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terça-feira, 30 de abril de 2013


A Vida de Luiz Gonzaga Rei do Baião

A Vida de Luiz Gonzaga Rei do Baião
Tudo que você queria saber sobre a vida e a obra do Rei do Baião no ano do centenário!

 Retirado de http://onordeste.com
Extraido originalmente de http://www.opovo.com.br/

1709Vindo de Portugal, Leonel Alencar chega na região do Exu. Confraternizando com a tribo de índios que vivia ali, os Açus, cuja corruptela do nome daria Axu e logo depois Exu, Leonel Alencar, acompanhado de 3 irmãos, fundou a fazenda Várzea Grande. Depois nasceram as fazendas, Caiçara, de Bodocó, de Salgueiro e da Gameleira. Nesta última, situada no pé da serra do Araripe foi fundado posteriormente o povoado de Exu. Hoje chamado de Exu Velho.

1779
O termo de Exu, situado junto a Serra do Araripe, foi confirmado como Freguesia em 14 de Outubro deste ano.

1846
A Freguesia do Exu foi elevada à Povoação em 30 de Maio deste ano, pela Lei 150.

1858A Povoação do Exu foi confirmada como Vila em 02 de Junho deste ano, pela Lei 442.

1860
Chega na serra do Araripe, Dona Januária, vinda de Missão Velha no Ceará. Acompanhada de sua filha Efigênia, se empregou na fazenda Caiçara. José Moreira Franco de Alencar casou com Efigênia. Da união nasceram quatro filhas, uma delas Ana Batista, conhecida por Santana. Quando completou 15 anos, Santana viu chegar na Fazenda Caiçara, Januário e seu irmão mais velho, Pedro Anselmo, oriundos não se sabe se de Flores ou de Pajeú das Flores, em Pernambuco. Januário foi logo deitando os olhos em Santana.

1863A sede da então Vila do Exu foi transferida para Granito, por força da Lei 548 de 09 de Abril deste ano. Exu possuía neste último ano um Juiz Municipal, um Tabelionato, três Distritos de Paz, um Subdelegado de Polícia, uma agência de Correios, 27 eleitores, estando subordinada a Comarca de Cabrobó.

1888
Bem no estilo feudal era senhor de braço e cutelo de Exu, Gualter Martiniano de Alencar Araripe, que em 15 de Novembro deste ano foi agraciado pelo Imperador D. Pedro II com o título de Barão de Exu. 

1909Januário José dos Santos, vindo dos Quidutes e dos Anselmos. Conhecido tocador de fole de 8 baixos, subiu a encosta da Serra do Araripe com destino à chapada. Mas ficou na Fazenda Caiçara, quase no sopé da Serra, propriedade do Barão do Exú, bem onde começava o Rio Brígida que ia desembocar no São Francisco.
Ana Batista de Jesus, ou simplesmente Santana, era uma cabocla bonita, e deixava muito olhar na esteira do seu caminho, sedentos daqueles olhos bonitos, daquele gingado de marrã bravia. Daí o cuidado de Efigênia, sua mãe, conhecida por Figênia.
Espantava os mais afoitos, animava os de melhor qualidade. E Januário caíra nas suas graças. E na Igreja de Exú, em Setembro de 1909, o casamento foi feito, sem arranjo, sem arrumação e principalmente sem samba. Claro: o único tocador de forró da região era o noivo... E numa casucha construída com os amigos, Januário lá se foi morar com Santana, morena formosa e de olhos estranhamente verdes, que endoidavam os cabras. E Januário tinha pressa, não ia perder tempo depois dos sacramentos...
"Fez cum ela o sanfoneiro
Um casamento feliz
E dos nove qui nascêro
Um desses nove é Luiz..."

1912No dia 13 de Dezembro, uma sexta-feira, nasce, na fazenda Caiçara, terras do barão de Exu, o segundo dos nove filhos do casal Januário José dos Santos e Ana Batista de Jesus, que na pia batismal da matriz de Exu recebe o nome de Luiz (por ser o dia de Santa Luzia) Gonzaga (por sugestão do vigário) Nascimento (por ter nascido em dezembro, também mês de nascimento de Jesus Cristo).                             

1915Nasce no dia 05 de Janeiro, Humberto Cavalcanti Teixeira 

1920Luiz Gonzaga, com apenas 8 (oito) anos de idade substitui um sanfoneiro em festa tradicional na fazenda Caiçara, no Araripe, Exu, a pedido de amigos do pai. Canta e toca a noite inteira e, pela primeira vez, recebe o que hoje se chamaria cachê; o dinheiro - 20$000 (vinte mil réis) - "amolece" o espírito da mãe, que não o queria sanfoneiro. A partir daí, os convites para animar festas - ou sambas, como se dizia na época - tornam-se freqüentes. Antes mesmo de completar 16 anos, "Luiz de Januário", "Lula" ou Luiz Gonzaga já é nome conhecido no Araripe e em toda a redondeza, como Canoa Brava, Viração, Bodocó e Rancharia.

1921
Em Carnaíba das Flores, município Pernambucano do sertão do Alto Pajeú, nasce em 27 de Fevereiro José de Souza Dantas Filho, que viria a ser um dos mais importantes parceiros na obra de Luiz Gonzaga.
1924Houve uma grande cheia e o rio Brígida subiu de nível, inundando os arredores. A casa de Januário foi atingida, encheu de água, obrigando a família a se mudar. Foram morar no povoado do Araripe, na Fazenda Várzea Grande.
A pedido do coronel Manoel Ayres de Alencar, chefe político local, Luiz, já um caboclo taludo, vai com este a Ouricuri para tomar conta de cavalo. Chegando lá vê um fole Kock de oito baixos, marca Veado, pelo qual fica louco e passa a amolar o coronel por causa dele. No mês seguinte, repetindo a viagem, o político concorda em pagar a metade dos 120 mil réis do fole, desde que Luiz arque com o resto, o que fez sem muita dificuldade, pois a essa altura já estava  ganhando tanto ou mais que o pai, para tocar.

1926
Início real de sua vida artística, quando tocou seu primeiro "samba" ganhando dinheiro. Começou também a estudar no grupo de escoteiros de um sargento da polícia do Rio de Janeiro chamado Aprígio.  Seu amigo Gilberto Ayres, filho do Cel. Ayres, o convenceu a mudar-se para a cidade, deixando o Araripe. Hospedaram-se na casa de Dona Vitalina e o amigo Gilberto foi seu primeiro empresário.
 
1929
Conhece Nazarena, por quem se apaixona e com quem namora às escondidas. Rejeitado pelo pai da moça, de família importante, vai tirar satisfações da desfeita armado com uma faquinha, após uns goles de cana. Leva uma surra de Santana, e foge de casa para o Crato, no Ceará, onde vende sua sanfoninha de 8 baixos.
 
1930 Luiz Gonzaga aumenta sua idade para sentar praça no Exército, na cidade de Fortaleza. Com o advento da Revolução de 30 segue em missão militar pelo Brasil como soldado Nascimento. Mestre Januário consegue reaver a sanfona vendida no Crato por 80 mil réis, através de um amigo, o Sr. José Lindolfo. 
 
1931
Após o término do tempo legal de serviço militar, o soldado Nascimento escolhe continuar servindo no Exército, instituição que representou o papel de uma grande e importante escola. Nas horas vagas acompanhava, pelos programas de rádio, os sucessos musicais da época.
 
1933 Por não conhecer a escala musical, é reprovado num concurso para músico numa unidade do exército, em Minas Gerais.  Vira soldado-corneteiro e ganha o apelido de "bico de aço".
1936
Gonzaga aprende a tocar sanfona de 120 baixos em Minas Gerais, com um soldado de polícia chamado Domingos Ambrósio. Para treinar, adquire uma sanfona de 48 baixos e aproveita as folgas da caserna para tocar em festas.
 
1938
Gonzaga é ludibriado por um caixeiro-viajante, a quem paga 500 mil réis em prestações mensais para adquirir uma sanfona branca, Honner, de 80 baixos. Foge do quartel, em Ouro Fino (MG), para ir buscar a sanfona em São Paulo. Lá chegando, descobre que não vendiam sanfona no endereço que o caixeiro lhe dera. Ao retornar ao hotel onde se hospedara, acaba comprando uma sanfona igualzinha à que tinha ido buscar, pelo valor das prestações que faltavam pagar, 700 mil réis, e que ele havia arrecadado com a venda da sanfona de 48 baixos.
 
1939
Luiz Gonzaga dá baixa das Forças Armadas, impulsionado por um decreto que proibia para os soldados um engajamento superior a dez anos no Exército. Desembarca no Rio com bilhetes comprados para Recife, de navio, de onde pretendia voltar de trem para o Exu. Enquanto aguardava a chegada do navio que o levaria ao Recife, resolve conhecer o Mangue, o bairro boêmio vizinho. E lá, com sua sanfona Honner branca, faz sucesso tocando valsas, tangos, choros, foxtrotes e outros ritmos da época. Através de um músico amigo, o baiano Xavier Pinheiro, casado com uma portuguesa, Gonzaga vai morar no morro de São Carlos, à época tranqüilo reduto português no Rio.
Explode a segunda Guerra Mundial. O Brasil é literalmente invadido pela música estrangeira, principalmente a Norte Americana.Conhece o violonista Sepetiba. É o ano em que se apresenta pela primeira vez em um palco, no cabaré O Tabu na rua Mem de Sá.

1940
Como outros artistas disputa à duras penas um lugar ao Sol. Toca todo tipo de música, de Blues a Fox Trotes; imita artistas famosos da época, como Manezinho Araújo, Augusto Calheiros e Antenógenes Silva. Começa a apresentar-se em programas de rádio, como calouro. Luiz Gonzaga modifica o seu repertório, pressionado por estudantes cearenses, e consegue tirar nota máxima no programa Calouros em desfile, de Ary Barroso, na Rádio Tupi, executando a música Vira e Mexe, um "xamego" (chorinho) lá do seu pé-de-serra. Pouco tempo depois vai trabalhar com Zé do Norte no programa A hora sertaneja, na Rádio Transmissora. Chega ao Rio seu irmão José Januário Gonzaga (Zé Gonzaga), fugindo da seca devastadora e trazendo um pedido de ajuda por parte de Santana. Zé Gonzaga passa a morar com o irmão.

19415 de março. Data da primeira participação de Luiz Gonzaga numa gravação da Victor, atuando como sanfoneiro da dupla Genésio Arruda e Januário França, na "cena cômica" A viagem de Genésio. Seu talento chama a atenção de Ernesto Augusto Matos, chefe do setor de vendas da Victor. E no dia 14 de março Luiz Gonzaga grava, assinando pela primeira vez como artista principal, e exclusivo da Victor, quatro músicas que são lançadas em dois 78 rotações.
É publicada a primeira reportagem sobre Luiz Gonzaga na revista carioca Vitrine, com o título Luiz Gonzaga, o virtuoso do acordeom.  Ainda em 41, Gonzaga grava mais dois 78 rotações.
O sucesso havia chegado, e Gonzaga já era chamado como "o maior sanfoneiro do nordeste, e até do Brasil".
O Estado Novo comemora seu quarto aniversário. Vai ao ar a primeira radionovela brasileira: Em Busca da Felicidade.
Nos anos seguintes grava cerca de 30 discos 78 rpm, muitos choros, valsas e mazurcas, todos em solo pois a Victor insiste em não lhe permitir cantar em seus discos, que até então eram só instrumentais. Inicia na Rádio Clube do Brasil para onde foi levado por Renato Mource, substituindo Antenógenes Silva no programa Alma do Sertão. A firma era na época a Victor.
Também neste ano conheceu César de Alencar na Rádio Clube do Brasil, quando o mesmo era o locutor do programa Alma do sertão sob o comando de Renato Mource. Foi quando apareceu Dino, violonista de sete cordas que tinha a mania de apelidar todo mundo. Ao ver a cara redonda de Luiz Gonzaga Dino imediatamente o chamou de Lua.

Nasce em Garanhuns José Domingos de Morais que viria a ser o sanfoneiro Dominguinhos, de quem Luiz Gonzaga se tornou um segundo pai e que o tratava como "pai impostor". Luiz Gonzaga começa a fazer sucesso e as emissoras de rádio a se interessar, de fato, pelo novo cartaz. Enquanto isso, o Brasil declara guerra à Alemanha e seus aliados.

1943 Trazido pelas mãos do radialista Almirante - que também foi responsável pela descoberta de Gonzaga - o sanfoneiro catarinense Pedro Raimundo estréia na Rádio Nacional com suas roupas de gaúcho. Inspirado nele, Gonzagão passa a se apresentar vestido de nordestino. Nessa época, irritado com a interpretação dada por Manezinho Araújo para a sua "Dezessete e Setecentos", parceria com Miguel Lima, o sanfoneiro passa a cantá-la. Chovem cartas pedindo que ele continue cantando.

1944
É despedido da Rádio Tamoio e, imediatamente, contratado por Cr$ 1.600,00 pela Rádio Nacional, onde o então radialista Paulo Gracindo divulga seu apelido "Lua", por causa do seu rosto redondo e rosado. Ataulfo Alves e Mário Lago são os destaques do ano na área musical, com Atire a Primeira Pedra.

1945
Consegue  então o que desejava. Grava seu primeiro disco tocando e cantando, a mazurca Dança Mariquinha, parceria com Miguel Lima, primeira gravação  com o dito e chama a atenção pelo timbre de voz e desenvoltura no cantar. Nesse mesmo ano, e ainda em parceria com Lima grava outros dois discos interpretando Penerô Xerém e Cortando Pano.
Querendo dar um rumo mais nordestino para suas composições, Gonzagão procura o maestro e compositor Lauro Maia, para que este coloque letras em suas melodias. Maia porém apresenta-lhe o cunhado, o advogado cearense Humberto Cavalcanti Teixeira, com quem Luiz Gonzaga viria a compor vários clássicos.
No dia 22 de setembro, nasce de uma relação com a cantora Odaléia Guedes dos Santos o Seu filho Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior
 
1946
No mês de outubro o conjunto Quatro Ases e um Coringa, da Odeon, acompanhado pela sanfona de Luiz Gonzaga, grava a segunda parceria de Gonzaga e Humberto Teixeira, a música Baião, sucesso em todo país.
Depois de receber a visita de Santana, Gonzaga volta à sua terra, Exu, após 16 anos ausente. No retorno para o Rio, passa pela primeira vez no Recife, participando de vários programas de rádio e muitas festas. Nesse momento conhece Sivuca, Nelson Ferreira, Capiba e Zé Dantas, estudante de medicina, músico por vocação, apaixonado pela cultura nordestina.
 
1947
Luiz Gonzaga grava em março o 78 rpm que se tornaria um clássico da música brasileira: a toada Asa Branca, sua terceira parceria com Humberto Teixeira, inspirado no repertório de tradição oral nordestina.
A partir desse ano, Luiz Gonzaga adota o chapéu de couro semelhante ao usado por Lampião, a quem tinha verdadeira admiração, à sua apresentação artística, - embora a Rádio Nacional ainda não o permitisse apresentar-se "como cangaceiro" nos seus programas - assumindo, ao mesmo tempo em que também plasmava, a identidade nordestina no cenário nacional.
Num domingo de julho, Gonzaga conhece na Rádio Nacional, a contadora Helena das Neves Cavalcanti, e a contrata para ser sua secretária. Rapidamente o namoro acontece, e Gonzaga pensa em casar.
Neste ano aconteceu o primeiro encontro de Luiz Gonzaga e Zé Dantas, no Recife.
 
1948
No dia 16 de junho Luiz Gonzaga e Helena casam-se no Rio de Janeiro, e passam a morar, juntamente com a mãe de Helena, dona Marieta, no bairro de Cachambi.
 
1949
Aproveitando uma folga entre as gravações, Luiz Gonzaga leva a esposa e sogra para conhecerem o Araripe, e sua terra Exu. Porém, interrompem a viagem quando estavam no Crato, por causa das desavenças e mortes entre os Sampaio e os Alencar. A grande violência que marcava a disputa entre os clãs rivais ameaçava sua família, ligada aos Alencar. Preocupado, Gonzaga aluga uma casa no Crato, para onde leva seus pais e irmãos, enquanto preparava a mudança de sua família para o Rio de Janeiro, o que ocorreu ainda em 49.
 
1950 Em janeiro, o médico formando Zé Dantas chega ao Rio, a fim de prestar residência no Hospital dos Servidores, para alegria de Gonzaga, que vai esperá-lo na plataforma da estação de trem. Nesse ano, Luiz Gonzaga lançou, gravando ou cedendo para outros intérpretes, mais de vinte músicas inéditas, a maioria parcerias com Humberto Teixeira e Zé Dantas que se tornariam clássicos da MPB. Em junho lança a música A dança da moda, parceria com Zé Dantas que retratava a febre nacional pelo baião.
 
1951
Luiz Gonzaga já era o consagrado "Rei do Baião", e o advogado Humberto Teixeira o "Doutor do Baião"!
Em maio Luiz Gonzaga sofre um grave acidente de carro, junto com seus músicos: João André Gomes, apelidado Catamilho, do zabumba, e Zequinha, do triângulo, o que motivou a composição Baião da Penha e uma reportagem especial na revista O Cruzeiro.
Humberto Teixeira candidata-se a Deputado Federal, e recebe o apoio do parceiro.
Durante todo o ano de 51 Gonzaga foi convidado permanente da série No Mundo do Baião, produzido por Zé Dantas, parte das atrações do Departamento de Música Brasileira da Rádio Nacional, cuja direção era de Humberto Teixeira. Gonzaga havia aproximado os dois parceiros, mas essa convivência era difícil e durou pouco tempo.
Foi No Mundo do Baião que Luiz Gonzaga coroou, com chapéu de couro, Carmélia Alves como Rainha do Baião. Ela interpretava o baião com acompanhamento de orquestra, e levava a música do Rei para as boates e ambientes da elite.
Um jornal carioca publica que "Luiz Gonzaga velho e superado, acaba de assinar contrato com uma firma para viajar pelo Brasil". Puro preconceito, pois Gonzaga reinou soberano de 45 a 55, 56. As 17 prensas da RCA Victor trabalhavam exclusivamente para ele.
Em março deste ano encerrou seu contrato com a Rádio Nacional e firmou um novo com a Rádio Mayrink Veiga, mesmo oficialmente vinculado à Rádio Cultura de São Paulo.
 
1952 Outubro de 1952, data do 71º disco da carreira de Gonzaga, o último 78 rpm com Humberto Teixeira, músicas já lançadas em anos anteriores.
Hervê Cordovil é apresentado à Gonzaga por Carmélia Alves, e tornam-se parceiros.
Luiz Gonzaga e Helena adotam uma menina: Rosa Maria.
 
1953
Catamilho é afastado por Gonzaga do seu conjunto, e Zequinha o acompanha. Gonzaga contrata Jurai Nunes, o Cacau, para tocar zabumba, e Oswaldo Nunes Pereira, o Xaxado para o triângulo. Mais tarde, por causa de sua baixa estatura, Xaxado seria apelidado de Salário Mínimo.
1954Luiz Gonzaga reencontra Neném, mais tarde Dominguinhos, aos 14 anos, no Rio de Janeiro.
Gonzagão convida Jackson do Pandeiro e sua mulher Almira, para morarem no Rio de Janeiro. Fariam grande sucesso com seus cocos e são considerados o lado urbano da música nordestina, enquanto Gonzaga seria o agreste.
Já no Sertão Pernambucano, em Serrita, nas Caatingas do sítio Lages, era encontrado morto, no dia 08 do mês de Julho, o vaqueiro Raimundo Jacó, primo de Luiz Gonzaga, fato que depois viria a originar a Missa do Vaqueiro.

1955
Luiz Gonzaga grava seus primeiros discos compactos de 45 rpm.
Também neste mesmo ano gravou o seu primeiro LP de 10 polegadas, 33 rpm, pela RCA Victor. Uma Compilação dos disco de 78 RPM.
Luiz Gonzaga apresenta o trio formado por Marines, Abdias e Chiquinho, que ficou conhecido como Patrulha de Choque Luiz Gonzaga.
 
1956
A Lei 1544/56, de autoria do então Deputado Federal Humberto Cavalcanti Teixeira, que limita a execução de músicas estrangeiras no Brasil é aprovada.
Começo das tentativas de aproximação do vaqueiro Zé Marcolino - José Marcolino com o Rei do Baião, através de correspondências que, segundo o próprio nunca chegaram às suas mãos. O encontro pessoal se daria mais tarde no ano de 1960.
Marinês é coroada Rainha do Xaxado na Rádio Mayrink Veiga.
A cantora japonesa Keiko Ikuta grava as músicas Baião de Dois e Paraíba.
 
1957
Grava o primeiro disco com composição de Onildo Almeida. Em um lado A Feira de Caruaru e no outro Capital do Agreste de Onildo Almeida e Nelson Barbalho.
1958
Começa o apogeu da Bossa Nova com João Gilberto, Tom Jobin, Vinícius e outros. O movimento cresce com adesão de Carlos Lira, Roberto Menescal, Baden e outros mais. Luiz Gonzaga por sua vez gravou seu primeiro LP de 12 polegadas, 33 rpm. Pela RCA Victor. XAMEGO
 
1960
11 de junho: morre Santana, vitimada pela doença de Chagas, no Rio de Janeiro.
05 de novembro: Januário, aos 71 anos, casa-se com Maria Raimunda de Jesus, 32 anos, no Exu.
Gonzaga participa, gratuitamente, da campanha de Jânio Quadros à Presidência da República.

1961
Luiz Gonzaga entra para a Maçonaria. Neste ano compõe com Lourival Silva e grava Alvorada de Paz, em homenagem ao então Presidente da República Jânio Quadros, que renunciaria sete mêses após assumir a Presidência.
Conheceu pessoalmente José Marcolino - o Zé Marcolino, de quem gravaria depois várias obras.
Gonzaguinha vai morar com o pai em Cocotá, Rio de Janeiro.
Luiz Gonzaga torna-se maçom, e sofre outro acidente de carro, ferindo gravemente o seu olho direito.
 
1962
11 de março: morre Zé Dantas, aos 41 anos.
Luiz Gonzaga conhece João Silva.
 
1963
De sua parceria com Nelson Barbalho grava A Morte do Vaqueiro no mesmo ano conhece o poeta popular cearense Patativa do Assaré . O clima político é tenso, e os brasileiros decidem em plebiscito a volta do sistema presidencialista.
Luiz Gonzaga teve sua sanfona Universal, preta, roubada. Antenógenes Silva, seu amigo e afinador, lhe empresta uma sanfona branca. A partir de então, adota a cor branca para suas sanfonas, e a inscrição "É do povo" em todos os seus instrumentos.

1964
Grava a composição A Triste Partida de Patativa do Assaré. O sucesso é total principalmente junto ao nordestino que vive no Sul. Grava também, no LP O Sanfoneiro do Povo de Deus a primeira composição de Gonzaguinha, "Lembrança de Primavera".

1965
Asa Branca é gravada por Geraldo Vandré em seu Lp "Hora de Lutar". Gilberto jovem, um compositor jovem da Bahia começa a citar Luiz Gonzaga em suas entrevistas, como uma de suas maiores influências. Mais adiante Luiz Gonzaga gravaria duas composições de Vandré (Para Não Dizer Que Não Falei das Flores e Fica Mal Com Deus), como retribuição.

1966 Sinval Sá lança o livro O Sanfoneiro do Riacho da Brígida - Vida e Andanças de Luiz Gonzaga - O Rei do Baião. O sanfoneiro é impedido de cantar no festival FIC 66, a música São os do Norte Que Vêm, de Capiba e Ariano Suassuna.

1968
Um pouco fora de destaque no cenário musical, Luiz Gonzaga viu seu nome novamente em ascensão depois que, nesta ano, Carlos Imperial espalhou no Rio de Janeiro que o conjunto Inglês The Beatles acabara de gravar a música Asa Branca. Não era verdade, mas foi o que bastou para que Gonzaga voltasse às manchetes. E por um longo tempo Gonzaga sempre falou em entrevistas, do interesse "dos cabeludos de Liverpool por essa música". Luiz Gonzaga é destaque na 1ª edição da Revista Veja, em 11 de setembro, com a matéria Gonzaga: a volta do Baião.
Luiz Gonzaga conhece Edelzuíta Rabelo numa festa junina em Caruaru.
 
1970 Para os anos 70 estava reservada a explosão dos ritmos estrangeiros, particularmente o Rock’n’roll, oriundo dos anos 50, onde encontrava defensores como Cely e Tony Campelo, Carlos Gonzaga, etc. Era a presença em nossa música os Beatles, ingleses. Dos Estados Unidos chegava a música de Elvis Presley. No Brasil era a vez de Roberto Carlos que já vinha com o seu programa Jovem Guarda. Carlos Imperial, Erasmo Carlos etc., davam força ao movimento.

1971
Lança o LP "O Canto Jovem de Luiz Gonzaga". O produtor Rildo Hora alega que "este disco não é para sucesso e sim uma homenagem para a juventude." Em Londres Caetano Veloso grava Asa Branca, assim como Sérgio Mendes e seu Brasil 77. É o ano do primeiro contato do então desconhecido Fagner com Luiz Gonzaga, no Rio. O sanfoneiro apresenta-se em Guarapari fazendo sucesso entre os hippies de então.
Foi também do ano de 1971 que, por iniciativa do Padre João Câncio, com o apoio do cantor Luiz Gonzaga - primo de Raimundo Jacó - e pelo poeta Pedro Bandeira, famoso repentista do Cariri, realizou-se a primeira Missa do vaqueiro, no sítio Lages, na cidade de Serrita, em pleno sertão Pernambucano, como homenagem a Raimundo Jacó, que teria sido morto morto por um companheiro, e principalmente em forma de tributo ao vaqueiro nordestino. Mas a principal preocupação do Pe. Joâo Câncio era trazer de volta para a igreja os vaqueiros. Com a celebração o Padre Vaqueiro conseguiu ver seu desejo realizado.

1972 Pelas mãos de Capinam apresenta o espetáculo "Luiz Gonzaga Volta Para Curtir" no Teatro Teresa Raquel, no Rio de Janeiro. Sob a direção de Jorge Salomão e Capinam, o delírio é total, e é a primeira vez que Gonzagão enfrenta uma platéia somente de jovens.

1973
Deixa a RCA Victor e passa para a Odeon, por um breve espaço de tempo, embalado pelo sucesso reconquistado.  Tenta lançar sua candidatura a deputado Federal pelo então MDB mas desiste logo da idéia, quando sentiu que os votos que obteria seria em troca de favores. Inezita Barroso grava Asa Branca como também o cantor grego Demis Roussos, sob nome de White Wings, com letra em inglês.
O então Governador de Pernambuco Eraldo Gueiros Leite, seriamente preocupado com o clima de discórdia e violência reinante em Exu, pediu para que Luiz Gonzaga tentasse apaziguar os conflitos entre famílias tradicionais daquela cidade. Neste mesmo ano por iniciativa da Prefeitura do Município de Serrita, foi erigida a estátua de Raimundo Jacó, esculpida por Jota Mendes, artista de Petrolina.
Também neste ano grava seu primeiro LP pela Emi Odeon.

1974
É construído o Parque Nacional do Vaqueiro, e criada em 24 de Outubro desse mesmo ano a Associação dos Vaqueiros do Alto Sertão Pernambucano.
 
1975 Luiz Gonzaga reencontra Edelzuíta, o grande amor da fase final de sua vida.

1976
O Projeto Minerva dedica um especial à obra de Luiz Gonzaga. Neste mesmo ano grava seu primeiro compacto simples de 33 rpm pelo selo Jangada, com a música  Samarica Parteira de Zé Dantas. A música ocupou as duas faces do disco.

1977 Estréia no  "Seis e Meia", no Teatro João Caetano ao lado de Carmélia Alves. O sucesso é total, inclusive com grande afluência de jovens ao Teatro.

1978
É lançado no mercado um disco como forma de menção especial a Luiz Gonzaga, - a Grande Música do Brasil, a Grande Música de Luiz Gonzaga, pela Copacabana, produzido por Marcus Pereira com arranjos e direção de orquestra a cargo do maestro Guerra Peixe. É uma versão sinfônica de clássicos da obra de Luiz Gonzaga. Foi também o ano da morte de Januário, no dia 11 de Junho.

1979
Morre o compositor, advogado e instrumentista Humberto Teixeira.  E Luiz Gonzaga grava o Disco Eu e Meu Pai em homenagem a Januário.

1980
Em Fortaleza, depois de ser literalmente atropelado pêlos seus fãs e por fiéis da igreja, Luiz Gonzaga canta para o Papa João Paulo II. Recebe do sumo pontífice a expressão - Obrigado Cantador. Foi um dos mais emocionantes e gratificantes momentos da vida do sanfoneiro, que novamente pensou em candidatar-se a política, mas desistiu aconselhado por amigos.
1981
A RCA Victor presta-lhe significativa homenagem pelo marco de seus 40 anos de carreira, com o lançamento do disco A Festa:
Apresenta-se no festival de verão do Guarujá, na praia de Pitangueiras, ao lado do veterano  Osmar Macedo, co-fundador do Trio Elétrico Dodô e Osmar. Neste mesmo ano visita o então Presidente da República Aureliano Chaves, pedindo-lhe que intervenha em Exu, devido às rixas entre as famílias Saraiva, Alencar e Sampaio, fato que acontece poucos dias depois terminando com uma rivalidade que já durava alguma décadas.
E através do decreto do poder executivo estadual  7.549, de 09 de novembro de 1981, foi nomeado interventor de Exu o major PM Jorge Luiz de Moura, decreto este publicado no Diário Oficial número 209, do dia 10 de novembro.
Grava Junto com Gonzaguinha o Disco Descanso em Casa , Moro no Mundo. Os dois fizeram juntos incríveis apresentações por todo Brasil.

1982
Atendendo convite da cantora Nazaré Pereira, viaja para a França apresentando-se em Paris no teatro Bobinot. A cantora fazia sucesso com a música Cheiro da Carolina e decidiu levar o Rei para a França o conhecer. Na platéia, entre outros, estavam Maria Bethânia, Celso Furtado e o ex-ministro Nascimento e Silva.
A partir desse ano, Luiz Gonzaga passa a assinar como Gonzagão quase todos os seus disco, forma como havia sido chamado por ocasião de sua turnê com Gonzaguinha.

1983
Lança o disco 70 anos de sanfona e simpatia.
 
1984 Gonzaga recebe o primeiro disco de Ouro com o LP Danado de Bom, no qual tinha João Silva por principal parceiro, e que receberia um segundo Disco de Ouro em seguida. João Silva seria seu grande parceiro, a partir de então. Gonzaga recebe o Prêmio Shell.
Luiz Gonzaga canta no disco de Gal Costa - Profana em uma faixa em homenagem a Jackson do Pandeiro. Grava seu primeiro LP com o Cearense Raimundo Fagner.
 
1985É agraciado com o troféu Nipper de Ouro. Além dele, somente o cantor Nelson Gonçalves recebe tal troféu.
1986 
Luiz Gonzaga participa do festival de música brasileira na França, Couleurs Brésil, evento que inaugura o programa dos anos Brasil-França 86-88. O Rei do Baião apresentou-se na Grande Halle de La Villette no show de encerramento, junto com outros artistas brasileiros, para um público aproximado de 15 mil pessoas.
O LP Forró de Cabo a Rabo, deu a Luiz Gonzaga dois discos de ouro.
 
1987
Luiz Gonzaga, o Gonzagão, recebe pela RCA o primeiro disco de platina de sua carreira, com o LP Forró de Cabo a Rabo, lançado em 1986.
1988A RCA Victor lança uma caixa luxuosa com cinco LPs, batizada de 50 Anos de Chão, produzida por José Miltom, cobrindo a carreira de Gonzaga desde as primeiras gravações instrumentais. Fagner produz o segundo LP de encontro com o Rei.
Luiz Gonzaga assina contrato com a gravadora Copacabana, que lançaria os últimos quatro LPs de sua carreira.
Em junho pede o desquite, separa-se de Helena, e assume o relacionamento com Edelzuíta Rabelo.
 
1989
Grava seu primeiro LP pela Copacabana, seguidos de mais três LPs, que seriam os últimos de sua carreira.  No dia 06 de Junho, Luiz Gonzaga sobe pela última vez num palco, com o auxílio de uma cadeira de rodas. A platéia presente no teatro Guararapes no Centro de Convenções no Recife não podia prever que não mais veria o Velho Lua. Ao lado de Dominguinhos, Gonzaguinha, Alceu Valença e vários outros amigos e parceiros, e desobedecendo à ordens médicas. Luiz Gonzaga morreu no dia 02 de Agosto de 1989, às 05.15hs, no Hospital Santa Joana, no Recife, onde dera entrada há 42 dias. Seu corpo foi velado na Assembléia Legislativa do Estado e o Governo de Pernambuco decretou luto oficial por três dias.  
No dia 13 de dezembro, Gonzaguinha, Fagner, Elba Ramalho, Domiguinhos, Joãozinho do Exu e Joquinha Gonzaga cantam à meia noite parabéns para Luiz Gonzaga, em  Show realizado em Exu. Nesse mesmo dia, pela manhã, foi inaugurado em Exu por Domiguinhos e Gonzaguinha o Museu do Gonzagão

Fontewwwluizluagonzaga.mus.br

O Rei do Baião

Luiz Lua Gonzaga (Exu, 13 de dezembro de 1912 " Recife, 2 de agosto de 1989) foi um compositor popular brasileiro, conhecido como o "rei do baião". É considerado mestre do cantor Dominguinhos.

Nasceu na fazenda Caiçara, no sopé da Serra de Araripe, na zona rural de Exu, sertão de Pernambuco. O lugar seria revivido anos mais tarde em "Pé de Serra", uma de suas primeiras composições. Seu pai, Januário, trabalhava na roça, num latifúndio, e nas horas vagas tocava acordeão (também consertava o instrumento). Foi com ele que Luiz Gonzaga aprendeu a tocá-lo. Não era nem adolescente ainda, quando passou a se apresentar em bailes, forrós e feiras, de início acompanhando seu pai. Autêntico representante da cultura nordestina, manteve-se fiel às suas origens mesmo seguindo carreira musical no sul do Brasil. O gênero musical que o consagrou foi o baião. A canção emblemática de sua carreira foi Asa Branca, que compôs em 1947, em parceria com o advogado cearense Humberto Teixeira.

Antes dos dezoito anos, ele se apaixonou por Nazarena, uma moça da região e, repelido pelo pai dela, o coronel Raimundo Deolindo, ameaçou-o de morte. Januário e Santana lhe deram uma surra por isso. Revoltado, Luiz Gonzaga fugiu de casa e ingressou no exército em Crato, Ceará. A partir dali, durante nove anos ele viajou por vários estados brasileiros, como soldado. Em Juiz de Fora-MG, conheceu Domingos Ambrósio, também soldado e conhecido na região pela sua habilidade como acordeonista. Dele, recebeu importantes lições musicais.

Em 1939, deu baixa do Exército no Rio de Janeiro, decidido a se dedicar à música. Na então capital do Brasil, começou por tocar na zona do meretrício. No início da carreira, apenas solava acordeão (instrumentista), tendo choros, sambas, fox e outros gêneros da época. Seu repertório era composto basicamente de músicas estrangeiras que apresentava, sem sucesso, em programas de calouros. Até que, no programa de Ary Barroso, ele foi aplaudido executando Vira e Mexe (A primeira música que gravou em 78 rpm; disco de 78 rotações por minuto), um tema de sabor regional, de sua autoria. Veio daí a sua primeira contratação, pela Rádio Nacional.

Em 11 de abril de 1945, Luiz Gonzaga gravou sua primeira música como cantor, no estúdio da RCA Victor: a mazurca Dança Mariquinha em parceria com Saulo Augusto Silveira Oliveira.

Também em 1945, uma cantora de coro chamada Odaléia Guedes deu à luz um menino, no Rio. Luiz Gonzaga tinha um caso com a moça - iniciado provavelmente quando ela já estava grávida - e assumiu a paternidade do rebento, adotando-o e dando-lhe seu nome: Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior. Gonzaguinha foi criado pelos seus padrinhos, com a assistência financeira do artista.

Em 1948, casou-se com a pernambucana Helena Cavalcanti, professora que tinha se tornado sua secretária particular. O casal viveu junto até perto do fim da vida de "Lua". E com ela teve outro filho que Lua a Chamava de Rosinha.

Gonzaga sofria de osteoporose. Morreu vítima de parada cárdio-respiratória no Hospital Santa Joana, na capital pernambucana. Seu corpo foi velado em Juazeiro do Norte e posteriormente sepultado em seu município natal. Sua música mais famosa é Asa Branca
Índice

Sucessos
- A dança da moda, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1950)
- A feira de Caruaru, Onildo Almeida (1957)
- A letra I, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1953)
- A morte do vaqueiro, Luiz Gonzaga e Nelson Barbalho (1963)
- A triste partida, Patativa do Assaré (1964)
- A vida do viajante, Hervé Cordovil e Luiz Gonzaga (1953)
- Acauã, Zé Dantas (1952)
- Adeus, Iracema, Zé Dantas (1962)
- Á-bê-cê do sertão, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1953)
- Adeus, Pernambuco, Hervé Cordovil e Manezinho Araújo (1952)
- Algodão, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1953)
- Amanhã eu vou, Beduíno e Luiz Gonzaga (1951)
- Amor da minha vida, Benil Santos e Raul Sampaio (1960)
- Asa-branca, Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga (1947)
- Assum-preto, Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga (1950)
- Ave-maria sertaneja, Júlio Ricardo e O. de Oliveira (1964)
- Baião, Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga (1946)
- Baião da Penha, David Nasser e Guio de Morais (1951)
- Beata Mocinha, Manezinho Araújo e Zé Renato (1952)
- Boi bumbá, Gonzaguinha e Luiz Gonzaga (1965)
- Boiadeiro, Armando Cavalcanti e Klécius Caldas (1950)
- Cacimba Nova, José Marcolino e Luiz Gonzaga (1964)
- Calango da lacraia, Jeová Portela e Luiz Gonzaga (1946)
- O Cheiro de Carolina, - Sua Sanfona e Sua Simpatia - Amorim Roxo e Zé Gonzaga (1998)
- Chofer de praça, Evaldo Ruy e Fernando Lobo (1950)
- Cigarro de paia, Armando Cavalcanti e Klécius Caldas (1951)
- Cintura fina, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1950)
- Cortando pano, Jeová Portela, Luiz Gonzaga e Miguel Lima (1945)
- Dezessete légua e meia, Carlos Barroso e Humberto Teixeira (1950)
- Feira de gado, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1954)
- Firim, firim, firim, Alcebíades Nogueira e Luiz Gonzaga (1948)
- Fogo sem fuzil, José Marcolino e Luiz Gonzaga (1965)
- Fole gemedor, Luiz Gonzaga (1964)
- Forró de Mané Vito, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1950)
- Forró de Zé Antão, Zé Dantas (1962)
- Forró de Zé do Baile, Severino Ramos (1964)
- Forró de Zé Tatu, Jorge de Castro e Zé Ramos (1955)
- Forró no escuro, Luiz Gonzaga (1957)
- Fuga da África, Luiz Gonzaga (1944)
- Hora do adeus, Luiz Queiroga e Onildo Almeida (1967)
- Imbalança, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1952)
- Jardim da saudade, Alcides Gonçalves e Lupicínio Rodrigues (1952)
- Juca, Lupicínio Rodrigues (1952)
- Lascando o cano, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1954)
- Légua tirana, Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga (1949)
- Lembrança de primavera, Gonzaguinha (1964)
- Liforme instravagante, Raimundo Granjeiro (1963)
- Lorota boa, Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga (1949)
- Moda da mula preta, Raul Torres (1948)
- Moreninha tentação, Sylvio Moacyr de Araújo e Luiz Gonzaga (1953)
- No Ceará não tem disso, não, Guio de Morais (1950)
- No meu pé de serra, Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga (1947)
- Noites brasileiras, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1954)
- Numa sala de reboco, José Marcolino e Luiz Gonzaga (1964)
- O maior tocador, Luiz Guimarães (1965)
- O xote das meninas, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1953)
- Ô véio macho, Rosil Cavalcanti (1962)
- Obrigado, João Paulo, Luiz Gonzaga e Padre Gothardo (1981)
- O fole roncou, Luiz Gonzaga e Nelson Valença (1973)
- Óia eu aqui de novo, Antônio Barros (1967)
- Olha pro céu, Luiz Gonzaga e Peterpan (1951)
- Ou casa, ou morre, Elias Soares (1967)
- Ovo azul, Miguel Lima e Paraguaçu (1946)
- Padroeira do Brasil, Luiz Gonzaga e Raimundo Granjeiro (1955)
- Pão-duro, Assis Valente e Luiz Gonzaga (1946)
- Pássaro carão, José Marcolino e Luiz Gonzaga (1962)
- Pau-de-arara, Guio de Morais e Luiz Gonzaga (1952)
- Paulo Afonso, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1955)
- Pé de serra, Luiz Gonzaga (1942)
- Penerô xerém, Luiz Gonzaga e Miguel Lima (1945)
- Perpétua, Luiz Gonzaga e Miguel Lima (1946)
- Piauí, Sylvio Moacyr de Araújo (1952)
- Piriri, Albuquerque e João Silva (1965)
- Quase maluco, Luiz Gonzaga e Victor Simon (1950)
- Quer ir mais eu?, Luiz Gonzaga e Miguel Lima (1947)
- Quero chá, José Marcolino e Luiz Gonzaga (1965)
- Padre sertanejo, Helena Gonzaga e Pantaleão (1964)
- Respeita Januário, Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga (1950)
- Retrato de Um Forró,Luiz Ramalho e Luiz Gonzaga (1974)
- Riacho do Navio, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1955)
- Sabiá, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1951)
- Sanfona do povo, Luiz Gonzaga e Luiz Guimarães (1964)
- Sanfoneiro Zé Tatu, Onildo Almeida (1962)
- São-joão na roça, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1952)
- Siri jogando bola, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1956)
- Vem, morena, Luiz Gonzaga e Zé Dantas (1950)
- Vira-e-mexe, Luiz Gonzaga (1941)
- Xanduzinha, Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga (1950)
- Xote dos cabeludos, José Clementino e Luiz Gonzaga (1967)
BAIÃO "PARAÍBA" SURGE EM 1950
Miho Hatori canta "Paraíba", sucesso de Luiz Gonzaga, em japonês.

Um dos maiores sucessos de Humberto Teixeira é sem dúvida o baião "Paraíba", de 1950, originalmente jingle de campanha do candidato a senador José Pereira Lira. Este não é o famoso de Princesa Isabel, embora a bravura daquele José Pereira seja evocada no célebre baião que tem projetado a Paraíba lá fora mais que as obras dos nossos romancistas e poetas.
Luiz Gonzaga, que só gravaria "Paraíba" em 1952, dois anos depois da gravação original de Emilinha Borba, passou o resto da vida dizendo que este baião é uma homenagem a bravura desta terra e que o seu refrão "mulher macho" não desonra a paraibana.

Luiz Gonzaga

Comemorando os 60 anos de um dos maiores clássicos da música brasileira, o Kukukaya realiza a Semana Especial Asa Branca, com shows e exposição
A lavra de composições em parceria do cearense Humberto Teixeira e do pernambucano Luiz Gonzaga é profícua em clássicos. Do "Baião" inaugural à evocativa "No meu pé de serra", passando pelo lirismo pungente de "Assum preto". Todas canções que ultrapassaram fronteiras geográficas e estéticas para assumir seu lugar de direito no inconsciente coletivo dos brasileiros - são daquelas que todo mundo sabe cantar, ao menos um trechinho, como se desde sempre estivessem presentes.
Uma canção, porém, pende um degrau acima nesse encontro entre o criador popular e a receptividade do público. Para uns, uma melodia recolhida das cantigas de cegos e repentistas, nas feiras nordestinas.
Para outros, um fruto mais direto da sensibilidade do velho Lua e do doutor do baião. Seja como for, "Asa branca" chega a seus 60 anos como clássico definitivo da música brasileira, confirmando-se em constantes releituras, do jazz ao forró, tanto como hino da nação cultural nordestina, quanto como cantiga que, paradoxalmente, percorre caminhos da seca, da dor e da sina, mas inevitavelmente anuncia uma atmosfera de alegria.
O próprio Luiz Gonzaga chegou a declarar que, ao decidir dar uma forma à música em 1947, não tinha muito entusiasmo por "Asa branca": "É muito lenta, cantiga de eito, de apanha de algodão na roça.
Mas Humberto pediu para eu cantar a música, eu cantei e ele me convenceu a fazê-la", registrou, citando que a música teria tido origem em memórias de seu pai, Januário, o homem da sanfona de oito baixos, para melodia adaptada do folclore. "Asa Branca era folclore. Eu toquei isso quando era menino com meu Pai. Mas aí chega Humberto Teixeira e coloca: ´Quando olhei a terra ardendo qual fogueira de São João' e se conclui um trabalho sobre Asa Branca".
Marcando a data em Fortaleza, a casa de shows Kukukaya preparou uma programação que inclui apresentações musicais e uma exposição especial dos discos de Luiz Gonzaga e de outras peças relacionadas a "Asa branca", a cantiga nordestina que, de gênese inequivocamente universal, sempre mostrou vocação para ir além-fronteiras - que o digam performances como a de Hermeto Pascoal e Elis Regina, no Festival de Montreaux, na Suíça, em 1979, ou o registro em inglês feito pelo baiano Raul Seixas, que optou pelo clima country para cantar o lamento de sua "White wings".
Os shows têm início na noite de hoje, com o sanfoneiro e compositor cearense Dorgival Dantas gravando seu primeiro DVD, e seguem amanhã, com o cantor e acordeonista paraibano Flávio José retornando à cidade.
Já no sábado, também no Kukukaya, será aberta uma exposição com todas as capas de discos de Luiz Gonzaga, além de fotos raras, filmes, documentos e de um exemplar do disco de 78 rotações por minuto que traz a primeira gravação de "Asa branca", além da canção "Vou pra roça". As peças fazem parte do acervo do pesquisador e colecionador pernambucano, radicado no Ceará, Paulo Tomaz, também responsável pela manutenção do site www.luizluagonzaga.com.br.
O evento deverá contar também com a presença da atriz Denise Dumont, dando notícia do documentário "O homem que Engarrafava Nuvens", filme que, atualmente em fase de finalização, lançará luz sobre a história de Humberto Teixeira.
Completando a noite, Joquinha Gonzaga, sobrinho de Seu Luiz, faz show musical ao lado do ator e humorista piauiense João Cláudio - notório pela voz extremamente semelhante à do Gonzagão. Festa para os 60 anos de "Asa branca".
DALWTON MOURA
Repórter


60 ANOS DE "ASA BRANCA"
Quando olhei a terra ardendo
Qual fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Asa Branca, Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira (1947)

Um belo dia, o compositor cearense Humberto Teixeira estava no seu escritório de advocacia, na Avenida Calógeras, no Centro do Rio de Janeiro, quando o sanfoneiro pernambucano Luiz Gonzaga o procurou pela primeira vez. Naquela tarde, das quatro horas até meia-noite, os dois discutiram o lançamento da música nordestina no Sudeste, o Baião, e compuseram os primeiros versos daquele que se tornaria o maior sucesso da dupla: Asa Branca. Só dois anos depois, em 3 de março de 1947, a música, que não é baião, mas uma toada, foi gravada pela RCA com o conjunto de Canhoto e lançada em maio daquele ano num disco de 78 RPM com a composição Vou Pra Roça.
No estúdio de gravação, o Rei e o Doutor do Baião tiveram de ouvir uma porção de caçoadas. "Mas, puxa, vocês depois de um negócio desses, de sucessos, vêm cantar moda de igreja, de cego, aqui? Que troço horrível!", diziam os músicos do conjunto. "Mal sabiam eles que nós estávamos gravando ali uma das páginas mais maravilhosas da música brasileira", relatou Humberto Teixeira, em entrevista para o pesquisador Miguel Ângelo de Azevedo, o Nirez, em 1977, publicada no O POVO, em 1994 e em 2000. Eleita pela Academia Brasileira de Letras em 1997 como a segunda canção brasileira mais marcante do século XX, empatada com Carinhoso, o choro que Pixinguinha compôs em 1917, e seguida apenas de Aquarela do Brasil, composta por Ari Barroso em 1939, Asa Branca completa aniversário de 60 anos e ganha homenagem no Espaço Cultural Kukukaya.
A exposição comemorativa, elaborada pelo pesquisador pernambucano radicado no Ceará Paulo Vanderlei Tomaz, reúne todas as capas de álbuns de Luiz Gonzaga, incluindo o disco de cera original da primeira gravação do clássico, fotos, documentos e objetos pessoais de Humberto Teixeira, além de filmes e documentários dos anos 40 e 50, como É com este que eu vou (1948) e E o Mundo Se Diverte (1956), com imagens do velho Lua dançando xaxado. Além da exposição, o evento conta com a participação da filha de Humberto Teixeira, a atriz Denise Dummont, radicada em Nova York, que vai falar do documentário O Homem que Engarrafava Nuvens, produzido por ela e dirigido por Lírio Ferreira, sobre a vida e obra do compositor cearense. Também haverá show do sobrinho de Luiz Gonzaga, Joquinha Gonzaga, e do ator e humorista João Cláudio, considerado um dos melhores imitadores do Rei do Baião.
A epopéia nordestina, segundo catalogação feita pelo pesquisador Paulo Thomaz, que há 18 anos coleciona material sobre Luiz Gonzaga, ganhou pelo menos 380 regravações nacionais e internacionais ao longo dessas seis décadas. "Certamente deve haver mais de 400", calcula o pesquisador. "Eu acho que para o Norte e Nordeste do Brasil essa é a música mais importante que já foi feita. Se o Nordeste fosse um país, Asa Branca seria com certeza o hino", acredita. O pesquisador, que ainda criança conheceu de perto Luiz Gonzaga, em Exu, Pernambuco, terra natal do músico, é dono do site Luiz "Lua" Gonzaga (luizluagonzaga.com.br), que reúne discos, vídeos, fotos, biografia, entrevistas e uma seção curiosa chamada "Causos do Rei", onde fãs e amigos contam histórias, pontuando a personalidade forte de "cabra macho", mas sempre com um jeitão muito amigo e afetuoso.
Para o pesquisador Nirez, o motivo de tanto sucesso para Asa Branca tem, entre outras explicações, o modismo em torno da música de origem sertaneja, que havia tido momentos de pico em 1922, com o conjunto Turunas Pernambucanos, e em 1928, com Turunas da Mauricéia, e foi retomado nos anos 1940. (...)
TEXTO RETIRADO DA INTERNET

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