"A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo. (Nelson Mandela) "

segunda-feira, 22 de abril de 2013


PRÁTICA EDUCATIVA, PEDAGOGIA E DIDÁTICA
Objeto de estudo da Didática: o processo de ensino que não é restrito na sala de aula.
O papel da Didática:
- Percepção e compreensão reflexiva e critica das situações didáticas no seu contexto histórico e social;
- Compreensão crítica do processo de ensino (competência para transmissão e assimilação dos conhecimentos);
- Compreensão da unidade: objetivos-conteúdos-métodos tarefas importantes de planejamento, direção do processo de ensino e aprendizagem e avaliação.
- Domínio dos métodos, procedimentos e formas de direção, organização e controle de ensino.
O que é DIDÁTICA?
É um dos ramos de estudo da Pedagogia. A Didática “é uma disciplina que estuda os objetivos, os conteúdos, os meios e as condições do processo de ensino tendo em vista finalidades educacionais, que são sempre sociais” (LIBÂNEO, 1994, p. 16).
O que é a PEDAGOGIA?
É a ciência que investiga a teoria e a prática da educação nos seus vínculos com a prática social global (LIBÂNEO, 1994, p. 16).
No dicionário LAROUSSE tem o conceito “ciência da educação: conjunto dos métodos utilizados  para educar as crianças e os adolescentes; prática educativa em um domínio determinado; método de ensino; aptidão para bem ensinar” (LAROUSSE, Dicionário da língua Portuguesa).

Prática educativa e sociedade

Se a Didática estuda o processo de ensino com suas finalidades educacionais e que estes são sempre sociais, a prática educativa deverá considerar o conhecimento acumulado pela sociedade, como processo formativo que ocorre como necessária à atividade humana. Nesse sentido, a prática educativa é fenômeno social e universal necessária à existência de todas as sociedades.
A educação então pode ser considerada como prática educativa e no sentido amplo“compreende os processos formativos que ocorrem no meio social, nos quais estão envolvidos de modo necessário e inevitável pelo simples fato de existirem socialmente” (LIBÂNEO, p. 17).
Educação não-intencional: refere-se às influências do contexto social e do meio ambiente sobre os indivíduos;
Educação intencional – (não formal e formal): refere-se a influências em que há intenções e objetivos conscientemente, como é o caso da educação escolar e extra-escolar.
Essas formas que assume a prática educativa, intencionais ou não, formais ou não, escolares ou extras, se interpenetram. O processo educativo, onde quer que se dê, é sempre contextualizado social e politicamente; há uma subordinação à sociedade que lhe faz exigências, determina objetivos  e lhe provê condições e meios de ação.
Que significa a expressão “a educação é socialmente determinada?”
A prática educativa e especialmente os objetivos e conteúdo do ensino e o trabalho docente, estão determinados por fins e exigências sociais, políticas e ideológicas. Isto quer dizer que a organização da sociedade, a existência de classes sociais, o papel  da educação estão implicados nas formas que as relações sociais vão assumindo pela ação prática concreta dos homens/ mulheres. Por isso o veículo entre sociedade e educação.
Cabe então entender a importância da concepção de homem/ mulher, mundo e sociedade.
Aonde se quer chegar com essas determinações?
As relações sociais (capitalistas e trabalhadores) no capitalismo são antagônicas e opostas: os interesses são diferentes.
Tais diferenças provocam determinam não apenas as condições maternais de vida e de trabalho dos indivíduos, mas também a diferenciação no acesso a cultura espiritual. À educação.

CONCEITO DE IDEOLOGIA

Sentido amplo – “Conjunto de idéias, concepções ou opiniões sobre algum ponto sujeito a discussão. Enquanto teoria, no sentido de organização sistemática dos conhecimentos destinados a orientar a ação efetiva. EX.:Ideologia de uma escola – orienta a prática pedagógica: religiosa – dá regras de conduta aos fiéis:  partidos políticos – estabelece determinada concepção de poder e fornece diretrizes de ação aos filiados”(ARANHA. p. 36).

Sentido Restrito – Vários autores conceituam: Cone, Durkheim, Weber, Manheim, mas Max é quem enriquece a explicação do conceito “ Diante da tentativa humana de explicar a realidade e dar regras de ação, é  preciso considerar também as formas de conhecimento ilusório que levam o mascaramento dos conflitos sociais” (Idem).

Ideologia para Max “adquire um sentido negativo, como instrumento de dominação” Tem influência marcante nos jogos de poder e na manutenção dos privilégios que plasmam a maneira de pensar e de agir dos indivíduos na sociedade “.

O Sistema educativo, incluindo escola, as igrejas, as agências de formação profissional, os meios de comunicação de massa, é um meio privilegiado para o repasse da ideologia dominante.

Diante destas idéias e opiniões percebe-se que a prática educativa deve ser vista como parte integrante da dinâmica das relações sociais, das formas de organização social. Suas finalidades e processos determinados por interesse antagônicos das classes sociais
No trabalho docente, sendo manifestação da prática educativa. Estão presentes interesses de toda ordem sociais, políticas, econômicas, culturais – que precisam ser compreendidos pelos professores. O reconhecimento do papel político do trabalho doente implica a luta pela modificação das relações de poder. Portanto, não existe neutralidade na prática educativa.
Nesse sentido, as relações sociais podem ser transformadas pelos próprios indivíduos que a integram, Não é estática, imutável, estabelecida para sempre. É histórico e é um processo que se constituem em ações humanas na vida social.
Então, a prática educativa, a vida cotidiana, as relações professor-aluno, os objetivos da educação, o trabalho docente, nossa percepção do aluno estão carregados de significados que se constituem na dinâmica das relações entre classes, etnias, grupos religiosos, homens e mulheres, jovens e adultos.
Campo de atuação do professor: profissional e político e na escola. Deve assegurar ao aluno um sólido domínio do conhecimento e habilidades, o desenvolvimento de suas capacidades intelectuais, de pensamento independente, crítico e criativo. Para formar cidadãos ativos, críticos e capazes de participarem nas lutas pela transformação social.
O ensino também é determinado socialmente. Portanto deve criar condições metodológicas e organizativas para o processo de transmissão e assimilação de conhecimentos e desenvolvimentos da capacidade intelectuais e processos mentais dos alunos em vista o conhecimento crítico dos problemas sociais.
Educação, instrução e ensino.
Educação: É um conceito amplo que se refere ao processo de desenvolvimento onilateral da personalidade, envolvendo a formação de qualidades humanas, físicas, morais, intelectuais, estéticas, tendo em vista a orientação da atividade humana na sua relação o meio social, num determinado contexto de relações sociais.
I – A aprendizagem:
Aprendizagem casual: Que é espontânea e a organizada – que tem por finalidade especificar aprender determinados conhecimentos, habilidades, normas de convivência social. E é mais freqüente acontecer essa aprendizagem na escola – pois é tarefa específica do ensino.
Aprendizagem escolar: Processo de assimilação de determinados conhecimentos e modos de ação física e mental, organizados e orientados no processo de ensino. Os resultados da aprendizagem se manifestam em modificações na atividade externa e interna do sujeito nas suas relações com o ambiente físico e social. Pode-se aprender então: conhecimento sistematizados, habilidades e hábitos intelectuais e sensório-motores, atitudes e valores.
A  Aprendizagem efetiva: Acontece quando, pela influência do professor, são mobilizados as atividades físicas e mental próprias das crianças no estudo das matérias. Processo assimilação ativa.
  1. 1. Processo de assimilação ativa
O ato de aprender é um ato de conhecimento pelo qual assimilamos mentalmente os fatos, fenômenos e relações do mundo, de natureza e da sociedade. A aprendizagem é uma relação cognitiva entre o sujeito e os objetos de conhecimento.
Na escola – a ação externa do professor é fundamental para a realização do processo de assimilação ativa: para isso, é preciso que o ensino e seus componentes tenham objetivos, conteúdos, métodos e formas organizativas. Os fatores internos e externos influenciam na aprendizagem.
Nota: nenhuma criança nasce com essas capacidades cognitivas prontas e acabadas. Elas vão-se desenvolvendo no decorrer da vida e, particularmente no decorrer do processo de ensino.
  1. 2. Níveis de aprendizagem
Cognitivo: Refere-se à aprendizagem de determinados conhecimentos e operações mentais: apreensão consciente compreensão e generalização das propriedades e relações essenciais da realidade. Os indivíduos aprendem tanto no contato direto como através das palavras. Aqui as palavras têm grande importância e significado para a aprendizagem. (formam a base dos conceitos).
  1. 3. Momentos interligados do processo de assimilação ativa
As situações didáticas devem ser organizadas para o aluno perceber ativamente o objeto de estudo – de forma direta ou indireta.
A transformação de percepção ativa para um nível mais elevado de compreensão implica aatividade mental.
Esse processo permite que o aluno vai aprimorando as 1ªs percepções passando pela análise e síntese, pela  abstração, generalização e sistematização.
O processo se completa com as atividades práticas. O processo mental não pode ser decomposto em partes ele é constituído do todo. Ele apenas diferenciados em alguns momentos.
Nesse sentido a comunicação (linguagem) tem grande importância no desenvolvimento do pensamento, assimilada na experiência sócio-cultural dos alunos – para ampliar a capacidade de raciocinar.
  1. 4. Característica da aprendizagem escolar:
  • É uma atividade planejada, intencional e dirigida, e não casual e espontâneo;
  • Resulta da reflexão proporcionada pela percepção prático-sensorial e pelas ações mentais que caracterizam o pensamento
  • Há influência de fatores afetivos e sociais;
  • Os conteúdos e as ações mentais dependem da organização lógica (seqüência progressiva dos conceitos, idéias, habilidades, em níveis crescentes de complexidade) e psicológica (adequação ao nível de desenvolvimento físico e mental), Aqui há uma necessidade do tempo e trabalho do professor para concretização da aprendizagem. O respeito aos tempos dos alunos e o processo gradativo da aprendizagem.
  • Vinculo também a motivação dos alunos. Intrínseca – objeto internos ( satisfação) de necessidades orgânica ou sociais., curiosidades, a aspiração para o conhecimento).Extrínseca  – estimulada fora – exigências da escola. Expectativa de benefícios sociais que o estudo pode fazer, estimulação da família, do professor ou demais colegas.
  • Trabalho docente que dá unidade ao biônio ensino-aprendizagem.
II – O ensino é um processo que abrange a assimilação de conhecimento, mas inclui outras tarefas.
“O ensino é uma combinação adequada entre a condução do processo de ensino pelo professor e a simulação ativa como atividade autônoma independente do aluno” p. (89).
Possui três funções inseparáveis:
  • Organizar os conteúdos para a sua transmissão;
  • Ajudar os alunos a conhecerem as suas possibilidades aprender, orientar suas dificuldades de forma autônomas e independentes;
  • Dirigir e controlar a atividade docente para os objetivos da aprendizagem.
Em sentido amplo, exerce a mediação entre o indivíduo e a sociedade.
III – A unidade entre o ensino e a aprendizagem
  • Não é mecânica o ensino visa a estimular, dirigir, incentivar, impulsionar o processo de aprendizagem dos alunos. Tem tarefa principal de assegurar a difusão e domínio dos conhecimentos sistematizados ligados pela humanidade.
  • A unidade entre o ensino e aprendizagem fica comprometida quando o ensino se caracteriza pela memorização, quando o professor concentra na sua pessoa a exposição da matéria, quando não suscita o envolvimento ativo dos alunos.
  • Ao contrário disso, deve estabelecer exigências e expectativas que os alunos possam cumprir e com isso mobilizarem suas energias.

O estudo ativo e o ensino

A aprendizagem é um processo de assimilação de conhecimento escolares por meio da atividade própria dos alunos. Essa atividade é o estudo dos conteúdos das matérias e dos modos de resolver as tarefas práticas que lhes correspondem. Os estudos representam o elemento determinante em torno do qual se realiza a atividade de estudo.
estudo é a atividade cognitiva do aluno por meio das tarefas concretas e práticas, cuja finalidade é a assimilação consciente de conhecimento, habilidades e hábitos sob a direção do professor. Dá-se o nome de estudo ativo quando tal processo é desenvolvido tendo a participação crítica e ativa dos sujeitos nele envolvidos
É necessário reafirmar que todo estudo ativo é sempre precedido do trabalho do professor.
incentivo a aprendizagem é o conjunto de estímulos que despertam nos alunos e sua motivação para aprender.
motivação é o conjunto das forças internas que impulsionam o nosso comportamento para objetivos e cuja direção é dada pela nossa inteligência. Porém. A motivação está condicionada a forças externas ao nosso organismo: o ambiente social.
“A motivação influi na aprendizagem e a aprendizagem influi na motivação”
A incentivação como condições de incitamento das forças cognitivas dos alunos dependem do conhecimento das características individuais e sócio-cultural dos alunos. O professor deve conhecer as experiências sociais e  culturais dos alunos, pois estas características vão determinar, inclusive sua percepção da escola, da matéria, do professor seu modo de aprender.
O domínio das bases teórico-científica e técnicas, e sua articulação com as exigências concretas do ensino permitem maior segurança profissional, de modo que o decente ganhe base para pensar sua prática e aprimore sempre mais a qualidade de seu trabalho.
O processo de ensino é uma atividade conjunta de professores e alunos, organizado sobre a direção do professor com a finalidade de prover as condições e meios pelos quais os alunos assimilam ativamente conhecimentos. Habilidades, atitudes e convicções. Este é o objeto de estudo da didática.
CAPÍTULO 4 e 5 – PROCESSO DE ENSINO NA ESCOLA E O ESTUDO ATIVO

Característica do processo de ensino

Deve buscar a compreensão e assimilação sólida das matérias, para isso, é necessário ligar o conhecimento novo com o que já se sabe. Bem como prover os pré-requisitos, se for o caso,. A avaliação   deve ser permanente de modo que as dificuldades vão sendo diagnosticadas aula a aula.
Trabalho docente: deve ser como referência como ponto de partida e chegada à prática social, isto é, a realidade social, política, econômica, cultural da qual tanto o professor como os alunos são integrantes.
(comentário: não pode negar o conhecimento como justificativa de que ele não  irá conseguir).
Processo de ensino: conjunto de atividades organizadas do professor e dos alunos: deve alcançar determinados resultados (domínio de conhecimento e desenvolvimento das capacidades cognitivas) – tendo como ponto de partida deve ser o nível atual de conhecimento, experiência e de desenvolvimento mental dos alunos.
Características:
  • O ensino faz interagir dois momentos indissociáveis: a transmissão e a assimilação ativa dos conhecimentos e habilidade. Na transmissão se faz necessário organizar os conteúdos e os tornar didaticamente  assimiláveis, prover que os alunos se apropriem de forma ativa e autônoma dos conhecimentos e habilidades.
Conteúdo do saber escolar: São conhecimentos sistematizadas, selecionados das bases das ciências e dos modos de ação acumulados pela experiência social da humanidade e organizados para serem estudados na escola (p.80).
Capacidades cognoscitivas: “São energias mentais disponíveis nos indivíduos ativadas e desenvolvidas no processo de ensino em estreita relação com os conhecimentos. Do complexo de capacidade cognoscitivas podemos destacar – exercitação do sentido. A observação, percepção, a vontade, a compreensão, a generalização, o raciocínio a memória, a linguagem, a motivação.
Segundo essa concepção, “ a escola deve prover aos alunos conhecimento sistematizado que, contribuindo para o seu desenvolvimento intelectual., sejam úteis para atividade permanente de estudo e para a prática” (p.81).
Ensino e Aprendizagem:
No processo de ensino é necessária uma compreensão clara do processo de aprendizagem: em que consiste, como as pessoas aprendem, quais as condições externas e internas que a influenciam, propósitos sociais e políticos pretendidos: é processo por construir de transformação sucessivas tanto no sentido histórico quanto no desenvolvimento da personalidade.
A instrução se refere a formação intelectual, formação e desenvolvimento das capacidades cognoscitivas mediante o domínio de certo nível de conhecimento sistematizados.
O ensino corresponde ações, meios e condições para a realização da instrução, contem, pois, a instrução.
Há uma unidade entre educação e instrução, embora sejam processos diferentes, pode-se instruir sem educar, e educar sem instruir.
O objetivo educativo não é um resultado natural e colateral de ensino, devendo-se supor por parte do educador um propósito intencional e explícito de orientar a instrução e ensino para objetivos educativos.
O ensino é o principal meio e fator da educação
O processo pedagógico orienta e educação para as suas finalidades específicas, determinada socialmente mediante a teoria e a metodologia da educação e instrução.
Educação escolar, Pedagogia:
A Educação escolar constitui-se um sistema de instrução e ensino com propósitos internacionais, práticas sistematizadas e alto grau de organização, ligado intimamente às demais práticas sociais. Pela educação escolar democratizam-se os conhecimentos, sendo na escola que os trabalhadores continuam tendo a oportunidade de prover escolarização formal aos seus filhos, adquirindo conhecimentos científicos e formando capacidade de pensar criticamente os problemas posto pela realidade social.
O processo educativo que se desenvolve na escola pela instrução e ensino consiste na simulação de conhecimento e experiências acumulados pelas frações anteriores no decurso do desenvolvimento histórico-social.
As condições sociais, políticas e econômicas existentes influenciam decisivamente o processo de ensino e aprendizagem. Por isso, a prática educativa requer uma direção de sentido para a formação humana dos indivíduos e processos que assegurem a atividade prática que lhes corresponde.
Para tornar efetivo o processo educativo, e preciso dar-lhe uma orientação sobre as finalidades e meios de sua realização, conforme opções que se façam quanto ao tipo de homem que se deseja formar e ao tipo de sociedade a que se aspira. Esta tarefa pertence à PEDAGOGIA como0 teoria e prática do processo educativo.
A Didática é o principal ramo de estudo da Pedagogia. Ela investiga os fundamentos, condições e modos de realizações da instrução e do ensino.
A Didática e a formação profissional do professor:
É um processo pedagógico intencional e organizado de preparação teórico-científica e técnica do professor para dirigir conjuntamente o processo de ensino.
A formação abrange duas dimensões:
  • Teórico-científico incluindo a formação acadêmica específica nas disciplinas;
  • Técnico-prática visando a preparação profissional específica para a docência,  incluindo a Didática metodologias específicas para a docência.
As disciplinas de formação técnico-prática não se reduzem ao mero domínio de técnicas e regras, mas implicam também os aspectos teóricos, ao mesmo tempo em que fornecem à teoria os problemas e desafios da prática.
Há uma necessidade de uma contínua interpretação entre teoria e prática, a teoria vinculada aos problemas reais posto pela experiência prática orientada teoricamente.
A didática passa a ser mediadora da base teórico-científica da educação escolar e da prática docente. Descreve anexos, relações e ligações entre o ensino e a aprendizagem.
A seriedade profissional do professor se manifesta quando compreende e seu papel de instrumentalizar os alunos para a conquista dos conhecimentos e sua aplicação na vida prática, incute-lhes a importância do estudo na superação das suas condições de vida, mostra-lhes a importância do conhecimento das lutas dos trabalhadores, orienta-os positivamente para as tarefas de vida adulta.
Tais propósitos devem ser concretizados na prática, através de aulas planejadas.
O ambiente escolar também exerce influência no processo de aprendizagem dos alunos, devendo assim sempre existir a preocupação em torna-lo cada vez mais agradável – físico e socialmente e estimulador.
Estrutura, componentes (ensino e conteúdo) e dinâmica do processo de ensino.
O processo didático se explicita pela ação recíproca de três componentes – os conteúdos, o ensino e a aprendizagem .
Os Conteúdos compreendem as matérias formando a base para a concretização de objetivos.
Aprendizagem é a atividade do aluno de assimilação dos conhecimentos e habilidades.
Ensino é a atividade do professor de organização, seleção e explicação (definido objetivos e métodos) visando à aprendizagem do aluno.
Segundo Libâco, a escola tem a função de transmitir os conhecimentos historicamente acumulados (conteúdo), democratizando o saber e desenvolvendo as forças intelectuais. Sendo o OBJETIVO da escola e do professor formar pessoas inteligentes, aptas para desenvolver ao máximo possível sua capacidades mentais, seja nas tarefas escolares, seja na vida prática através do estudo das matérias de ensino.
A dinâmica e a  dificuldade do processo de ensino centra nas questões de como fazer com os que os alunos assimilem ativamente a aprendizagem. E aponta algumas contradições que podem ser superadas à medida que as condições para a atividade do aluno sejam realizadas: 1ª os alunos precisam tomar consciência das suas dificuldades – avançar para vencer os desafios: 2º acessibilidade das tarefas cognoscitivas postas pelo professor, 3º correspondência entre exigência  do ensino e as condições prévias dos alunos.
O professor precisa conhecer as dificuldades dos seus alunos. O professor continua sendo o principal articulador do processo de ensino-aprendizagem dos alunos à medida que estabelece ligações entre as tarefas escolares e as condições prévias dos alunos para enfrenta-los.

Assim,   para   garantir   o   processo  das   capacidades   intelectuais  dos   educandos  no   processo  de  ensino,  professor segundo Libânco,  deve   planejar   suas aulas,   traçando  os   objetivos, controlando   e   avaliando o processo dos alunos. Para tanto,   ele necessita de uma   efetiva (sólida) formação acadêmica que deve assegurar-lhe o domínio dos conteúdos da matéria que  ensina e dos métodos e técnicas didáticas que o possibilitem ligar tais conteúdos a aspectos da realidade e ao cotidiano da vida.

A estruturação do trabalho docente

Deve basear-se numa proposta de trabalho ativo e conjunto do professor e dos alunos, sob a direção do primeiro, tendo em vista uma aprendizagem significativa dos conteúdos, hábitos e habilidades pelos alunos, ou seja,. O desenvolvimento de suas capacidades cognoscitivas.
A estruturação do trabalho docente aponta cinco momentos da metodologia de ensino na aula:
1  – Orientação inicial dos objetivos de ensino e aprendizagem:
2  – Transmissão/assimilação da matéria nova:
3 – Consolidação e aprimoramento dos conhecimentos, habilidades e hábitos;
4 – Aplicação de conhecimentos, habilidades e hábitos;
5 – Verificação e avaliação dos conhecimentos e habilidades.
O Caráter educativo do processo de ensino e o ensino crítico.
O processo de ensino, ao mesmo tempo em que realiza as tarefas de instrução de criança e jovem, é o processo educativo.
A unidade instrução e educação reflete-se na formação de atitudes e convicções frente à realidade, no transcorrer do processo de ensino.
De acordo com o autor, “o professor está educando, estimula o desejo e o gosto pelo estudo, mostra a importância dos conhecimentos para a vida e para o trabalho, exige atenção e força de vontade para realizar as tarefas cria situações estimulantes de pensar… (p.99)
O caráter educativo do ensino está relacionado com os objetivos do ensino crítico – este se realiza quando as tarefas de ensino e aprendizagem, na sua especificidade, são encaminhadas no sentido de forma convicções princípios orientadores da atividade prática humana frente a problemas e desafios da realidade social. Isto porque implica objetivos sócio-políticos  e pedagógicos.
Isso significa que ao professor crítico não basta que denuncia as injustiças sociais, que esteja engajado num  sindicato ou partido ou que explicite o caráter ideológico dos conteúdos escolares, É preciso, antes de tudo, que dê conta de traduzir objetivos sócio-políticos  e pedagógicos em forma concretas de trabalho docente que levem domínio sólido e duradouro dos conhecimentos pelos alunos, que promovam a ampliação de suas capacidades mentais a fim de que desenvolvam o pensamento independente, e a coragem de duvidar e, com isso, ganhem convicções pessoais e meios de ação prática nois processo de participação democrática na sociedade.
CAPÍTULO 6 – OBJETIVOS E CONTEÚDO DO ENSINO.
Os objetivos antecipam resultados e processos esperados do trabalho conjunto do professor e dos alunos, expressando conhecimentos, habilidades e hábitos (conteúdos) a serem assimilados de acordo com as exigências metodológicas (´nível de preparo prévio dos alunos, peculiaridade das matérias de ensino e característica do processo de ensino e aprendizagem).
Os conteúdos formam a base objetiva da instrução – conhecimentos sistematizados e habilidades – referidos aos objetivos e viabilizados pelos métodos e transmissão e assimilação.
Os métodos são determinados pela relação objetivo-conteúdo e dão a forma pela qual se concretiza esta relação em condições didáticas específicas. Cabe a eles a dinamização das condições e modos de realização do ensino.
Eles influem na reformulação ou modificação dos objetivos e conteúdos.
A importância dos objetivos educacionais.
Recordar: a prática educacional orienta,  necessariamente para alcançar determinados objetivos, por meio de uma ação internacional sistemática.
Objetivos educacionais são definidos e explícitos quando ao desenvolvimento das qualidades humanas que todos os indivíduos precisam adquirir para se capacitarem para as lutas sociais de transformação da sociedade.
Os objetivos educacionais tem pelo menos três referências para sua formulação:
1 – Os valores e idéias – proclamados na legislação da classe dominante.
2 – Os conteúdos básicos da ciências – prática social da humanidade;
3 – As necessidades e expectativas de formação cultural exigidas pela produção majoritária da população majoritária da sociedade;
Essas três referências não podem ser tomadas isoladamente, pois estão interligadas e sujeitas a contradições.
Ex., os conteúdos escolares estão em contradição não somente com as possibilidades reais dos alunos mas também com a assimilação, os valores e idéias proclamados na legislação escolar e na classe dominante.
Prática educativa tem que ter objetivos
A elaboração de objetivos pressupõe, da parte do professor, uma avaliação crítica das referências que utiliza, batiza pelas suas opções em face dos determinantes sócio-políticos da prática educativa. Deve também saber compatibilizar com necessidades, aspirações, expectativas da clientela escolar, bem como torna-los exeqüível face às condições cócio-cultural e de aprendizagem dos alunos.
Objetivos gerais e objetivos específicos
Dois níveis de objetivos educacionais: Gerais e Específicos
Gerais: expressam propósitos mais amplos acerca do papel da escola e do ensino diante das exigências postas pela realidade social e diante do desenvolvimento da personalidade dos alunos. É o ponto de partida,   as premissas gerais do processo pedagógico. Refletem as opções políticas e pedagógicas dos agentes em face das contradições sociais existente na sociedade.
São explicadas em três níveis:
  • Pelo sistema escolar – finalidade educativa determinada pela classe dominante;
  • Pelo escola – estabelece princípios e diretrizes de orientação escolar – com base plano pedagógico – didático representando o consenso do corpo docente;
  • Pelo professor – concretiza o ensino da matéria – sua visão de educação de sociedade.
Específicos: determinam exigências e resultados esperados das atividades dos alunos referente a conhecimentos, habilidades, atitudes e convicções cuja aquisição e desenvolvimento ocorrem em processo de transmissão assimilação ativa das matérias de estudo.
IMPORTANTE:  O trabalho docente é uma atividade que envolve convicções e opções sobre o destino do homem e da sociedade – tem haver diretamente com o nosso relacionamento com os alunos. A importância  do estudo, da formação do professor, pode revelar o conhecimento é necessário não somente porque está vinculado a diretrizes nacionais, estaduais e municipais de ensino, mas porque precisamos saber que concepções de homem a sociedade caracterizam os documentos oficiais. A partir dessa compreensão é preciso compreender o papel da matéria que leciona na formação de cidadãos ativos e participantes na sociedade, os melhores métodos que concorrem para uma aprendizagem sólida e duradoura por parte dos alunos.
OBS., As argumentações do Libânco destacam-se que não se trata simplesmente de copiar os objetivos e conteúdos previstos no programa oficial, mas de reaviva-los em função de objetivos sócio-políticos que expressem os interesses do povo, das condições locais da escola, da problemática social vivida pelos alunos, das peculiaridades sócio-culturalis e individuais dos alunos (Isso não significa negar o conhecimento ao aluno da favela com a justificativa de que ele não entenderá o proposto.
Ele precisa sim, conhecer no mundo existe o conhecimento do computado, a cibernética, da física quântica, no sentido de elevar o mínimo necessário de conhecimento para que ele possa competir em igualdade com os demais. Isso é utópico, mas muitos professores utilizam o sistema de negação como justificativa de que o aluno não conseguirá).
Objetivos educacionais gerais que auxiliam professores na seleção de objetivos específicos e conteúdo de ensino:
  • Colocar a educação escolar no conjunto de lutas pela democratização da sociedade, que consiste na conquista pelo conjunto da população, das condições materiais, sociais polícias e culturais da sociedade;
  • Garantir a todas as crianças, sem nenhuma discriminação de classe social, cor religião, sexo uma sólida preparação cultural e científica, através do ensino das matérias.
  • Assegurar a toda as crianças o máximo de desenvolvimento de suas potencialidades, tendo em vista auxilia-las na superação das desvantagens decorrentes das condições sócio-econômicas desfavoráveis;
  • Formar nos alunos a capacidade crítica e criativa em relação às matérias de ensino e à aplicação dos conhecimentos  e habilidades em tarefas teóricas e práticas. A assimilação ativa dos conteúdos. Vinculação dos conteúdos com a vida prática. A capacidade crítica e criativa se desenvolve pelo estudo dos conteúdos e  pelo desenvolvimento de métodos de raciocínio, de investigação e de reflexção. Sob a direção do professor.
  • Atender a função educativa do ensino, ou seja a formação de convicção para a vida coletiva,. O trabalho do professor deve estar voltado para a formação de qualidade humanas, modos de agir em relação ao trabalho, ao estudo, a natureza, em concordância com princípios éticos,. Destaca a educação física e educação estética – a primeira ocupa um lugar importante no desenvolvimento integral da personalidade integral, expressão corporal, alto-afirmação, competição construtiva, formação do caráter e desenvolvimento do sentimento de coletividade -  a segunda os alunos desenvolvem o intelectual, apredem o valor da arte, a apreciação, o sentimento e o desfrute da beleza expressa na natureza, nas obras artísticas, bem como a música, pintura escultura, etc.
  • Institucionalizar processos participativos, envolvendo todas as pessoas que direta ou indiretamente se relacionam com a escola. O conselho de escola exerce uma atuação indispensável para o cumprimento dos objetos educativos.
Esses objetos não esgotam a riqueza da ação pedagógica escolar em relação a formação individual e social dos alunos em sua capacitação para a vida adulta na sociedade.
Resumo: Os objetivos específicos particularizam a compreensão das relações entre escolas e sociedade  e especialmente do papel da matéria de ensino. Tem sempre um caráter pedagógico dos conteúdos e são preparados para serem ensinados e assimilados.
É necessário que haja vinculo entre os objetivos gerais. Os objetivos específicos devem seguir as seguintes recomendações:
  • Especificar conhecimentos, habilidades, capacidades;
  • Observar uma seqüência lógica
  • Expressar os objetivos com clareza
  • Dosar o grau de dificuldades – expressar desafios, questões estimulantes viáveis, problemas;
  • Formular objetivos como resultados a atingir, facilitando o processo de avaliação diagnóstica e de controle ;
  • Indicar resultados dos trabalhos dos alunos (o que devem compreender, saber, memorizar, fazer, etc…
Os Conteúdos de ensino:
Resumo: No processo de ensino – se conjugam a atividade de direção e organização do ensino feita pelo professor e a atividade de aprendizagem e estudo dos alunos:
No processo didático: ocorre à mediação de objetos e conteúdos tendo em vista a aprendizagem dos alunos.
Conteúdos de ensino:
Não são mecânicos , estáticos, mortos, cristalizados, sem perceber movimentos de ida e de volta. Essa maneira de reconhecer os conteúdos de ensino, subestima a atividade mental dos alunos e fica separado das condições sócio-culturais e individuais afetando o rendimento escolar. Não basta a seleção e organização lógica dos conteúdos para transmiti-los.  Deve ver visto como ação recíproca entre a matéria, o ensino e o estudos dos alunos.
1 – O que são os conteúdos:
São o conjunto de conhecimentos, habilidades, hábitos, modos valorativos e atitudinais de atuação social, organizados pedagógica e didaticamente, tendo um vista a assimilação ativa e aplicação pelos alunos na sua práticas de vida. Englobam: Conceitos, idéias, fatos, processos, princípios, leis cientificas, regras, habilidades cognoscitivas, modos de atividades, métodos de compreensão e aplicação, hábitos de estudo, de trabalho e de convivência social, valores, convicções, atitudes.
Os  conteúdos  retratam a experiência social da humanidade no que se refere a conhecimentos. São organizados em matérias de ensino e dinamizados pela articulação objetivos-conteúdos e formas de organização de ensino . a escolha dos conteúdos de ensino revela com estreito vínculo entre o sujeito do conhecimento (o aluno) e a sua prática social de vida (ou seja, as condições sociais de vida e de trabalho, o cotidiano, as práticas culturais,  a linguagem etc…). não leva em consideração somente a herança cultural manifesta nos conhecimentos e habilidades mas também a experiência da prática social vivida no presente pelos alunos. Devem ser elaborados numa perspectiva de futuro, uma vez que contribuem para a negação das ações sociais vigentes tendo em vista a construção de uma sociedade verdadeiramente humanizada.
2 – Os elementos do conteúdo do ensino:
A herança cultural construída pela atividade humana ao longo da história da sociedade é extremamente rica e complexa sendo impossível à escola básica abranger todo esse patrimônio.
É tarefa da didática destacar o que deve constituir objeto de ensino nas escolas, selecionando os elementos dos conteúdos a serem assimilados ou apropriados pelos alunos, em função das exigências social e do desenvolvimento da personalidade.
São 4 os elementos que compõe os conteúdos do ensino:
  • Os Conhecimentos Sistematizados: São a base da instrução e do ensino, os objetos de assimilação e meio indispensáveis para o desenvolvimento global da personalidade;
Os conhecimentos sistematizados correspondem a conceitos e termos fundamentais das ciências, fatos e fenômenos da ciência e da atividade cotidiana, leis fundamentais que explicam as propriedades e as relações entre os objetos e fenômeno da realidade, métodos de estudo da ciência e a história de sua elaboração, problemas existentes no âmbito da prática social conexos com a matéria.
  • As Habilidades: São qualidades intelectuais para atividade mental no processo de  assimilação de conhecimento.
  • Os hábitos: São modos de agir relativamente automatizados que tornam mais eficaz o estudo ativo e independente.
Hábitos podem preceder habilidades que se transformam em hábitos ;
Ex: Habilidade em leitura pode transformar-se em hábito de ler e vice-versa.
  • Atitudes e convicções: referem-se a modos de agir, de sentir e de se posicionar frente a tarefas da vida social.
Ex. Os valores desenvolvem valores e atitudes em relação ao estudo e ao trabalho.
Os elementos constitutivos dos conteúdos convergem para a formação das capacidades cognoscitivas.
Não é difícil observar que os elementos do conteúdo de ensino estão inter-relacionados. Habilidade  e capacidade são impossíveis sem a base dos conhecimentos. Por sua vez, o domínio dos conhecimentos supõe as habilidades, as capacidades e os modos valorativos e atitudinais
3 – Quem deve escolher o conteúdo do ensino.
A escolha e definição e, em última instância, tarefa do professor.
O professor utilizará para selecionar os conteúdos do plano de ensino e organiza suas aulas três fontes:
  • A programação oficial na qual são fixiados os conteúdos de cada matéria;
  • Os conteúdos básicos das ciências transformadas em matérias de ensino;
  • As exigências teóricas e práticas colocadas pela prática de vida dos alunos, tendo em vista o mundo do trabalho e a participação democrática na sociedade.
Pode parecer que as três fontes não são conciliáveis. Como introduzir nos conteúdos as necessidades e problemas existentes na prática de vida dos alunos, se os conteúdos já estariam previamente estruturados?
Ao estabelecer objetivos de âmbito nacional, o Estado não só organiza o sistema de ensino como pretende também unifica-lo nacionalmente e o desenvolvimento cultural da sociedade.
Neste ponto, encontra-se a importância dos programas oficiais. Contudo devemos encara-los como diretrizes de orientação geral. As particularidades em relação ao desdobramento dos programas, a resseleção dos conteúdos, a escolha de métodos e técnicas são determinadas pelo professor de modo mais ou menos independente, tendo em sua conta as condições locais da escola, dos alunos, bem como as situações didáticas específicas frente, as diferente séries. Além disso, devemos avaliar criticamente os programas, confrontando-os com a nossa visão de homem/mulher, de mundo e do processo pedagógico.
A escolha de conteúdo vai além portanto , dos programas sociais e da simples organização lógica da matéria, ligando-se as exigências teóricas e práticas da vida social.
Tais exigências dever ser consideradas em 3 sentidos:
  • A participação na prática social requer o domínio de conhecimentos básicos e habilidades intelectuais;
  • Deve-se considerar que a prática da vida cotidiana dos alunos, na família, no trabalho, no meio cultural, urbano ou rural, fornece fatos, problemas a serem conectados ao estudo sistemático das matérias;
  • As  condições de rendimento escolar dos alunos refletem as desigualdades sociais;
É necessário o conhecimento do conjunto das características dos alunos para telo como ponto de partida para o trabalho escolar e, portanto, elementos de escolha dos conteúdos.
LEMBRAR:  O processo de ensino determina a contradição entre as exigências da socialização dos conteúdos sistematizados, as condições sócio-culturais e o nível de preparo dos alunos para realiza-la.
4 – A dimensão crítico-social dos conteúdos.
Uma pedagogia de cunho crítico social reconhece a objetividade  e  universalidade dos conteúdos, assim como reconhece que nas sociedades capitalistas difunde-se um saber que reflete os interesses do poder. (hegemonia da  classe dominante).
Existe um saber objetivo e universal que constitui a base dos conteúdos de ensino, mas não se trata de um saber neutro.
A objetividade e universalidade dos conteúdos se apóiam no saber científico, que se constitui no processo de  investigação e comprovação de leis objetivas que expressão as relações internas dos fatos e acontecimentos da natureza e da sociedade. nesse sentido, o conhecimento é também, históricos, pois, ao investigar as relações internas dos fatos e acontecimentos, busca apanhar o movimento real, isto é, as transformações que ocorrem na realidade com a intervenção humana.
Mas o conhecimento é sempre interessado, uma vez que é produzido “em sociedade” (socialmente), isto é, na relação entre as classes sociais e suas contradições. Apropriado pela força que detém o poder na sociedade, há interesse de que idéias e explicações vinculadas a uma visão particular de uma classe social afirmadas como válidas para todas as demais classes sociais.
Nesse sentido, a escola na sociedade capitalista controla a distribuição do saber científico, ora escondendo aspectos da realidade, ora simplificando esse saber contentando-se apenas com as aparências dos fatos e acontecimentos, além disso, os fatos e acontecimentos não são tomados no seu desenvolvimento histórico, nas suas transformações, mas como algo acabado, estático, solidificado.
Essa constatação entretanto não deve levar a sacrificar a riqueza do conhecimento científico e das experiências acumuladas pela humanidade. O que cabe é sbmeter os conteúdos de ensino ao crivo de seus determinantes sociais para recuperar o seu núcleo de objetividade. Tendo em vista possibilitar o conhecimento científico, vale dizer, crítico da realidade. É o que chamamos dimensão crítico-social dos conteúdos.
A dimensão crítico-social se manifesta:
  • No tratamento científico dos conteúdos;
  • No entendimento do caráter histórico dos conteúdos;
  • Na vinculação dos conteúdos de ensino às exigências teóricas e práticas de formação dos alunos em função da, atividades da vida prática.
Se os conteúdos são acessíveis e didaticamente organizados, sem perder o caráter científico e sistematizado, haverá mais garantia de uma assimilação sólida e duradoura, tendo em vista a sua utilização nos conhecimentos novos e a sua transferência para a situação práticas.
CAPÍTULO 7 – OS MÉTODOS DE ENSINO
O projeto de ensino se caracteriza pela combinação de atividade do professor e dos alunos,. Estes , pelo estado das matérias sob a direção do professor, vão atingindo progressivamente o desenvolvimento de suas capacidades mentais. A direção eficaz desse processo depende do trabalho sistematizado do professor que, tanto no planejamento como no desenvolvimento das aulas conjuga os objetivos, conteúdos, métodos e formas organizativas do ensino.
Os métodos são determinados pela relação objetivo-conteúdo, e referem-se aos meios para alcançar objetivos gerais e específicos de ensino, ou seja ao “como” do processo de ensino, englobando as ações  a serem realizadas pelo professor e pelos alunos para atingir os objetivos e conteúdos. Temos assim, as características dos métodos de ensino, implicam uma sucessão planejada e sitematizada de  ações, tanto do professor quanto dos alunos, requerem a utilização de meios.
Conceito de métodos de ensino.
O conceito mais simples de “método” é o caminho para atingir um objetivo.
O professor, ao dirigir e estimular o processo de ensino em função da aprendizagem dos alunos utiliza intencionalmente um conjunto de ações, passos, condições externas e procedimentos, a que chamamos de métodos de ensino.
O método de ensino não se reduzem a quaisquer medidas, procedimentos e técnicas.. Eles decorrem de uma concepção de sociedade, da natureza da atividade humana prática no mundo, do processo de conhecimento e, particularmente, da compreensão da prática educativa numa determinada sociedade.
O método de ensino implica ver o objeto de estudo nas suas propriedades e nas suas relações com os outros objetos e fenômenos e sob vários ângulos, especialmente na sua implicação com a prática social.
Os métodos de ensino são ações, passos e procedimentos vinculados ao métodos de reflexão, compreensão e transformação da realidade, que sob condições concretas de cada situação didática, asseguram o encontro formativo entre alunos e as matérias de ensino.
Método de ensino se reduz a um conjunto de procedimentos.
O procedimento é um detalhe do método, formas específicas de ação docente utilizadas em distintos métodos de ensino.
Em resumo, podemos dizer que os métodos de ensino são as ações do professor pelas quais se organizam as  atividades de ensino e dos alunos para atingir objetivos do trabalho docente em relação a um conteúdo específico. Eles regulam as formas de interação entre ensino e aprendizagem entre o professor e os alunos, cujo resultado é  a assimilação consciente dos conhecimentos e o desenvolvimento das capacidades cognoscitivas e operativa dos alunos.
A escolha e organização dos métodos de ensino e às condições concretas da situações didáticas.
Deve haver correspondência:
  • Entre os métodos de ensino e os objetivos gerais e específicos da disciplina;
  • Entre os métodos de ensino e os métodos específicos a cada disciplina;
  • Entre a escolha dos métodos de ensino e as características sócio-culturais, cognitivas e intelectuais dos alunos.
A relação objetivo-conteúdo-método.
Os métodos não tem vida independentemente dos objetivos e conteúdos, assim como a assimilação dos conteúdos depende tanto dos métodos de ensino como dos de aprendizagem.
A relação objetivo-conteúdo-método tem como característica a mútua iterdependência.
Podemos dizer assim que o conteúdo determina o método, pois é a base informativa concreta para atingir os objetivos. Mas o método pode ser um conteúdo quanto é também objeto de assimilação, ou seja, requisitos para assimilação ativa dos conteúdos.
Estas considerações procuram mostrar que a unidade objetivo-conteúdo-métodos constitui a linha fundamental de compreensão do processo didático, os objetivos explicando propósitos pedagógicos intencionais e  planejados de instrução dos alunos, para participação social, os conteúdos, constituindo a base informativa concreta para alcançar os objetivos e determinar os métodos, formando a totalidade dos passos, das  formas didáticas e meios organizativos do ensino que viabilizam a assimilação dos conteúdos e, assim, o atingimento dos objetivos.
Os princípios básicos do ensino.
Definidos como aspctos gerais do processo de ensino que expressam os fundamentos teóricos de organização do trabalho docente. Devem levar em conta:
  • A natureza da prática educativa em determinada sociedade;
  • As característica do processo de conhecimento;
  • As peculiaridade metodológica das matérias e suas manifestações concretas na prática docente;
  • As relações entre ensino e desenvolvimento dos alunos
  • As peculiaridades psicológicas de aprendizagem e desenvolvimento conforme idades.
Tais princípios seriam  (lembrando que não formam um conjunto acabado)
1 – Ter caráter científico e sistemático.
Os conteúdos de ensino devem estar em correspondência com os conhecimentos científicos atuais e com os métodos de investigação próprios de cada matéria.
Devem ser organizados a partir de uma estruturação lógica do sistema de conhecimento de cada matéria ao longo das séries escolares. Cada unidade de ensino ou aula é parte de um conjunto maior, logicamente concentrado.
2 – Ser compreensível e possível de ser assimilado.
A cinentificidade e sistematicidade devem ser compatíveis com as condições prévias com as quais os alunos se apresentam em relação à assimilação de novos conteúdos.
3 – Assegurar a relação conhecimento- prática.
O estudo dos conhecimentos sistematizados e a aquisição de habilidades e hábitos decorrem das exigências e necessidades da vida prática, isto é, preparação do indivíduo para o mundo do trabalho, para a cidadania, para a participação nos vários setores da vida social, dominar conhecimentos, portanto, servem não só para explicar os fatos, acontecimentos e processos que ocorrem na natureza, na sociedade e no pensamento humano, mas também pra transforma-los.
OBS.: Ligar teoria à prática não significa ensinar ao aluno só “conhecimentos práticos”.
4 – Assentar-se na unidade ensino-aprendizagem.
A direção pedagógica do professor consiste em planejar, organizar e controlar as atividades de ensino, de modo que sejam criadas condições  em que os alunos dominem conscientemente os conhecimentos e métodos da sua aplicação e desenvolvam a iniciativa, a independência de pensamento e a criatividade.
OBS.: Dirigir e controlar não significa ser autoritário.
Atividade autônoma e independência não significa deixar o aluno “trabalhar sozinho” sem orientação como objetivo de mantê-lo sempre “ocupado”.
5 – Garantir a solidez dos conhecimentos.
O desenvolvimento das capacidades mentais e modos de ação é o principal objetivo do processo de ensino (…..)
A assimilação do conhecimento não é conseguida se os alunos não  demonstram resultados sólidos e estáveis por um período mais ou menos longo.
Para isso é necessária:
  • A recaptulação da matéria;
  • Exercício de fixação;
  • Trabalho individualizado para solucionamento das dúvidas.
6 – Levar à vinculação trabalho coletivo-particularidades individuais.
O trabalho docente deve ser organizado e orientado para educar  a todos os alunos da classe coletivamente. O professor deve empenhar-se para que os alunos aprendam a comportar-se tendo em vista o interesse de todos ao mesmo tempo em que presta atenção às diferenças individuais e as peculiaridades de aproveitamento escolar.
Classificação dos métodos de ensino.
Dentro da concepção de processo de ensino defendida por Libânco, o critério de classificação dos métodos de ensino resulta da relação existente entre ensino e aprendizagem, concretizada pelas atividades do professor e alunos no processo de ensino.
De acordo com esse critério e eixo do processo é a relação cognoscitiva entre o aluno e a matéria.
Nesse sentido, os métodos de ensino consistem na medição escolar tendo em vista ativar as forças mentais dos alunos para assimilação da matéria.
Os métodos são classificados segundo aspectos externos (conteúdos) do processo de ensino e neles são elencadas funções didáticas e procedimentos lógicos e psicológicos de assimilação de conhecimento, segundo os aspectos internos (condições mentais e físicas dos alunos para o processo de assimilção de novos conhecimentos) do mesmo processo.
1 – Método de exposição pelo professo.
Neste método, conhecimento, habilidades e tarefas são apresentadas, explicadas ou demonstradas pelo professor. A atividade dos alunos receptiva, mas deve-se ter o cuidado em mobilizar a participação ativa dos alunos no processo.
  • Exposição Verbal: ocorre em circunstância em que não é possível prover a relação direta do aluno com o material de estudo. Sua função principal e explicar de modo sistematizado quando o quando o assunto é desconhecido ou quando as idéias que os alunos trazem são insufiientes ou imprecisas;
  • Demonstração; é uma forma de representar fenômenos e processos que ocorrem na realidade;
  • Ilustração: é uma forma de apresentação gráfica de fatos e fenômenos da realidade, por meio de gráficos mapas, esquemas, gravuras, etc… a partir dos quais o professor enriquece a explicação da matéria;
  • Explicação: ocorre quando o professor realiza uma atividade objetiva servir de ponte entre o conhecimento existente e o novo. Ex.Apresentar o método de modo correto de se usar o dicionário. Fazer uma leitura destacando a pontuação do texto.
2 – Método de trabalho independente.
O método de trabalho independente dos alunos consiste de tarefas, dirigidas e orientadas pelo professor, para que os alunos as resolvam de modo relativamente independente e criador. O trabalho independente pressupõe determinados conhecimentos, compreensão da tarefa e do seu objetivo, o domínio do método de solução, de modo que os alunos possam aplicar conhecimentos e habilidades sem a orientação direta do professor.
O  aspecto mais importante do trabalho independente é a atividade mental dos alunos, qualquer que seja a modalidade de tarefa planejada pelo professor para estudo individual.
O trabalho independente pode ser adotado em qualquer  que seja a modalidade de tarefa planejada pelo professor para estudo individual.
  • Na tarefa preparatória: que serve para verificar as condições prévias dos alunos, levantar problemas que depois serão aprofundados, despertar o interesse pelo assunto, provocar uma atitude interrogativa do aluno, etc.
  • Nas tarefas de assimilação do conteúdo. : que são exercícios de aprofundamento e aplicação dos temas já tratados. Os resultados desta tarefa podem não ser perfeitos ou corretos, mas mesmo os erros cometidos e as soluções incorretas servem para preparar os alunos para revisar conhecimentos e assimilar a  solução correta;
  • Nas tarefas de elaboração pessoal: que são exercícios nos quais os alunos produzem respostas surgidas de seu próprio pensamento.
O estudo dirigido: cumpre-se basicamente por meio de duas funções:
  • Primeira função:é a realização de exercícios e tarefas de reprodução de conhecimentos e habilidades, seguindo-se à exposição verbal, demonstração, ilustração ou exemplificação, que são formas didáticas do método expositivo. A combinação da exposição do professor com exercícios é um recurso necessário para uma boa consolidação dos conhecimentos. “ Consolidação de conhecimento”
  • A segunda função: é a proposição de questões que os alunos possam resolver criativamente, de modo que assimilem o processo de busca de solução de problemas.Esse tipo de estudo dirigido consiste de uma tarefa cuja solução e cujo resultado são desconhecidos para o aluno, mas dispondo de conhecimentos e habilidades já assimilados, ele pode buscar a sua solução. As questões ou problemas devem pois, ser compatíveis com as capacidades dos alunos “aplicação dos conhecimentos novos”
O procedimento de INVESTIGAÇÃO E SOLUÇÃO DE PROBLEMAS contém os seguintes elementos: colocação do problema, coleta de dados e informações para torna-lo bem caracterizado, identificação de possíveis soluções e escolha de soluções viáveis em face das condições existentes (conhecimento e tecnologia disponíveis, possibilidades concretas de atuação sobre o problema).
O uso desta técnica visa não apenas a aplicação de conhecimentos a situações novas no âmbito da matéria, mas também a situação da vida prática. Favorece o desenvolvimento das capacidades criadoras e incentiva a atitude  de participação dos alunos na problemática que afeta a vida coletiva e estimula o comportamento crítico perante os fatos da realidade social.
Qualquer que seja a forma do estudo dirigido devem observados alguns requisitos:  Ter claro os objetivose os resultados esperados, corresponder aos conteúdos da matéria, observar o tempo disponível , ter os meios de trabalho à mão ( livros, mapas, ilustrações, dicionários, Atlas, etc.), utilizar os resultados obtidos no trabalho de cada aluno para a classe toda.
Outras formas de trabalho indepandente são as chamadas fichas didáticas, a pesquisa escolar e a instrução programada.
As fichas didáticas programadas englobam fichas de anotações, de exercícios e de correção.
3 – Método de elaboração conjunta ( professor x aluno)
A elaboração conjunta é uma forma de interação ativa entre o professor e os alunos visando a obtenção de novos conhecimentos, habilidades, atitudes e convicções  já adquirida.
O caráter pedagógico-didático da elaboração conjunta está no fato de que tem como referência um tema de  estudo determinado supondo-se que os alunos estejam aptos a conversar sobre ele.
A forma mais típica do método de elaboração conjunta é a conversão didática.
A conversão didática atinge os seus objetivos quando os temas da matéria se tornam atividade de pensamento dos alunos e meios de desenvolvimentos das suas capacidades mentais. A conversão tem um grande valor didático, pois desenvolve nos alunos as habilidades de expressar opiniões fundamentadas, e valorizar a sua própria experiência, de discutir argumentar e refutar opiniões dos outros, de aprender a escutar, contar fatos, interpretar etc. Além, evidentemente, de proporcionar a aquisição de novos conhecimentos.
A forma mais usual de organizar a conversão didática é a pergunta, que pode ser feita pela condução direta do professor ou não (trabalho em grupo).
Recomendações:
  • A pergunta deve ser preparada cuidadosamente para que seja compreendida pelo aluno;
  • Deve ser iniciada  por um pronome interrogativo correto ( o quê, quando, quanto, porquê etc.)
  • Deve estimular uma resposta pensada e não simplesmente sim ou não ou uma palavra isolada.
4 – Método de trabalho em grupo.
O método de trabalho em grupos ou aprendizagem em grupo consiste basicamente em distribuir temas de estudo iguais ou diferentes grupos fixos ou variados, composto de 3 a 5 alunos. O trabalho em grupo tem sempre um caráter transitório, ou seja, deve ser empregado eventualmente, conjugado com outros métodos de exposição e de trabalho independente. Dificilmente será bem-sucedido se não tiver uma ligação orgânica entre a fase de  preparação e organização dos conteúdos e a comunicaçao dos resulta dos para a classe toda.
A finalidade principal do trabalho em grupo é obter a cooperação dos alunos entre si na realização de uma tarefa.
Para que cada membro do grupo possa contribuir na aprendizagem comum, é necessário que todos estejam familiarizados com o tema em estudo. Por essa razão exige-se que a atividade grupal seja precedida de uma exposição, conversação introdutória ou trabalho individual.
5 – Atividades Especiais.
São aquelas que complementam os métodos de ensino e concorrem para assimilação ativa dos conteúdos. São, por exemplo, o estudo do meio, o jornal escolar, a assembléia de alunos, o museu escolar, o teatro, a biblioteca escolar, etc.
O estudo do meio, mais do que uma técnica didática é um componente de processo de ensino pelo qual a matéria de ensino é estudada no seu relacionamento com os fatos sociais a ela conexos.
OBS.: Não se restringe, assim, a visitas, passeios e/ou excursões.
Segundo o professor Newton César Balzan, o estudo do meio é um instrumento metodológico que leva o aluno a tomar contato com o complexo vivo, com o conjunto significativo que é o próprio meio físico e social. É uma atividade não apenas física, mas principalmente mental, de elaboração, que apela para conhecimentos e habilidade já adquiridos e os enriquece, de modo que o aluno volte à escola modificado, mais rico em conhecimentos e experiências.
Há uma seqüência de fases para realização de estudo do meio:
  • Planejamento preparação dos alunos para o trabalho de campo através de leituras prévias, estabelecimento de pontos a serem observados etc.
  • Execução: coleta de dados e observação do material;
  • Exploração dos resultados e  avaliação; tratamento dos dados coletados do processo.
Assim são designados todos os meios e recursos materiais utilizados pelo professor pelos alunos para organização e condução metódica do processo de ensino e aprendizagem.
Meios de ensino:
Assim são designados todos os meios e recursos materiais utilizados pelo professor e pelos alunos para organização e condução metódica do processo de ensino e aprendizagem.
Os professores precisam dominar, com segurança, esses meios auxiliares de ensino, conhecendo-os e aprendendo a utiliza-los.



 RESUMÃO: LDB LEI N.º 9.394/96 COM A MODIFICAÇÃO DO ART. 5º E 6º
Tramitação
 1988 – Promulgação da Constituição Federal
 1988 a 1991 – Início de discussão do projeto “Jorge Hage” na Câmara
 1992 – Darcy Ribeiro, apoiado por Collor, apresenta outro projeto de LDB no Senado
 1992 a 1993 – Os dois projetos são discutidos ao mesmo tempo no Congresso Nacional
 1993 – O projeto Jorge Hage é aprovado na Câmarae vai para o Senado
 1995 – O projeto é considerado inconstitucional e Darcy Ribeiro reapresenta seu antigo projeto de lei
 1996 – Aprovação da lei, em dezembro.
A Lei n.º 9394/96
 Art. 1º – educação compreendida como processo de formação humana
 Art. 2º – educação é dever da família e doEstado. Tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho
Art. 3º – princípios:Igualdade acesso/permanência
 Liberdade;
 Pluralismo de idéias;
 Tolerância;
 Coexistência – público /privado;
 Gratuidade do ensino público;
 Valorização do profissional
 Gestão democrática;
 Padrão de qualidade;
 Valorização extra-escolar;
 Escola – trabalho – práticas
Dever do Estado (Art. 4º)
I – ensino fundamental, obrigatório e gratuito ,inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;
II – progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;
Modificados pela Emenda Constitucional14/96:
 
I – ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria;
II – progressiva universalização do ensino médio gratuito;
Continuação – art. 4º
III – atendimento especializado aos educandos com necessidades especiais;
IV – atendimento gratuito em creches e pré-escolas;
V – acesso aos níveis mais elevados do ensino;
VI – oferta de ensino noturno regular , adequado àscondições do educando;
VII – oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, adequado às suas necessidades e disponibilidades;
VIII – atendimento ao educando, no ensino fundamental público, por meio de programas suplementares (material, transporte,alimentação e assistência à saúde);
IX – padrões mínimos de qualidade de ensino.
Art. 5º e  Art. 6º
 Ensino Fundamental: direito público subjetivo
 Matrícula: é dever dos pais matricular os menores a partir dos7 anos. Modificado pela lei n.º 11.114/05 : MATRÍCULA A PARTIR DOS SEIS ANOS.
 Educação Básica: responsabilidades
 Educação Infantil ………(creche e pré-escola)
 Municípios
 Ensino Fundamental .
(pelo menos 9 anos)Modificado pela Lei Federal n.º 11.274/06
Prioridade dos municípios com a colaboração do Estado
 Ensino Médio .
Prioridade dos Estados
Obs: obrigatoriedade restringe-se ao EnsinoFundamental
 União deve prestar assistência técnica e financeira
Gestão democrática:
 Escolas  Docentes (Art. 12 e 13)
 Proposta pedagógica
 Cumprimento do calendário
 Recuperação
 Articulação com as famílias
 Informação sobre rendimento
 Comunidade (Art. 14)
 Participação na elaboração da proposta pedagógica e nos conselhos escolares
Autonomia (Art. 15)
 Pedagógica, administrativa e de gestão financeira
Regras de organização da educação básica:
Pode organizar-se em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, grupos não-seriados, com base na idade, etc. (art. 23)
Carga-horária mínima anual: 800 horas e 200 dias de efetivo trabalho escolar.
 Classificação
 Avaliação do aluno: contínua
 Frequência mínima: 75%
 Históricos, declarações, certificados:responsabilidade da escola (art. 24)
Currículo na educação básica:
Base nacional comum e parte diversificada
 Língua portuguesa, matemática, conhecimentodo mundo físico e natural, da realidade social e política, arte, educação física
 História e cultura afro-brasileira e africana (Leinº 10.639/03)
 Língua estrangeira: a partir da 6] ano do ensino fundamental
 Valores, direitos e deveres, orientação para o trabalho, desporto (Art. 26 e 27)
Características dos níveis de ensino:
 Educação Infantil: creche (0 a 3 anos) e pré-escola (4 a 5 anos); desenvolvimento integral da criança, não existe reprovação (Art. 29 a 31)
 Ensino Fundamental: (mínimo 9 anos)objetivo de desenvolver a capacidade de aprender, fortalecer os vínculos da família,da solidariedade e tolerância. – pelo menos 4 horas de trabalho diário. (Art. 32-4)
 Ensino Médio: (mínimo 3 anos)aprofundamento dos estudos – tecnologiae preparação para o trabalho (Art. 35-6)
 Características das modalidades de ensino:
 Educação de Jovens e Adultos (Art. 37-8)
 (EJA – antigo supletivo): cursos e exames. Idade mínima para o EnsinoFundamental 15 anos e para o EnsinoMédio 18 anos
 Educação Profissional (Art. 39 a 42)
aptidões para a vida produtiva.Articulação com o ensino regular ou independente de escolaridade
 EducaçãoEspecial (Art. 58 a 60)
atendimento aos portadores de necessidades especiais,preferencialmente na rede regular (inclusão). Adaptação da escola e do currículo. Integração na vida em sociedade.
Profissionais da educação (Art. 61-67)
 Associação entre teoria e prática e aproveitamento de experiências
 Docentes: formação mínima em nível médio modalidade normal (antigo magistério) e nível superior em licenciatura
 Valorização: plano de carreira, concurso público, aperfeiçoamento, piso salarial,progressão, condições de trabalho.
Financiamento
Constituição Federal de 1988 / LDB Art. 69:
 União deve aplicar pelo menos 18% e os Estados, DF e Municípios, 25% da receitade impostos em Educação
Recursos públicos (Art. 77)
 serão destinados às escolas públicas
 podem ser dirigidos a escolas comunitárias,confessionais ou filantrópicas.
LDB define o que é gasto comeducação : (Art. 70)
 Remuneração e aperfeiçoamento do pessoal;
 Manutenção e construção dos equipamentos;
 Realização de atividades-meio;
 Compra de material didático-escolar;
 Bolsas de estudo;
 Transporte escolar.
LDB define o que NÃO  é gasto com educação:  (Art. 71)
 Pesquisa não vinculada à educação;
 Subvenção a instituições assintenciais;
 Programas suplementares de alimentação, assistência médica,psicológica, etc;
 Obras de infra-estrutura da cidade;
 Trabalhadores em educação em desviode função.
FUNDEF e FUNDEB
EC 14/96 e EC 53/06 :
 Lei n.º 9424/96 regulamentava o Fundef
 Lei 11.494/07 regulamenta do Fundeb
 natureza contábil
 com prazo de 10 / 14 anos de funcionamento
 Distribuição dos recursos : Número de alunos matriculados no Ensino Fundamental regular presencial / na Educação Básica
 Utilização : MDE e valorização do magistério(60% para pagamento de salário de professores)
 Acompanhamento e Controle Social :Conselhos.
 Disposições gerais e transitórias:
 Educação indígena (Art. 78-9)
 Ensino à distância (Art. 80)
 Art. 87. É instituída a Década da Educação:
 Plano Nacional de Educação (aprovado em 2001)
 Municípios deverão matricular todas as criançasde 6 anos de idade, oferecer EJA, capacitação
 Até o final da década todos os professores deverão ter nível superior.
Questões para análise
Obs: Pode haver mais de uma resposta correta!
1.De acordo com os dispositivos constitucionais,quais das afirmações abaixo estão incorretas  ?
n A Educação Básica é obrigatória para todos os cidadãos brasileiros e sua oferta universal e gratuita é dever do Estado.
n O Estado tem o dever de garantir o ensino fundamental obrigatório e gratuito.
n É dever do Estado garantir a oferta de educação infantil, ainda que ela não seja obrigatória.
n É compulsória a ampliação da obrigatoriedade do ensino médio.
n É dever do Estado oferecer ensino noturno regular adequado às condições do educando.
2. Em relação à vinculação de recursos de impostospara a educação, a CF de 1988 determina que:
 No caso da União, será no mínimo 18% e dos Estados, Municípios e Distrito Federal será no mínimo 25% da receita resultante de impostos.
 Será no mínimo 25% da receita total do entefederado, em todas as esferas administrativas.
 Os recursos provenientes do salário educação não serão contabilizados para efeito de cálculo do percentual mínimo exigido.
 Os recursos públicos serão destinados exclusivamente para MDE nas escolas públicas.
 O ensino obrigatório terá prioridade na distribuiçãodos recursos públicos.
3. Em relação às incumbências do poder público definidas pela LDB n.º 9394/96, está incorreto afirmar que:
A União é responsável por elaborar o Plano Nacional de Educação e por estabelecer diretrizes e competências para a educação que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar a formação básica comum.
 A União incumbir-se-á de assegurar processo nacional deavaliação do rendimento escolar no ensino fundamental,médio e superior, em colaboração com os sistemas de ensino.
 Os Estados devem assegurar o ensino fundamental,definindo com os Municípios formas de colaboração, e oferecer, com prioridade, o ensino médio.
 Os Municípios incumbir-se-ão de oferecer a educação infantil e, com prioridade, o ensino fundamental.
 Os Municípios devem elaborar a proposta pedagógica dos estabelecimentos do seu sistema de ensino, articulando-se com as famílias e a comunidade.
4. Indique a alternativa incorreta  , considerando os dispositivos da LDB em relação à educação básica:
A. É formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino médio.
B. Pode organizar-se em séries, ciclos, períodos oupor forma diversa sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar.
C. Pode ser adaptada às peculiaridades da vida rural e de cada região.
D. Não deve incluir a promoção do desporto educacional e o apoio às práticas desportivas não-formais em seus currículos.
E. Deve incluir a difusão de valores fundamentai são interesse social como diretriz para os conteúdos curriculares.
5. De acordo com a LDB n.º 9394/96,o que diferencia creche e pré-escola?
 A lei define que as creches são instituições públicas voltadas prioritariamente para o atendimento de crianças pobres e as pré-escolas são instituições particulares voltadas para a preparação das crianças para a primeira série do Ensino Fundamental.
 A única distinção entre creche e pré-escola reside na faixa etária das crianças que frequentam estas instituições. As creches oferecem educação infantil para crianças de até três anos de idade e as pré-escolas oferecem educação infantil para as crianças de quatro a seis anos de idade.
 Não há diferença nenhuma entre creche e pré-escola, uma vez que estas instituições devem realizar o mesmo tipo de trabalho, voltado para crianças de zero a seis anos de idade, indiferente de sexo, cor da pele, credo religioso,situação econômica, etc.
6. Em relação ao Ensino Fundamentale Médio, a LDB define que:
A. A carga horária mínima anual será de oitocentas horas,distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar.
B. O controle de frequência fica a cargo da escola, exigida a frequência mínima de 75% do total de horas letivas para aprovação.
C. Na avaliação do desempenho do aluno devem prevalecer os aspectos quantitativos e os resultados das provas,sobretudo para efeito de cálculo das médias bimestrais e finais.
D. Não é possível classificar o aluno sem a documentação que comprove sua escolaridade anterior.
E. Os currículos devem ser diversificados, atendendo as exigências das características regionais e locais da sociedade, da economia, da cultura e da clientela.
7. De acordo com a LDB, a verificação dorendimento escolar dos alunos:
A. Deve ser contínua e cumulativa.
B. Deve garantir a possibilidade de aproveitamento dos estudos concluídos com êxito.
C. Pode prever formas de progressão parcial.
D. Contempla, obrigatoriamente, estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período letivo.
E. Veda a possibilidade de aceleração de  estudos.
8. Em relação aos currículos do ensino fundamental e médio, a LDB estabelece que:
A. O currículo deve ter uma base nacional comum a ser complementada por uma parte diversificada.
B. As disciplinas escolares deverão ser as mesma sem todo o território nacional.
C. O ensino da arte é obrigatório.
D. O ensino de pelo menos uma língua estrangeira moderna é obrigatório em todo o ensino fundamental.
E. A educação física é obrigatória, mesmo em cursos noturnos.
 9. A respeito da legislação que rege a organização e ofuncionamento da educação de jovens e adultos noBrasil, é correto afirmar que:
A. As matrículas da educação de jovens e adultos não podiam ser contadas para efeito de recebimento dos recursos do FUNDEF, embora sejam matrículas doEnsino Fundamental.
B. Os exames supletivos habilitarão os alunos ao prosseguimento dos estudos em caráter regular, apenas para pessoas maiores de 21 anos.
C. A gratuidade da educação de jovens e adultos em estabelecimentos oficiais é assegurada pela legislação,contudo não está assegurada a sua obrigatoriedade.
D. A educação de jovens e adultos é uma modalidade da Educação básica nas etapas de ensino fundamental e médio. Assim, não configura um nível diferenciado de ensino.
 10. Quais dos itens a baixo não podem ser considerados despesas com MDE?
A. Remuneração e aperfeiçoamento profissional dos trabalhadores em educação.
B. Programas de merenda escolar.
C. Programas de distribuição de livros didáticos para alunos e literários para bibliotecas escolares.
D. Programas de assistência médica e social dos alunos, principalmente em situação de risco.
E. Programas de transporte escolar e concessãode bolsas.
11. A formação dos docentes para atuar na Educação Básica deverá:
A. Estabelecer a associação entre teorias e práticas.
B. Ser feita em nível superior, em cursos de licenciatura, de graduação plena.
C. Incluir prática de ensino com no mínimo trezentas horas.
D. No mínimo, ser feita em cursos de nível médio, namodalidade normal (antigo magistério) para a atuação na educação infantil e séries iniciais do ensino fundamental.
E. Exigir fluência do futuro docente em pelo menos uma língua estrangeira moderna.

Gabarito das questões

1-A/D
2- A/C/E
3- A/B/C/D
4- D
5- B
6- A/D/E
7- A/B/C/D
8- A/C
9- A/C/D
10- B/D
11- A/B/C/D

O Lúdico no Auxilio do Ensino da Matemática: Uma Proposta Possível


RESUMO
O aspecto lúdico é uma característica fundamental do ser humano, por isso, podemos dizer que o desenvolvimento da criança está intimamente relacionado com a ação de jogar. O trabalho com jogos na escola apresenta-se como possibilidade de investigação, pelo aluno, sobre o modo como se dá o seu próprio processo de construção de conceitos matemáticos.
No âmbito da educação matemática, ao se propor um trabalho com jogos, visa-se também, desmistificar a matemática enquanto uma disciplina maçante, difícil, que envolve somente a memorização. Neste artigo, propõe-se expor reflexões acerca do trabalho com jogos na escola, partindo das experiências pedagógicas vivenciadas no período de prática de ensino. O foco da preocupação tem sido a matemática e o jogo apresentando-se como grande aliado.
Palavras-chave: Ludicidade. Educação Matemática. Aprendizagem
1 INTRODUÇÃO
O ensino da Matemática esteve por muito tempo, vinculado a simples memorização de regras e fórmulas. Dessa maneira, seu estudo, muitas vezes considerado desmotivador, foi adquirindo uma forma pouco apreciada por estudantes.
No entanto, sabe-se da importância da Matemática para a vida humana, suas regras fazem parte do cotidiano de todos e quanto mais a conhecemos, mais percebemos sua extrema relevância para as mais diversas funções exercidas pela sociedade.
Por esta razão, foi preciso buscar novas formas para que o educando tivesse a oportunidade de compreender a Matemática como elemento indispensável em sua vida e vivenciá-la de forma prazerosa e significativa. Para tal, encontramos o jogo como um excelente recurso utilizado como facilitador de aprendizagem.
Desde muito cedo, o jogo é de fundamental importância na vida da criança, pois, quando brinca, a criança explora e manuseia tudo aquilo que está a sua volta, construindo, desse modo, a compreensão da realidade na qual está inserida. O jogo é reconhecido como meio de fornecer à criança um ambiente agradável, motivador, planejado e enriquecido, que possibilita a aprendizagem de várias habilidades.
Por serem considerados meios de compreender e intervir nos processos cognitivos das crianças, os jogos de regras merecem uma atenção especial. Eles possuem um conjunto de regras, um objetivo a ser atingido e um resultado dependente das ações utilizadas durante o jogo. O objetivo constitui um desafio ao pensamento do aluno, fazendo com que ele busque ou construa meios para atingir um resultado favorável, que ao ser alcançado, proporciona o desenvolvimento cognitivo.
A partir de uma prática pedagógica, vivenciada, este artigo foi elaborado, visando comprovar que por meio da utilização de jogos, as crianças podem melhorar seus desempenhos nas aulas de matemática, desenvolvendo também o raciocínio, habilidades motoras, cognitivas e sócio-afetivas.
2 A RELAÇÃO ENTRE A MATEMÁTICA E O JOGO
Atualmente, existe uma grande preocupação por parte de profissionais envolvidos em Educação, no sentido de insistir na idéia de que a prática pedagógica precisa valorizar as tarefas que promovam o desenvolvimento do pensamento matemático dos alunos. Neste sentido, também se pretende valorizar a prática onde as situações de aprendizagem sejam variadas, com aulas diversificadas. Há uma urgente necessidade de que a Matemática seja trabalhada dentro do contexto de vida dos alunos.
É nesse contexto que o jogo ganha um espaço como a ferramenta ideal da aprendizagem, na medida em que propõe estímulo ao interesse do aluno, que como todo pequeno animal adora jogar e desenvolve níveis diferentes da sua experiência pessoal e social. (ANTUNES, 1998, p. 36).
Desta forma, o trabalho com jogos pode estimular a curiosidade dos alunos para saber a origem dos assuntos que estudam. Cria ainda oportunidade de entrar em contato com idéias de outros colegas e de propor um conflito cognitivo que os façam evoluir em suas hipóteses de aprendizagem.
Ao analisar a História da Matemática, é possível perceber que esta ciência foi constituída pelo homem através dos tempos e que, sendo desenvolvida por meio de jogos, torna-se um poderoso instrumento didático para possibilitar que os alunos raciocinem e desenvolvam operações mentais criativas.
Sendo assim, não faltam argumentos que reforcem as potencialidades pedagógicas da utilização de jogos matemáticos como um excelente recurso didático.
Para Piaget (1989, p.5), “Os jogos não são apenas uma forma de divertimento, mas são meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual. Para manter seu equilíbrio com o mundo, a criança necessita brincar, criar, jogar e inventa”.
De inicio, é importante explicar que foi utilizada a palavra jogo para referir-se ao “brincar”. Vocabulário predominante da Língua Portuguesa quando se trata de atividade lúdica infantil. A palavra “jogo” se origina do vocábulo latino ”ludus”, que significa diversão, brincadeira. O jogo é reconhecido como meio de fornecer à criança um ambiente agradável, motivador, planejado e enriquecido, que possibilita a aprendizagem de várias habilidades.
2.1 O JOGO COMO FACILITADOR DA APRENDIZAGEM
Aqui se pretende enfatizar a importância dos jogos na Educação Infantil e Séries Iniciais, como forma de facilitar a aprendizagem da matemática, desenvolvendo a originalidade, a criatividade dos alunos, enriquecendo seu conhecimento.
O jogo pode ser concluído no processo escolar de uma forma estimulante, resgatando o brincar e abrindo espaço para a expressão livre e envolvendo a criança num mundo cheio de fantasia.
Através dos jogos, as crianças desenvolvem o seu raciocínio e constroem o seu conhecimento de forma descontraída. Desta forma, dando uma contribuição e incentivo com significados também para o processo de aprendizagem da matemática.
A criança não é atraída por algum jogo por forças externas inerentes ao jogo e sim por uma força interna, pela chama acesa de sua evolução. É por esta chama que busca no meio exterior os jogos que lhe permitem satisfazer a necessidade imperiosa posta pelo seu crescimento. (ANTUNES, 2000, p.37).
Quando a criança entra num processo de construção de conhecimento, começa a despertar o faz-de-conta. A partir deste momento, vai trocar idéias e experiências, tornando-se um sujeito crítico e colocando-se em contato com as diferentes linguagens.
O jogo também proporciona uma melhor integração e um enriquecimento no vocabulário, adquirindo assim um hábito de aprender construtivamente e com uma visão ampla do mundo em sua volta.
Acredita-se que através do jogo, a criança constrói novos conhecimentos e facilita a sua socialização atingindo duas funções: lúdica e educativa. A atividade lúdica proporcionada pelos jogos deve ser o desencadeador de todo o processo de aprendizagem. O jogo na matemática desenvolve a imaginação e exige a tomada de iniciativas, desafiando a sua inteligência para encontrar soluções para os problemas.
No seu processo de desenvolvimento, a criança vai criando várias relações entre objetos e situações vivenciadas por ela e, sentindo a necessidade de solucionar um problema, de fazer uma reflexão, estabelece relações cada vez mais complexas que permitirão desenvolver noções matemáticas mais e mais sofisticadas. (SMOLE, 2000, p.63).
Nos jogos, os alunos são desafiados constantemente por problemas que lhes são estimulados a pensar rápido e a traçar inúmeras estratégias, para conseguir atingir seus objetivos.
A troca de opiniões que o jogo favorece, é de extrema importância para o desenvolvimento do pensamento mais lógico e coerente. Os alunos testam a lógica dos conhecimentos e são obrigados a organizar falas coerentes para se fazer entender pelos outros.
O jogo jamais pode surgir como um trabalho ou estar associado a alguma forma de sanção. Ao contrário, é essencial que o professor dele se utilize como ferramenta de combate à apatia e como instrumento de inserção e desafios grupais. O entusiasmo do professor e o preparo dos alunos para um momento especial a ser propiciado pelo jogo constitui um recurso insubstituível no estímulo para que o aluno queira jogar. (ANTUNES, 1998, p. 41).
Alguns professores acham que incluir jogos nos planejamentos é perda de tempo. A escola é lugar de trabalho, entendo como trabalho o ato de preencher inúmeros exercícios, sem considerar o interesse dos alunos por esse tipo de atividade.
Como se sabe que o uso do jogo contribui no processo ensino-aprendizagem, é certo que podem ser utilizados como recursos no cotidiano escolar nas aulas de matemática, permitindo ao professor desenvolver aulas criativas e permeadas de ricas experiências para o aluno. Possibilitando, desse modo, o aprender brincando, com mais prazer, maior significado e melhor resultado; são justificativas para a realização do presente artigo científico.
Enfim, os jogos, para serem utilizados no processo educacional, devem propor diversos tipos de atividades que possam ser praticadas em todas as matérias, de diversas maneiras, facilitando a aprendizagem, desenvolvendo a originalidade, a criatividade dos alunos, enriquecendo e vivenciando fatos.
2.2 A UTILIZAÇÃO DO JOGO COMO PRÁTICA EDUCATIVA
A partir do estudo realizado sobre a importância do jogo no ensino da Matemática, foi elaborado um projeto de ensino que serviu de base teórica para a realização das atividades propostas durante o estágio de prática de ensino.
O objetivo do projeto foi o de proporcionar às crianças um ambiente prazeroso, onde, por meio dos jogos, elas tivessem a oportunidade de compreender melhor a matemática, desenvolvendo o raciocínio, habilidades motoras cognitivas e sócio-afetivas. Durante a execução, constatou-se que os jogos lúdicos são um extraordinário instrumento de motivação, uma vez que transformam o conhecimento a ser assimilado em recurso de ludicidade e em sadia competitividade.
Os jogos lúdicos, além de motivadores contribuem seguramente para a criatividade, desinibição, coerente avaliação dos progressos da criança pelo professor, revisão dos conhecimentos adquiridos e, principalmente, favorecimento e fortalecimento da formação da personalidade do envolvido, na medida que o insere positivamente em um grupo de trabalho ou estudo.
De acordo com o RCNEI:
[...] para que as crianças possam exercer suas capacidades de criar é imprescindível que haja riqueza e diversidade nas experiências que lhes são oferecidas nas instituições, sejam elas voltadas às brincadeiras ou à aprendizagem que ocorrem por meio de uma intervenção direta. (BRASIL, 1998, p.27).
Daí a importância de inserir no cotidiano escolar, momentos de interação, divertimento e apropriação de novos conhecimentos por meio dos jogos. As crianças demonstraram ter um conhecimento lógico matemático adequado à idade. No entanto, a medida em que eram estimuladas as respostas foram cada vez mais positivas.
Com o desenvolvimento dos jogos propostos teve-se a oportunidade de constatar que, durante a realização deste tipo de atividade, a criança desenvolve a capacidade de observação do meio à sua volta, através de comparações de semelhanças e diferenças. Tudo isso permitindo a elaboração de certas estruturas: classificação, ordenação, estruturação de tempo e espaço, os primeiros elementos da lógica, através da resolução de problemas simples, buscando estratégias para vencer o jogo.
Teve-se uma grande preocupação para que cada criança tivesse seu próprio tempo para realizar a atividade, o que me fez compreender que a criança precisa ser respeitada, pois seu processo de aprendizagem é construído aos poucos, ela precisa do jogo e do objeto, bem como de espaço para que se sinta à vontade e segura.
A primeira relação da criança com a aprendizagem é justamente o fato de a criança aprender a brincar, o fato da brincadeira estar intimamente ligada à comunicação com outros indivíduos e ao contato com suas próprias emoções, o que favorece à criança, o desenvolvimento de sua auto-estima e a formação de vínculos. (DOHME, 1998, p. 163).
Percebe-se que professor que utiliza os jogos torna-se mais seguro, desenvolvendo também a sua criatividade, inovando suas aulas e criando outros jogos. Pois os jogos pedagógicos são excelentes recursos de que o professor poderá lançar mão no processo ensino-aprendizagem, porque contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual e social na criança.
O trabalho do professor, não consiste em resolver problemas e tomar decisões sozinho. Ele anima e mantém as redes de conversas e coordena ações. Sobretudo, ele tenta discernir, durante as atividades, as novas possibilidades que poderiam abrir-se à comunidade da classe, orientando e selecionando aquelas que não ponham em risco algumas de suas finalidades mais essenciais na busca por novos conhecimentos. (SMOLE, 2000, p.136).
Portanto, ao professor cabe o papel de mediador, orientando para que cada aluno tenha iniciativa em propor novas respostas para as situações-problema apresentadas.
Para Antunes (1998, p. 36),
O jogo ajuda o educando a construir suas descobertas, desenvolve e enriquece sua personalidade e simboliza um instrumento pedagógico que leva ao professor a condição de condutor, estimulador e avaliador da aprendizagem.
As estratégias utilizadas durante o desenvolvimento do projeto, proporcionaram momentos de descontração e despertaram interesses dos alunos. O que novamente me fez constatar que brincando também se aprende, que o brincar pode desenvolver muitas habilidades e capacidades nos alunos.
Durante o jogo, fez-se presente a interação e pude constatar que a formação dos pequenos grupos foi facilitada em virtude das afinidades já estabelecidas entre eles.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Toda a realização de um trabalho de qualidade envolve fatores que passam por um bom planejamento, uma ação competente e eficaz e uma preocupação com coletas de resultados e avaliações.
Dentro do artigo apresentado, muito dos resultados aqui descritos podem ser sintetizados ao fato da comprovação que a educação de qualidade pode ser uma proposta possível.
Constatou-se que, ao utilizar-se de um recurso significativo dentro do contexto infantil, todo um processo de ensino e aprendizagem foi facilitado, não somente dentro da esfera do educando, mas também propiciou avanços na ação do educador, que teve a oportunidade de trabalhar com um grande aliado na prática educativa. Percebendo e comprovando quão maravilhoso é saber que uma boa intervenção, pode ser a única chance de um pequeno e frágil indivíduo compreender todo o processo matemático que está à sua volta.
Partindo do pensamento expresso neste documento, é que verifiquei que o professor tem mudado de concepção em relação à Matemática, assim como a concepção de ensino a que vinha sendo submetido. A concepção do aluno sujeito passivo, que repassa o conhecimento pronto, acabado, via memorização de regras, fórmulas e processos, se modifica para uma atitude de compreensão de que o aluno é, também, um construtor de conhecimentos.
REFERÊNCIAS
ANTUNES. Celso. Jogos para estimulação das inteligências múltiplas. 11. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1998.
Brasil. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Formação pessoal e social. Brasilia: MEC, volume 1, 2, 1998.
DOHME, V. D’ Ângelo: 32 idéias divertidas que auxiliam o aprendizado. São Paulo: Informal, 1998.
KISHIMOTO. Tizuko Morchida. Jogos Infantis: o jogo, a criança e a educação. 6. ed. Rio de Janeiro: vozes, 1993.
PIAGET, J. & INHELDER, B. A psicologia da criança. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1989.
PIAGET, Jean. Psicologia e Pedagogia. Trd. Por Dirceu Accioly Lindoso e Rosa Maria Ribeiro da Silva. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1976.
RIZZO, Gilda. Jogos Inteligentes: A Construção do Raciocínio na Escola Natural.Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1996.
SANTA CATARINA, Secretaria do Estado da Educação e Desporto de. Proposta Curricular. Florianópolis: SED, 1997 e 1998.
SMOLE. Kátia Cristina Stocco. A matemática na educação infantil: a teoria das inteligências múltiplas na prática escolar. Porto Alegre: artmed, 2000.
VYGOTSKY, Lev S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.
Autor: Daniela Maria Bernardes