"A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo. (Nelson Mandela) "

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

TEXTO REFLEXIVO PARA REUNIÃO DE PAIS OU PROFESSORES

A ESCOLA DOS MEUS SONHOS
Frei Betto
Na escola dos meus sonhos, os alunos aprendem a cozinhar, costurar, consertar eletrodomésticos, a fazer pequenos reparos de eletricidade e de instalações hidráulicas, a conhecer mecânica de automóvel e de geladeira e algo de construção civil. Trabalham em horta, marcenaria e oficinas de escultura, desenho, pintura e música. Cantam no coro e tocam na orquestra. Uma semana ao ano integram-se, na cidade, ao trabalho de lixeiros, enfermeiras, carteiros, guardas de trânsito, policiais, repórteres, feirantes e cozinheiros profissionais. Assim aprendem como a cidade se articula por baixo, mergulhando em suas conexões que, à superfície, nos asseguram limpeza urbana, socorro de saúde, segurança, informação e alimentação.
Não há temas tabus. Todas as situações-limite da vida são tratadas com abertura e profundidade: dor, perda, falência, parto, morte, enfermidade, sexualidade e espiritualidade. Ali os alunos aprendem o texto dentro do contexto: a Matemática busca exemplos na corrupção dos precatórios e nos leilões das privatizações; o Português, na fala dos apresentadores de TV e nos textos de jornais; a Geografia, nos suplementos de turismo e nos conflitos internacionais; a Física, nas corridas de Fórmula-1 e nas pesquisas do supertelescópio Huble; a Química, na qualidade dos cosméticos e na culinária; a História, na violência de policiais contra cidadãos, para mostrar os
antecedentes na relação colonizadores - índios, senhores - escravos, Exército - Canudos, etc.
Na escola dos meus sonhos, a interdisciplinaridade permite que os professores de Biologia e de Educação Física se complementem; a multidisciplinaridade faz com que a História do livro seja estudada a partir da análise de textos bíblicos; a transdisciplinaridade introduz aulas de meditação e dança e associa a história da arte à história das ideologias e das expressões litúrgicas. Se a escola for laica, o ensino religioso é plural: o rabino fala do judaísmo, o pai-de-santo, do candomblé; o padre, do catolicismo; o médium, do espiritismo; o pastor, do protestantismo; o guru, do budismo, etc. Se for católica, há periódicos retiros espirituais e adequação do currículo ao calendário litúrgico da Igreja. Na escola dos meus sonhos, os professores são obrigados a fazer periódicos treinamentos e cursos de capacitação e só são admitidos se, além da competência, comungam os princípios fundamentais da proposta pedagógica e didática. Porque é uma escola com ideologia, visão de mundo e perfil definido do que sejam democracia e cidadania. Essa escola não forma consumidores, mas cidadãos.
Ela não briga com a TV, mas leva-a para a sala de aula: são exibidos vídeos de anúncios e programas e, em seguida, analisados criticamente. A publicidade do iogurte é debatida; o produto adquirido; sua química, analisada e comparada com a fórmula declarada pelo fabricante; as incompatibilidades denunciadas, bem como os fatores porventura nocivos à saúde. O programa de auditório de domingo é destrinchado: a proposta de vida subjacente, a visão de felicidade, a relação animador-platéia, os tabus e preconceitos reforçados, etc. Em suma, não se fecham os olhos à realidade, muda-se a ótica de encará-la. Há uma integração entre escola, família e sociedade. A Política, com P maiúsculo, é disciplina obrigatória. As eleições para o grêmio ou diretório estudantil são levadas a sério e, um mês por ano, setores não vitais da instituição são administrados pelos próprios alunos. Os políticos e candidatos são convidados para debates e seus discursos analisados e comparados às suas práticas.
Não há provas baseadas no prodígio da memória nem na sorte da múltipla escolha. Como fazia meu velho mestre Geraldo França de Lima, professor de História (hoje romancista e membro da Academia Brasileira de Letras), no dia da prova sobre a Independência do Brasil, os alunos traziam para a classe a bibliografia pertinente e, dadas as questões, consultavam os textos, aprendendo a pesquisar. Não há coincidência entre o calendário gregoriano e o curricular. João pode cursar a 5ª série em seis meses ou em seis anos, dependendo de sua disponibilidade, aptidão e seus recursos. É mais importante educar do que instruir; formar pessoas que profissionais; ensinar a mudar o mundo que ascender à elite. Dentro de uma concepção holística, ali a ecologia vai do meio ambiente aos cuidados com nossa unidade corpo-espírito e o enfoque curricular estabelece conexões com o noticiário da mídia.
Na escola dos meus sonhos, os professores são bem pagos e não precisam pular de colégio em colégio para se poderem manter. Pois é a escola de uma sociedade em que educação não é privilégio, mas direito universal, e o acesso a ela, dever obrigatório.


sábado, 9 de agosto de 2014

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: REPENSANDO O ENSINO DA LÍNGUA ESCRITA

Alfabetização e Letramento: Repensando o Ensino da Língua Escrita
Silvia M. Gasparian ColelloFEUSPsilvia.colello@uol.com.br
Se, no início da década de 80, os estudos acerca da psicogênese da língua escrita trouxeram aos educadores o entendimento de que a alfabetização, longe de ser a apropriação de um código, envolve um complexo processo de elaboração de hipóteses sobre a representação linguística; os anos que se seguiram, com a emergência dos estudos sobre o letramento [i] , foram igualmente férteis na compreensão da dimensão sócio-cultural da língua escrita e de seu aprendizado. Em estreita sintonia, ambos os movimentos, nas suas vertentes teórico-conceituais, romperam definitivamente com a segregação dicotômica entre o sujeito que aprende e o professor que ensina. Romperam também com o reducionismo que delimitava a sala de aula como o único espaço de aprendizagem.
Reforçando os princípios antes propalados por Vygotsky e Piaget, a aprendizagem se processa em uma relação interativa entre o sujeito e a cultura em que vive. Isso quer dizer que, ao lado dos processos cognitivos de elaboração absolutamente pessoal (ninguém aprende pelo outro), há um contexto que, não só fornece informações específicas ao aprendiz, como também motiva, dá sentido e “concretude” ao aprendido, e ainda condiciona suas possibilidades efetivas de aplicação e uso nas situações vividas. Entre o homem e o saberes próprios de sua cultura, há que se valorizar os inúmeros agentes mediadores da aprendizagem (não só o professor, nem só a escola, embora estes sejam agentes privilegiados pela sistemática pedagogicamente planejada, objetivos e intencionalidade assumida).
O objetivo do presente artigo é apresentar o impacto dos estudos sobre o letramento para as práticas alfabetizadoras.  
Capitaneada pelas publicações de Angela Kleiman, (95) Magda Soares (95, 98) e Tfouni (95), a concepção de letramento contribuiu para redimensionar a compreensão que hoje temos sobre: a) as dimensões do aprender a ler e a escrever; b) o desafio de ensinar a ler e a escrever; c) o significado do aprender a ler e a escrever, c) o quadro da sociedade leitora no Brasil d) os motivos pelos quais tantos deixam de aprender a ler e a escrever, e e) as próprias perspectivas das pesquisas sobre letramento.

As dimensões do aprender a ler e a escrever

Durante muito tempo a alfabetização foi entendida como mera sistematização do “B + A = BA”, isto é, como a aquisição de um código fundado na relação entre fonemas e grafemas. Em uma sociedade constituída em grande parte por analfabetos e marcada por reduzidas práticas de leitura e escrita, a simples consciência fonológica que permitia aos sujeitos associar sons e letras para produzir/interpretar palavras (ou frases curtas) parecia ser suficiente para diferenciar o alfabetizado do analfabeto.
Com o tempo, a superação do analfabetismo em massa e a crescente complexidade de nossas sociedades fazem surgir maiores e mais variadas práticas de uso da língua escrita. Tão fortes são os apelos que o mundo letrado exerce sobre as pessoas que já não lhes basta a capacidade de desenhar letras ou decifrar o código da leitura. Seguindo a mesma trajetória dos países desenvolvidos, o final do século XX impôs a praticamente todos os povos a exigência da língua escrita não mais como meta de conhecimento desejável, mas como verdadeira condição para a sobrevivência e a conquista da cidadania. Foi no contexto das grandes transformações culturais, sociais, políticas, econômicas e tecnológicas que o termo “letramento” surgiu [ii] , ampliando o sentido do que tradicionalmente se conhecia por alfabetização (Soares, 2003).
Hoje, tão importante quanto conhecer o funcionamento do sistema de escrita é poder se engajar em práticas sociais letradas, respondendo aos inevitáveis apelos de uma cultura grafocêntrica. Assim,
Enquanto a alfabetização se ocupa da aquisição da escrita por um indivíduo, ou grupo de indivíduos, o letramento focaliza os aspectos sócio-históricos da aquisição de uma sociedade (Tfouni, 1995, p. 20).
Com a mesma preocupação em diferenciar as práticas escolares de ensino da língua escrita e a dimensão social das várias manifestações escritas em cada comunidade, Kleiman, apoiada nos estudos de Scribner e Cole, define o letramento como
… um conjunto de práticas sociais que usam a escrita, enquanto sistema simbólico e enquanto tecnologia, em contextos específicos. As práticas específicas da escola, que forneciam o parâmetro de  prática social segundo a qual o letramento era definido, e segundo a qual os sujeitos eram classificados ao longo da dicotomia alfabetizado ou não-alfabetizado, passam a ser, em função dessa definição, apenas um tipo de prática – de fato, dominante – que desenvolve alguns tipos de habilidades mas não outros, e que determina uma forma de utilizar o conhecimento sobre a escrita. (1995, p. 19)
Mais do que expor a oposição entre os conceitos de “alfabetização” e “letramento”, Soares valoriza o impacto qualitativo que este conjunto de práticas sociais representa para o sujeito, extrapolando a dimensão técnica e instrumental do puro domínio do sistema de escrita:
Alfabetização é o processo pelo qual se adquire o domínio de um código e das habilidades de utilizá-lo para ler e escrever, ou seja: o domínio da tecnologia – do conjunto de técnicas – para exercer a arte e ciência da escrita. Ao exercício efetivo e competente da tecnologia da escrita denomina-se Letramento que implica habilidades várias, tais como: capacidade de ler ou escrever para atingir diferentes objetivos (In Ribeiro, 2003, p. 91).
Ao permitir que o sujeito interprete, divirta-se, seduza, sistematize, confronte, induza, documente, informe, oriente-se, reivindique, e garanta a sua memória, o efetivo uso da escrita garante-lhe uma condição diferenciada na sua relação com o mundo, um estado não necessariamente conquistado por aquele que apenas domina o código (Soares, 1998). Por isso, aprender a ler e a escrever implica não apenas o conhecimento das letras e do modo de decodificá-las (ou de associá-las), mas a possibilidade de usar esse conhecimento em benefício de formas de expressão e comunicação, possíveis, reconhecidas, necessárias e legítimas em um determinado contexto cultural. Em função disso,
Talvez a diretriz pedagógica mais importante no trabalho (…dos professores), tanto na pré-escola quanto no ensino médio, seja a utilização da escrita verdadeira [iii] nas diversas atividades pedagógicas, isto é, a utilização da escrita, em sala, correspondendo às formas pelas quais ela é utilizada verdadeiramente nas práticas sociais. Nesta perspectiva, assume-se que o ponto de partida e de chegada do processo de alfabetização escolar é o texto: trecho falado ou escrito, caracterizado pela unidade de sentido que se estabelece numa determinada situação discursiva. (Leite, p. 25)

O desafio de ensinar a ler e a escrever

Partindo da concepção da língua escrita como sistema formal (de regras, convenções e normas de funcionamento) que se legitima pela possibilidade de uso efetivo nas mais diversas situações e para diferentes fins, somos levados a admitir o paradoxo inerente à própria língua: por um lado, uma estrutura suficientemente fechada que não admite transgressões sob pena de perder a dupla condição de inteligibilidade e comunicação; por outro, um recurso suficientemente aberto que permite dizer tudo, isto é, um sistema permanentemente disponível ao poder humano de criação (Geraldi, 93).
Como conciliar essas duas vertentes da língua em um único sistema de ensino? Na análise dessa questão, dois embates merecem destaque: o conceitual e o ideológico.
1) O embate conceitual
Tendo em vista a independência e a interdependência entre alfabetização e letramento (processos paralelos [iv] , simultâneos ou não [v] , mas que indiscutivelmente se complementam), alguns autores contestam a distinção de ambos os conceitos, defendendo um único e indissociável processo de aprendizagem (incluindo a compreensão do sistema e sua possibilidade de uso). Em uma concepção progressista de “alfabetização” (nascida em oposição às práticas tradicionais, a partir dos estudos psicogenéticos dos anos 80), o processo de alfabetização incorpora a experiência do letramento e este não passa de uma redundância em função de como o ensino da língua escrita já é concebido. Questionada formalmente sobre a “novidade conceitual” da palavra “letramento”, Emilia Ferreiro explicita assim a sua rejeição ao uso do termo:
Há algum tempo, descobriram no Brasil que se poderia usar a expressão letramento. E o que aconteceu com a alfabetização? Virou sinônimo de decodificação. Letramento passou a ser o estar em contato com distintos tipos de texto, o compreender o que se lê. Isso é um retrocesso. Eu me nego a aceitar um período de decodificação prévio àquele em que se passa a perceber a função social do texto. Acreditar nisso é dar razão à velha consciência fonológica. (2003, p. 30)
Note-se, contudo, que a oposição da referida autora circunscreve-se estritamente ao perigo da dissociação entre o aprender a escrever e o usar a escrita (“retrocesso” porque representa a volta da tradicional compreensão instrumental da escrita). Como árdua defensora de práticas pedagógicas contextualizadas e signifcativas para o sujeito, o trabalho de Emília Ferreiro, tal como o dos estudiosos do letramento, apela para o resgate das efetivas práticas sociais de língua escrita o que faz da oposição entre eles um mero embate conceitual.
Tomando os dois extremos como ênfases nefastas à aprendizagem da língua escrita (priorizando a aprendizagem do sistema ou privilegiando apenas as práticas sociais de aproximação do aluno com os textos), Soares defende a complementaridade e o equilíbrio entre ambos e chama a atenção para o valor da distinção terminológica:
Porque alfabetização e letramento são conceitos freqüentemente confundidos ou sobrepostos, é importante distingui-los, ao mesmo tempo que é importante também aproximá-los: a distinção é necessária porque a introdução, no campo da educação, do conceito de letramento tem ameaçado perigosamente a especificidade do processo  de alfabetização; por outro lado, a aproximação é necessária porque  não só o processo de alfabetização, embora distinto e específico, altera-se e reconfigura-se no quadro  do conceito de letramento, como também este é dependente daquele. (2003, p. 90)
Assim como a autora, é preciso reconhecer o mérito teórico e conceitual de ambos os termos. Balizando o movimento pendular das propostas pedagógicas (não raro transformadas em modismos banais e mal assimilados), a compreensão que hoje temos do fenômeno do letramento presta-se tanto para banir definitivamente as práticas mecânicas de ensino instrumental, como para se repensar na especificidade da alfabetização. Na ambivalência dessa revolução conceitual, encontra-se o desafio dos educadores em face do ensino da língua escria: o alfabetizar letrando.
2) O embate ideológico
Mais severo do que o embate conceitual, a oposição entre os dois modelos descritos por Street (1984) [vi] representa um posicionamento radicalmente diferente, tanto no que diz respeito às concepções implícita ou explicitamente assumidas quanto no que tange à pratica pedagógica por elas sustentadas.
O “Modelo Autônomo”, predominante em nossa sociedade, parte do princípio de que, independentemente do contexto de produção, a língua tem uma autonomia (resultado de uma lógica intrínseca) que só pode ser apreendida por um processo único, normalmente associado ao sucesso e desenvolvimento próprios de grupos “mais civilizados”.
Contagiada pela concepção de que o uso da escrita só é legitimo se atrelada ao padrão elitista da “norma culta” e que esta, por sua vez, pressupõe a compreensão de um inflexível funcionamento lingüístico, a escola tradicional sempre pautou o ensino pela progressão ordenada de conhecimentos: aprender a falar a língua dominante, assimilar as normas do sistema de escrita para, um dia (talvez nunca) fazer uso desse sistema em formas de manifestação previsíveis e valorizadas pela sociedade. Em síntese, uma prática reducionista pelo viés lingüístico e autoritária pelo significado político; uma metodologia etnocêntrica que, pela desconsideração do aluno, mais se presta a alimentar o quadro do fracasso escolar.
Em oposição, o “Modelo Ideológico” admite a pluralidade das práticas letradas, valorizando o seu significado cultural e contexto de produção. Rompendo definitivamente com a divisão entre o “momento de aprender” e o “momento de fazer uso da aprendizagem”, os estudos lingüísticos propõem a articulação dinâmica e reversível [vii] entre “descobrir a escrita” (conhecimento de suas funções e formas de manifestação), “aprender a escrita” (compreensão das regras e modos de funcionamento) e “usar a escrita” (cultivo de suas práticas a partir de um referencial culturalmente significativo para o sujeito). O esquema abaixo pretende ilustrar a integração das várias dimensões do aprender a ler e escrever no processo de alfabetizar letrando:

                                      

  

O significado do aprender a ler e a escrever

Ao permitir que as pessoas cultivem os hábitos de leitura e escrita e respondam aos apelos da cultura grafocêntrica, podendo inserir-se criticamente na sociedade, a aprendizagem da língua escrita deixa de ser uma questão estritamente pedagógica para alçar-se à esfera política, evidentemente pelo que representa o investimento na formação humana. Nas palavras de Emilia Ferreiro,
A escrita é importante na escola, porque é importante fora dela e não o contrário. (2001)
Retomando a tese defendida por Paulo Freire, os estudos sobre o letramento reconfiguraram a conotação política de uma conquista – a alfabetização – que não necessariamente se coloca a serviço da libertação humana. Muito pelo contrário, a história do ensino no Brasil, a despeito de eventuais boas intenções e das “ilhas de excelência”, tem deixado rastros de um índice sempre inaceitável de analfabetismo agravado pelo quadro nacional de baixo letramento.

O quadro da sociedade leitora no Brasil

Do mesmo modo como transformaram as concepções de língua escrita, redimensionaram as diretrizes para a alfabetização e ampliaram a reflexão sobre o significado dessa aprendizagem, os estudos sobre o letramento obrigam-nos a reconfigurar o quadro da sociedade leitora no Brasil. Ao lado do índice nacional de 16.295.000 analfabetos no país (IBGE, 2003), importa considerar um contingente de indivíduos que, embora formalmente alfabetizados, são incapazes de ler textos longos, localizar ou relacionar suas informações.
Dados do Instituto Nacional de Estatística e Pesquisa em Educação (INEP) indicam que os índices alcançados pela maioria dos alunos de 4ª série do Ensino Fundamental não ultrapassam os níveis “crítico” e “muito crítico”.  Isso quer dizer que mesmo para as crianças que têm acesso à escola e que nela permanecem por mais de 3 anos, não há garantia de acesso autônomo às praticas sociais de leitura e escrita (Colello, 2003, Colello e Silva, 2003). Que escola é essa que não ensina a escrever?
Independentemente do vínculo escolar, essa mesma tendência parece confirmar-se pelo “Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional” (INAF), uma pesquisa realizada por amostragem representativa da população brasileira de jovens e adultos (de 15 a 64 anos de idade) [viii] : entre os 2000 entrevistados, 1475  eram analfabetos ou tinham pouca autonomia para ler ou escrever, e apenas 525 puderam ser considerados efetivos usuários da língua escrita. Indiscutivelmente, uma triste realidade!

Os motivos pelos quais tantos deixam de aprender a ler e a escrever

Por que será que tantas crianças e jovens deixam de aprender a ler e a escrever? Por que é tão difícil integrar-se de modo competente nas práticas sociais de leitura e escrita?
Se descartássemos as explicações mais simplistas (verdadeiros mitos da educação) que culpam o aluno pelo fracasso escolar; se admitíssemos que os chamados “problemas de aprendizagem” se explicam muito mais pelas relações estabelecidas na dinâmica da vida estudantil; se o desafio do ensino pudesse ser enfrentado a partir da necessidade de compreender o aluno para com ele estabelecer uma relação dialógica, significativa e compromissada com a construção do conhecimento; se as práticas pedagógicas pudessem transformar as iniciativas meramente instrucionais em intervenções educativas; talvez fosse possível compreender melhor o significado e a verdadeira extensão da não aprendizagem e do quadro de analfabetismo no Brasil.
Nesse sentido, os estudos sobre o letramento se prestam à fundamentação de pelo menos três hipóteses não excludentes para explicar o fracasso no ensino da língua escrita. Na mesma linha de argumentação dos educadores que evidenciaram os efeitos do “currículo oculto” nos resultados escolares de diferentes segmentos sociais, é preciso considerar, como ponto de partida, que as práticas letradas de diferentes comunidades (e portanto, as experiências de diferentes alunos) são muitas vezes distantes do enfoque que a escola costuma dar à escrita (o letramento tipicamente escolar). Lidar com essa diferença (as formas diversas de conceber e valorar a escrita, os diferentes usos, as várias linguagens, os possíveis posicionamentos do interlocutor, os graus diferenciados de familiaridade temática, as alternativas de instrumentos, portadores de textos e de práticas de produção e interpretação…) significa muitas vezes percorrer uma longa trajetória, cuja duração não está prevista nos padrões inflexíveis da programação curricular.
Em segundo lugar, é preciso considerar a reação do aprendiz em face da proposta pedagógica, muitas vezes autoritária, artificial e pouco significativa. Na dificuldade de lidar com a lógica do “aprenda primeiro para depois ver para que serve”, muitos alunos parecem pouco convencidos a mobilizar os seus esforços cognitivos em benefício do aprender a ler e a escrever (Carraher, Carraher e Schileimann, 1989; Colello, 2003, Colello e Silva, 2003). Essa típica postura de resistência ao artificialismo pedagógico em um contexto de falta de sintonia entre alunos e professores parece evidente na reivindicação da personagem Mafalda:
Com ironia e bom humor, o exemplo acima explica o caso bastante freqüente de jovens inteligentes que aprenderam a lidar com tantas situações complexas da vida (aquisição da linguagem, transações de dinheiro, jogos de computador, atividades profissionais, regras e práticas esportivas entre outras), mas que não conseguem disponibilizar esse reconhecido potencial para superar a condição de analfabetismo e baixo letramento.
Por último, ao considerar os princípios do alfabetizar letrando (ou do Modelo Ideológico de letramento), devemos admitir que o processo de aquisição da língua escrita está fortemente vinculado a uma nova condição cognitiva e cultural. Paradoxalmente, a assimilação desse status(justamente aquilo que os educadores esperam de seus alunos como evidência de “desenvolvimento” ou de emancipação do sujeito) pode se configurar, na perspectiva do aprendiz, como motivos de resistência ao aprendizado: a negação de um mundo que não é o seu; o temor de perder suas raízes (sua história e referencial); o medo de abalar a primazia até então concedida à oralidade (sua mais típica forma de expressão), o receio de trair seus pares com o ingresso no mundo letrado e a insegurança na conquista da nova identidade (como “aluno bem-sucedido” ou como “sujeito alfabetizado” em uma cultura grafocêntrica altamente competitiva).
… a aprendizagem da língua escrita envolve um processo de aculturação – através, e na direção das práticas discursivas de grupos letrados – , não sendo, portanto, apenas um processo marcado pelo conflito, como todo processo de aprendizagem, mas também um processo de perda e de luta social. (…)
(…) há uma dimensão de poder envolvida no processo de aculturação efetivado na escola: aprender – ou não – a ler e escrever não equivale a aprender uma técnica ou um conjunto de conhecimentos. O que está envolvido para o aluno adulto é a aceitação ou o desafio e a rejeição dos pressupostos, concepções e práticas de um grupo dominante – a saber, as práticas de letramento desses grupos entre as quais se incluem a leitura e a produção de textos em diversas instituições, bem como as formas legitimadas de se falar desses textos -, e o conseqüente abandono (e rejeição) das práticas culturais primárias de seu grupo subalterno que, até esse momento, eram as que lhe permitiam compreender o mundo. (Kleiman, 2001, p. 271)
Como exemplo de um mecanismo de resistência ao mundo letrado construído por práticas pedagógicas (ainda que involuntariamnete ideologizantes) no cotidiano da sala de aula, Kleiman (2001) expõe o caso de um grupo de jovens que se rebelaram ante a proposta da professora de examinar bulas de remédio. Como recurso didático até bem intencionado, o objetivo da tarefa era o de aproximar os alunos da escrita, favorecendo a compreensão de seus usos, nesse caso, chamando a sua atenção para os perigos da auto-medicação e para a importância de se informar antes de tomar uma medicação (posologia, reações adversas, efeitos colaterais, etc). Do ponto de vista dos alunos, o repúdio à tarefa, à escola e muito provavelmente à escrita foi uma reação contra a implícita proposta de fazer parte de um mundo ao qual nem todos podem ter livre acesso: o mundo da medicina, da possibilidade de ser acompanhado por um médico e da compra de remédios.
Na prática, a desconsideração dos significados implícitos do processo de alfabetização – o longo e difícil caminho que o sujeito pouco letrado tem a percorrer, a reação dele em face da artificialidade das práticas pedagógica e a negação do mundo letrado – acaba por expulsar o aluno da escola, um destino cruel, mas evitável se o professor souber instituir em classe uma interação capaz de mediar as tensões, negociar significados e construir novos contextos de inserção social.

 

Perspectivas das pesquisas sobre letramento

Embora o termo “letramento” remeta a uma dimensão complexa e plural das práticas sociais de uso da escrita, a apreensão de uma dada realidade, seja ela de um determinado grupo social ou de um campo específico de conhecimento (ou prática profissional) motivou a emergência de inúmeros estudos a respeito de suas especificidades. É por isso que, nos meios educacionais e acadêmicos, vemos surgir a referência no plural “letramentos”.
Mesmo correndo o risco de inadequação terminológica, ganhamos a possibilidade de repensar o trânsito do homem na diversidade dos “mundos letrados”, cada um deles marcado pela especificidade de um universo. Desta forma, é possível confrontar diferentes realidades, como por exemplo o “letramento social” com o “letramento escolar”; analisar particularidades culturais, como por exemplo o “letramento das comunidades operárias da periferia de São Paulo”, ou ainda compreender as exigências de aprendizagem em uma área específica, como é o caso do “letramento científico”, “letramento musical” o “letramento da informática ou dos internautas”. Em cada um desses universos, é possível delinear práticas (comportamentos exercidos por um grupo de sujeitos e concepções assumidas que dão sentido a essas manifestações) e eventos (situações compartilhadas de usos da escrita) como focos interdependentes de uma mesma realidade (Soares, 2003). A aproximação com as especificidades permite não só identificar a realidade de um grupo ou campo em particular (suas necessidades, características, dificuldades, modos de valoração da escrita), como também ajustar medidas de intervenção pedagógica, avaliando suas conseqüências. No caso de programas de alfabetização, a relevância de tais pesquisas é assim defendida por Kleiman:
Se por meio das grandes pesquisas quantitativas, podemos conhecer onde e quando intervir em nível global, os estudos acadêmicos qualitativos, geralmente de tipo etnográfico, permitem conhecer as perspectivas específicas dos usuários e os contextos de uso e apropriação da escrita, permitindo, portanto, avaliar o impacto das intervenções e até, de forma semelhante à das macro análises, procurar tendências gerais capazes de subsidiar as políticas de implementação de programas. (2001, p. 269)
***
Sem a pretensão de esgotar o tema, a breve análise do impacto e contribuição dos estudos sobre letramento aqui desenvolvida aponta para a necessidade de aproximar, no campo da educação, teoria e prática. Na sutura entre concepções, implicações pedagógicas, reconfiguração de metas e quadros de referência, hipóteses explicativas e perspectivas de investigação, talvez possamos encontrar subsídios e alternativas para a transformação da sociedade leitora no Brasil, uma realidade politicamente inaceitável e, pedagogicamente, aquém de nossos ideais. 


NOTAS
[i] “Literacy” do inglês, traduzido por “letramento” no Brasil e por “literacia” em Portugal é uma terminologia não dicionarizada que, nos meios acadêmicos, vem sendo utilizada com diferentes sentidos.
[ii] No Brasil, o termo “letramento” foi usado pela 1a vez por Mary Kato, em 1986, na obra “No mundo da escrita: uma perspectiva psicolingüística” (São Paulo, Ática). Dois anos depois, passa a representar um referencial no discurso da educação, ao ser definido por Tfouni em “Adultos não alfabetizados: o avesso do avesso” (São Paulo, Pontes) e retomado em publicações posteriores.
[iii] O autor utiliza a expressão “escrita verdadeira” em oposição à “escrita escolar”, um modelo muitas vezes artificial, cujo reducionismo não faz justiça à multidimensionalidade da língua viva.
[iv] Como evidência desse paralelismo, é possível, por exemplo, termos casos de pessoas letradas e não alfabetizadas (indivíduos que, mesmo incapazes de ler e escrever, compreendem os papéis sociais da escrita, distinguem gêneros ou reconhecem as diferenças entre a língua escrita e a oralidade) ou de pessoas alfabetizadas e pouco letradas (aqueles que, mesmo dominando o sistema da escrita, pouco vislumbram suas possibilidades de uso). 
[v] Em uma sociedade como a nossa, o mais comum é que a alfabetização seja desencadeada por práticas de letramento, tais como ouvir histórias, observar cartazes, conviver com práticas de troca de correspondência, etc. No entanto, é possível que indivíduos com baixo nível de letramento (não raro membros de comunidades analfabetas ou provenientes de meios com reduzidas práticas de leitura e escrita) só tenham a oportunidade de vivenciar tais eventos na ocasião de ingresso na escola, com o início do processo formal de alfabetização.
[vi] Para um estudo mais aprofundado dos modelos “Autônomo” e “Ideológico” descritos por Street, remetemos o leitor à leitura de Kleiman, 1985.
[vii] Dinâmica porque pressupõe o movimento intenso de um pólo ao outro; reversível porque a experiência em qualquer um dos pólos remete ao amadurecimento nos demais.
[viii] Para mais dados sobre a pesquisa do INAF (objetivos, população envolvida, critérios de análise e resultados obtidos), remetemos o leitor à leitura de Ribeiro (2003).
Referências bibliográficas: 
CARRAHER, T., CARRAHER, D. & SCHLIEMANN, A. Na vida dez, na escola zero. São Paulo, Cortez, 1989.
COLELLO, S. M. G. “A pedagogia da exclusão no ensino da língua escrita” In VIDETUR, n. 23. Porto/Portugal, Mandruvá, 2003, pp. 27 – 34 (www.hottopos.com).
COLELLO, S. M. G. & SILVA, N. “Letramento: do processo de exclusão social aos vícios da prática pedagógica” In VIDETUR, n. 21. Porto/Portugal: Mandruvá, 2003, pp. 21 – 34 (ww.hottopos.com).
FEEREIRO, E. Cultura escrita e educação. Porto Alegre, Artes Médicas, 2001.
__________ “Alfabetização e cultura escrita”, Entrevista concedida à Denise Pellegrini In Nova Escola – A revista do Professor. São Paulo, Abril, maio/2003, pp. 27 – 30.
GERALDI, W. Portos de Passagem. São Paulo, Martins Fontes, 1993.
___________ Linguagem e ensino: exercícios de militância e divulgação. Campinas, Mercado das Letras/ABL,1996.
IBGE, Censo Demográfico, Mapa do analfabetismo no Brasil, Brasília, MEC/INEP, 2003.
KLEIMAN, A. B. (org.) Os significados do letramento: uma nova perspectiva sobre a prática social da escrita. Campinas, Mercado das Letras, 1995.
___________ “Programa de educação de jovens e adultos” In Educação e Pesquisa – Revista da Faculdade de Educação da USP. São Paulo, v. 27, n.2, p.267 – 281. 
LEITE, S. A. S. (org.) Alfabetização e letramento – contribuições para as práticas pedagógicas. Campinas, Komedi/Arte Escrita, 2001.
RIBEIRO, V. M. (org.) Letramento no Brasil. São Paulo: Global, 2003.
SOARES, M. B. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte, Autêntica, 1998.
____________ “Língua escrita, sociedade e cultura: relações, dimensões e perspectivas”, Revista Brasileira de Educação, n. 0, 1995, pp. 5 – 16.
STREET, B. V. Literacy in theory and Practice. Cambridge, University Press, 1984.
TFOUNI, L.V. Letramento e alfabetização. São Paulo, Cortez,1995.
 Fonte: http://www.hottopos.com/videtur29/silvia.htm#_edn1

Projeto: Passeio ao mini zoo do Parque Estoril

Parque Estoril



PÚBLICO ALVO: Educação Infantil FASE I e FASE II

TEMPO PREVISTO:  Agosto a  Outubro

JUSTIFICATIVA;
            Oportunizar os alunos da educação Infantil visitar e observar as várias espécies de animais que fazem parte da natureza.
            A proposta do projeto é despertar o interesse natural das crianças desta faixa etária que em geral contam com várias informações relativas aos animais e dar maior embasamento ao trabalho desenvolvido em sala com o uso do material do SESI.
            A proposta do assunto “animais” tem uma importante presença no mundo cotidiano das crianças (desenhos animados, histórias, jogos) e, além disso, possuem um importante caráter de identificação de suas vivências pessoais e sociais.
            Este passeio facilitará a correlação entre diversos animais e destes com seu ambiente propondo assim, atrelar o conhecimento dos livros ao conhecimento real do seu habitat, características, alimentação, entre outros.

OBJETIVOS:
- Observar as diferentes espécies de animais que vivem neste espaço;
- Descrever as semelhanças e diferenças observadas em cada espécie;
- Identificar as características individuais dos animais ( se tem partes, se voam, tem asas, nadam, do que é formado o seu corpo, pelos, penas, escamas);
- Identificar animais domésticos e animais selvagens.

CONTEÚDOS:
- Pesquisa de conhecimentos prévios dos alunos sobre os diferentes tipos de animais;
- Pesquisa com os alunos sobre animais de estimação;
- Listas, fotos, recortes, desenhos com animais de estimação;
- Listas, fotos, recortes, desenhos com animais selvagens;
- Ilustrar animais e nomeá-los;
- Recortar de revistas e jornais de animais domésticos e animais selvagens;
- Descrever oralmente e coletivamente o corpo dos animais;
- Produção coletiva de listas;
- Leitura de livros diversos sobre animais;
- Cantar músicas relacionadas aos animais;
- Elaborar gráficos de animais (coletivamente);
- Pesquisa de figuras e imagens de animais de estimação;
- Produção coletiva de painel de animais de estimação;
- Produção coletiva de painel de animais selvagens;

PRODUTO FINAL:

-Passeio ao Mini Jardim Zoológico do Parque Estoril

sábado, 26 de abril de 2014


quinta-feira, 18 de julho de 2013

Projeto Jardim Zoológico



PROJETO:  JARDIM ZOOLÓGICO

PÚBLICO ALVO: Educação Infantil FASE I e FASE II

TEMPO PREVISTO:  Maio a Outubro

JUSTIFICATIVA;
            Os alunos por meio dessa visita realizarão a observação das várias espécies que fazem parte da natureza.
            O tema do projeto desperta o interesse natural das crianças desta faixa etária que em geral contam com várias informações relativas a ele.
            A proposta do assunto “animais” tem uma importante presença em seu mundo cotidiano (desenhos animados, histórias, jogos) e, além disso, possuem um importante caráter de identificação de suas vivencias pessoais e sociais.
            Este passeio facilitará a correlação entre diversos animais e destes com seu ambiente.

OBJETIVOS:
- Observar as diferentes espécies de animais que vivem neste espaço;
- Descrever as semelhanças e diferenças observadas em cada espécie;
- Identificar as características individuais dos animais ( se tem partes, se voam, tem asas, nadam, do que é formado o seu corpo, pelos, penas, escamas);
- Identificar animais domésticos e animais selvagens.

CONTEÚDOS:
- Pesquisa de conhecimentos prévios dos alunos sobre os diferentes tipos de animais;
- Pesquisa com os alunos sobre animais de estimação;
- Listas, fotos, recortes, desenhos com animais de estimação;
- Listas, fotos, recortes, desenhos com animais selvagens;
- Ilustrar animais e nomeá-los;
- Montar álbum de animais (opcional);
- Recortar de revistas e jornais de animais domésticos e animais selvagens;
- Descrever oralmente e coletivamente o corpo dos animais;
- Produção coletiva de listas;
- Leitura de livros diversos sobre animais;
- Cantar músicas relacionadas aos animais;
- Elaborar gráficos de animais (coletivamente);
- Pesquisa de figuras e imagens de animais de estimação;
- Produção coletiva de painel de animais de estimação;
- Produção coletiva de painel de animais selvagens;
- Produção coletiva de animais com uso de materiais recicláveis.

PRODUTO FINAL:


-Passeio ao Jardim Zoológico 

PROJETO VINICIUS DE MORAES

PROJETO VINICIUS PARA CRIANÇAS

Público alvo:  FASE II- B – 5 ANOS
PROFª ARMINDA
DURAÇÃO: ABRIL A OUTUBRO- 6 MESES

Justificativa:
Considerando que na Educação Infantil a leitura e a escrita são trabalhadas, ainda que de forma não convencional; e que é importante o educador propor atividades lúdicas que favoreçam a evolução da escrita das crianças; utilizando-se, sobretudo da linguagem do desenho e da pintura, permitindo que as crianças sejam autoras de suas próprias obras;

Considerando ainda que, a formação dos futuros leitores está vinculada à presença constante dos diversos gêneros textuais, mesmo no contexto escolar da Educação Infantil daremos foco no letramento e na pseudoleitura como forma de inserir nossos alunos no ambiente letrado, utilizando as letras das músicas para que forma prazerosa, possamos letrar e ampliar o repertório linguístico de nossos alunos.

Objetivo Geral:
Oportunizar as crianças da Educação Infantil, o acesso ao universo literário de Vinícius de Moraes, mobilizado pela poesia, música, arte e conhecimento biográfico sobre o autor.,levando-as a constituírem uma relação diferenciada com linguagem literária  e, consequentemente, tornarem-se futuros leitores e produtores de textos competentes.

Desenvolvimento das Atividades:

Identidade e Autonomia:

.Identificar progressivamente algumas singularidades próprias; das pessoas com as quais convive no seu cotidiano e do poeta e compositor Vinícius de Moraes;

. Respeitar as regras simples de convívio social. (Combinados da turma ).

. Comunicar e expressar seus desejos, desagrados, necessidades, preferências e vontades em brincadeiras e nas atividades cotidianas.

. Participar em brincadeiras, casinha, pular corda, imitar cantor (a), dançarino (a), etc., meninos e/ou meninas.

Linguagem oral e escrita:

• Ouvir poemas, e poesias lidas pelo professor;

. Pesquisar a vida e obras do autor;

• Ouvir, recontar, e escrever usando a professora como escriba, a biografia de Vinícius de Moraes;

Realizar coletivamente listas dos ofícios do autor;

. Estabelecer relações entre leitura e escrita (pseudoleitura e letramento);

•localizar palavras nas letras das músicas ou poemas;

• Leitura coletiva das poesias e das músicas de Vinícius de Moraes

. Escrita coletiva de listas relacionadas às músicas e poesias ( animais, personagens, palavras iniciadas com a mesma letra, etc.)

• Conversar sobre as obras de Vinícius de Moraes;

• Descobrir a importância da poesia  e da música como forma de expressão e comunicação;

. Perceber a função social da leitura e da escrita através de diversos usos da língua;

• Ler e interpretar oralmente pequenos textos poéticos de Vinícius de Moraes;

• Diferenciar letra, desenho e números.

• Leitura  coletiva das músicas e poemas de Vinícius de Moraes

• Compreensão oral de textos poéticos e músicas;

• Montagem coletiva de pequenos textos, com frases fatiadas;

• Ilustração de poesias e músicas;

. Elaborar listas das canções, ou poesias conhecidas e trabalhadas em classe.

. Escutar obras musicais de Vinícius de Moraes feito para as crianças;

. Conhecer as diversas obras do compositor Vinícius de Moraes;

. Escuta de sons do ambiente: pássaros, cães, a sirene da ambulância, o barulho do carro e identificá-los;

. Escutar música sem texto, para que as crianças possam perceber sentir e ouvir, deixando-se guiar pela sensibilidade, pela imaginação e pela sensação que a música lhes sugere e comunica.

.Atividades de audição e apreciação musical, para o desenvolvimento da capacidade de atenção e concentração das crianças.

Linguagem Corporal:

.Incentivar as crianças a produzirem coreografias de acordo com as ideias que as letras das canções de Vinícius de Moraes sugerem. Ex: Lá vem o pato; A foca; A casa; O gato; O pinguim; O elefantinho, etc.

.Brincadeira de faz de conta utilizando fantasias variadas, maquiagem, roupas velhas de adultos, sapatos, bijuterias e acessórios, para diante do espelho construir e afirmar a imagem corporal e perceber que sua imagem muda sem que se modifique a sua pessoa.

.Perceber estruturas rítmicas para expressarem-se corporalmente por meio da dança, brincadeiras e de outros movimentos.

Linguagem Matemática:

.Listar e fazer a contagem dos elementos contidos nas letras das canções de Vinícius de Morares.

.Utilizar a contagem oral nas brincadeiras e em situações nas quais as crianças reconheçam sua necessidade.

.Comunicar quantidades, utilizando a linguagem oral, a notação numérica e/ou registros não convencionais.

. Utilizar noções simples de cálculo mental como ferramenta para resolver problemas.

- realizar coletivamente a ficha técnica dos animais citado nas músicas.

Natureza e Sociedade:

.Perceber e representar o corpo como instrumento de autoexpressão e comunicação.
. Perceber a existência de regras sociais de convivência.

. Conhecer modo de ser, viver e trabalhar do poeta e compositor Vinícius de Moraes.

. Valorizar atitudes de manutenção e preservação do espaço escolar.

PRODUTO FINAL:

- Confeccionar animais (das poesias e músicas) com sucatas.

Texto leitura e interpretação O homem e a galinha

                            ATIVIDADE DE LINGUAGEM ORAL E ESCRITA

                                               O HOMEM E A GALINHA

         Era uma vez um homem que tinha uma galinha. Era uma galinha como as outras.
        Um dia a galinha botou um ovo de ouro. O homem ficou contente. Chamou a mulher:
        - Olha o ovo que a galinha botou.
        A mulher ficou contente:
        - Vamos ficar ricos!
        E a mulher começou a tratar bem da galinha. Todos os dias a mulher dava mingau para a galinha. Dava pão de ló, dava até sorvete. E todos os dias a galinha botava um ovo de ouro. Então o marido disse:
        - Pra que esse luxo com a galinha? Nunca vi galinha comer pão de ló... Muito menos tomar sorvete!
        - É, mas esta é diferente! Ela bota ovos de ouro!
        O marido não quis conversa:
        - Acaba com isso mulher. Galinha come é farelo.
        Aí a mulher disse:
        - E se ela não botar mais ovos de ouro?
        - Bota sim - o marido respondeu.
        A mulher todos os dias dava farelo à galinha. E a galinha botava um ovo de ouro.        Então o marido disse:
        - Farelo está muito caro, mulher, um dinheirão! A galinha pode muito bem comer milho.
        - E se ela não botar mais ovos de ouro?
        - Bota sim - o marido respondeu.
        Aí a mulher começou a dar milho pra galinha. E todos os dias a galinha botava um ovo de ouro. Então o marido disse:
        - Pra que esse luxo de dar milho pra galinha? Ela que procure o de-comer no quintal!
        - E se ela não botar mais ovos de ouro? - a mulher perguntou.
        - Bota sim - o marido falou.
        E a mulher soltou a galinha no quintal. Ela catava sozinha a comida dela. Todos os dias a galinha botava um ovo de ouro. Um dia a galinha encontrou o portão aberto.   Foi embora e não voltou mais.
        Dizem que ela agora está numa boa casa onde tratam dela a pão de ló.
                                                                                                      Ruth Rocha

INTERPRETAÇÃO DO TEXTO – ASSINALE A RESPOSTA CERTA:

1) O texto recebe o título de O  homem e a galinha.  Por que a história recebe esse título? 
a) Porque eles são os personagens principais da história narrada.
b) Porque eles representam, respectivamente, o bem e o mal na história.
c) Porque são os narradores da história.
d) Porque ambos são personagens famosos de outras histórias.
e) Porque representam a oposição homem-animal.
2) Qual das afirmativas a seguir não é correta em relação ao homem da fábula? 
a) É um personagem preocupado com o corte de gastos.
b) Mostra ingratidão em relação à galinha.
c) Demonstra não ouvir as opiniões dos outros.
d) Identifica-se como autoritário em relação à mulher
e) Revela sua maldade nos maus-tratos em relação à galinha.
3) Qual das características a seguir pode ser atribuída à galinha? 
a) avareza
b) conformismo
c) ingratidão
d) revolta
e) hipocrisia
4) Era uma vez um homem que tinha uma  galinha. De que outro modo poderia ser dito a frase destacada?
a) Era uma vez uma galinha, que vivia com um homem.
b) Era uma vez um homem criador de galinhas.
c) Era uma vez um proprietário de uma galinha.
d) Era uma vez uma galinha que tinha uma propriedade.
e) Certa vez um homem criava uma galinha.
5) Era uma vez é uma expressão que indica 
tempo
a) bem localizado
b) determinado
c) preciso
d) indefinido
e) bem antigo


6) A segunda frase do texto diz ao leitor que a galinha era uma galinha como as outras. Qual o significado dessa frase? 
a) A frase tenta enganar o leitor, dizendo algo que não é verdadeiro.
b) A frase mostra que era normal que as galinhas botassem ovos de ouro.
c) A frase indica que ela ainda não havia colocado ovos de ouro.
d) A frase mostra que essa história é de conteúdo fantástico.
e) A frase demonstra que o narrador nada conhecia de galinha.
7) O que faz a galinha ser diferente das demais? 
a) Botar ovos todos os dias independentemente do que cofnia.
b) Oferecer diariamente ovos a seu patrão avarento.
c) Pôr ovos de ouro antes da época própria.
d) Botar ovos de ouro a partir de um dia determinado.
e) Ser bondosa, apesar de sofrer injustiças.
8) O homem ficou contente. O conteúdo dessa frase indica um (a): 
a) causa
b) modo
c) explicação
d) consequência
e) comparação
9) A presença de travessões no texto indica: 
a) a admiração da mulher
b) a surpresa do homem
c) a fala dos personagens
d) a autoridade do homem
e) a fala do narrador da história
10) Que elementos demonstram que a galinha passou  a receber um bom tratamento, após botar o primeiro ovo de ouro? 
a) pão de ló / mingau / sorvete
b) milho / farelo / sorvete
c) mingau / sorvete / milho
d) sorvete / farelo / pão de ló
e) farelo / mingau / sorvete

texto- leitura e interpretação- Fábula: O cão e seu reflexo

ATIVIDADE DE LINGUAGEM ORAL E ESCRITA
FÁBULA: O CÃO E SEU REFLEXO
Um cão estava se sentindo muito orgulhoso de si mesmo. Achara um enorme pedaço de carne e a levava na boca, pretendendo devorá-lo em paz em algum lugar.
Ele chegou a um curso rio e começou a cruzar a estreita ponte que o levava para o outro lado. De repente, parou e olhou para baixo. Na superfície da água, viu seu próprio reflexo brilhando.
O cão não se deu conta que estava olhando para si mesmo. Julgou estar vendo outro cão com um pedaço de carne na boca.
Opa! Aquele pedaço de carne é maior que o meu, pensou ele. Vou pegá-lo e correr. Dito e feito. Largou seu pedaço de carne para pegar o que estava na boca do outro cão. Naturalmente, seu pedaço caiu na água e foi parar bem no fundo, deixando-o sem nada.
        MORAL: Quem tudo quer tudo perde.
                                                                                                       Esopo
ATIVIDADES 
  1)     Por que o cão largou seu pedaço de carne?
a) (  ) Porque atravessou um rio procurando alguma coisa.
b) (  ) Porque deixou que o pedaço menor fosse levado pelo rio.
c) (  ) Porque ficou privado dos dois pedaços de carne.
d) (  ) Porque julgou que o outro cão tinha um pedaço maior.
  2) O texto foi escrito com o objetivo principal de:
a) (  ) anunciar um produto.
b) (  ) dar instruções.
c) (  ) transmitir ensinamento.
d) (  ) Mostrar pesquisa.
  3) O texto trata principalmente da:
a) (   ) coragem do cão.
b) (  ) fome do cão.
c) (  ) ambição do cão.
d) (   ) sabedoria do cão.
  4) O fato principal que ocorreu  na narrativa foi:
a) (   ) a grande fome do cão.
b) (   ) o sentimento de orgulho do cão.
c) (   ) a sombra que o cão viu no rio.
d) (   ) a ponte que o cão atravessou.
  5) O que o cão segurava enquanto atravessava o rio?
  a)  (   ) um pedaço de frango.
  b)  (    ) um pedaço de carne.
  c)   (  ) um pedaço de peixe.
  d)   (  ) um pedaço de linguiça.
  6)  Provérbios são ditados populares, ou seja, frases ditas pelo povo, que geralmente têm a intenção de ensinar algo. Responda: qual provérbio a seguir combina mais com o ensinamento da fábula lida?
   a)  (  ) Quem não tem cão, caça com gato.
  b)  (  ) Quem semeia vento, colhe tempestade.
  c)   (  ) Quem tudo quer, tudo perde.
  d)   (  ) Quem avisa, amigo é.
7)  O cão conseguiu o que queria? Por quê?
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8) Esta fábula nos ensina algo? O quê?
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9) Se você estivesse no lugar do cão, faria a mesma coisa? Por quê?
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10)   Por que o cão largou o seu pedaço de carne para pegar outro pedaço?________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Atividade sequenciada - música: Família

 Música : FAMÍLIA

FAMÍLIA! FAMÍLIA!
PAPAI, MAMÃE, TITIA
FAMÍLIA! FAMÍLIA!
ALMOÇA JUNTO TODO DIA
NUNCA PERDE ESSA MANIA...
MAS QUANDO A FILHA
QUER FUGIR DE CASA
PRECISA DESCOLAR UM GANHA-PÃO
FILHA DE FAMÍLIA SE NÃO CASA
PAPAI, MAMÃE
NÃO DÃO NEM UM TOSTÃO...
FAMÍLIA ÊH! FAMÍLIA AH!
FAMÍLIA! OH! ÊH! ÊH! ÊH!
FAMÍLIA ÊH! FAMÍLIA AH!
FAMÍLIA!...
FAMÍLIA! FAMÍLIA!
VOVÔ, VOVÓ, SOBRINHA
FAMÍLIA! FAMÍLIA!
JANTA JUNTO TODO DIA
NUNCA PERDE ESSA MANIA...
MAS QUANDO O NENÊM
FICA DOENTE
UÔ! UÔ!
PROCURA UMA FARMÁCIA DE PLANTÃO
O CHORO DO NENÊM É ESTRIDENTE
UÔ! UÔ!
ASSIM NÃO DÁ PRA VER TELEVISÃO...
FAMÍLIA ÊH! FAMÍLIA AH!
FAMÍLIA! OH! ÊH! ÊH! ÊH!
FAMÍLIA ÊH! FAMÍLIA AH!
FAMÍLIA! HIÁ! HIÁ! HIÁ!...
FAMÍLIA! FAMÍLIA!
CACHORRO, GATO, GALINHA
FAMÍLIA! FAMÍLIA!
VIVE JUNTO TODO DIA
NUNCA PERDE ESSA MANIA...
A MÃE MORRE DE MEDO DE BARATA
UÔ! UÔ!
O PAI VIVE COM MEDO DE LADRÃO
JOGARAM INSETICIDA PELA CASA
UÔ! UÔ!
BOTARAM CADEADO NO PORTÃO...
FAMÍLIA ÊH! FAMÍLIA AH!
FAMÍLIA!
FAMÍLIA ÊH! FAMILIA AH!
FAMÍLIA! OH! ÊH! ÊH! ÊH!
FAMÍLIA ÊH! FAMÍLIA AH!
FAMÍLIA! HIÁ! HIÁ! HIÁ!...
ATIVIDADES:

1.Complete as frases de acordo com a música:

MAS QUANDO A _______________
QUER ______________DE CASA
PRECISA DESCOLAR UM_______________________
FILHA DE ______________ SE NÃO CASA
PAPAI, _____________________
NÃO DÃO NEM UM ______________________...
2. Organize as palavras na ordem alfabética:
Casa-   pão  -  família  -  papai  -  mamãe  -  cadeado  -  portão   -   ladrão  -  mania – inseticida
______________________________
______________________________
______________________________
______________________________
______________________________
______________________________
______________________________
______________________________
______________________________
______________________________
3. Forme frases com as palavras:
Medo-_________________________________________________________________________________________
Inseticida-______________________________________________________________________________________
Casa- _________________________________________________________________________________________
Ganha-pão- ____________________________________________________________________________________
4. Forme outras palavras partindo da palavra geradora:  FAMÍLIA
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5. Escreva o significado da palavra família com suas palavras:

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Era uma vez uma família”, um desenho animado sem palavras, apresenta a história de uma família e os desafios cotidianos que pais, cuidadores e responsáveis enfrentam na criação e educação dos filhos. O objetivo é discutir as crenças, opiniões e atitudes que os adultos apresentam diante do castigo físico e humilhante e nos convida a olhar a criança como um sujeito de direitos.
Esse material foi pensado para sensibilizar as pessoas para as conseqüências de uma educação baseada na violência e, sobretudo, chamar atenção para importância que uma relação baseada no respeito e no diálogo tem para a educação e o desenvolvimento de crianças e adolescentes. O vídeo é uma nova ferramenta de trabalho que pode ser utilizada por profissionais e organizações interessados em promover os direitos da criança e em conscientizar pais, responsáveis e cuidadores.