"A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo. (Nelson Mandela) "

sexta-feira, 17 de maio de 2013


OLHA QUE LINDAS HISTÓRIAS


Super-Homem

Mais rápido que uma bala.
Mais forte que uma locomotiva
Capaz de saltar sobre os prédios mais altos com um simples pulo.
Olhem !
Lá no céu !
É um pássaro !
É um avião !
Não ! É o Super-Homem !

Sim, é o Super-Homem - estranho visitante de outro planeta, que veio à Terra, com poderes e habilidades muito superiores às de qualquer mortal - Super-Homem - pode mudar o curso do rio mais caudaloso, dobrar o aço com as mãos, ele que, na vida real é Clark Kent, um discreto repórter de um grande jornal de Metrópolis, trava uma batalha sem fim pela Verdade, pela Justiça e pela América.
Para compreendermos o surgimento do "Superman", precisamos antes entender o momento pelo qual a história do mundo passava:
Nos anos 30 a principal novidade na história dos "comics", foi o surgimento de um novo formato chamado "comic-book" - de certa forma uma "adaptação" quadrinizada das novelas de "pulp fiction" - revistas de grande circulação, impressas em papel barato e que se tornaram muito populares nos EUA nas décadas de 30 e 40.
Os "comic-books" foram responsáveis por alavancar a difusão do gênero, tornando-se leitura freqüente entre os soldados em campanha, vindo a se tornar linguagem comum nos manuais de instrução e treinamento de militares, Will Eisner (criador do Spirit e mestre incontestável da linguagem dos quadrinhos) foi um dos que produziu artes seqüenciais para tais propósitos.
O grande sucesso de público dos "comic-books" podia ser creditado à sua apresentação vistosa, muito colorida, amparado na enorme aceitação popular das tiras diárias nos principais jornais americanos.
Mas, sem dúvida a maior parte do sucesso se deveu ao surgimento em profusão de super-heróis nas suas páginas, que sempre apresentavam habilidades e poderes sobre-humanos.
O mais importante e que recebeu acolhida e congregou legiões de fãs, foi sem dúvida o "Superman", que surgiu numa noite abafada de verão em 1933, quando Jerome (Jerry) Siegel (1914 - 1996) então aos 19 anos, rolava na cama imaginando um personagem, fruto de suas leituras dos "pulps" que regulamente devorava com extrena avidez. Naquela época era fã do detetive "O Sombra" e de "Doc Savage" o grande sucesso das histórias de aventura. Mas, Jerry era apaixonado mesmo pelas histórias de ficção científica.
Jerry tinha um amigo de escola, excelente desenhista chamado Joseph (Joe) Shuster (1914-1992), que igualmente adorava os "pulps" - desenvolviam juntos um fanzine mimeografado chamado Science Fiction - Jerry escrevia, Joe ilustrava e era um tremendo sucesso entre a garotada. Na edição de janeiro de 1933, eles publicaram uma história intitulada "O Reino de Super-Homem" - o personagem principal possuía fabulosos poderes mentais, porém utilizava-os para fazer o mal. De todos os poderes imaginados para seu personagem, Jerry apenas manteve no futuro "Super-Homem", a super-visão.
Nesta época, os Estados Unidos se recuperavam da grande depresão e o mundo reconstruía-se no sentido de apagar os resquícios da primeira grande guerra - sonhar com o futuro e com tempos melhores era possível através de novas descobertas tecnológicas e principalmente pelas histórias em quadrinhos ("comics").
Por isso, naquela noite tórrida de 1933, onde o ar estava estagnado, Jerry não conseguia dormir, envolto em seus pensamentos e a observar as nuvens que passavam por sua janela, empurradas pelo vento alto, em frente da lua, ocorreu-lhe como seria bom se ele pudesse voar para ir se refrescar com o vento - Claro! Voar ! Ali nascia um dos mais famosos e importantes personagens das histórias em quadrinhos, o Super-Homem !
Superman apareceu oficialmente no primeiro número da revista "Action Comics" em 1938. A justificativa para a sua força descomunal, vinha de sua origem extraterrestre, pois ele havia nascido no planeta Krypton, onde a força da gravidade era muito superior à da Terra - fora lançado por seus pais Jor-El e Lora ainda criança para o espaço numa astronave, antes da destruição daquele planeta - era o Moisés dos novos tempos. Sua cápsula espacial viaja até a Terra e cai na fazenda dos Kent, que o adotam e o criam dentro dos preceitos da moral americana - Super-Homem coloca sua energia sobre-humana a serviço da luta contra os malfeitores, embora escondendo sua real identidade sob a aparência frágil e tímida do jornalista Clark Kent. Na mitologia popular, este é o disfarce perfeito e acima de qualquer suspeita, um ser fraco e até certo ponto risível, para ocultar uma figura poderosa e confiante.
Este é mais um trabalho
para 
o Super-Homem !
Suas transformações invariavelmente ocorrem em cabines telefônicas, becos ou qualquer outro canto escuro.
Onde Clark Kent está, nunca aparece o Super-Homem e vice-versa, ninguém desconfia, pois os únicos cúmplices desta dupla-personalidade são os leitores.

Os primeiros sinais da popularidade do Super-Homem puderam ser percebidos a partir do quarto número da revista "Action Comics", apesar de um crescimento espantoso nas vendas, ninguem conhecia ao certo os motivos para tanto sucesso. Em uma pesquisa feita junto às bancas de jornal, finalmente o motivo foi revelado: Super-Homem ! A partir de então o editor da revista passou a estampar em todas as capas a figura de seu principal herói. Logo foi criada uma revista exclusiva somente com as histórias do Super-Homem, que teve sua tiragem esgotada.
Super-Homem passou a ser publicado em tiras diárias em mais de 230 jornais americanos, deu origem a seriados de TV, novelas de rádio, filmes e desenhos animados, sem contar é claro com uma infinidade de brinquedos, álbuns de figurinhas, jogos e roupas, tudo ao estilo de marketing americano.
Com o sucesso do Super-Homem, a dupla Siegel e Shuster alugou um escritório em Cleveland por US$ 30,00 mensais, contrataram uma equipe de quatro artistas, um deles o irmão de Shuster e deram início à produção semanal de 13 páginas de revista, 6 tiras diárias e uma página dominical para os jornais.
Uma reportagem do "Saturday Evening Post" dava conta de que a receita bruta do personagem atingira a soma de US$ 75,000.00 em 1940.
Joe Shuster, um dos quatro filhos de um pobre alfaiate, que aprendera a desenhar pagando com sacrifício - dez centavos por aula na "John Huntington Art School", re-mobiliou sua casa e comprou um carro novinho.
Jerry Siegel, o garoto que juntava trocados para comprar seus adorados "pulps", casou-se com sua namoradinha de infância. Nenhum dos dois, ao que parece, chegou a pensar em alguma forma de investimento para o futuro que,naquele ponto de suas vidas, pareceia ser extremamente próspero e sorridente. A fama e a fortuna lhes sorriam, afinal.
Certa vez, quando passeava por "Miami Beach" (antes que esta se transformasse no maior balneário-shopping center da América Latina), curtindo umas férias, Joe Shuster foi parado por um guarda. O fato de estar desfilando em roupas comuns, sua aparência casual no meio da grã-finagem e seu carrão, chamaram a atenção do policial. Joe cometeu o erro de mostrar o gordo maço de notas que carregava no bolso e, quando foi perguntado sobre sua ocupação, disse que era o criador do Super-Homem. Levado à corte de magistratura sob a acusação de vadiagem, recebeu de um repórter policial que fazia hora por ali, a sugestão de que desenhasse o Super-Homem para provar sua identidade. Para grande embaraço de todos os presentes, foi exatamente o que ele fez. Envergonhada, a corte retirou a acusação e o deixou ir.
Como todo herói americano, Super-Homem não escapou aos apelos do patriotismo, afinal ele era o defensor da América. Por ocasião da Segunda Guerra Mundial o super-herói formou junto com os soldados as fileiras contra o império nazista, a pedido do então presidente Roosevelt, as histórias deste período mostravam um Super-Homem no campo de batalha contra o inimigo nº. 1 - Hitler. Por conta disto surgiu a célebre frase proferida pelo homem da propaganda nazista, Goebels:
- O Super-Homem é um judeu !

De lá para cá, Super-Homem fez acompanhar a evolução dos tempos, tornando-se uma figura mundialmente conhecida. Tal reconhecimento no entanto, não foi conferido a seus criadores, Siegel e Shuster, venderam logo no início os direitos sobre a criação para a editora da Action Comics, recebendo apenas pelo trabalho de texto e arte, nunca receberam sequer, "royalties" pelo uso de seu personagem; com o tempo e as diversas adaptações de seu herói, até o nome dos criadores foi apagado dos créditos das revistas. Uma briga judicial foi mantida por diversos anos a fim de promover uma indenização pelo uso da obra intelectual e pelo re-estabelecimento dos créditos dos autores.
Siegel e Shuster experimentaram uma velhice de privações e acabaram seus dias em asilos para idosos. Nenhum dos super-poderes que imaginaram para seu personagem, pode ser usado em seus benefícios.

fonte: bricabrac.com.br

HOMEM ARANHA



Órfão quando pequeno, Peter Benjamin Parker foi morar junto com seus tios Benjamin e May Parker na cidade de Nova York. O menino cresceu e se tornou um adolescente tímido, mas extremamente inteligente. Durante uma demonstração de equipamentos que manipulavam radiação, Parker foi picado por uma aranha.
Ela havia sido exposta à radioatividade do aparelho e por isso provocou mutações no organismo do jovem Peter. Peter descobre sobre seus poderes quando quase é atropelado por um carro. Seu sentido de aranha o alerta do perigo e por puro reflexo ele salta e se fixa na parede de um prédio. Ainda assustado, ele escala esse prédio e amassa uma chaminé de aço como se fosse de papel.
Parker fica muito empolgado com seus novos poderes e, no início, pensa somente em como ganhar dinheiro com eles. Levado por esses pensamentos individualistas, não faz o mínimo esforço para impedir a fuga de um ladrão, que logo depois viria a matar seu tio Ben. Quando descobre que o assassino do tio é o bandido que poderia ter detido sem dificuldades, se vê tomado por um sentimento de culpa que traz uma dura lição: "Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades". A partir de então, começa a utilizar seus poderes para combater o crime na cidade de Nova York.

fonte: topgameskids

O Patinho Feio

(Hans Christian Andersen)
A mamãe pata tinha escolhido um lugar ideal para fazer seu ninho: um cantinho bem protegido, no meio da folhagem, perto do rio que contornava o velho castelo.
Mais adiante estendiam-se o bosque e um lindo jardim florido.
Naquele lugar sossegado, a pata agora aquecia pacientemente seus ovos. Por fim, após a longa espera, os ovos se abriram um após o outro, e das cascas rompidas surgiram, engraçadinhos e miúdos, os patinhas amarelos que, imediatamente, saltaram do ninho.

Porém um dos ovos ainda não se abrira; era um ovo grande, e a pata pensou que não o chocara o suficiente.
Impaciente, deu umas bicadas no ovão e ele começou a se romper.
No entanto, em vez de um patinho amarelinho saiu uma ave cinzenta e desajeitada. Nem parecia um patinho.
Para ter certeza de que o recém-nascido era um patinho, e não outra ave, a mãe-pata foi com ele até o rio e o obrigou a mergulhar junto com os outros.
Quando viu que ele nadava com naturalidade e satisfação, suspirou aliviada. Era só um patinho muito, muito feio.
Tranqüilizada, levou sua numerosa família para conhecer os outros animais que viviam nos jardins do castelo.
Todos parabenizaram a pata: a sua ninhada era realmente bonita. Exceto um. O horroroso e desajeitado das penas cinzentas!
— É grande e sem graça! — falou o peru.
— Tem um ar abobalhado — comentaram as galinhas.
O porquinho nada disse, mas grunhiu com ar de desaprovação.
Nos dias que se seguiram, as coisas pioraram. Todos os bichos, inclusive os patinhos, perseguiam a criaturinha feia.
A pata, que no princípio defendia aquela sua estranha cria, agora também sentia vergonha e não queria tê-lo em sua companhia.
O pobre patinho crescia só, malcuidado e desprezado. Sofria. As galinhas o bicavam a todo instante, os perus o perseguiam com ar ameaçador e até a empregada, que diariamente levava comida aos bichos, só pensava em enxotá-lo.
Um dia, desesperado, o patinho feio fugiu. Queria ficar longe de todos que o perseguiam.
Caminhou, caminhou e chegou perto de um grande brejo, onde viviam alguns marrecos. Foi recebido com indiferença: ninguém ligou para ele. Mas não foi maltratado nem ridicularizado; para ele, que até agora só sofrera, isso já era o suficiente.
Infelizmente, a fase tranqüila não durou muito. Numa certa madrugada, a quietude do brejo foi interrompida por um tumulto e vários disparos: tinham chegado os caçadores!
Muitos marrequinhos perderam a vida. Por um milagre, o patinho feio conseguiu se salvar, escondendo-se no meio da mata.
Depois disso, o brejo já não oferecia segurança; por isso, assim que cessaram os disparos, o patinho fugiu de lá.
Novamente caminhou, caminhou, procurando um lugar onde não sofresse.
Ao entardecer chegou a uma cabana. A porta estava entreaberta, e ele conseguiu entrar sem ser notado. Lá dentro, cansado e tremendo de frio, se encolheu num cantinho e logo dormiu.
Na cabana morava uma velha, em companhia de um gato, especialista em caçar ratos, e de uma galinha, que todos os dias botava o seu ovinho.
Na manhã seguinte, quando a dona da cabana viu o patinho dormindo no canto, ficou toda contente.
— Talvez seja uma patinha. Se for, cedo ou tarde botará ovos, e eu poderei preparar cremes, pudins e tortas, pois terei mais ovos. Estou com muita sorte!
Mas o tempo passava, e nenhum ovo aparecia. A velha começou a perder a paciência. A galinha e o gato, que desde o começo não viam com bons olhos recém-chegado, foram ficando agressivos e briguentos.
Mais uma vez, o coitadinho preferiu deixar a segurança da cabana e se aventurar pelo mundo.
Caminhou, caminhou e achou um lugar tranqüilo perto de uma lagoa, onde parou.
Enquanto durou a boa estação, o verão, as coisas não foram muito mal. O patinho passava boa parte do tempo dentro da água e lá mesmo encontrava alimento suficiente.
Mas chegou o outono. As folhas começaram a cair, bailando no ar e pousando no chão, formando um grande tapete amarelo. O céu se cobriu de nuvens ameaçadoras e o vento esfriava cada vez mais.
Sozinho, triste e esfomeado, o patinho pensava, preocupado, no inverno que se aproximava.
Num final de tarde, viu surgir entre os arbustos um bando de grandes e lindíssimas aves. Tinham as plumas alvas, as asas grandes e um longo pescoço, delicado e sinuoso: eram cisnes, emigrando na direção de regiões quentes. Lançando estranhos sons, bateram as asas e levantaram vôo, bem alto.
O patinho ficou encantado, olhando a revoada, até que ela desaparecesse no horizonte. Sentiu uma grande tristeza, como se tivesse perdido amigos muito queridos.
Com o coração apertado, lançou-se na lagoa e nadou durante longo tempo. Não conseguia tirar o pensamento daquelas maravilhosas criaturas, graciosas e elegantes.
Foi se sentindo mais feio, mais sozinho e mais infeliz do que nunca.
Naquele ano, o inverno chegou cedo e foi muito rigoroso.
O patinho feio precisava nadar ininterruptamente, para que a água não congelasse em volta de seu corpo, criando uma armadilha mortal. Mas era uma luta contínua e sem esperança.
Um dia, exausto, permaneceu imóvel por tempo suficiente para ficar com as patas presas no gelo.
— Agora morrerei — pensou. — Assim, terá fim todo meu sofrimento.
Fechou os olhos, e o último pensamento que teve antes de cair num sono parecido com a morte foi para as grandes aves brancas.
Na manhã seguinte, bem cedo, um camponês que passava por aqueles lados viu o pobre patinho, já meio morto de frio.
Quebrou o gelo com um pedaço de pau, libertou o pobrezinho e levou-o para sua casa.
Lá o patinho foi alimentado e aquecido, recuperando um pouco de suas forças. Logo que deu sinais de vida, os filhos do camponês se animaram:
— Vamos fazê-lo voar!
— Vamos escondê-lo em algum lugar!

Contos, fabulas e historinhas: O Patinho Feio
E seguravam o patinho, apertavam-no, esfregavam-no. Os meninos não tinham más intenções; mas o patinho, acostumado a ser maltratado, atormentado e ofendido, se assustou e tentou fugir. Fuga atrapalhada!
Caiu de cabeça num balde cheio de leite e, esperneando para sair, derrubou tudo. A mulher do camponês começou a gritar, e o pobre patinho se assustou ainda mais.
Acabou se enfiando no balde da manteiga, engordurando-se até os olhos e, finalmente se enfiou num saco de farinha, levantando uma poeira sem fim. br> A cozinha parecia um campo de batalha. Fora de si, a mulher do camponês pegara a vassoura e procurava golpear o patinho. As crianças corriam atrás do coitadinho, divertindo-se muito.
Meio cego pela farinha, molhado de leite e engordurado de manteiga, esbarrando aqui e ali, o pobrezinho por sorte conseguiu afinal encontrar a porta e fugir, escapando da curiosidade das crianças e da fúria da mulher.
Ora esvoaçando, ora se arrastando na neve, ele se afastou da casa do camponês e somente parou quando lhe faltaram as forças.
Nos meses seguintes, o patinho viveu num lago, se abrigando do gelo onde encontrava relva seca.
Finalmente, a primavera derrotou o inverno. Lá no alto, voavam muitas aves. Um dia, observando-as, o patinho sentiu um inexplicável e incontrolável desejo de voar.
Abriu as asas, que tinham ficado grandes e robustas, e pairou no ar. Voou. Voou. Voou longamente, até que avistou um imenso jardim repleto de flores e de árvores; do meio das árvores saíram três aves brancas.
O patinho reconheceu as lindas aves que já vira antes, e se sentiu invadir por uma emoção estranha, como se fosse um grande amor por elas.
— Quero me aproximar dessas esplêndidas criaturas — murmurou. — Talvez me humilhem e me matem a bicadas, mas não importa. É melhor morrer perto delas do que continuar vivendo atormentado por todos.
Com um leve toque das asas, abaixou-se até o pequeno lago e pousou tranqüilamente na água.
— Podem matar-me, se quiserem — disse, resignado, o infeliz.
E abaixou a cabeça, aguardando a morte. Ao fazer isso, viu a própria imagem refletida na água, e seu coração entristecido deu um pulo. O que via não era a criatura desengonçada, cinzenta e sem graça de outrora. Enxergava as penas brancas, as grandes asas e um pescoço longo e sinuoso.
Ele era um cisne! Um cisne, como as aves que tanto admirava.
— Bem-vindo entre nós! — disseram-lhe os três cisnes, curvando os pescoços, em sinal de saudação.
Aquele que num tempo distante tinha sido um patinho feio, humilhado, desprezado e atormentado se sentia agora tão feliz que se perguntava se não era um sonho!
Mas, não! Não estava sonhando. Nadava em companhia de outros, com o coração cheio de felicidade.
Mais tarde, chegaram ao jardim três meninos, para dar comida aos cisnes.
O menorzinho disse, surpreso:
— Tem um cisne novo! E é o mais belo de todos! E correu para chamar os pais.
— É mesmo uma esplêndida criatura! — disseram os pais.
E jogaram pedacinhos de biscoito e de bolo. Tímido diante de tantos elogios, o cisne escondeu a cabeça embaixo da asa.
Talvez um outro, em seu lugar, tivesse ficado envaidecido. Mas não ele. Seu coração era muito bom, e ele sofrera muito, antes de alcançar a sonhada felicidade.
Contos, fabulas e historinhas: O Patinho Feio

fonte: qdivertido

O Gato de Botas

(Charles Perrault)
Era uma vez um moleiro muito pobre, que tinha três filhos. Os dois mais velhos eram preguiçosos e o caçula era muito trabalhador.
Quando o moleiro morreu, só deixou como herança o moinho, um burrinho e um gato. O moinho ficou para o filho mais velho, o burrinho para o filho do meio e o gato para o caçula. Este último ficou muito descontente com a parte que lhe coube da herança, mas o gato lhe disse:
__Meu querido amo, compra-me um par de botas e um saco e, em breve, te provarei que sou de mais utilidade que um moinho ou um asno.

Assim, pois, o rapaz converteu todo o dinheiro que possuía num lindo par de botas e num saco para o seu gatinho. Este calçou as botas e, pondo o saco às costas, encaminhou-se para um sítio onde havia uma coelheira. Quando ali chegou, abriu o saco, meteu-lhe uma porção de farelo miúdo e deitou-se no chão fingindo-se morto.
Excitado pelo cheiro do farelo, o coelho saiu de seu esconderijo e dirigiu-se para o saco. O gato apanhou-o logo e levou-o ao rei, dizendo-lhe:
__Senhor, o nobre marquês de Carabás mandou que lhe entregasse este coelho. Guisado com cebolinhas será um prato delicioso.
__Coelho?! - exclamou o rei.
__ Que bom! Gosto muito de coelho, mas o meu cozinheiro não consegue nunca apanhar nenhum. Diga ao teu amo que eu lhe mando os meus mais sinceros agradecimentos.
No dia seguinte, o gatinho apanhou duas perdizes e levou-as ao rei como presente do marquês de Carabás.
Durante um tempo, o gato continuou a levar ao palácio outros presente, todos dizia ser da parte do Marquês de Carabás.
Um dia o gato convidou seu amo para tomar um banho no rio. Ao chegarem ao local o gato disse ao jovem:
__ De hoje em diante seu nome será Marquês de Carabás. Agora, por favor, tire sua roupa e entre na água.
O rapaz não estava entendendo nada, mas como confiava no gato atendeu seu pedido.
O gato havia levado rapaz no local por onde devia passar a carruagem real.
esperto gato ao ver uma carruagem se aproximando começou a gritar:
__Socorro! Socorro!
Que aconteceu? - perguntou o rei, descendo da sua carruagem.
Os ladrões roubaram a roupa do nobre marquês de Carabás! - disse o gato.
__ Meu amo está dentro da água, ficará resfriado.
O rei mandou imediatamente uns servos ao palácio; voltaram daí a pouco com um magnífico vestuário feito para o próprio rei, quando jovem.

Contos, fabulas e historinhas: O Gato de Botas
O dono do gato vestiu-se e ficou tão bonito que a princesa, assim que o viu, dele se enamorou. O rei também ficou encantado e murmurou:
__Eu era exatamente assim, nos meus tempos de moço.
O rei convidou o falso marquês para subir em sua carruagem.
__ Será que a vossa majestade nos dá a honra de visitar o palácio do Marquês de Carabás? – perguntou o gato, diante do olhar aflito do rapaz
O rei aceitou o convite e o gato saiu na frente, para arrumar uma recepção par ao rei e a princesa.
O gato estava radiante com o êxito do seu plano; e, correndo à frente da carruagem, chegou a uns campos e disse aos lavradores:
__O rei está chegando; se não lhes disserem que todos estes campos pertencem ao marquês de Carabás, o rei mandará cortar-lhes a cabeça.
De forma que, quando o rei perguntou de quem eram aquelas searas, os lavradores responderam-lhe:
__Do muito nobre marquês de Carabás.
__Que lindas propriedades tens tu!- elogiou o rei ao jovem.
O moço sorriu perturbado, e o rei murmurou ao ouvido da filha:
__Eu também era assim, nos meus tempos de moço.
Mais adiante, o gato encontrou uns camponeses ceifando trigo e lhes fez a mesma ameaça: __Se não disserem que todo este trigo pertence ao marquês de Carabás, faço picadinho de vocês.
Assim, quando chegou a carruagem real e o rei perguntou de quem era todo aquele trigo, responderam:
__Do mui nobre marquês de Carabás.
O rei ficou muito entusiasmado e disse ao moço:
__ Ó marquês! Tens muitas propriedades!
O gato continuava a correr à frente da carruagem; atravessando um espesso bosque, chegou à porta de um magnífico palácio, no qual vivia um ogro muito malvado que era o verdadeiro dono dos campos semeados. O gatinho bateu à porta e disse ao ogro que a abriu:
__Meu querido ogro, tenho ouvido por aí umas histórias a teu respeito. Dizei-me lá: é certo que te podes transformar no que quiseres?
__ Certíssimo - respondeu o ogro, e transformou-se num leão.
__ Isso não vale nada - disse o gatinho. - Qualquer um pode inchar e aparecer maior do que realmente é. Toda a arte está em se tornar menor. Poderias, por exemplo, transformar-te em rato?
__ É fácil - respondeu o ogro, e transformou-se num rato.
O gatinho deitou-lhe logo as unhas, comeu-o e desceu logo a abrir a porta, pois naquele momento chegava a carruagem real. E disse:
__ Bem vindo seja, senhor, ao palácio do marquês de Carabás.
__ Olá! - disse o rei
__ Que formoso palácio tens tu! Peço-te a fineza de ajudar a princesa a descer da carruagem.
O rapaz, timidamente, ofereceu o braço à princesa e o rei murmurou-lhe ao ouvido:
__ Eu também era assim tímido, nos meus tempos de moço.
Entretanto, o gatinho meteu-se na cozinha e mandou preparar um esplêndido almoço, pondo na mesa os melhores vinhos que havia na adega; e quando o rei, a princesa e o amo entraram na sala de jantar e se sentaram à mesa, tudo estava pronto.
Depois do magnífico almoço, o rei voltou-se para o rapaz e disse-lhe:
__ Jovem, és tão tímido como eu era nos meus tempos de moço. Mas percebo que gostas muito da princesa, assim como ela gosta de ti. Por que não a pedes em casamento?
Então, o moço pediu a mão da princesa, e o casamento foi celebrado com a maior pompa. O gato assistiu, calçando um novo par de botas com cordões encarnados e bordados a ouro e preciosos diamantes.
E daí em diante, passaram a viver muito felizes. E se o gato às vezes ainda se metia a correr atrás dos ratos, era apenas por divertimento; porque absolutamente não mais precisava de ratos para matar a fome...





Contos, fabulas e historinhas: O Gato de Botas

fonte: qdivertido

Rapunzel

Adaptado do conto dos Irmãos Grimm

Era uma vez um lenhador que vivia feliz com
sua esposa. Os dois estavam muito contentes porque a mulher estava
grávida do primeiro filho do casal.
Ao lado da casa do lenhador morava um bruxa muito egoísta.
Ela nunca dava nada para ninguém. O quintal de sua casa era enorme
e tinha um pomar e uma horta cheios de frutas e legumes saborosos,
mas a bruxa construiu um muro bem alto cercando seu quintal, para
ninguém ver o que tinha lá dentro!


Na casa do lenhador havia uma janela que se abria para o
lado da casa da bruxa, e sua esposa ficava horas ali olhando para
os rabanetes da horta, cheia de vontade...
Um dia a mulher ficou doente. Não conseguia comer nada que
seu marido lhe preparava. Só pensava nos rabanetes...
O lenhador ficou preocupado com a doença de sua mulher e
resolveu ir buscar os rabanetes para a esposa. Esperou anoitecer,
pulou o muro do quintal da bruxa e pegou um punhado deles.
Os rabanetes estavam tão apetitosos que a mulher quis comer
mais. O homem teve que voltar várias noites ao quintal da bruxa
pois, graças aos rabanetes, a mulher estava quase curada.
Uma noite, enquanto o lenhador colhia os rabanetes, a velha
bruxa surgiu diante dele cercada por seus corvos.
— Olhem só! — disse a velhota — Agora sabemos quem está roubando meus rabanetes!
O homem tentou se explicar, mas a bruxa já sabia de tudo e
exigiu em troca dos rabanetes a criança que ia nascer.
O pobre lenhador ficou tão apavorado que não conseguiu dizer não
para a bruxa.
Pouco tempo depois, nasceu uma linda menina. O lenhador e
sua mulher estavam muito felizes e cuidavam da criança com todo o
carinho.
Mas a bruxa veio buscar a menina. Os pais choraram e
imploraram para ficar com a criança, mas não adiantou. A malvada a
levou e lhe deu o nome de Rapunzel.
Passaram-se os anos. Rapunzel cresceu e ficou muito linda. A
bruxa penteava seus longos cabelos em duas traças, e pensava:
“Rapunzel está cada vez mais bonita! Vou prendê-la numa
torre da floresta, sem porta e com apenas uma janela, bem alta,
para que ninguém a roube de mim, e usarei suas tranças como
escada.”
E assim aconteceu. Rapunzel, presa na torre, passava os dias
trançando o cabelo e cantando com seus amigos passarinhos.
Todas as vezes que a bruxa queria visitá-la ia até a torre e
gritava:
— Rapunzel! Jogue-me suas tranças!
A menina jogava as tranças e a bruxa as usava para escalar a
torre.
Um dia passou por ali um príncipe que ouviu Rapunzel
cantarolando algumas canções. Ele ficou muito curioso para saber
de quem era aquela linda voz. Caminhou as redor da torre e
percebeu que não tinha nenhuma entrada, e que a pessoa que cantava
estava presa.
O príncipe ouviu um barulho e se escondeu, mas pôde ver a
velha bruxa gritando sob a janela:
— Rapunzel! Jogue-me suas tranças!
O príncipe, então, descobriu o segredo. Na noite seguinte
foi até a torre e imitou a voz da bruxa:
— Rapunzel! Jogue-me suas tranças!
Rapunzel obedeceu o chamado, mas assustou-se ao ver o
príncipe entrar pela janela.
— Oh! Quem é você? — perguntou Rapunzel.
O príncipe contou o que acontecera e declarou seu amor por
Rapunzel. Ela aceitou se encontrar com ele, mas pediu que os
encontros fossem às escondidas, pois a bruxa era muito ciumenta.
Os dois passaram a se ver todos os dias, até que Rapunzel,
muito distraída, disse um dia para a bruxa:
— Puxa, a senhora é bem mais pesada que o príncipe!
A bruxa descobriu os encontros da menina com o príncipe e
cortou suas tranças. Chamou seus corvos e ordenou que levassem
Rapunzel para o deserto para que ela vivesse sozinha.
O príncipe, que não sabia de nada, foi visitar Rapunzel. A
bruxa segurou as tranças da menina e as jogou para baixo. Quando
ele chegou na janela, a bruxa o recebeu com uma risada macabra e
largou as tranças. Ele despencou, caindo sobre uma roseira. Os
espinhos furaram seus olhos, e ele ficou cego.
Mesmo assim, o príncipe foi procurar sua amada Rapunzel,
tateando e gritando seu nome.
Andou por dias, até chegar ao deserto. Rapunzel ouviu o
príncipe chamar por ela e correu ao seu encontro. Quando descobriu
que o príncipe estava cego começou a chorar. Duas lágrimas caíram
dentro dos olhos do rapaz e ele voltou a enxergar!
Assim, os dois jovens foram para o palácio do príncipe, se
casaram e viveram felizes. Os pais de Rapunzel foram morar no
palácio e a bruxa egoísta ficou com tanta raiva que se trancou na
torre e nunca mais saiu de lá.

fonte: projeto contos de fadas

O BARBA AZUL

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUVCvUIiWgeQCwLDbOMCL-9AvjbM-g9JNsxjee51FBuKctjnt7feDj0DfdeQ7YPUJj9_9dcsswkDAt3gfrsXqQ2LBb6G30zu9MaJqr_TIobbGi20TU_myMQaQsWmpoQb0vQWWk9lWiCnM/s1600/barba_azul_llave.jpgEra uma vez um homem muito rico, possuía muitas propriedades, todas com belíssimos palácios, na cidade e no campo. Tudo que tinha dentro de seus palácios era belo e suntuoso, suas baixelas eram de ouro e prata, as cadeiras eram estofadas com tapeçarias, as carruagens recobertas de ouro. Mas apesar de toda sua riqueza ele tinha uma tristeza, sua barba era azul, e isso o tornava tão feio que todas as mulheres e moças fugiam quando se deparavam com ele.
Nas redondezas vivia uma nobre dama que tinha duas filhas e quatro filhos, e ninguém sabia dizer qual delas era mais bela.
O homem pediu a essa senhora que lhe concedesse a mão de uma de suas filhas, e deixou que ela mesma escolhesse qual das duas lhe daria. O pedido não agradou a nenhuma das duas, que ficaram empurrando o pedido de uma para a outra, pois nenhuma delas queria se casar com um homem de barba azul. O que tornava a situação mais difícil e as moças mais descontentes é que este homem já se casara muitas vezes antes e ninguém sabia o que fora feito das antigas esposas.
Para conquistar sua amizade, Barba Azul levou as moças, os irmãos e a mãe, algumas amigas delas e mais alguns rapazes conhecidos na cidade para uma estadia em uma de suas casas de campo. Ficaram lá por mais de uma semana, e para sua surpresa divertiram-se muito, fizeram incansáveis passeios, pescarias, caçadas, piqueniques, danças, banquetes e ceias. À noite pregavam peças uns nos outros e era tão divertido que mal viam a noite passar. Por fim foi tudo tão agradável que a filha caçula, Leonora, começou a se envolver com ele, achando-o um perfeito cavalheiro, um homem maravilhoso, e que aquela barba não era assim tão feia. Assim que retornaram à cidade o casamento foi realizado.
Um mês se passou na mais perfeita calma e alegria até que um dia Barba Azul disse à mulher que precisava viajar para tratar de negócios importantes na cidade próxima. Demoraria pelo menos seis semanas. Insistiu que ela se divertisse na sua ausência. Se lhe agradasse poderia receber suas amigas e passar com elas um tempo na casa de campo.
Entregou à esposa uma grande argola cheia de chaves e foi descrevendo a porta que cada uma delas abria: “ Estas são as chaves dos dois grandes depósitos, estas são as dos meus cofres-fortes onde estão guardados todo nosso ouro e nossa prata, esta outra é onde estão as baixelas de ouro e prata que não são de uso diário, essa a do quarto onde guardo todas as jóias, e aqui está a chave mestra de todos os aposentos do palácio. Por último tem essa chave pequenina, é a chave do gabinete da grande galeria do térreo. Você é livre para abrir qualquer porta e para entrar onde quiser, mas proíbo-lhe terminantemente de entrar nesse quartinho e, se abrir nem que seja uma pequena fresta dessa porta nada neste mundo poderá protegê-la da minha ira.
Leonora prometeu que obedeceria estritamente as suas ordens, que não precisava se preocupar. Barba Azul lhe deu um beijo de despedida, entrou na carruagem e partiu rumo aos seus negócios.
As amigas da recém-casada, ansiosas por conhecer o fausto do palácio não pensaram duas vezes quando esta lhes fez o convite. Enquanto o marido estava por lá elas não ousavam se aproximar, pois aquela barba azul as amedrontava. Sem perda de tempo começaram a explorar tudo que encontravam, os salões ricamente decorados, os gabinetes, os quartos, os guarda-roupas cada um mais suntuoso que o outro, ficando boquiabertas diante de tanta riqueza e de tanta beleza, tapeçarias, camas, sofás, pratarias, cristaleiras e cristais, tecidos, baixelas, louças das mais finas, etc.Havia espelhos em que a pessoa podia se ver da cabeça aos pés. Alguns espelhos tinham moldura de vidro, outros de prata, outros eram bisotados, e todos eram os mais bonitos e magníficos que já tinham visto.
As convidadas estavam para morrer de inveja da amiga. Esta, porém, não conseguia se divertir com nada, nem com a companhia das amigas, nem com sua vida luxuosa, pois em seu pensamento só uma coisa existia: abrir o gabinete do andar térreo. Estava tão atormentada por sua curiosidade que, sem nem se aperceber que era uma falta da anfitriã abandonar suas convidadas sozinhas, desceu por uma escadinha secreta, e tão depressa que por duas ou três vezes quase rolou pelos degraus abaixo. Por fim chegou à porta do gabinete e parou, considerando quais poderiam ser as conseqüências de eu ato, desobedecendo a veemente proibição do marido. Mas a tentação era grande demais e a venceu. Tremendo de emoção pegou a chavezinha e abriu a porta.
Não conseguia enxergar nada, as janelas estavam fechadas. Aos poucos seus olhos foram se acostumando à escuridão e começou a perceber que o assoalho estava todo recoberto por sangue coagulado, e que naquele sangue se refletiam os cadáveres de muitas mulheres mortas, as antigas esposas do Barba Azul, dependuradas ao longo das paredes, degoladas e enfileiradas num espetáculo macabro e aterrador.
Ficou paralisada de pavor e, ao puxar a chave da fechadura, esta caiu de sua mão trêmula. Respirou fundo, apanhou a chave, trancou a porta e subiu ao seu quarto para recobrar a calam. Esforço em vão, seus nervos estavam em frangalhos, naquele momento nada conseguiria tranqüilizá-la. Foi aí que olhou a pequena chave do gabinete macabro e notou que ela ficara manchada de sangue.Esfregou-a com seu lenço duas ou três vezes, mas o sangue não saia, parecia estar impregnado na chave. Tentou lavá-la e esfregá-la com areia, sabão e com todo material de limpeza que encontrou, mas o sangue não saía, pois a chave era encantada e não havia meio comum que pudesse remover àquela mancha. Bastava limpar o sangue de um lado da chave que ele reaparecia no outro lado.
Naquela mesma noite Barba Azul chegou de viagem dizendo que seus negócios se resolveram antes do que ele pensava, auferindo grandes lucros. Leonora fez tudo que pôde para lhe demonstrar que estava radiante com seu rápido regresso. Na manhã seguinte ele pediu as chaves de volta e ela as devolveu, mas suas mãos tremiam tanto que facilmente ele entendeu tudo que acontecera na sua ausência.
“Onde está a chave do gabinete”, perguntou, “por que não está junto com as outras ?”
“Acho que a esqueci lá em cima, na mesinha do quarto”.
“Não esqueça de devolvê-la logo mais”, disse Barba Azul.
Leonora tentou o quanto pode esquivar-se de devolver a chave, até que não foi mais possível. O marido recebeu a chave e após examiná-la muito bem perguntou à mulher:
“Por que a chave está manchada de sangue?”
“Não tenho a menor idéia”, respondeu a pobre mulher, trêmula e pálida.
“Não tenho a menor idéia”, replicou Barba Azul, “mas eu tenho”. Você me desobedeceu e entrou no gabinete! Pois agora entrará ali e não mais sairá, você tomara seu devido lugar ao lado das damas que lá já estão.
Em prantos a pobre se atirou aos pés do marido implorando seu perdão, jurando arrependimento. Teria comovido um rochedo o seu sofrimento. Mas Barba Azul tinha o coração mais duro que um rochedo.
“Você precisa morrer”, o perverso lhe disse, “e imediatamente”.
“Já que não há escapatória”, ela respondeu, fitando-o diretamente nos olhos, “me dê algum tempo para que eu possa fazer minhas orações”.
“Dou-lhe um quarto de hora”, disse o marido, “mas nem um segundo a mais.”.
Quando ficou sozinha chamou Ana, sua irmã mais velha que estava passando uns dias na casa, contou o que sucedera e disse: “minha irmã, suba no alto da torre e veja se nossos irmãos estão chegando. Eles me prometeram me fazer uma visita ainda hoje. Assim que os vir faça um sinal para que se apressem.”.
Muito aflita Ana subiu rapidamente ao alto da torre e de vez em quando a pobre Leonora desesperada perguntava: “Ana, querida irmã, não está vendo ninguém chegar?”.
E a irmã respondia: “Só vejo o sol ofuscante e o capim verdejante”.
Nesta hora Barba Azul, visivelmente transtornado e com um cutelo nas mãos, gritou para a mulher a plenos pulmões:
“Desça já, ou subirei aí para buscá-la”.
“Um momento mais, por favor, ainda não acabei de rezar”, a mulher lhe respondeu, e logo perguntou baixinho:
“Ana, querida irmã, não está vendo chegar ninguém?”
E a irmã respondeu:
“Só vejo o sol ofuscante e o capim verdejante”.
“Trate de descer depressa, ou subirei aí para buscá-la”.
“Já vou! Respondeu Leonora, e implorou:
“Ana, querida irmã, não está vendo chegar ninguém?”
“Estou vendo”, ela respondeu, “vejo quatro cavaleiros que vêm para este lado, mas ainda estão muito longe...Deus seja louvado!” ela exclamou aliviada. “São os nossos irmãos. Estou fazendo todos os sinais que posso para que acelerem o passo.”
Barba Azul completamente enfurecido se pôs a gritar tão alto que toda a casa tremeu. A infeliz esposa desceu e jogou-se a seus pés, debulhando-se em lágrimas, toda descabelada.
“Nada que você faça poderá me comover”, disse Barba Azul, “Você tem de morrer.”
Com uma das mãos agarrou-a pelos cabelos e com a outra ergueu o cutelo no ar, pronto para lhe cortar a cabeça. Leonora voltou-se para ele com os olhos repletos de lágrimas e suplicou que lhe desse um momento para que se preparasse.
Com um olhar duro e a voz mais dura ainda ele respondeu: “Não. Recomende a alma a Deus, pois sua hora chegou.” E erguendo o braço...
Nesse instante bateram à porta com tanta força que Barba Azul ficou simplesmente paralisado. A porta foi arrombada com violência e por ela entraram quatro soberbos cavaleiros que, empunhando a espada, correram diretamente para Barba Azul. Reconhecendo os irmãos de sua mulher, dois dragões, os dois outros mosqueteiros, ele saiu correndo para salvar a própria pele. Mas os quatro irmãos, ágeis e bem treinados, o perseguiram tão de perto que facilmente o agarraram antes que esse pudesse chegar à escada. Atravessaram seu corpo com suas espadas e o deixaram cair morto. Leonora completamente extenuada mal teve forças para se levantar e abraçar os irmãos.
Como Barba Azul não tinha herdeiros sua mulher recebeu a posse de todos os seus bens. Ela empregou parte de sua fortuna para casar a irmã Ana com um jovem fidalgo que a amava há muito tempo. Parte empregou para ajudar seus quatro irmãos a ficarem muito bem de vida e para a sua mãe, que embora nobre tinha alguns problemas financeiros. Com toa sua família amparada e feliz Leonora tratou enfim de seu próprio casamento com um nobre muito direito que conheceu e por que se apaixonou, e que por também amá-la muito a fez esquecer tudo o que sofrera nas mãos do Barba Azul.
 


Era uma vez três porquinhos. Eles eram alegres. O mais novo adorava
brincar, o segundo era músico e o mais velho era muito trabalhador.
Um dia, percebendo que o dono da fazenda iria vender seus filhotes,
a dona Porca juntou suas economias, dividiu-as entre os três porquinhos e
os aconselhou a ir morar longe da fazenda.

O porquinho mais novo comprou palha e construiu sua casinha. A palha
era muito barata e ele poderia comprar muitos brinquedos com o que
sobrasse do dinheiro.
O segundo porquinho resolveu construir uma casinha de madeira,
porque era mais rápido de construir e ele logo poderia voltar a
dedicar-se às suas musicas. Desta forma, ele passava os dias tocando e
cantando.
O terceiro porquinho, que era muito esperto e trabalhador, fez sua
casinha de tijolos. Ele gastou todo o seu dinheirinho, mas construiu uma
casa resistente e muito bonita.
Algum tempo depois, um lobo muito malvado se mudou para aquela
região.
Quando ele soube que a li moravam três porquinhos, resolveu
procurá-los.
O lobo já estava cansado de comer frutinhas da floresta. Ele queria
achar as casas dos porquinhos, porque queria comer leitão assado.
Ele procurou e achou a casinha de palha. Bateu na porta:
– Abra esta porta senão derrubo sua casa.
Como o porquinho não abriu, o lobo estufou o peito e soprou. A
casinha foi para os ares.
O porquinho saiu correndo pela floresta e foi se esconder na casinha
de madeira de seu irmão. O lobo foi correndo atras dele.
Chegando na casinha de madeira, o lobo novamente pediu que abrissem
a porta:
– Abra esta porta senão derrubo sua casa.
Como os porquinhos não fizeram isso, ele soprou com força e
derrubou a casinha.
Os porquinhos correram para a casa de tijolos e, quando chegaram,
contaram tudo para o irmão. Como este era muito esperto, trancou todas
as portas e janelas e colocou um caldeirão de água a ferver na lareira.
O lobo chegou até a casinha minutos depois. Bateu na porta e como
ninguém respondeu, ele estufou o peito e soprou. A casinha continuou
como estava. O lobo continuou soprando até cair exausto no chão.
Descansou um pouco e ficou pensando como faria para entrar. Tentou
derrubar a porta, mas esta estava muito bem trancada. Forçou as janelas
e também não conseguiu abrir.
O lobo estava ficando furioso, quando teve uma idéia!
– Vou descer pela chaminé — pensou ele, já sentindo o gostinho da
vitória.
Subiu no telhado e foi descendo pela chaminé.
Quando estava caindo, começou a sentir um calor muito grande até
cair dentro do caldeirão de água fervendo. Ele saiu correndo, todo
queimado pela água quente.
O lobo ficou com tanta vergonha, que se mudou para um lugar muito
distante, e nunca mais se teve notícias dele.
Os três irmãozinhos decidiram morar juntos na mesma casinha de
tijolos. Mais tarde, buscaram sua mãe para viver com eles e foram
felizes para sempre.

A Galinha Ruiva

 


Era uma vez uma galinha ruiva, que morava com seus pintinhos numa fazenda.
Um dia ela percebeu que o milho estava maduro, pronto prá colher e virar um bom alimento.
A galinha ruiva teve a idéia de fazer um delicioso bolo de milho. Todos iam gostar!

Era muito trabalho: ela precisava de bastante milho para o bolo.

Quem podia ajudar a colher a espiga de milho no pé?


Quem podia ajudar a debulhar todo aquele milho?

Quem podia ajudar a moer o milho para fazer a farinha de milho para o bolo?
Foi pensando nisso que a galinha ruiva encontrou seus amigos:
- Quem pode me ajudar a colher o milho para fazer um delicioso bolo?

- Eu não, disse o gato. Estou com muito sono.

- Eu não, disse o cachorro. Estou muito ocupado.

- Eu não, disse o porco. Acabei de almoçar.

- Eu não disse a vaca. Está na hora de brincar lá fora.
Todo mundo disse não.

Então, a galinha ruiva foi preparar tudo sozinha: colheu as espigas, debulhou o milho, moeu a farinha, preparou o bolo e colocou no forno.

Quando o bolo ficou pronto ...
Aquele cheirinho bom de bolo foi fazendo os amigos se chegarem. Todos ficaram com água na boca.
Então a galinha ruiva disse:

- Quem foi que me ajudou a colher o milho, preparar o milho, para fazer o bolo?

Todos ficaram bem quietinhos. ( Ninguém tinha ajudado.)

- Então quem vai comer o delicioso bolo de milho sou eu e meus pintinhos, apenas. Vocês podem continuar a descansar olhando.
E assim foi: a galinha e seus pintinhos aproveitaram a festa, e nenhum dos preguiçosos foi convidado.

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