Menina Bonita do Laço de Fita - CONSCIÊNCIA NEGRA - 20 DE NOVEMBRO
MENINA BONITA DO LAÇO DE FITA
(Ana Maria Machado)
Era uma vez uma menina linda, linda.
Os olhos pareciam duas azeitonas pretas brilhantes, os cabelos enroladinhos e bem negros.
A pele era escura e lustrosa, que nem o pelo da pantera negra na chuva.
Ainda por cima, a mãe gostava de fazer trancinhas no cabelo dela e enfeitar com laços de fita coloridas.
Ela ficava parecendo uma princesa das terras da áfrica, ou uma fada do Reino do Luar.
E, havia um coelho bem branquinho, com olhos vermelhos e focinho nervoso sempre tremelicando. O coelho achava a menina a pessoa mais linda que ele tinha visto na vida.
E pensava:
- Ah, quando eu casar quero ter uma filha pretinha e linda que nem ela...
Por isso, um dia ele foi até a casa da menina e perguntou:
- Menina bonita do laço de fita, qual é o teu segredo para ser tão pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:
- Ah deve ser porque eu caí na tinta preta quando era pequenina...
O coelho saiu dali, procurou uma lata de tinta preta e tomou banho nela.
Ficou bem negro, todo contente. Mas aí veio uma chuva e lavou todo aquele pretume, ele ficou branco outra vez.
Então ele voltou lá na casa da menina e perguntou outra vez:
- Menina bonita do laço de fita, qual é o seu segredo para ser tão pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:
- Ah, deve ser porque eu tomei muito café quando era pequenina.
O coelho saiu dali e tomou tanto café que perdeu o sono e passou a noite toda fazendo xixi.
Mas não ficou nada preto.
- Menina bonita do laço de fita, qual o teu segredo para ser tão pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:
- Ah, deve ser porque eu comi muita jabuticaba quando era pequenina.
O coelho saiu dali e se empanturrou de jabuticaba até ficar pesadão, sem conseguir sair do lugar. O máximo que conseguiu foi fazer muito cocozinho preto e redondo feito jabuticaba. Mas não ficou nada preto.
Então ele voltou lá na casa da menina e perguntou outra vez:
- Menina bonita do laço de fita, qual é teu segredo pra ser tão pretinha?
A menina não sabia e... Já ia inventando outra coisa, uma história de feijoada, quando a mãe dela que era uma mulata linda e risonha, resolveu se meter e disse:
- Artes de uma avó preta que ela tinha...
Aí o coelho, que era bobinho, mas nem tanto, viu que a mãe da menina devia estar mesmo dizendo a verdade, porque a gente se parece sempre é com os pais, os tios, os avós e até
com os parentes tortos.E se ele queria ter uma filha pretinha e linda que nem a menina,
tinha era que procurar uma coelha preta para casar.
Não precisou procurar muito. Logo encontrou uma coelhinha escura como a noite, que achava aquele coelho branco uma graça.
Foram namorando, casando e tiveram uma ninhada de filhotes, que coelho quando desanda
a ter filhote não para mais! Tinha coelhos de todas as cores: branco, branco malhado de preto, preto malhado de branco e até uma coelha bem pretinha.
Já se sabe, afilhada da tal menina bonita que morava na casa ao lado.
E quando a coelhinha saía de laço colorido no pescoço sempre encontrava alguém que perguntava:
- Coelha bonita do laço de fita, qual é o teu segredo para ser tão pretinha?
E ela respondia:
- Conselhos da mãe da minha madrinha...
- Conselhos da mãe da minha madrinha...
SEXTA-FEIRA, 1 DE NOVEMBRO DE 2013
Como criar bons hábitos de estudo em casa: dicas para pais
Por Simaia Sampaio
1. Determine as regras de estudo a serem seguidas e seja firme fazendo seu filho cumpri-las. Não se pode abrir concessões em relação aos estudos, pois é necessário haver disciplina, para que ele possa se organizar e saber o que deve fazer.
2. Verifique sempre sua agenda, o que já fez ou o que deixou de fazer. Veja os cadernos e livros e se realmente fez as atividades. Ajude-o na organização dos espaços e letra. Mesmo que seu filho não tenha uma boa letra, se ele mantiver espaços razoáveis entre uma palavra e outra, entre uma linha e outra, mantiver o caderno limpo, sem rasuras, conseguirá se organizar melhor em seus estudos. Se você chega tarde do trabalho, peça que ele faça as atividades, sozinho e separe meia hora, quando chegar, para ajudá-lo com as atividades que teve dúvidas. Com o tempo ele vai adquirindo autonomia ate não precisar mais de seu auxílio.
3. Se, por acaso, ele não está fazendo as atividades, use sua afetividade para explicar a ele que ele é responsável pelo seu desempenho escolar, mas você é responsável por ele e por isso está cobrando seus esforços. Diga que o ama e quer que ele tenha sucesso nos estudos e seja um adulto bem sucedido.
O papel de seu filho é estudar e o seu é de estar junto para ajudá-lo, trocando idéias, interessando-se pelos assuntos que está vendo em sala e conversando sobre estes para que façam sentido para ele.
4. Entre num acordo com seu filho sobre a rotina de estudos. Se ele estuda pela manhã, ele chegará em casa, irá almoçar, descansar um pouco e estudar mais ou menos às 14h. Não permita que ao invés de descansar ele jogue vídeo game ou fique no computador, pois irá ficar ainda mais cansado. Se ele estuda no turno vespertino, pode dividir as tarefas realizando algumas à noite e outras pela manhã, já que normalmente está cansado à noite.
Se perceber que seu filho está cansado não o obrigue a estudar para que não associe o momento de estudo com um castigo.
5. Evite que a família veja televisão no horário que seu filho estiver estudando, ou que conversem alto, para não desconcentrá-lo.
Não permita que ele estude ouvindo música, assistindo televisão, parando para falar ao telefone. Se tiver irmãos menores, tire-os de perto.
6. O ideal é que seu filho tenha um ambiente de estudo, como uma escrivaninha no quarto, com boa iluminação e ventilação, uma cadeira confortável, com encosto e pés no chão. Ajude-o a manter a mesa organizada, sem jogos, fotos, revistas e objetos que desvie sua atenção. Se não tiver, pode ser na mesa de jantar, mas como disse antes, num horário em que o movimento familiar não atrapalhe. Se ele divide o quarto com os irmãos, estabeleça horários diferentes de estudo para cada um.
7. Jamais faça as lições por seu filho. Você poderá ajudá-lo com suas dúvidas dando exemplos e fazendo-o pensar sobre a questão, mas nunca dê a resposta. Estimule seu filho a tirar a dúvida com o professor em sala de aula, se não entendeu a sua explicação.
8. Ensine-o a realizar as tarefas utilizando métodos:
- Ler e reler quantas vezes forem necessários;
- Entender;
- Pesquisar;
- Questionar;
- Comparar;
- Revisar.
9. Confira se seu filho entendeu o assunto que estudou fazendo-lhe perguntas. Para isto é preciso que você esteja por dentro dos assuntos que ele está vendo na escola. Se perceber que ele não está entendendo bem o assunto, dê exemplos do dia-a-dia para que o conteúdo que ele está vendo na escola faça sentido em sua vida.
10. Elogie sempre as conquistas de seu filho. Não exija a perfeição, mas elogie sempre que perceber que ele está superando algumas dificuldades ou sempre que conseguir entender um assunto. Cuidado com os elogios exagerados e falsos, a criança percebe quando você não está sendo sincero. Desta forma, melhor dizer: “tenho certeza que da próxima vez você irá conseguir”.
11. Evite críticas negativas ou comparações com irmãos ou colegas. Se ele escreveu um trabalho desorganizado, com a letra feia, evite dizer: É esse lixo que você vai entregar? Ao invés disso, explique-lhe que o professor irá entender melhor se sua letra estiver mais organizada, com espaços entre as linhas e sem rasuras. Pergunte se ele quer sua ajuda para organizar o trabalho.
12. Se mesmo com toda esta atenção seu filho não conseguir evoluir bem, procure uma psicopedagoga para uma avaliação, pois em muitos casos pode tratar-se de um distúrbio de leitura e escrita e por mais que a criança se esforce terá certa dificuldade, o que não quer dizer que ele terá fracasso, NÃO!, mas necessitará de apoio da escola e da sua compreensão enquanto mãe e pai.
13. E lembre-se: o acompanhamento dos pais nos estudos dos filhos é de fundamental importância para o bom desenvolvimento escolar, mas deve ser feito com afeto. Se não tiver paciência melhor procurar alguém que possa auxiliá-lo. Os gritos e ameaças afetam sua auto-estima e seu filho além de um problema de aprendizagem vai acabar agregando um problema emocional.
Simaia Sampaio é Neuropsicopedagoga, atua como Psicopedagoga Clínica, é professora de cursos de Pós-graduação em Psicopedagogia, Palestrante, Autora de livros.
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SEXTA-FEIRA, 25 DE OUTUBRO DE 2013
A IMPORTÂNCIA DA LIÇÃO DE CASA
Confira abaixo a matéria “A importância da lição de casa” publicada na revista Guia Prático Para Professores de Ensino Fundamental I, disponível também no site da revista no link:http://revistaguiafundamental.uol.com.br/professores-atividades/98/artigo264291-1.asp
A importância da lição de casa
QUANDO BEM ORIENTADA E COM AJUDA DOS PAIS, AS TAREFAS TORNAM O ESTUDO MUITO MAIS PRODUTIVO PARA AS CRIANÇAS
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A maioria dos educadores defende que aluno deve ter espaço adequado, horário estabelecido para fazer as tarefas e ser incentivado pelos responsáveis para adquirir disciplina e autonomia no momento de realizar seu dever. Por isso, no Colégio Santa Maria, enquanto crianças da Educação Infantil estão aprendendo a lidar com a lição de casa, as do 2º ano do Ensino Fundamental se sentem mais habituadas, embora também necessitem de apoio na hora de fazer suas tarefas.
No 6º ano, esse cenário muda completamente, pois o desafio do aluno é justamente o de conquistar sua total independência em relação aos estudos. Logo, como a relação escola-aluno-família se transforma ao longo da vida acadêmica e o preparo de cada etapa resulta de um esforço conjunto, educadoras do colégio comentam sobre esse processo comum a todas as crianças. Mas, ao mesmo tempo em que explicam como os pais devem lidar com a lição de casa dos filhos – para que a produtividade seja eficiente –, elas também lançam as bases para que as demais escolas possam alicerçar seu próprio trabalho.
Anote!
Estudos comprovam que crianças incentivadas pelos pais a estudar e a fazer as lições de casa têm um desempenho escolar melhor. No entanto, os pais devem ser alertados que estimular não significa executar a tarefa da criança. |
Preste atenção!
Na escola tradicional, embora a lição de casa seja um recurso importante para a fixação dos conhecimentos ministrados em sala de aula, ela também tem como objetivo fazer com que o aluno exercite a própria responsabilidade e autonomia. |
Lição de Casa: aquisição da autonomia
Edith Sonagere, orientadora da Educação Infantil, conta que as crianças de 3, 4 e 5 anos levam para casa atividades motoras, registros por meio de desenhos, exercícios matemáticos, coleta de dados, entre outras. A orientação de como os pais devem se comportar é feita nas reuniões pedagógicas e por meio de entrevistas quando necessário. “Como na Educação Infantil as tarefas são simples e se reportam a conteúdos já trabalhados em sala de aula, solicitamos às famílias que apenas releiam as instruções e deixem os alunos fazerem a lição sozinhos. Caso a criança solicite ajuda, apenas deverão estimular o seu raciocínio”, diz Edith.
Esse panorama muda no 2º ano do Ensino Fundamental. Os pais são orientados a organizar a rotina dos filhos. Portanto, eles devem estipular horário, desligar a TV e o rádio e indicar um lugar adequado, onde a criança faça o dever sentada, com claridade e sem muitas interferências do meio. De acordo com a professora Rosilene Moutinho Arriola, nessa fase, a função do adulto é verificar se o estudante precisa de algum material específico – como revistas para recortar, por exemplo. “No fim, os pais podem rever a tarefa junto ao filho. Porém, também é importante valorizar o que está bem feito e chamar a atenção para o que poderia ser melhorado, pois é possível cobrar maior empenho com autoridade e carinho”, explica a professora.
Explique aos pais
Lição de casa não é punição e nem é dada para preencher apenas o tempo do aluno. Ela visa agilizar o processo de ensino-aprendizagem e para ser proveitosa deve ser feita em um clima prazeroso. Por isso, os responsáveis não podem demonstrar irritação quando a criança pede ajuda. Da mesma forma, também não é aconselhável ficar corrigindo tudo que os filhos fazem. Em vez disso, o certo é conversar com criança para descobrir quais são suas dificuldades e, então, apresentá-las na próxima reunião com os professores, para obter a orientação necessária para auxiliá-la em situações semelhantes. |
O tempo dedicado ao dever de casa
Entre 6 e 7 anos, a criança não deve ficar mais do que uma hora realizando a lição diária. Passado esse tempo, ela se cansará e passará a fazer a tarefa com pouca qualidade. “Como nessa etapa escolar, ela também não consegue realizar pesquisas sozinhas, os pais podem ajudar selecionando o material, lendo alguns trechos juntos, pesquisando na internet, pois o aluno ainda está em fase de consolidação da alfabetização”, orienta Rosilene.
Aos poucos, entre 8 e 9 anos, esse tempo pode ser aumentado gradativamente. Assim, ao alcançar a faixa etária dos 10 e 11 anos, o estudante deverá ter em torno de duas horas para realizar suas tarefas.
O professor deve orientar
Os pais devem saber que o ideal para a criança que estuda de manhã é chegar em casa, almoçar, fazer um pequeno descanso para, depois, iniciar seus deveres. À tarde, sem um horário estipulado, ela se envolve em outras atividades, acaba se cansando e, à noite, não terá a mesma disposição para executar a lição.
O mesmo procedimento é válido para crianças que estudam à tarde. Embora algumas realizem a lição à noite, o melhor é reservar esse período para a interação familiar. Por isso, seria mais interessante fazer a criança acordar, levantar, realizar sua higiene pessoal, tomar o café, descansar um pouco e, então, iniciar suas tarefas. Assim, ainda sobra tempo para ela realizar outras atividades. De certa forma, com toda essa preparação, a disciplina se estabelece e a rotina de realização do dever de casa cria por si só um processo de estudo, que faz o aluno se sentir mais seguro e pronto para as próximas aulas. Consequentemente, quando ocorrer a passagem para o Ensino Fundamental 2, o estudante também estará apto a se organizar de acordo com os componentes curriculares, para obter o sucesso imprescindível aos seus estudos sem muitos sacrifícios.
O professor também deve determinar a quantidade e a diversidade de deveres que a criança terá que fazer em casa. Logo, é preciso relembrar sempre que, ao sobrecarregar o aluno, em vez de dinamizar o aprendizado, o máximo que se consegue é provocar o cansaço e o desinteresse pelos estudos.
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SEXTA-FEIRA, 11 DE OUTUBRO DE 2013
O jeito nova geração
Nascidos numa época em que a tecnologia já fazia parte do dia a dia, os professores que agora chegam às salas de aula procuram novos modos de ensinar e quando encontram dificuldades seguem um comportamento comum: trocam de escola, sem hesitar
Luciana Alvarez
O mercado de Recursos Humanos, os jovens desta reportagem seriam classificados como a chamada "geração Y" - os nascidos na década de 80 até meados dos anos 90. Essa é a primeira geração que não precisou aprender como lidar com equipamentos eletrônicos e em pouco tempo de vida presenciou os maiores avanços na tecnologia. Ao chegar ao mercado de trabalho, esses profissionais foram considerados inovadores e empreendedores. Mas, o que acontece quando eles escolhem ser professores? Se engana quem pensa que, por terem tanta familiaridade com o uso de recursos tecnológicos, eles sejam seus entusiastas. Muito pelo contrário: consideram a tecnologia algo natural, mas não veem sentido em usá-la em sala de aula sem um claro propósito. Na forma de perceber o processo educacional, entretanto, eles promovem uma revolução silenciosa: são abertos ao diálogo, buscam soluções criativas, gostam de realizar pesquisas e inventam jogos e até novas disciplinas em busca de algo muito simples: o prazer de ensinar e a paixão pelo conhecimento.
"A escola tem mudado. Claro que as instituições têm certa permanência - não só a escola, mas a Justiça, a Igreja, etc. Mas esse discurso muito em voga de que a escola não evolui vem desde a década de 20 do século passado e é falso", afirma Paulo Gileno Cysneiros, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que nas últimas três décadas tem se dedicado ao ensino e pesquisa em tecnologias da informação e comunicação na educação.
Para Paulo, o uso das tecnologias tem o potencial de modificar os modos de pensar, de ensinar e de aprender, e até mesmo de ver o mundo. Mas a verdadeira mudança que vem ocorrendo deve-se sobretudo à capacidade criativa do professor. Ou seja, não é a tecnologia em si que está trazendo as inovações para a sala de aula, mas os jovens professores que entendem como natural o fato de que o conhecimento está disperso, pulverizado no mundo, nas redes sociais, na internet. E assumem sem problemas o papel de guiar e estimular os alunos a encontrarem por eles mesmos o que desejam.
Antropologia urbana
Luís Fernando Massagardi, 31, é de um desses professores que ajudam os alunos a navegar pelo mundo. Mas no caso dele, é pelo mundo real mesmo: ele orienta estudantes do ensino médio a fazerem pesquisas de campo.
Há cinco anos atuando como professor, ele criou uma nova disciplina, que ministra para os alunos do 2º ano do ensino fundamental no colégio particular Ofélia Fonseca, em São Paulo (SP). Chama-se antropologia urbana. "A proposta é fazer uma discussão sobre os grupos sociais da cidade e como eles atuam no espaço urbano", explica. Para "estudar", os alunos precisam deixar os muros da escola e explorar espaços da cidade que pouco conhecem.
Luís Fernando, que é formado em história, diz que a ideia de montar a disciplina tem forte relação com sua experiência pessoal. "Comecei trabalhando em museus e com viagens para estudos de meio. Por isso acredito em práticas educativas que extrapolem a escola como um ambiente fechado, não só no plano de discutir o mundo mas também de estar fisicamente fora", afirma.
O professor conta que se sente muito próximo de seus alunos, mas acredita que não seja pela idade, e sim pela sua metodologia. "O diálogo é um ponto fundamental na minha prática. Então, estou sempre aberto para as trocas", diz. Por causa dessas "trocas" que promove com seus estudantes, Luís Fernando se tornou um dos idealizadores do Festival de Artes do colégio, aberto para a comunidade e divulgado pelas redes sociais da internet pelos próprios alunos.
Brincar de ensinar
Uma mudança de comportamento entre os jovens que iniciaram suas carreiras profissionais nos últimos anos é a busca de satisfação pessoal no trabalho. Para eles, dever e prazer devem estar associados. Com os professores, a atitude não é diferente. Em uma pesquisa da Fundação Instituto de Administração (FIA/USP) realizada há três anos com 200 jovens de São Paulo nascidos entre 1980 e 1993, 99% dos entrevistados disseram que só se mantêm envolvidos em atividades de que gostam. Além disso, no levantamento feito por Ana Costa, Miriam Korn e Carlos Honorato, 96% afirmaram que consideram que o objetivo do trabalho é a realização pessoal. Para a pergunta "qual pessoa gostariam de ser?", a resposta "equilibrado entre vida profissional e pessoal" alcançou o primeiro lugar, seguida bem de perto por "fazer o que gosta e dá prazer".
O magistério sempre foi uma opção que envolve boas doses de idealismo e paixão, mas cresce a tendência entre os jovens de incluir no "gostar de ensinar" a ideia de diversão propriamente dita. Brincadeiras, jogos, campeonatos cada vez mais entram no rol de atividades propostas mesmo aos alunos do Fundamental 2 e ensino médio.
Luana Gabriela Marques, 31, inventa de tudo um pouco em suas aulas de português para turmas do 6º ano ao 3º do ensino médio no Colégio Brasil Canadá, em São Paulo (SP). "Faço desafios, campeonatos individuais, entre grupos, jogos de tabuleiro, jogos em que eles formulam as perguntas uns para os outros. Gosto de trabalhar com a criatividade do aluno. No fim do bimestre, dou uns pontinhos a mais na média pelo desempenho nas brincadeiras. Também premio com bombons ou livros", conta a professora.
Mas tanta "recreação" no meio das aulas não significa que os alunos não levem os estudos a sério. "Uso esses recursos em nome do aprendizado. Sou uma professora exigente. E mesmo com esse perfil de brincar, fazer jogos, não tenho problemas em conseguir silêncio, nem com falta de lição de casa", conta Luana.
Montar aulas sempre pensando na diversão dos alunos tem como "efeito colateral" fazer a professora também se divertir - e muito. "Estou sempre criando exercícios novos. Não consigo fazer uma aula que não tenha a ver comigo, que fique chata", conta. Esse comportamento faz com que Luana se aproxime dos alunos e também aprenda com eles - até sobre como se divertir. "Ouço algumas músicas, acompanho certas séries de TV que eles me recomendaram", conta.
Alunos protagonistas
Carolina Silveira Leite, 27, leciona para alunos de 4º ano na rede municipal de São Paulo e faz questão de que eles tenham participação ativa nas aulas. Muito de sua prática pedagógica vem como resultado de sua experiência como aluna. Carolina é formada em letras e acaba de concluir sua segunda graduação, em pedagogia, pela Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp). Ao estudar por EaD, ela diz ter aprendido também a importância de o aluno estar motivado e ter um papel ativo na construção do conhecimento. "Não adianta substituir a lousa por um computador. O aluno precisa estar produzindo para se interessar", afirma.
Atualmente, os alunos de sua turma estão montando um blog para publicar as descobertas que fizeram em um projeto sobre insetos.
Foram os alunos que propuseram questões, pesquisaram na biblioteca e na internet, e agora estão escrevendo textos e indicando links para compartilhar o que aprenderam. "Ainda não conseguimos respostas para algumas das dúvidas. Estamos estudando novas estratégias, como enviar perguntas a revistas especializadas", diz Carolina.
Claro que a capacidade de inovar ao trazer o aluno para participar da produção do conhecimento não é uma questão meramente de faixa etária. Mas para um professor com certo passado "tecnológico educacional" é mais fácil entender que na sociedade atual a educação não se limita a escutar aulas expositivas, ler textos escolares e realizar provas. "As tecnologias da internet permitem que o aluno tenha outras opções, como, por exemplo, aprender o que queira, quando queira, no lugar que queira, de uma maneira colaborativa", afirma Lucio França Teles, professor da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB).
Como consequência, diz Lucio, a curiosidade dos alunos acaba aumentando o escopo do currículo, assim como aconteceu com a turma da professora Carolina, pois eles não ficam circunscritos ao que "deve" ser aprendido para serem aprovados. "O acesso a colegas e a informações de várias fontes torna o processo de aprendizagem mais dinâmico e motivante", acredita.
Apoio na formação
Essa visão ampla e inovadora da educação vale não apenas na hora de ensinar os alunos, mas também quando os próprios professores desejam se manter atualizados. A professora Liliane Rodrigues, 28, da escola bilíngue Cidade Jardim Playpen, São Paulo (SP), também é formada em letras e está fazendo sua segunda graduação, em pedagogia. Mas além de usar as fontes acadêmicas e formais para se aprimorar, ela está constamente aprendendo em espaços informais, como na leitura de blogs de outras professoras.
Embora essa prática não lhe renda nenhum diploma, nascem dela dezenas de ideias e práticas que melhoram seu trabalho docente. "Uma vez li em um blog de uma professora americana sobre um curso on-line de alfabetização multissensorial. Fiquei interessada e conversei com a coordenadora. A escola acabou pagando para eu fazer o curso", conta ela, para quem o apoio da coordenação para crescer profissionalmente é fundamental. "Hoje mudei minha forma de dar aula, aplico muito do que aprendi. Eles investiram em mim, confiaram", comemora.
Empreendedorismo pedagógico
Para Carlos Seabra, consultor de projetos de tecnologia educacional, a prioridade das instituições de ensino deve realmente ser a formação continuada de seus professores. "Entre inúmeros outros fatores, os gestores e coordenadores podem facilitar condições para o que chamo de "empreendedorismo pedagógico" dos professores, ou seja, incentivo à pesquisa e à criatividade, com estímulos e apoios concretos a essas iniciativas", afirma.
Mesmo que seja difícil conseguir verba para formação, especialmente para cursos não oficiais, é possível criar condições para o empreendedorismo pedagógico, já que não se trata simplesmente de dispor de recursos financeiros, mas de estar aberto às iniciativas sugeridas. "O professor inovador, aquele que tenta novos formatos pedagógicos com suporte da tecnologia da comunicação e aprendizagem, tende a buscar instituições educacionais que deem suporte às suas ideias e práticas", afirma Lucio Teles, da UnB.
Confiar no potencial do professor e dar uma carta branca a ele foi o que fez a escola estadual Olinda Conceição Teixeira Bacha, de Campo Grande (MS), para o projeto idealizado por Alexandre Gonçalves Souza, 28 anos. Por seu perfil, era possível perceber que Alexandre era alguém que gostava de experimentar e aceitava desafios. Sem nunca ter estudado informática formalmente - sempre aprendeu "fuçando" - Alexandre tornou-se professor de tecnologia. Foi então que há três anos ele recebeu da direção o desafio de fazer um projeto que melhorasse o aprendizado em português e matemática daquela que era considerada "a pior turma" do colégio, que fica na periferia da capital.
"Era uma sala de 8º ano com os piores desempenhos nas avaliações internas. Eles não se respeitavam e não respeitavam os professores, não tinham vontade de aprender. Era um clima de guerra", lembra o professor. Com uma verba de R$ 20 por mês, obtida com a venda de picolés na escola, Souza montou um agência de publicidade experimental com os alunos. "Assim consegui envolver a professora de artes, de que eles gostavam, e também de português, inglês (para ajudar nos textos) e matemática (para fazer os orçamentos)."
O primeiro trabalho da agência foi desenvolver uma campanha antibullying para a direção da escola. "No começo eles não queriam fazer. Mas ver o resultado espalhado pela escola, compartilhado no Facebook e na página da secretaria de Educação os motivou", conta. Em apenas um semestre, a "turma problema" virou "turma modelo". No ano seguinte, o projeto ganhou três prêmios: um da Assembleia Legislativa do Estado, outro do Ministério da Educação e o prêmio Professores Inovadores da Microsoft. "Os alunos foram apresentar a agência num seminário estadual de tecnologia e foram aplaudidos por diretores, coordenadores. Eles contaram que nunca imaginaram que isso pudesse acontecer", relata o professor.
Fator desestabilizante
Mas é claro que nem tudo são flores. Conhecida pelo seu individualismo, às vezes essa geração encontra resistências e conflitos no ambiente escolar. Entre as características da nova geração de professores está a busca por respostas e mudanças rápidas. Quando isso não acontece, esses profissionais preferem simplesmente ir embora e procurar outro lugar para dar aulas. Uma professora entrevistada pela reportagem, que prefere não se identificar, conta que com dez anos de magistério já tinha passado por oito escolas. "Existem escolas ainda muito tradicionais. Hoje estou feliz porque encontrei uma em que a coordenação é bem aberta", diz.
E ela não é a única a trocar de empregador por não ficar satisfeita com as relações com os superiores. Fábio Pauli conta que desistiu de certa escola por não concordar com a abordagem do diretor. "Eu tinha um aluno com necessidades especiais e sua orientação era clara e não estava aberta a discussão: o aluno não fazia provas e tirava sempre 7.
Mas como ele iria evoluir assim?", questiona. Felizmente, Pauli conseguiu encontrar uma escola em que a visão da direção estivesse de acordo com a sua.
O professor Leandro de Lima, egresso de escolas públicas, conta que chegou a dar aulas em três escolas da rede pública, mas hoje prefere trabalhar diretamente apenas com estudantes de escolas particulares. "Nosso trabalho era resolver problemas da vida dos alunos, com a família, com drogas, problemas de depredação. Nas reuniões com os coordenadores, não tínhamos tempo para discutir práticas pedagógicas", reclama.
Para Lucio Teles, da UnB, é normal que a nova geração cause um certo nível de "conflito de gerações" dentro das escolas. "Um professor inovador que cultiva relações mais horizontais e menos autoritárias pode causar um certo temor junto àqueles professores que se posicionam de maneira mais tradicional. A inovação pedagógica na escola é sempre um fator desestabilizante, pois a maioria dos professores infelizmente ainda se apega à noção tradicional de 'transferência de conhecimentos'."
Além do imediatismo, as tendências ao individualismo e uma dose de arrogância entre os mais novos podem provocar atritos dentro das instituições de ensino. O professor da UFPE Paulo Cysneiros lembra, por exemplo, que mesmo um professor que entenda tudo de tecnologia precisa estar aberto para aprender. "Uma coisa é usar a tecnologia no cotidiano, outra é saber usá-la de forma proveitosa na educação. Para isso, primeiro ele vai ter de estudar, ter orientação de seus coordenadores", afirma.
Diretor da escola paulistana São Domingos, Silvio Barini Pinto afirma que na hora de contratar professores, jovens ou não, tenta sempre identificar a capacidade de cooperar e a disposição para aprender com os mais experientes. "Parte dos desafios da educação atual é articular o conhecimento de maneira sistêmica. Professores individualistas não combinam com essa necessidade", avalia.
Por procurar claramente profissionais que gostem de trabalhar em grupo, Silvio garante que nunca teve problemas com os mais jovens. "Algumas vezes já tive candidatos que depois de ouvirem a proposta de educação da escola se disseram não dispostos a trabalhar dessa forma. Por estatística ou por acaso, eram jovens."
Naturalidade tecnológica
Qualquer pessoa que convive desde a infância com diferentes formas de tecnologia tende a desenvolver relações mais naturais com ela, seja na vida pessoal ou profissional. Com o professor não poderia ser diferente. Afinal, a tecnologia é intrínseca à atualidade, e essa geração não costuma considerar que os recursos tecnológicos sejam por si necessariamente positivos ou negativos. Isso não quer dizer que, em sala de aula, a tecnologia deva ser usada de forma acrítica: tudo depende de como usá-las.
"Um professor que é mais conectado tem um potencial para lecionar aulas mais atrativas. Mas pode também ocorrer o contrário: um professor que é mais conectado pode passar a usar a conectividade de uma forma repetitiva, assumindo que a tecnologia poderá cumprir um papel instrucional", defende Teles. Portanto, a tecnologia deve ser abordada de maneira crítica.
Mesmo os celulares, normalmente tidos como os grandes vilões da dispersão e banidos da maioria das salas de aula, são vistos com mais equilíbrio pelos jovens professores como Leandro de Lima, 26 anos, que leciona química no colégio Albert Sabin, em São Paulo (SP). "Todo mundo nas minhas salas tem um celular com acesso à internet. O que precisamos é pensar esses usos em vez de bater de frente e proibir", afirma o professor que, de certa maneira, é multitarefas. Além de dar aula para turmas regulares, prepara alunos da escola para as olimpíadas de química, participa de um projeto social no qual capacita professores da rede pública para usar tecnologia e ainda atua como consultor de uma editora de livros didáticos.
Para ele, os aparelhos celulares podem proporcionar situações de aprendizado. "Eu falo para os alunos: dentro de sala vai tuitar o quê? Que está na aula de química? Isso é chato, ninguém quer saber. Mas, do lado construtivo, tem aluno que entra no Google para esclarecer uma dúvida, outro que tem um simulador de experiências instalado. E eles todos usam o celular para marcar compromissos, provas, trabalhos; isso funciona muito bem", conta.
Tudo ao mesmo tempo
Para Paulo Gileno Cysneiros, professor da Universidade Federal de Pernambuco, a visão crítica do uso desses recursos na educação é positiva. "Por não terem, de certo modo, uma história, as novas tecnologias provocam de forma geral um efeito emocional receptivo. Em outras vezes elas provocam medo. Por isso mesmo é preciso olhar com cuidado. O professor deve sempre experimentar e adaptar a máquina à sua realidade."
Há ainda certas habilidades "naturais" para a nova geração de profissionais que caem como uma luva para o perfil desejável de professores. Uma delas, sem dúvida, é a capacidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo. "Quando se trabalha com educação infantil numa turma que pode chegar a 20 crianças é preciso ser multitarefa", afirma Daniele Gazzotti, da escola Stance Dual, São Pauo (SP).
"Enquanto você está contando uma história tem sempre alguém pedindo para ir ao banheiro, outro que resolve cutucar o amigo e alguns prestando atenção. E a gente tem de dar conta de atender a todos."
SEGUNDA-FEIRA, 3 DE MAIO DE 2010
Lembrancinha Dia das mães
Porta toalha de cozinha
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QUARTA-FEIRA, 14 DE OUTUBRO DE 2009
Capa para cadernos em E.V.A (kokeshi)
Fiz estes cadernos para presentear no Dia dos professores. Encontrei o molde no flickr, achei essa kokeshi linda e resolvi fazê-la.
As kokeshis são bonequinhas japonesas originalmente feitas de madeira e eram usadas como souvenires para os visitantes das fontes termais no nordeste do Japão (entre 1600-1868). Sou apaixonada por essas bonecas.Quem quiser saber um pouco mais sobre as kokeshis é só clicaraqui!
Para o marcador de página, basta escolher o ideograma e desenhar.
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Mais presentes para a Mamãe...
Pode ser feito um porta retrato ou um imã de geladeira.
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