ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL “SÃO JOÃO”.
PROJETO: MONTEIRO LOBATO
Senhores Pais,
Por meio desse, comunicamos que a partir dessa data 04-05-10 daremos início ao Projeto Monteiro Lobato.
O trabalho por meio de projetos fascina professores e alunos, porque estimula a inteligência e a criatividade, transformando alunos em descobridores de significações nas aprendizagens práticas.
Por que Monteiro Lobato?
Porque sua obra literária, já que Monteiro Lobato foi um dos maiores escritores nacionais, além de ser acolhida positivamente pelas crianças enriquece o íntimo, já que a imaginação recebe subsídios para enriquecer o real.
Os personagens do Sítio do Picapau Amarelo, compõem um cenário muito próximo da criança.
Pedrinho, Narizinho e Emília, vivem muitas aventuras no Sítio, Dona Benta é a avó que todas as crianças gostariam de ter: doce e atenciosa, Tia Nastácia é a sabedoria popular e que participa também da educação das crianças. Visconde de Sabugosa representa a cultura, a Cuca é uma bruxa genuinamente brasileira que representa os medos e as fantasias infantis.
Monteiro Lobato é um pouco de tudo: traz a literatura universal para dentro de suas obras, desperta o interesse pela cultura mundial, ensina mitologia, apresenta heróis literários, divulga personagens e valoriza a cultura brasileira.
Assim, através dos personagens, a criança encontra a autonomia da palavra e questionando o mundo, torna-se proprietário dele; permitindo o conhecimento do mundo, mas igualmente oportunizando que este mundo seja discutido, explorado, analisado e recriado.
O “Sítio do Picapau Amarelo”, inventado por Monteiro Lobato, é o reino de aventuras mais famoso do Brasil e também o mais querido pelas crianças.
Sendo assim, contamos com a participação de vocês, pai e mãe, para adquirir um cadernobrochura grande para darmos início ao projeto.
.Atenciosamente,
Equipe de Profissionais da EEB São João
HISTÓRIA DO SÍTIO DO PICAPAU AMARELO
Era uma vez, numa pequenina cidade chamada Taubaté, em São Paulo, nascia no dia 18 de Abril, um menino que seria muito inteligente.
Seus pais, lhe deram o nome de José Bento Monteiro Lobato, que mais tarde ficaria conhecido por Monteiro Lobato, o maior escritor de histórias do Brasil.
Seus livros eram mágicos e encantavam todas as crianças. O livro mais famoso e maravilhoso, ele batizou de “Sítio do Picapau Amarelo”.
Moravam nesse sítio várias pessoas: Dona Benta, a dona do sítio e avó de dois netinhos – Pedrinho e Narizinho.
Pedrinho era um menino da cidade que gostava de passar as férias no sítio da vovó. Narizinho morava com sua avó no sítio. Seu nome era Lúcia, mas por causa de seu narizinho arrebitado, ficou assim conhecida.
Viviam nesse sítio também, uma negra chamada Tia Nastácia, que alegrava as tardes de Narizinho e Pedrinho com seus deliciosos bolinhos de chuva e outros quitutes. Mas ela não era só boa cozinheira. Também costurava lindas bonecas para Narizinho.
A boneca mais especial que ela fez foi uma boneca de pano com olhos de retrós pretos que ela chamou de Emília.
Emília era uma boneca de pano muda; até que um dia, o Doutor Caramujo a fez engolir a pílula falante e Emília se tornou uma boneca que fala.
Pedrinho sempre aprontava das suas, numa tarde ele resolveu fazer um boneco feito de sabugo de milho, que ficou conhecido por Visconde de Sabugosa.
Esse sítio era mágico viviam lá o porco Rabicó, um Saci muito danado e a Cuca, uma bruxa que assustava a todos que lá moravam, mas não para por aí...
Tinha também um bicho enorme, um rinoceronte muito simpático e inteligente e que por ser muito doce e querido foi batizado pela Emília de Quindim.
Todas as pessoas que viviam no Sítio tinham fortes emoções, magias, aventuras e que vocês, a partir de hoje, também irão conhecer e se apaixonar...
Professora Daniela Carvalho
APRESENTAÇÃO TEATRAL DO PROJETO MONTEIRO LOBATO
APRESENTAÇÃO: Alunos vestidos como os personagens do sítio, darão início ao projeto Monteiro Lobato.
NARRADOR: Estamos aqui reunidos para comemorar a data de aniversário de alguém muito especial, um brasileiro famoso, autor de muitas histórias. O seu nome é MONTEIRO LOBATO. Em homenagem a ele, hoje dia 18 de Abril, comemora-se o Dia Nacional do Livro.
(ENTRA MONTEIRO LOBATO E SENTA-SE)
NARRADOR : Biografia de Monteiro Lobato. (FOTO DO ESCRITOR)
O homem de sobrancelhas grossas aí do desenho é Monteiro Lobato, um dos escritores mais importantes do Brasil.
Seu nome era JOSÉ RENATO, mas ele teve a idéia de usar BENTO e virou JOSÉ BENTO MONTEIRO LOBATO. Dizem que fez isso só para usar a bengala de seu pai, com as iniciais JBML gravadas.
Monteiro Lobato nasceu e cresceu em uma fazenda em Taubaté, no interior de São Paulo.
Ele adorava desenhar e queria ser pintor, mas seu avô fez com que estudasse para ser advogado. Na faculdade, começou a escrever e não parou nunca mais.
Escreveu para adultos e crianças. A turma do Sítio aparece pela primeira vez no livroNarizinho Arrebitado. Depois vieram muitos outros títulos importantes, como O Picapau Amarelo, O Poço do Visconde e Reinações de Narizinho.
Monteiro Lobato se envolveu em muitas polêmicas e dizem que a boneca Emília, que fala tudo o que pensa, mostra a personalidade do escritor. No final da vida Lobato decidiu escrever apenas para crianças.
Música Tema do Sítio
MONTEIRO LOBATO: Muito Prazer! Eu sou um escritor que adora contar histórias para crianças. Vocês já ouviram falar num lugar chamado Sítio do Picapau Amarelo?
(Crianças respondem): Sim!
MONTEIRO LOBATO: Pois é, fui eu quem inventou. Imaginem que legal, passar férias em um sítio, junto com uma turma muito animada, vivendo aventuras em vários mundos diferentes? Ao entrar no Sítio do Picapau Amarelo, vocês vão encontrar amigos como Narizinho, Pedrinho, Emília e o Visconde de Sabugosa, que estão sempre aprontando. Quando querem sair de alguma confusão, eles usam o Faz-de-conta e o Pó de Pirlimpimpim.
O Sítio é um local agitado, cheio de aventuras fantásticas, onde vocês encontrarão rinocerontes simpáticos, burros falantes e seres mágicos como o Saci, a Mula-sem-cabeça, a Cuca e todos os personagens dos contos de fadas. É o lugar que todo mundo gostaria de viver.
Vou apresentar para vocês os meus amiguinhos:
NARIZINHO – Sou Lúcia, mas todos me chamam de Narizinho, moro com a vovó Benta e a tia Nastácia no sítio do Picapau Amarelo. Eu tenho uma boneca incrível que fala e que se chama Emília e também um primo – Pedrinho, que mora na cidade e passa as férias conosco. Eu adoro jabuticabas, brincar no ribeirão e passear com a Emília, é claro!
PEDRINHO – Sou neto de Dona Benta e moro na cidade. Todas as minhas férias,fico no sítio da vovó, vivendo grandes aventuras com a Narizinho e a turma. Quando estou no sítio, vivo pescando e inventando mil aventuras.
VISCONDE – Sou o Visconde de Sabugosa. Eu fui feito de sabugo de milho pelo Pedrinho. Aprendi tudo o que sei nos livros de Dona Benta e por isso, me chamam de sábio, mas na verdade, aprendo muito com o Pedrinho, Narizinho e Emília, nas aventuras que acontecem no sítio.
RABICÓ – Sou o Rabicó. Um porco comum, que a Narizinho resolveu dizer que era Marquês, só para me casar com a Emília. O que eu mais gosto é comer. Como o dia inteiro. E ainda fico querendo mais.
TIA NASTÁCIA – Eu sou tia Nastácia. Adoro cozinhar. As crianças gostam muito de minha comida, principalmente dos meus bolinhos de chuva. Ai, eu morro de medo, quando inventam umas aventuras malucas aqui no sítio. Um dia até, a boneca de pano que fiz – começou a falar. Ai, cruz–credo!
DONA BENTA – Sou a Dona Benta. A dona do sítio do Picapau Amarelo. Só porque vivo lendo livros, meus netos acham que sou sabida demais. Às vezes tenho que ficar brava com eles por causa das travessuras. Mas logo depois, adoro participar também. Acho que sou a vovó mais feliz do mundo!
EMÍLIA – Eu sou a Emília. Sou a personagem mais divertida, sem mim nada teria graça, pois eu sou a alma do sítio. Eu fui feita pela tia Nastácia com retalhos de pano e recheio de uma erva chamada macela, que é o outro nome da camomila. No começo, eu não falava, vivia muda por aí. Mas tomei umas pílulas mágicas e não parei mais de tagarelar. Sou alegre e espevitada e invento mil maluquices. Ah, já ia esquecendo, sempre digo tudo o que penso.
CUCA – Eu sou uma bruxa poderosa – a Cuca. Vivo numa gruta misteriosa, perto do sítio do Picapau Amarelo. Detesto crianças. Há, há, há... É bom ter cuidado comigo.
SACI – Eu sou o Saci. Vivo nas matas e florestas e adoro fazer travessuras. Sou um moleque de uma perna só. Fico invisível quando bem entender, fumo cachimbo, sou esperto e ligeiro. Mas tenho um segredo, a minha carapuça, não deixo ninguém tirar. Sem ela, perco os meus poderes e quem pega-lá, ganha um desejo que devo realizar.
JUNTOS – Somos a turma do Sítio do Picapau Amarelo. Vivaaaaaaaaaaaaa!!!!
DIA NACIONAL DO LIVRO INFANTIL – 18 DE ABRIL
Lei nº.10.402 de 8 de Janeiro de 2002.
Institui o Dia Nacional do Livro Infantil.
O Presidente da República.Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º. Fica instituído o Dia Nacional do Livro Infantil, a ser comemorado, anualmente, no dia 18 de Abril, data natalícia do escritor Monteiro Lobato.
Art. 2º. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 8 de Janeiro de 2002; 181º. Da Independência e 114º. Da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Paulo Renato Souza
Francisco Weffort
- 1 – Reinações de Narizinho
- 2 – Viagem ao céu e O Saci
- 3 – Caçadas de Pedrinho e Hans Staden
- 4 – História do mundo para as crianças
- 5 – Memórias da Emília e Peter Pan
- 6 – Emília no país da gramática e Aritmética da Emília
- 7 – Geografia de Dona Benta
- 8 – Serões de Dona Benta e História das invenções
- 9 – D. Quixote das crianças
- 10 – O poço do Visconde
- 11 – Histórias de tia Nastácia
- 12 – O Picapau Amarelo e A reforma da natureza
- 13 – O Minotauro
- 14 – A chave do tamanho
- 15 – Fábulas
- 16 – Os doze trabalhos de Hércules (1º tomo)
- 17 – Os doze trabalhos de Hércules (2º tomo)
O livro-mãe, a locomotiva do comboio, o puxa-fila. A saga do Picapau Amarelo começa. Aparecem: Narizinho, Pedrinho, Emília, o Visconde, Rabicó, Quindim, Nastácia, o Burro Falante... E o milagre do estilo de Monteiro Lobato vai tramando uma série infinita de cenas e aventuras, em que a realidade e a fantasia, tratadas pela sua poderosa imaginação, misturam-se de maneira inextrincável - tal qual se dá normalmente na cabeça das crianças. O encanto que as crianças encontram nestas histórias vem sobretudo disso: são como se elas próprias as estivessem compondo em sua imaginativa, e na língua que todos falamos nessa terra - não em nenhuma língua artificial e artificiosa, mais produto da "literatura" do que da espontaneidade natural (1931).
Pedrinho consegue obter uma boa dose do pó de pirlimpimpim, o pó mágico que transporta as criaturas a qualquer ponto do Espaço e a qualquer momento do Tempo. Distribuindo pitadas a Narizinho, Emília, Visconde, Nastácia e o Burro Falante, empreendem a viagem ao céu astronômico. Vão parar na Lua, onde tia Nastácia vira cozinheira de São Jorge, enquanto os outros visitam Marte, Saturno e a Via Láctea, onde encontram o Anjinho de Asa Quebrada. Enquanto brincam no espaço sideral, vão aprendendo noções de astronomia. Só voltam de lá quando dona Benta os chama com um bom berro: "Já pra baixo, cambada!". Na segunda parte, "O Saci", desenvolve-se a estranha aventura vivida por Pedrinho que conseguiu pegar um saci com a peneira e conservá-lo preso numa garrafa. O diabinho de uma perna só proporciona ao garoto ensejo de conhecer a vida noturna e fantástica das matas - com visões da Mula Sem Cabeça, da Caapora, do Lobisomem, do Boitatá, e das principais criações mitológicas do nosso folclore (1932).
3 – Caçadas de Pedrinho e Hans Staden
Pedrinho organiza uma caçada de onça e sai vitorioso, como também sai vitorioso do ataque das onças e outros animais ao sítio de dona Benta. Depois encontra um rinoceronte, fugido de um circo do Rio de Janeiro, que se refugiara naquelas matas - um animal pacatíssimo do qual Emília tomou conta, depois de batizá-lo de Quindim. Completa o volume a narrativa feita por dona Benta das célebres aventuras de Hans Staden. Esse aventureiro alemão veio ao Brasil em 1559 e esteve nove meses prisioneiro dos tupinambás, assistindo a cenas de antropofagia e à espera de ser devorado de um momento para outro. Mas se salvou e voltou para a Alemanha. Lá publicou o seu livro: o primeiro que aparece com cenário brasileiro e um dos mais pungentes e vivos de todas as literaturas (1933).
Este livro de Monteiro Lobato teve uma aceitação excepcional. Nele o autor trata da evolução humana, e da história da humanidade no planeta, na organização clássica de todas as "histórias universais", mas escrita de modo extremamente atrativo, como um verdadeiro romance posto em linguagem infantil. As crianças lêem avidamente esse livro, como lêem as histórias da carochinha (1933).
Emília, a terrível Emília, resolve contar suas memórias, ditando-as ao Visconde de Sabugosa. Das memórias de Emília sai o episódio, tão vivo e interessante, da visita das crianças inglesas ao sítio de dona Benta, trazidas pelo velho almirante Brown. Vieram para conhecer o Anjinho de Asa Quebrada, que Emília descobriu na Via Láctea, durante a Viagem ao Céu. Emília conta tudo - o que houve e o que não houve; e vai dando as suas ideiazinhas sobre tudo - ou a sua filosofia, que muitas vezes faz dona Benta olhar para tia Nastácia, e murmurar: "Já viu, que diabinha?".
Na segunda parte, "Peter Pan", dona Benta recebe o famoso livro de John Barrie e o lê à sua moda para as crianças. Durante a leitura, às vezes interrompida por cenas provocadas pelos meninos e sobretudo pela Emília, ocorre o caso do desaparecimento da sombra da tia Nastácia. Quem furtou a sombra da pobre negra? O Visconde é posto a investigar, e como é um excelente Sherlock, descobre tudo: artes da Emília... (1936).
6 – Emília no país da gramática e Aritmética da Emília
Temos aqui uma das obras-primas de Monteiro Lobato e o mais original de quantos livros se escreveram até hoje. Lobato representa a língua como uma cidade, a cidade da Gramática, e leva para lá o pessoalzinho do sítio, montado no rinoceronte. E é esse paciente paquiderme o gramático que tudo mostra e explica. Há a entrevista de Emília com o venerando Verbo Ser, que é pura criação. E a reforma ortográfica, que Emília opera à força, com o rinoceronte ali a seu lado para sustentar suas decisões, constitui um episódio que não só encanta as crianças pela fabulação como ensina as principais regras da ortografia. Na Aritmética da Emília, Monteiro Lobato usa do mesmo recurso e consegue, a partir de matéria tão árida como a aritmética, transformar o velho Trajano numa linda brincadeira no pomar. O quadro-negro em que faziam contas a giz era o couro do Quindim... (1934).
Em vez de estudar geografia nos livros, como fazem todas as crianças, o pessoalzinho do sítio embarca no navio "O terror dos Mares" e sai pelo mundo afora, a "viver" geografia. E a geografia, aquele estudo penoso e às vezes tão sem graça, torna-se uma aventura linda, com paradas em inúmeros portos e descidas em terra para ver as coisas mais notáveis de todos os países. É brincadeira das mais divertidas e preciosíssimo curso de geografia (1935)
Certo dia, dona Benta resolve ensinar física aos meninos, e em vários serões faz um verdadeiro curso da matéria, melhor que quando feito, penosamente, nos colégios. A física perde a sua secura. Os diálogos, os incidentes, as constantes perguntas dos meninos e as ocasionais maluquices da Emília, amenizam o processo do aprendizado (1937).
As famosas aventuras de D. Quixote de La Mancha e de seu gordo escudeiro, Sancho, são aqui contadas por dona Benta, naquele modo de contar histórias que é só dela. Emília entusiasma-se com o herói e em certo momento resolve imitá-lo - e armada dum cabo de vassoura, feito lança, investe contra as galinhas do quintal. E tantas faz, que tia Nastácia teve que agarrá-la e prendê-la numa gaiola, como aconteceu com o herói da Mancha na sua loucura... (1936).
10 – O poço do Visconde
Um livro interessante em que a geologia, sobretudo a geologia especializada do petróleo, é exposta ao vivo e com profundo conhecimento da matéria. O Visconde vira geólogo, faz conferências, ensina a teoria e depois passa à prática, com a abertura de poços de petróleo nas terras do sítio de dona Benta. E tão bem são conduzidos os estudos geológicos e geofísicos, que a Companhia Donabentense de Petróleo, fundada pelo pessoal do sítio, consegue abrir o primeiro poço de petróleo do Brasil: o Caraminguá nº 1. É o livro pelo qual Monteiro Lobato leva sua campanha pelo petróleo aos leitores infanto-juvenis, como havia feito com os adultos em O Escândalo do Petróleo (1937).
São as histórias mais populares do nosso folclore, contadas por tia Nastácia e comentadas pelos meninos. Nesses comentários, no fim de cada história, Pedrinho, Narizinho e Emília revelam-se bem dotados de senso crítico, e "julgam" as histórias da negra com muito critério e segurança. É um livro que "ensina" a arte da crítica - lição que pela primeira vez um escritor procura transmitir às crianças (1937).
12 – O Picapau Amarelo e A reforma da Natureza
Dona Benta adquire todas as terras em redor do sítio para atender a uma solicitação prodigiosa: os personagens das fábulas resolveram morar lá. Branca de Neve com os sete anões, D. Quixote e Sancho Pança, Peter Pan e os meninos perdidos do País do Nunca, a Gata Borralheira, todas as princesas e príncipes encantados das histórias da carochinha, os heróis da mitologia grega, tudo, tudo que é criação da Fábula muda-se com armas e bagagens para o Picapau Amarelo, levando os castelos, os palácios, as casinhas mimosas como a de Chapeuzinho Vermelho e até os mares. Peter Pan transporta pra lá até o Mar dos Piratas. Acontecem maravilhas; mas no casamento de Branca de Neve com o príncipe Codadad, o maravilhoso sítio é assaltado pelos monstros da Fábula - e no tumulto tia Nastácia desaparece...(1939).
Neste livro desenrolam-se as aventuras de Pedrinho, do Visconde e da Emília na Grécia Heróica, para onde foram em procura de tia Nastácia. Acontecem mil coisas, e afinal descobrem o paradeiro da negra, graças à ajuda do Oráculo de Delfos. Estava presa no Labirinto de Creta, nas unhas do Minotauro! Mas tia Nastácia já havia domesticado o monstro, à força de bolinhos e quitutes; deixara-o tão gordo que os meninos puderam entrar no Labirinto e salvá-la sem que ele, espapaçado no trono, pensasse em reagir...(1937).
Talvez o mais original dos livros de Monteiro Lobato. Emília, furiosa com a Segunda Guerra Mundial, resolve acabar com ela. Como? Indo à Casa das Chaves, lá nos confins do mundo, e "virando" a Chave da Guerra. Mas comete um erro e em vez da Chave da Guerra vira a Chave do Tamanho, isto é, a chave que regula o tamanho das criaturas humanas. Em conseqüência, subitamente, todas as criaturas humanas do mundo inteiro "perdem o tamanho", ficam de dois, três centímetros de estatura - e Lobato conta o que se seguiu. Trata-se de um livro rigorosamente lógico, e que transmite às crianças o senso da relatividade de todas as coisas (1942).
Neste livro Monteiro Lobato reescreve as velhas fábulas de Esopo e La Fontaine, mas de modo comentado. A novidade do livro está justamente nestes comentários, em que as fábulas são criticadas com a maior independência - e Emília chega a ponto de "querer linchar" uma delas, cuja lição de moral pareceu-lhe muito cruel. Um livro encantador, em que o gênio dos velhos fabulistas é singularmente realçado pelos diálogos entre os meninos, que a inventiva de Monteiro Lobato vai criando com a maior agudeza e frescura (1922).
16/17 – Os doze trabalhos de Hércules
Pela primeira vez em todas as literaturas, os famosíssimos trabalhos de Hércules - o mais belo romance fantástico da Antigüidade Clássica - são narrados à maneira moderna - e vivificados pela colaboração de Pedrinho, Emília e o Visconde de Sabugosa. Esses três heroizinhos modernos vão para a Grécia, a fim de acompanhar as façanhas de Hércules - e o fazem tomando parte nelas e muitas vezes salvando o grande herói. Das aventuras ressalta a lição moral: o valor e a superioridade da inteligência espontânea, viva como azougue e sempre vitoriosa (1944).
Hoje no espaço do Educador Ideia Criativa a Professorinha Daniela Carvalho e seu Projeto O Fantástico Mundo do Sítio do Pica Pau Amarelo ou Projeto Monteiro Lobato
Essa é a primeira parte ...O Projeto é Maravilhoso ...Vale a pena conferir cada pedacinho.
ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA “SÃO JOÃO”
PROFESSORA:
Daniela Carvalho
O FANTÁSTICO MUNDO DO SÍTIO DO PICAPAU AMARELO
OBJETIVO: Conhecer a importância de Monteiro Lobato na Literatura e na história do Brasil.
JUSTIFICATIVA: Monteiro Lobato é considerado o mais importante autor de literatura infantil no Brasil. Além disso, foi o fundador de algumas das primeiras editoras do país, que existem até hoje.
CRONOGRAMA: Abril até Dezembro/2010.
METODOLOGIA: Leitura de obras do autor, fichamento de dados, pesquisa e atividades interdisciplinares sobre o tema: Sítio do Picapau Amarelo.
SUGESTÃO DE FILMES: O POÇO DO VISCONDE
O SACI
BIBLIOGRAFIA: Livros de Monteiro Lobato (Coleção Infanto-Juvenil – 17 volumes)
Revista do Professor. Rio Pardo: CPOEC. n.1,1985 – Trimestral 1. Educação- Periódico 2. Brasil. I. Título. ISSN 1518-1839
CONCLUSÃO: O projeto terá sua culminância numa exposição com os trabalhos dos alunos relacionados à obra de MONTEIRO LOBATO e apresentação da peça teatral com os personagens do Sítio do Picapau Amarelo. (Produção e editoração Áudio-Visual das Atividades do PROJETO MONTEIRO LOBATO).
MÚLTIPLAS INTELIGÊNCIAS
A partir da escolha do tema: Sítio do Picapau Amarelo, nos lançamos a trabalhar um conjunto singular e inovador de pressupostos, de objetivos pedagógicos, a partir dos quais o desenvolvimento intelectual da criança esteja voltado para os desafios da pesquisa, investigação e expressão dos resultados. Neste processo investigativo, todas as linguagens são sugeridas: palavras, movimentos, desenhos, montagens, pinturas, teatro com fantoches, colagens, dramatização, músicas e informática.
Toda a exploração temática gira em torno de um projeto de diversas linguagens, porque essa forma de trabalho viabiliza o uso das múltiplas inteligências: a inteligência lingüística, com textos, manchetes, trovas, receitas, jogos de palavras, slogans, poemas, quadrinhos, etc.; a inteligência lógico-matemática, com gráficos, médias, medidas, proporções, estatísticas, formas geométricas; a inteligência espacial, com desenhos, gravuras, pinturas, mapas, legendas, cartas enigmáticas, painéis ilustrados; a inteligência sonora ou musical, letras, paródias, fundos musicais, seleção de ruídos, cantigas; a inteligência cinestésico-corporal, com dramatizações, danças contextualizadas, jogos com mímica; a inteligência naturalista, com colagens envolvendo animais e plantas, associados entre os elementos do tema e o mundo animal ou vegetal, pesquisas ambientais, associação a ecossistema; a inteligência intra e interpessoal, com debates, ajudas solidárias entre os membros do grupo, campanhas de apoio a causas humanitárias, resgate de valores da solidariedade, auto-estima e muito mais.
E, nesse modelo pedagógico, o papel dos professores, é o de ser um grande questionador, que levanta dúvidas, estabelece enigmas, propõe problemas, sugere desafios, incita à pesquisa. Nesse fazer pedagógico, sua função inclui decodificação de símbolos, análise de gráficos, exploração de mapas, ou seja, a inclusão de estratégias que suscitem o desenvolvimento das múltiplas inteligências.
Especialmente em relação ao desenvolvimento de um projeto sobre a obra de Monteiro Lobato, o ponto de partida é instigar a curiosidade dos alunos. Isto pode ser feito, a princípio de uma forma despretensiosa: solicitar aos alunos que assistam a um episódio do Sítio, exibido na televisão. Com dia marcado para a exibição do capítulo, o professor sugere que os alunos façam uma retomada oral sobre a história apresentada e, a partir daí, lança o desafio de conhecer o pai da literatura infanto-juvenil, Monteiro Lobato.
Nesse momento, leva todos os alunos para a biblioteca, a fim de que possam coletar dados sobre o autor. O professor, como um fazedor de perguntas, determina com clareza o objetivo que se busca alcançar: nome completo, data e local de nascimento e morte, fatos marcantes de sua vida, trajetória profissional, considerações importantes acerca da vida pessoal/familiar, curiosidades sobre a personalidade em estudo, contribuições deixadas à humanidade, obras produzidas, contexto histórico, etc.
Nessa busca, é importante que se relacione e se disponibilize diversas fontes de informação: livros, revistas, entrevistas, internet...
O professor explica como organizar a coleta de dados, a forma de registro, a transcrição do que está sendo investigado. Esse é um momento muito rico, pois além do trabalho efetivo com a metodologia da pesquisa, o professor tem a oportunidade de verificar se os alunos conseguem comparar, analisar, sintetizar, deduzir, classificar, criticar, interrogar, registrar, interagir (habilidades operatórias imprescindíveis para o desenvolvimento cognitivo). Essa fase também é interessante para a percepção das curiosidades individuais, das relações estabelecidas entre o assunto pesquisado e o interesse que se manifesta em cada um dos alunos.
Organizada essa fase inicial, o professor passa à apresentação dos dados coletados e os organiza no quadro em forma de esquema-síntese. A partir daí, traz ao grande grupo elementos que não foram explorados pela turma e coloca à disposição fotos, gravuras, propagandas de livros, encartes, notícias coletadas sobre a vida e a obra do autor (e, nesse processo, o professor também é pesquisador e coletor de dados) que serão organizados em um grande painel que, a partir de então, identificará o objeto de estudo da turma: a vida e a obra de Monteiro Lobato.
Cabe, nesse momento, sinalizar que o ambiente escolar (no caso, a sala de aula) deve sugerir o tema investigado. É importante que o assunto trabalhado apareça visualmente, contemple e desperte o desejo de busca por mais informações.
Abertura do Projeto
Quando projetos são implantados, é importante que os professores permitam aos alunos a concentração dos trabalhos escolares em torno do tema a ser investigado. Esse tema, para ter caráter de interdisciplinaridade, precisa ter inserido no planejamento pedagógico, nas diferentes áreas do conhecimento, de modo a contemplar os objetivos conceituais propostos em cada disciplina. Os conceitos, conhecimentos e habilidades precisam ser costurados, de uma maneira genérica, pela equipe de professores. A antecipação e/ou adequação de conteúdos podem ser realizadas, desde que se mantenha o respeito aos pré-requisitos.
Erro imperdoável é fazer com que conteúdos caiam de pára-quedas sobre o projeto em desenvolvimento. Já foi o tempo em que se adequava, por exemplo, problemas matemáticos ao estudo de um tema gerador, com idéia de se estar trabalhando interdisciplinaridade. É como dizer que Emília estava no sítio e colheu dez laranjas do pomar do Tio Barnabé. No caminho para a casa, comeu três frutas. Com quantas frutas ficou? Essa prática não reflete a amplitude de se trabalhar com projetos. Onde fica a questão desafiadora, intrigante, sugestiva? Se não há possibilidades de adequação, sensato é não incluir-se na proposta do projeto e esperar um novo tema, uma nova linha de pesquisa que contemple a exploração/investigação de conteúdos conceituais específicos.
Instrumentalizando o professor
Organizados os planejamentos, chega à hora de o professor ampliar o seu universo de informações sobre o tema investigado. Nesse momento, é importante que toda a ação pedagógica se concentre na intervenção e na complementação de dados pesquisados. Se o ponto de partida – no caso desse projeto – foi assistir a um episódio do sítio, o professor precisa saber mais sobre as adaptações televisivas.
A seguir, apresentamos um pouco dessa história.
Logo após a morte de Lobato, aproximadamente dois anos, foi inaugurada a TV Tupi, emissora que levou ao ar o primeiro programa infantil do país, na primeira versão do Sítio do Picapau Amarelo. A teatralização de Reinações de Narizinho, A Chave do Tamanho, Histórias de Tia Nastácia, Memórias de Emília, O Pica-Pau Amarelo, entre outros, foi duradoura, sendo um dos programas de maior audiência na história da TV brasileira. Cerca de treze anos após a suspensão do programa, Lobato voltou à TV numa produção da Rede Globo e apoio do Centro Brasileiro de Televisão Educativa. Muitas diferenças entre o primeiro e o segundo Sítio podem ser apontadas.
O primeiro Sítio contava com a TV recém-montada, sem videoteipe, o que causava dificuldades na teatralização perfeita dos episódios. Mas esse Sítio caracterizava-se por ater-se ao texto original e, quando havia modificações, a equipe procurava permanecer dentro do chamado espírito lobatiano. Já o atual integra a segunda fase da televisão brasileira: mais tecnologia, um sítio verdadeiro, com pomar, casa de alvenaria, estrebaria, possibilitando tomadas externas. Entretanto, a equipe encarregada não se atém ao livro com a mesma preocupação do outro Sítio.
Agora, uma simples bobagem de Emília, pode dar origem a uma gigantesca aventura, capaz de percorrer vários capítulos.
Nessa nova proposta, os programas passam a adotar a técnica da telenovela, divididos em capítulos, empregando clima de suspense ao final, com objetivo de fisgar o telespectador para o dia seguinte.
Apesar de manter o título, o conteúdo se distancia dos originais de Lobato.
Na versão contemporânea, outros elementos da modernidade são incorporados ao contexto: computador, telefone celular, etc. Objetivo: aproximar o telespectador mirim. E o conteúdo se mantém?
Esse é o desafio que vai para as crianças. Professor instrumentalizado, rico em informações, é capaz de despertar a curiosidade.
Lança-se o debate.
Desenvolvendo o trabalho prático
É chegada a hora de conhecer a obra escrita por Monteiro Lobato. Muitos livros são colocados à disposição das crianças e a tarefa é descobrir sobre o que falam as histórias, quem são os personagens da Literatura Universal que visitam o Sítio, a que vieram, que tipo de linguagem Lobato utiliza, o vocabulário – complexidade, distanciamento da linguagem coloquial – uso do dicionário, realidade, fantasia, enfim: múltiplos questionamentos e infinitas descobertas através da leitura.
Os alunos vão anotando dados, relacionando as histórias que estão lendo com os episódios assistidos na TV, apontando semelhanças e diferenças encontradas em cada uma das formas de expressão. Interessante exibir, logo após essa análise, um episódio antigo do Sítio (possível de ser encontrado em algumas locadoras) para estabelecer-se um paralelo entre o livro, episódio antigo e adaptações da atualidade.
Nessa fase, as crianças estabeleceram comparativas (orais e escritos) sobre os três referenciais pesquisados: obra, episódio antigo, episódio recente, apontando transformações na construção de personagens, características físicas (roupa, cabelo, porte), características psicológicas (jeito de ser dos personagens), função social, importância no contexto, ambientes, cenários, etc.
Essa análise reflexiva objetiva entender o que e por que a obra sofre adaptações, qual a intencionalidade de Lobato ao escrever a obra, qual o objetivo da TV em exibir/adaptar episódios.
Tal procedimento evidencia o desenvolvimento das habilidades operatórias, ao mesmo tempo em que oportuniza a formação de leitores/telespectadores críticos e seletivos.
Relacionando com outras disciplinas
Enquanto esse processo investigativo vai se organizando nas aulas de Língua Portuguesa, a Matemática poderá fazer uso da obra Aritmética da Emília, trabalhando o texto literário e dando conta de desenvolver questões relativas a frações, multiplicação, divisão, conteúdos extremamente trabalhados na obra. Para que não se perca o encantamento do projeto, o professor poderá organizar atividades práticas, tais como: jogos, brincadeiras, construções que permitam a investigação, observação, experimentação e desenvolvimento do conteúdo proposto.
O mesmo vai acontecer em Geografia (Geografia de Dona Benta), em História, Ciências (O Poço do Visconde) – e em qualquer área de conhecimento que busque uma ligação conceitual ao projeto. Meio Ambiente, alimentos, preservação da natureza, papel da família, relações entre patrões e empregados, zona rural, vida no campo, variações lingüísticas, personagens da Literatura Mundial, o homem no campo, lendas, superstições, religiosidade são exemplos de assuntos abordados na obra lobatiana que amplamente podem ser explorados na teia trama da interdisciplinaridade. Aqui entram a inventividade e o olhar diferenciado do professor-pesquisador, que cria estratégias diversificadas para conduzir o seu trabalho pedagógico pelos caminhos dos Temas Transversais.
Textos vão sendo criados, registros realizados, novos desafios lançados...
E a Inteligência sonora ou musical? Uma boa forma de desenvolvê-la é analisando a trilha sonora do Sítio, verificando se explora o tema da obra, se descreve os personagens, se está contextualizada. Feita a análise, uma boa sugestão é criar paródias, socializar as letras, incentivar a interpretação das músicas.
No que se referem às demais inteligências, pode-se criar propostas de desenho/pintura, histórias em quadrinhos, dramatizações de episódios, coreografias, montagem de cenários, dobraduras, teatro de fantoches (tudo envolvendo a temática do Sítio).
Outra sugestão é criar um almanaque que inclua:
1- Capa (nome do almanaque, relação das atividades que aparecerão no livro), ilustração e equipe de trabalho.
2- Biografia de Monteiro Lobato (local e data de nascimento e morte, fatos marcantes de sua vida, obras que escreveu).
3- Descrição das principais personagens do Sítio: quem são e que importância assumem na história. É interessante que apareçam ilustrações junto às explicações.
4- Produção de uma história ilustrada que envolva as personagens do Sítio.
5- Caça-palavras ortográfico (dificuldades: s/z/ss – ç/c – g/j – ch/x).
6- Palavras cruzadas.
7- Curiosidades.
8- Tela para pintar.
9- Ligar pontinhos.
10- Labirinto.
11- Jogo dos sete erros.
12- Uma receita gostosa (de algum quitute) preparado no Sítio.
13- História em quadrinhos.
14- Construção de atividades lúdicas que apresentem os conteúdos trabalhados nas áreas de conhecimento que se envolveram no projeto.
15- Construção de trilhas numéricas que envolvam o raciocínio lógico-matemático.
Apresentando a culminância
Convém lembrar que o planejamento é a chave para o sucesso de todo e qualquer projeto, por isso, as etapas para sua implantação devem ser respeitados.
1. Determinar o objetivo que se busca alcançar.
2. Transformar o objetivo em vários questionamentos.
3. Relacionar e disponibilizar diversas fontes de informação.
4. Explicar as fases do projeto.
5. Relacionar conceitos e conteúdos a serem pesquisados.
6. Instrumentalizar-se.
7. Registrar os resultados da pesquisa.
8. Criar estratégias diferenciadas para a aplicação dos conteúdos conceituais.
9. Traçar a interdisciplinaridade.
10. Organizar a culminância.
11. Avaliar o projeto.
Nenhum projeto pode ser feito e visto apenas por aqueles que o realizaram. É preciso que toda a comunidade escolar, inclusive os pais, possa tomar contato com o que foi produzido.
A culminância envolve a apresentação da produção dos resultados da investigação. É importante que sejam organizadas falas sobre o assunto abordado, exposição de objetos produzidos, representações dramáticas, músicas ensaiadas, painéis, gravações em áudio e/ou vídeo, CD-ROM ou ainda múltiplas linguagens que apresentarão os conhecimentos construídos.
Oportunizar a divulgação do que foi elaborado/produzido socializa o conhecimento, promove a auto-estima, valoriza o trabalho, incentiva novos projetos, aperfeiçoa a produção e possibilita a avaliação.
Por que Monteiro Lobato?
Porque sua obra, além de ser acolhida positivamente pelas crianças, enriquece o íntimo, já que a imaginação recebe subsídios para enriquecer o real.
As personagens do Sítio compõem um cenário muito próximo da criança. Pedrinho, Narizinho e Emília vivem múltiplas peripécias, transcorridas no Sítio do Picapau Amarelo, nos arredores ou em diferentes pontos do espaço e do tempo e representam o espírito aventureiro, a curiosidade, a inventividade e a realização de muitos dos desejos infantis.
Dona Benta é a avó que todas as crianças gostariam de ter: doce, atenciosa, generosa e compreensiva. É parceira das crianças e, junto a elas, através de suas histórias, permite as idas e vindas entre o âmbito real e o da fantasia, concedendo interferências nos relatos, mudanças no final das histórias, críticas e opiniões.
Tia Nastácia é a sabedoria popular, a detentora do aprendizado pela vida, a negra que, mesmo na condição de empregada, participa ativamente da educação das crianças. Sabe tudo sobre lendas, mitos e superstições. É conhecedora do folclore brasileiro. Estabelece relações afetivas entre as diferentes camadas sociais.
Visconde de Sabugosa é a personificação da cultura, da pesquisa, do saber necessário que deve ser construído desde a infância. Na sua fala e em suas intervenções, procura repartir com os leitores mirins a importância dos livros, a necessidade do homem estar em contato com a ciência, o valor da tecnologia e os perigos que a má condução dessa modernidade pode causar quando, indiscriminadamente, são utilizados sem ética e adequação.
A Cuca rompe rompe com os padrões convencionais do anti-herói. É uma bruxa genuinamente brasileira que representa os medos, as fantasias infantis, a possibilidade de jogar com o ficcional na resolução dos problemas anteriores.
Lobato é um pouco de tudo: traz a literatura universal para dentro de suas obras, desperta o interesse pela cultura mundial, ensina mitologia, apresenta heróis literários, divulga personagens ficcionais de procedência diversificada.
A criança que lê as obras de Monteiro Lobato é convidada a participar ativamente da narrativa; o leitor é resgatado de uma posição passiva e transformado em indivíduo atuante, co-participante das aventuras. Através das personagens, a criança encontra-se com a autonomia da palavra e, questionando o mundo, torna-se proprietária dela.
O ponto alto desse fenômeno se dá quando o ato de ler alcança o seu significado integral, ou seja, quando permite o conhecimento do mundo, mas igualmente oportuniza que este mundo seja exposto, discutido, analisado e recriado.
E a obra de Monteiro Lobato permite essa reinvenção, sem que se perca o limite entre a realidade e a fantasia.
Isto ratifica a viabilidade de se ler e de se trabalhar a sua obra, conferindo-lhe assim, atualidade e permanência, qualidades próprias dos verdadeiros clássicos universais.
Essa é a primeira parte ...O Projeto é Maravilhoso ...Vale a pena conferir cada pedacinho.
ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA “SÃO JOÃO”
PROJETO MONTEIRO LOBATO
PROFESSORA:
Daniela Carvalho
O FANTÁSTICO MUNDO DO SÍTIO DO PICAPAU AMARELO
OBJETIVO: Conhecer a importância de Monteiro Lobato na Literatura e na história do Brasil.
JUSTIFICATIVA: Monteiro Lobato é considerado o mais importante autor de literatura infantil no Brasil. Além disso, foi o fundador de algumas das primeiras editoras do país, que existem até hoje.
CRONOGRAMA: Abril até Dezembro/2010.
METODOLOGIA: Leitura de obras do autor, fichamento de dados, pesquisa e atividades interdisciplinares sobre o tema: Sítio do Picapau Amarelo.
SUGESTÃO DE FILMES: O POÇO DO VISCONDE
O SACI
BIBLIOGRAFIA: Livros de Monteiro Lobato (Coleção Infanto-Juvenil – 17 volumes)
Revista do Professor. Rio Pardo: CPOEC. n.1,1985 – Trimestral 1. Educação- Periódico 2. Brasil. I. Título. ISSN 1518-1839
CONCLUSÃO: O projeto terá sua culminância numa exposição com os trabalhos dos alunos relacionados à obra de MONTEIRO LOBATO e apresentação da peça teatral com os personagens do Sítio do Picapau Amarelo. (Produção e editoração Áudio-Visual das Atividades do PROJETO MONTEIRO LOBATO).
MÚLTIPLAS INTELIGÊNCIAS
A partir da escolha do tema: Sítio do Picapau Amarelo, nos lançamos a trabalhar um conjunto singular e inovador de pressupostos, de objetivos pedagógicos, a partir dos quais o desenvolvimento intelectual da criança esteja voltado para os desafios da pesquisa, investigação e expressão dos resultados. Neste processo investigativo, todas as linguagens são sugeridas: palavras, movimentos, desenhos, montagens, pinturas, teatro com fantoches, colagens, dramatização, músicas e informática.
Toda a exploração temática gira em torno de um projeto de diversas linguagens, porque essa forma de trabalho viabiliza o uso das múltiplas inteligências: a inteligência lingüística, com textos, manchetes, trovas, receitas, jogos de palavras, slogans, poemas, quadrinhos, etc.; a inteligência lógico-matemática, com gráficos, médias, medidas, proporções, estatísticas, formas geométricas; a inteligência espacial, com desenhos, gravuras, pinturas, mapas, legendas, cartas enigmáticas, painéis ilustrados; a inteligência sonora ou musical, letras, paródias, fundos musicais, seleção de ruídos, cantigas; a inteligência cinestésico-corporal, com dramatizações, danças contextualizadas, jogos com mímica; a inteligência naturalista, com colagens envolvendo animais e plantas, associados entre os elementos do tema e o mundo animal ou vegetal, pesquisas ambientais, associação a ecossistema; a inteligência intra e interpessoal, com debates, ajudas solidárias entre os membros do grupo, campanhas de apoio a causas humanitárias, resgate de valores da solidariedade, auto-estima e muito mais.
E, nesse modelo pedagógico, o papel dos professores, é o de ser um grande questionador, que levanta dúvidas, estabelece enigmas, propõe problemas, sugere desafios, incita à pesquisa. Nesse fazer pedagógico, sua função inclui decodificação de símbolos, análise de gráficos, exploração de mapas, ou seja, a inclusão de estratégias que suscitem o desenvolvimento das múltiplas inteligências.
Especialmente em relação ao desenvolvimento de um projeto sobre a obra de Monteiro Lobato, o ponto de partida é instigar a curiosidade dos alunos. Isto pode ser feito, a princípio de uma forma despretensiosa: solicitar aos alunos que assistam a um episódio do Sítio, exibido na televisão. Com dia marcado para a exibição do capítulo, o professor sugere que os alunos façam uma retomada oral sobre a história apresentada e, a partir daí, lança o desafio de conhecer o pai da literatura infanto-juvenil, Monteiro Lobato.
Nesse momento, leva todos os alunos para a biblioteca, a fim de que possam coletar dados sobre o autor. O professor, como um fazedor de perguntas, determina com clareza o objetivo que se busca alcançar: nome completo, data e local de nascimento e morte, fatos marcantes de sua vida, trajetória profissional, considerações importantes acerca da vida pessoal/familiar, curiosidades sobre a personalidade em estudo, contribuições deixadas à humanidade, obras produzidas, contexto histórico, etc.
Nessa busca, é importante que se relacione e se disponibilize diversas fontes de informação: livros, revistas, entrevistas, internet...
O professor explica como organizar a coleta de dados, a forma de registro, a transcrição do que está sendo investigado. Esse é um momento muito rico, pois além do trabalho efetivo com a metodologia da pesquisa, o professor tem a oportunidade de verificar se os alunos conseguem comparar, analisar, sintetizar, deduzir, classificar, criticar, interrogar, registrar, interagir (habilidades operatórias imprescindíveis para o desenvolvimento cognitivo). Essa fase também é interessante para a percepção das curiosidades individuais, das relações estabelecidas entre o assunto pesquisado e o interesse que se manifesta em cada um dos alunos.
Organizada essa fase inicial, o professor passa à apresentação dos dados coletados e os organiza no quadro em forma de esquema-síntese. A partir daí, traz ao grande grupo elementos que não foram explorados pela turma e coloca à disposição fotos, gravuras, propagandas de livros, encartes, notícias coletadas sobre a vida e a obra do autor (e, nesse processo, o professor também é pesquisador e coletor de dados) que serão organizados em um grande painel que, a partir de então, identificará o objeto de estudo da turma: a vida e a obra de Monteiro Lobato.
Cabe, nesse momento, sinalizar que o ambiente escolar (no caso, a sala de aula) deve sugerir o tema investigado. É importante que o assunto trabalhado apareça visualmente, contemple e desperte o desejo de busca por mais informações.
Abertura do Projeto
Quando projetos são implantados, é importante que os professores permitam aos alunos a concentração dos trabalhos escolares em torno do tema a ser investigado. Esse tema, para ter caráter de interdisciplinaridade, precisa ter inserido no planejamento pedagógico, nas diferentes áreas do conhecimento, de modo a contemplar os objetivos conceituais propostos em cada disciplina. Os conceitos, conhecimentos e habilidades precisam ser costurados, de uma maneira genérica, pela equipe de professores. A antecipação e/ou adequação de conteúdos podem ser realizadas, desde que se mantenha o respeito aos pré-requisitos.
Erro imperdoável é fazer com que conteúdos caiam de pára-quedas sobre o projeto em desenvolvimento. Já foi o tempo em que se adequava, por exemplo, problemas matemáticos ao estudo de um tema gerador, com idéia de se estar trabalhando interdisciplinaridade. É como dizer que Emília estava no sítio e colheu dez laranjas do pomar do Tio Barnabé. No caminho para a casa, comeu três frutas. Com quantas frutas ficou? Essa prática não reflete a amplitude de se trabalhar com projetos. Onde fica a questão desafiadora, intrigante, sugestiva? Se não há possibilidades de adequação, sensato é não incluir-se na proposta do projeto e esperar um novo tema, uma nova linha de pesquisa que contemple a exploração/investigação de conteúdos conceituais específicos.
Instrumentalizando o professor
Organizados os planejamentos, chega à hora de o professor ampliar o seu universo de informações sobre o tema investigado. Nesse momento, é importante que toda a ação pedagógica se concentre na intervenção e na complementação de dados pesquisados. Se o ponto de partida – no caso desse projeto – foi assistir a um episódio do sítio, o professor precisa saber mais sobre as adaptações televisivas.
A seguir, apresentamos um pouco dessa história.
Logo após a morte de Lobato, aproximadamente dois anos, foi inaugurada a TV Tupi, emissora que levou ao ar o primeiro programa infantil do país, na primeira versão do Sítio do Picapau Amarelo. A teatralização de Reinações de Narizinho, A Chave do Tamanho, Histórias de Tia Nastácia, Memórias de Emília, O Pica-Pau Amarelo, entre outros, foi duradoura, sendo um dos programas de maior audiência na história da TV brasileira. Cerca de treze anos após a suspensão do programa, Lobato voltou à TV numa produção da Rede Globo e apoio do Centro Brasileiro de Televisão Educativa. Muitas diferenças entre o primeiro e o segundo Sítio podem ser apontadas.
O primeiro Sítio contava com a TV recém-montada, sem videoteipe, o que causava dificuldades na teatralização perfeita dos episódios. Mas esse Sítio caracterizava-se por ater-se ao texto original e, quando havia modificações, a equipe procurava permanecer dentro do chamado espírito lobatiano. Já o atual integra a segunda fase da televisão brasileira: mais tecnologia, um sítio verdadeiro, com pomar, casa de alvenaria, estrebaria, possibilitando tomadas externas. Entretanto, a equipe encarregada não se atém ao livro com a mesma preocupação do outro Sítio.
Agora, uma simples bobagem de Emília, pode dar origem a uma gigantesca aventura, capaz de percorrer vários capítulos.
Nessa nova proposta, os programas passam a adotar a técnica da telenovela, divididos em capítulos, empregando clima de suspense ao final, com objetivo de fisgar o telespectador para o dia seguinte.
Apesar de manter o título, o conteúdo se distancia dos originais de Lobato.
Na versão contemporânea, outros elementos da modernidade são incorporados ao contexto: computador, telefone celular, etc. Objetivo: aproximar o telespectador mirim. E o conteúdo se mantém?
Esse é o desafio que vai para as crianças. Professor instrumentalizado, rico em informações, é capaz de despertar a curiosidade.
Lança-se o debate.
Desenvolvendo o trabalho prático
É chegada a hora de conhecer a obra escrita por Monteiro Lobato. Muitos livros são colocados à disposição das crianças e a tarefa é descobrir sobre o que falam as histórias, quem são os personagens da Literatura Universal que visitam o Sítio, a que vieram, que tipo de linguagem Lobato utiliza, o vocabulário – complexidade, distanciamento da linguagem coloquial – uso do dicionário, realidade, fantasia, enfim: múltiplos questionamentos e infinitas descobertas através da leitura.
Os alunos vão anotando dados, relacionando as histórias que estão lendo com os episódios assistidos na TV, apontando semelhanças e diferenças encontradas em cada uma das formas de expressão. Interessante exibir, logo após essa análise, um episódio antigo do Sítio (possível de ser encontrado em algumas locadoras) para estabelecer-se um paralelo entre o livro, episódio antigo e adaptações da atualidade.
Nessa fase, as crianças estabeleceram comparativas (orais e escritos) sobre os três referenciais pesquisados: obra, episódio antigo, episódio recente, apontando transformações na construção de personagens, características físicas (roupa, cabelo, porte), características psicológicas (jeito de ser dos personagens), função social, importância no contexto, ambientes, cenários, etc.
Essa análise reflexiva objetiva entender o que e por que a obra sofre adaptações, qual a intencionalidade de Lobato ao escrever a obra, qual o objetivo da TV em exibir/adaptar episódios.
Tal procedimento evidencia o desenvolvimento das habilidades operatórias, ao mesmo tempo em que oportuniza a formação de leitores/telespectadores críticos e seletivos.
Relacionando com outras disciplinas
Enquanto esse processo investigativo vai se organizando nas aulas de Língua Portuguesa, a Matemática poderá fazer uso da obra Aritmética da Emília, trabalhando o texto literário e dando conta de desenvolver questões relativas a frações, multiplicação, divisão, conteúdos extremamente trabalhados na obra. Para que não se perca o encantamento do projeto, o professor poderá organizar atividades práticas, tais como: jogos, brincadeiras, construções que permitam a investigação, observação, experimentação e desenvolvimento do conteúdo proposto.
O mesmo vai acontecer em Geografia (Geografia de Dona Benta), em História, Ciências (O Poço do Visconde) – e em qualquer área de conhecimento que busque uma ligação conceitual ao projeto. Meio Ambiente, alimentos, preservação da natureza, papel da família, relações entre patrões e empregados, zona rural, vida no campo, variações lingüísticas, personagens da Literatura Mundial, o homem no campo, lendas, superstições, religiosidade são exemplos de assuntos abordados na obra lobatiana que amplamente podem ser explorados na teia trama da interdisciplinaridade. Aqui entram a inventividade e o olhar diferenciado do professor-pesquisador, que cria estratégias diversificadas para conduzir o seu trabalho pedagógico pelos caminhos dos Temas Transversais.
Textos vão sendo criados, registros realizados, novos desafios lançados...
E a Inteligência sonora ou musical? Uma boa forma de desenvolvê-la é analisando a trilha sonora do Sítio, verificando se explora o tema da obra, se descreve os personagens, se está contextualizada. Feita a análise, uma boa sugestão é criar paródias, socializar as letras, incentivar a interpretação das músicas.
No que se referem às demais inteligências, pode-se criar propostas de desenho/pintura, histórias em quadrinhos, dramatizações de episódios, coreografias, montagem de cenários, dobraduras, teatro de fantoches (tudo envolvendo a temática do Sítio).
Outra sugestão é criar um almanaque que inclua:
1- Capa (nome do almanaque, relação das atividades que aparecerão no livro), ilustração e equipe de trabalho.
2- Biografia de Monteiro Lobato (local e data de nascimento e morte, fatos marcantes de sua vida, obras que escreveu).
3- Descrição das principais personagens do Sítio: quem são e que importância assumem na história. É interessante que apareçam ilustrações junto às explicações.
4- Produção de uma história ilustrada que envolva as personagens do Sítio.
5- Caça-palavras ortográfico (dificuldades: s/z/ss – ç/c – g/j – ch/x).
6- Palavras cruzadas.
7- Curiosidades.
8- Tela para pintar.
9- Ligar pontinhos.
10- Labirinto.
11- Jogo dos sete erros.
12- Uma receita gostosa (de algum quitute) preparado no Sítio.
13- História em quadrinhos.
14- Construção de atividades lúdicas que apresentem os conteúdos trabalhados nas áreas de conhecimento que se envolveram no projeto.
15- Construção de trilhas numéricas que envolvam o raciocínio lógico-matemático.
Apresentando a culminância
Convém lembrar que o planejamento é a chave para o sucesso de todo e qualquer projeto, por isso, as etapas para sua implantação devem ser respeitados.
1. Determinar o objetivo que se busca alcançar.
2. Transformar o objetivo em vários questionamentos.
3. Relacionar e disponibilizar diversas fontes de informação.
4. Explicar as fases do projeto.
5. Relacionar conceitos e conteúdos a serem pesquisados.
6. Instrumentalizar-se.
7. Registrar os resultados da pesquisa.
8. Criar estratégias diferenciadas para a aplicação dos conteúdos conceituais.
9. Traçar a interdisciplinaridade.
10. Organizar a culminância.
11. Avaliar o projeto.
Nenhum projeto pode ser feito e visto apenas por aqueles que o realizaram. É preciso que toda a comunidade escolar, inclusive os pais, possa tomar contato com o que foi produzido.
A culminância envolve a apresentação da produção dos resultados da investigação. É importante que sejam organizadas falas sobre o assunto abordado, exposição de objetos produzidos, representações dramáticas, músicas ensaiadas, painéis, gravações em áudio e/ou vídeo, CD-ROM ou ainda múltiplas linguagens que apresentarão os conhecimentos construídos.
Oportunizar a divulgação do que foi elaborado/produzido socializa o conhecimento, promove a auto-estima, valoriza o trabalho, incentiva novos projetos, aperfeiçoa a produção e possibilita a avaliação.
Por que Monteiro Lobato?
Porque sua obra, além de ser acolhida positivamente pelas crianças, enriquece o íntimo, já que a imaginação recebe subsídios para enriquecer o real.
As personagens do Sítio compõem um cenário muito próximo da criança. Pedrinho, Narizinho e Emília vivem múltiplas peripécias, transcorridas no Sítio do Picapau Amarelo, nos arredores ou em diferentes pontos do espaço e do tempo e representam o espírito aventureiro, a curiosidade, a inventividade e a realização de muitos dos desejos infantis.
Dona Benta é a avó que todas as crianças gostariam de ter: doce, atenciosa, generosa e compreensiva. É parceira das crianças e, junto a elas, através de suas histórias, permite as idas e vindas entre o âmbito real e o da fantasia, concedendo interferências nos relatos, mudanças no final das histórias, críticas e opiniões.
Tia Nastácia é a sabedoria popular, a detentora do aprendizado pela vida, a negra que, mesmo na condição de empregada, participa ativamente da educação das crianças. Sabe tudo sobre lendas, mitos e superstições. É conhecedora do folclore brasileiro. Estabelece relações afetivas entre as diferentes camadas sociais.
Visconde de Sabugosa é a personificação da cultura, da pesquisa, do saber necessário que deve ser construído desde a infância. Na sua fala e em suas intervenções, procura repartir com os leitores mirins a importância dos livros, a necessidade do homem estar em contato com a ciência, o valor da tecnologia e os perigos que a má condução dessa modernidade pode causar quando, indiscriminadamente, são utilizados sem ética e adequação.
A Cuca rompe rompe com os padrões convencionais do anti-herói. É uma bruxa genuinamente brasileira que representa os medos, as fantasias infantis, a possibilidade de jogar com o ficcional na resolução dos problemas anteriores.
Lobato é um pouco de tudo: traz a literatura universal para dentro de suas obras, desperta o interesse pela cultura mundial, ensina mitologia, apresenta heróis literários, divulga personagens ficcionais de procedência diversificada.
A criança que lê as obras de Monteiro Lobato é convidada a participar ativamente da narrativa; o leitor é resgatado de uma posição passiva e transformado em indivíduo atuante, co-participante das aventuras. Através das personagens, a criança encontra-se com a autonomia da palavra e, questionando o mundo, torna-se proprietária dela.
O ponto alto desse fenômeno se dá quando o ato de ler alcança o seu significado integral, ou seja, quando permite o conhecimento do mundo, mas igualmente oportuniza que este mundo seja exposto, discutido, analisado e recriado.
E a obra de Monteiro Lobato permite essa reinvenção, sem que se perca o limite entre a realidade e a fantasia.
Isto ratifica a viabilidade de se ler e de se trabalhar a sua obra, conferindo-lhe assim, atualidade e permanência, qualidades próprias dos verdadeiros clássicos universais.
Por Daniela Carvalho
Com essa atividade começamos uma nova sequência e trabalharemos número e quantidade através do desenho de flores com o Personagem Visconde de Sabugosa...
Para acompanhar a atividade sugerimos a leitura do texto abaixo:
* Doutor Livingstone: É o Visconde Novo feito por Tia Anastácia
O Visconde Novo
Para acompanhar a atividade sugerimos a leitura do texto abaixo:
* Doutor Livingstone: É o Visconde Novo feito por Tia Anastácia
O Visconde Novo
( ...) Na primeira semana de sua vida aconteceu com o Doutor Livingstone uma tragédia que muito consternou a todos da casa. Estava ele certa tarde lendo a sua bibliazinha no quintal, quando um frangote veio vindo. O sábio fechou a Bíblia e dirigiu algumas palavras em inglês ao frango, visto como era um frango leghorn,descendente dum galo vindo dos Estados Unidos e que, portanto, devia entender alguma coisa da língua de seus avós. O frango, porém, nada entendeu (ou fingiu que não entendeu); aproximou-se mais e mais, virando a cabecinha como fazem as aves quando descobrem petisco. É que tinha enxergado os lindos “botões” vermelhos do peito do inglês...
— Do you like my buttons? — perguntou com a maior ingenuidade o sabugo, como quem diz: “Está gostando dos meus botões?” Mas em vez de responder e elogiar a beleza daqueles botões, sabem o que o frango fez? Avançou de bicadas contra o pobre sabugo e comeu-lhe cinco botões, um depois do outro! Os berros do Doutor Livingstone atraíram a atenção de Nastácia, que veio correndo com a vassoura e tocou o frango a tempo de salvar o resto dos botões. Como fossem treze, ainda ficaram oito — mas falhados. O maldito frango tinha desfeito a obra-prima de Tia Nastácia...
— Deixa estar, mal-educado! — berrou ela furiosa. — Assim que crescer mais, eu te pego e prego na caçarola — e o senhor doutor aqui há de comer a moela. Desrespeitar desse modo uma criatura de tanta sabedoria, que não faz mal a ninguém e vive quieto no seu canto lendo a sua Bíblia! É ser muito sem compreensão das coisas... Credo! — E Tia Nastácia deu um tapa na boca porque achava inconveniente pronunciar essa palavra perto dum protestante.
Desde esse dia o Doutor Livingstone ganhou um medo horrível às aves. Bastava que uma galinha cacarejasse no terreiro, ou um galo cantasse lá longe, para que o seu coraçãozinho batesse apressado, enquanto, com mãos trêmulas, ele fechava o fraque de xadrez em defesa dos oito botões restantes.
— Vejam — disse um dia Pedrinho. — Este nosso Doutor Livingstone tem cara de não ter medo de leão, nem de rinoceronte, nem de leopardo, nem de nenhuma fera africana. Mas a gente percebe que tem um medo horrível de qualquer ave das que não sejam de rapina. Sendo de rapina, isto é, das que só comem carne, ele não dá importância, nem que seja um monstruoso condor dos Andes. Mas se é ave das que comem milho, ah, o medo dele é como o de vovó com as baratas. Se vê uma galinha, empalidece; e quando um galo canta, o seu coraçãozinho pula dentro do peito como um cabritinho novo...
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