamos durante uma boa meia hora. Os assuntos iam e vinham com incrível facilidade e velocidade. Falávamos de jogos, de televisão, de escola, dos irmãos, dos inimigos.
A certa altura da conversa, quando a sala estava quase vazia e só nós conversávamos ali no canto, o assunto que veio foi o medo. Não o medo da professora e da bronca da mãe, nem o medo de apanhar do vizinho maior ou medo de levar bomba na escola. O medo de que começamos a falar era o medo de almas do outro mundo, de cemitérios, de defuntos, de mortos-vivos... De todos nós, Marquinho era o mais quieto e o que menos falava.
- Pô, Marquinho, você está com tanto medo que nem abre a boca?!
Ele mal abriu a boca para explicar:
- É medo, mesmo.
Felipe entrou na conversa.
- Medo de quê, cara? Medo é coisa de mulher!
As meninas, discordando da afirmação, mas também com medo, não abriram a boca, enquanto ele continuava a provocação:
- Medo é coisa de maricas, Marquinho.
Marquinho tentou explicar-se:
- Eu tenho medo mesmo. E não tenho vergonha de dizer. Se você quiser achar que é só mulher que tem medo, problema seu!
- Chiii! Cada homem medroso... parece mulherzinha.
Eu também entrei na conversa.
- Quer dizer que você não tem medo, Felipe?
Ele olhou para mim, com uma cara que eu não entendi se era de gozação ou de medo disfarçado, e respondeu:
- Não tenho, não. Medo passa longe de mim.
O diz-que-diz rolou mais um pouco, com Felipe, provocador, dizendo não ter medo de nada e o resto de nós não acreditando na sua exibição. Foi o próprio aniversariante quem deu a dica para passarmos a limpo nossa discussão.
- Você pode provar para nós que não tem medo?
- Posso.
- Agora?
- Qualquer hora.
- Então vou te fazer uma proposta. Se você provar que não tem medo, eu vou na escola vestido de mulherzinha...
- E se eu não provar?
- Você vai na escola, durante a semana inteira, com uma placa de cartolina, na qual escreveremos “eu sou medroso”. Você topa?
Esfregando as mãos, aparentando satisfação imensa, Felipe respondeu imediatamente:
- Está topado. Topadíssimo! Pode fazer a proposta.
Marquinho pensou por alguns segundos, enquanto todos nós fizemos um silêncio esperançoso.
- Você deverá sair dessa sala, passar pela cozinha, abrir a porta e entrar no salão sem acender as luzes!
O salão ao qual Marquinho fazia referência era o salão que ficava no fundo do quintal da sua casa, onde tinha sido feita a sua festa de aniversário. Era um salão grande, mas separado da casa pelo quintal. Estava tudo escuro.
- Prepare-se, Marquinho. Quero ver você vestido de mulherzinha na escola...
- Não cante vitória antes, Felipe!
- A vitória é para já! Felipe ia saindo quando Marquinho deu-lhe uma última recomendação:
- Só quero que você saiba o seguinte: quando nós mudamos para essa casa, toda a vizinhança dizia que o salão era mal assombrado, que, no escuro, duas sombras humanas ficam vagando lá dentro. Eu não acredito nisso de sombra; eu só escuto vozes gemendo à noite. Mas acho que você não se incomoda com essas coisas, né?!
Eu juro que vi o Felipe atrapalhar-se com um risinho meio nervoso e diminuir levemente seus passos. Seria medo?
Bem... a resposta todos nós ficamos sabendo, menos de um minuto depois que ele saiu pela cozinha e se dirigiu ao salão. E foi uma resposta curta, seca e grossa: um grito bem dado, uma mistura de “ui, iau, uáá”, um berro bem sonoro, bem forte, que saiu de dentro do seu peito, passou pela sua garganta e veio correndo de volta, até a sala onde estávamos. Felipe chegou esbaforindo-se, quase primeiro que seu próprio grito, derramando-se de susto.
- Eu vi... eu vi...
Marquinho, já saboreando a derrota do falso corajoso, perguntou-lhe:
- Viu o quê? E Felipe, sem pose nenhuma, foi explicando:
- Eu vi as sombras...
Marquinho caiu na gargalhada.
- Que sombras: eu inventei isso! Não tem sombra nenhuma.
- Claro que tem! Eu vi!
- Você viu foi o seu medo, Felipe.
- Vamos lá, vocês vão ver... eu mostro...
A esta altura da farra, fomos todos em bando, para o salão de festas ver as tais sombras. E não é que era verdade? Felipe tinha visto sombras assustadoras lá dentro, mas eram sombras das bexigas penduradas no teto, dos enfeites nas paredes e das pás do grande ventilador. Claro, todas essas coisas misturadas pelo vento suave que invadia o salão mais o medo de Felipe fizeram-no ver as sombras mais tenebrosas da sua vida.
A festa terminou assim, com aquele sabor de refrigerantes, sombras assustadoras e esperança de muita brincadeira na semana inteira. Afinal, alguém frequentaria as aulas com a tabuleta “eu sou medroso”.
(Fonte: GARCIA, Edson Gabriel. Meninos e meninas – emoções, sentimentos e descobertas. São Paulo, Edições Loyola, 2002. p.35-38
Que crianças faziam parte da turma?
Motivo do encontro
Local aconteceu o encontro
O que eles fizeram juntos?
) Em que momento da festa surgiu à conversa sobre o medo?
Quais medos que não faziam parte da conversa
,Medos que faziam parte da conversa
) Essa conversa fez algumas crianças sentirem medo. Pensando no momento e no local em que eles estavam conversando, o que pode ter contribuído para que as crianças sentissem medo?
Responda:
a) Por que Marquinhos e Felipe discutiram?
______________________________________________________________________________________________________
b) Quem estava com a razão? Explique sua resposta.
________________________________________________________________________________
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c) Num primeiro momento, Felipe estava confiante que venceria a aposta. Copie uma informação do texto que comprove essa afirmativa.
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
d) Que truque Marquinho usou para vencer Felipe?
Em sua opinião, por que Felipe sentiu medo de coisas que não existiam?
quarta-feira, 30 de novembro de 2011
A MULA-SEM-CABEÇA
A MULA-SEM-CABEÇA
___ Onde houver um pequeno ajuntamento de casas rodeando uma igreja , com noites silenciosas e escuras , haverá casos de aparição da Mula-sem-Cabeça.
Dizem que é uma mulher que namorou um padre e , por isso , foi castigada.Toda passagem da noite de quinta para sexta-feira , ela vai até uma encruzilhada e ali acontece o encantamento.Depois , tem que percorrer sete freguesias ao longo daquela noite.(Freguesias eram pequenos povoados , no Brasil de antigamente.)
Mas veja que estranho: “Mula-sem-Cabeça” é só o nome desse mito.Na verdade , de acordo com a história que o povo conta , ela aparece como um animal inteiro , forte , lançando fogo pelas narinas e pela boca , onde tem freios de ferro.Nas noites de cumprir sua punição, ouve-se o seu galope violento , acompanhado de longos relinchos.Em alguns momentos , soluça como uma pessoa quando chora. Ninguém põe o pé fora de casa nessas noites.
Se alguém , bastante corajoso , tirar os freios de sua boca , o encanto se quebrará , e a Mula-sem-Cabeça voltará a ser gente , livre para sempre da maldição que a castiga.
Marcelo Xavier
___ Onde houver um pequeno ajuntamento de casas rodeando uma igreja , com noites silenciosas e escuras , haverá casos de aparição da Mula-sem-Cabeça.
Dizem que é uma mulher que namorou um padre e , por isso , foi castigada.Toda passagem da noite de quinta para sexta-feira , ela vai até uma encruzilhada e ali acontece o encantamento.Depois , tem que percorrer sete freguesias ao longo daquela noite.(Freguesias eram pequenos povoados , no Brasil de antigamente.)
Mas veja que estranho: “Mula-sem-Cabeça” é só o nome desse mito.Na verdade , de acordo com a história que o povo conta , ela aparece como um animal inteiro , forte , lançando fogo pelas narinas e pela boca , onde tem freios de ferro.Nas noites de cumprir sua punição, ouve-se o seu galope violento , acompanhado de longos relinchos.Em alguns momentos , soluça como uma pessoa quando chora. Ninguém põe o pé fora de casa nessas noites.
Se alguém , bastante corajoso , tirar os freios de sua boca , o encanto se quebrará , e a Mula-sem-Cabeça voltará a ser gente , livre para sempre da maldição que a castiga.
Marcelo Xavier
As bruxas de pano Mário Quintana
As bruxas de pano
Mário Quintana
As bruxas de pano
Tão maternalmente embaladas
Pelas menininhas pobres
São muito mais belas
Do que as bonecas suntuosas como princesas__
Orgulho das vitrinas...
Essas humildes bruxas de pano.
Com seus olhinhos de conta,
Suas bocas tão mal desenhadas à tinta,
São muito mais belas porque mais amadas!
Mário Quintana
As bruxas de pano
Tão maternalmente embaladas
Pelas menininhas pobres
São muito mais belas
Do que as bonecas suntuosas como princesas__
Orgulho das vitrinas...
Essas humildes bruxas de pano.
Com seus olhinhos de conta,
Suas bocas tão mal desenhadas à tinta,
São muito mais belas porque mais amadas!
PESCARIA José Paulo Paes
PESCARIA
Um homem
Que se preocupava demais
Com as coisas sem importância
Acabou ficando com a cabeça cheia de minhocas.
Um amigo lhe deu então a idéia
De usar as minhocas
Numa pescaria
Para se distrair das preocupações .
O homem se distraiu tanto
Pescando
Que sua cabeça ficou leve
Como um balão
E foi subindo pelo ar
Até sumir nas nuvens.
Onde será que foi parar?
Não sei
Nem quero me preocupar com isso.
Vou mais é pescar.
José Paulo Paes
Um homem
Que se preocupava demais
Com as coisas sem importância
Acabou ficando com a cabeça cheia de minhocas.
Um amigo lhe deu então a idéia
De usar as minhocas
Numa pescaria
Para se distrair das preocupações .
O homem se distraiu tanto
Pescando
Que sua cabeça ficou leve
Como um balão
E foi subindo pelo ar
Até sumir nas nuvens.
Onde será que foi parar?
Não sei
Nem quero me preocupar com isso.
Vou mais é pescar.
José Paulo Paes
terça-feira, 29 de novembro de 2011
O Leão e o ratinho O Leão e o camundongo.
Texto 1
O Leão e o ratinho
Um leão esta dormindo e acordo com as cócegas que um ratinho lhe fazia ao correr no seu focinho. Com terrível rugido, o leão agarrou o importuno e ia devorá-lo, quando o ratinho disse:
_ Por favor, poupe minha vida! Eu saberei retribuir a sua generosidade!
O rei dos animais achou graça da pretensão do insignificante ratinho. Como é que um camundongo tão pequeno poderia fazer alguma coisa em favor de uma fera tão poderosa? Achou tanta graça que soltou o infeliz.
Tempos depois, o leão caiu numa rede Armanda pelos caçadores e ali se debatia quando chegou o ratinho, atraído pelos rugidos.
_ Espere um pouco! Disse o ratinho.
E, roendo as malhas da rede, libertou o leão.
“Na hora do perigo, os fracos podem ajudar os fortes.”
(Fábulas de Esopo)
Texto 2
Um camundongo humilde e pobre
Foi um dia cair nas garras de um leão
E esse animal possante e nobre
Não o matou por compaixão.
Ora, tempo depois, passeando descuidoso,
Numa armadilha o leão caiu:
Urrou de raiva e dor, estorceu-se furioso...
Com todo o seu vigor as cordas não partiu.
Então, o mesmo fraco e pequenino rato
Chegou: viu a aflição do robusto animal,
E, não querendo ser ingrato,
Tanto as cordas roeu, que as partiu afinal...
Vede bem: um favor, feito aos que estão sofrendo
Pode sempre trazer em paga outro favor.
E o mais forte de nós, do orgulho se esquecendo
Deve os fracos tratar com caridade e amor.
(Olavo Bilac)
INTERPRETAÇÃO DO TEXTO O LEÃO E O RATINHO - SÉRIE _______
ESCOLA ______________________________________________________________
NOME _____________________________ Nº __________ VALOR ____ PONTOS
1) Relacione as palavras ao seu significado de acordo com o texto:
“O leão e o camundongo”
(a) importuno ( ) sem importância, sem valor.
(b) generosidade ( ) bondade, gentileza
( c) pretensão ( ) que aborrece com insistência, impertinente.
(d) insignificante ( ) vontade ambiciosa, aspiração infundada
(e) possante ( ) piedade, dó, pena
(f) compaixão ( ) grande, majestoso, forte,
2) Leia atentamente o texto e encontre um significado para as palavras abaixo:
a) imprudência _________________________________________________________
b) súplica ______________________________________________________________
c) desprezo _____________________________________________________________
d) gratidão _____________________________________________________________
3) Numere, estabelecendo a relação entre a atitude e o fato que a exemplifica .
(a) imprudência ( ) Um ratinho corria no focinho do leão. Fazendo-lhe cócegas.
(b) súplica ( ) “Tanto as cordas roeu, que as partiu afinal...”
( c) desprezo ( ) Como é que um camundongo tão pequeno poderia
fazer alguma coisa em favor de uma fera tão poderosa?
(d) gratidão ( ) O leão passeava distraído pela floresta.
( ) Deixa-me viver!
4) Descreva as características físicas do:
a) Leão __________________________________________________________________________________________________________________________________________
b) Ratinho ___________________________________________________________________
5) Por que o leão soltou o ratinho, no texto de Esopo ( texto l)?
_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
6) Por que o leão não matou o camundongo, no texto recontado por Olavo Bilac?
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
7) Explique a frase:
“ Eu saberei retribuir a sua generosidade”
______________________________________________________________________________________________________________________________________________________
8) A situação apresentada por Esopo pode ser aplicada só aos animais? Por que?
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
9) Que tipo de pessoas podem estar sendo representadas através das atitudes do leão e do rato? ___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
10_) Como se chamam as narrativas que no final apresentam uma “moral da história?
________________________________________________________________________________
ll) Você acha verdadeira a afirmação de que “na hora do perigo, os fracos podem ajudar os fortes”? Por quê? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
12) Procure dar exemplos de situações em que os fracos podem ajudar os fortes.
_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
O Leão e o ratinho
Um leão esta dormindo e acordo com as cócegas que um ratinho lhe fazia ao correr no seu focinho. Com terrível rugido, o leão agarrou o importuno e ia devorá-lo, quando o ratinho disse:
_ Por favor, poupe minha vida! Eu saberei retribuir a sua generosidade!
O rei dos animais achou graça da pretensão do insignificante ratinho. Como é que um camundongo tão pequeno poderia fazer alguma coisa em favor de uma fera tão poderosa? Achou tanta graça que soltou o infeliz.
Tempos depois, o leão caiu numa rede Armanda pelos caçadores e ali se debatia quando chegou o ratinho, atraído pelos rugidos.
_ Espere um pouco! Disse o ratinho.
E, roendo as malhas da rede, libertou o leão.
“Na hora do perigo, os fracos podem ajudar os fortes.”
(Fábulas de Esopo)
Texto 2
Um camundongo humilde e pobre
Foi um dia cair nas garras de um leão
E esse animal possante e nobre
Não o matou por compaixão.
Ora, tempo depois, passeando descuidoso,
Numa armadilha o leão caiu:
Urrou de raiva e dor, estorceu-se furioso...
Com todo o seu vigor as cordas não partiu.
Então, o mesmo fraco e pequenino rato
Chegou: viu a aflição do robusto animal,
E, não querendo ser ingrato,
Tanto as cordas roeu, que as partiu afinal...
Vede bem: um favor, feito aos que estão sofrendo
Pode sempre trazer em paga outro favor.
E o mais forte de nós, do orgulho se esquecendo
Deve os fracos tratar com caridade e amor.
(Olavo Bilac)
INTERPRETAÇÃO DO TEXTO O LEÃO E O RATINHO - SÉRIE _______
ESCOLA ______________________________________________________________
NOME _____________________________ Nº __________ VALOR ____ PONTOS
1) Relacione as palavras ao seu significado de acordo com o texto:
“O leão e o camundongo”
(a) importuno ( ) sem importância, sem valor.
(b) generosidade ( ) bondade, gentileza
( c) pretensão ( ) que aborrece com insistência, impertinente.
(d) insignificante ( ) vontade ambiciosa, aspiração infundada
(e) possante ( ) piedade, dó, pena
(f) compaixão ( ) grande, majestoso, forte,
2) Leia atentamente o texto e encontre um significado para as palavras abaixo:
a) imprudência _________________________________________________________
b) súplica ______________________________________________________________
c) desprezo _____________________________________________________________
d) gratidão _____________________________________________________________
3) Numere, estabelecendo a relação entre a atitude e o fato que a exemplifica .
(a) imprudência ( ) Um ratinho corria no focinho do leão. Fazendo-lhe cócegas.
(b) súplica ( ) “Tanto as cordas roeu, que as partiu afinal...”
( c) desprezo ( ) Como é que um camundongo tão pequeno poderia
fazer alguma coisa em favor de uma fera tão poderosa?
(d) gratidão ( ) O leão passeava distraído pela floresta.
( ) Deixa-me viver!
4) Descreva as características físicas do:
a) Leão __________________________________________________________________________________________________________________________________________
b) Ratinho ___________________________________________________________________
5) Por que o leão soltou o ratinho, no texto de Esopo ( texto l)?
_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
6) Por que o leão não matou o camundongo, no texto recontado por Olavo Bilac?
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
7) Explique a frase:
“ Eu saberei retribuir a sua generosidade”
______________________________________________________________________________________________________________________________________________________
8) A situação apresentada por Esopo pode ser aplicada só aos animais? Por que?
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
9) Que tipo de pessoas podem estar sendo representadas através das atitudes do leão e do rato? ___________________________________________________________________________
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10_) Como se chamam as narrativas que no final apresentam uma “moral da história?
________________________________________________________________________________
ll) Você acha verdadeira a afirmação de que “na hora do perigo, os fracos podem ajudar os fortes”? Por quê? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
12) Procure dar exemplos de situações em que os fracos podem ajudar os fortes.
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