"A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo. (Nelson Mandela) "

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Meu amigo Curumim



Hoje me lembrei de uma aventura bem legal que tivemos, eu, a Joana e o Paulinho. Mas essa foi uma aventura de verdade. Nós ajudamos um indiozinho a salvar os bichos da floresta das mãos de uns caçadores bem malvados. Vou contar direitinho como tudo aconteceu.
Eu, meu pai, minha mãe, a Joana e o Paulinho fomos passar o fim de semana no sítio de um a amigo do meu pai. Era um lugar bem no meio do mato. Não tinha luz. A noite, a luz vinha de um negócio chamado lampião que fica pendurado nas paredes. Todo lugar tinha um daquele para clarear, porque era muito escuro.
A primeira noite foi muito chato, meu pai e os amigos jogando carta, minha mão lendo deitada da rede e eu, a Joana e Paulinho, sem ter o quê fazer. O amigo do meu pai contava um monte de história, dizia que tinha até onça que andava pelo meio daqueles matos e que tinha uma aldeia de índios que morava em uma tribo depois do rio que cortava o sítio dele.
– Então, meninas: Vamos visitar os índios amanhã? Disse o Paulinho.
– Vamos!
– Não é perigoso, Helena? E se a gente ver uma onça, Paulinho?
– Deixar de ser medrosa, Joana. Disse o Paulinho.
Aquilo ali está bem chato e não tinha como não concordar com o Paulinho. Se a gente não fizesse nada, aquele fim de semana seria um tédio.
Um olhou para o outro e saímos correndo para dormir. A gente precisava acordar antes de todo mundo para ninguém ver a gente, senão, duvido que a minha mãe ia deixar a gente ir ver os índios.
No dia seguinte saímos bem devagarzinho para que ninguém escutasse a gente.
– Vou levar esse facão, disse o Paulinho.
– E você sabe usar isso? Falei isso?
– Acho melhor a gente não ir sozinho.
– Se você não quiser, pode ficar, Joana?
– Vamos, Joana, vai ser legal!
Saímos pelos fundos da casa, atravessamos o galinheiro e escorregamos um barranco para chegar até o rio que passava no fundo do sítio. Só que enfrentamos o primeiro problema. Não tinha ponte para atravessar o rio. O Paulinho tentou achar uns pedaços de galhos para fazer uma ponte, mas só achava galhos pequeninhos.
De repente eu escutei um assobio. Olhei para o Paulinho, olhei para a Joana. Eles também tinham ouvidos, mas não vimos ninguém. A Joana, medroso como ela é, já queria voltar pra casa. Não demorou muito e, um assobio de novo. Foi então que a Joana viu do outro lado do rio, um indiozinho.
– Ei, como a gente faz para atravessar o rio? Perguntou o Paulinho
O indiozinho ficava dando risada pra gente.
– Ei, como a gente faz para atravessar o rio? Perguntou de novo o Paulinho.
– A gente quer atravessar. Falei para ele.
Ele riu de novo e sumiu no meio do mato.
– Acho melhor a gente voltar pra casa. Disse a Joana.
– Também to achando melhor, Paulinho.
– Que nada! Vamos atrás daquele indiozinho.
A gente queria, mas como a gente ia atravessar para o outro lado do rio? Foi quando a gente viu o indizinho em uma canoa. Ele tinha vindo buscar a gente.
Subimos na canoa na mesma hora que a gente viu dois homens do outro lado do rio, preparando uma armadilha para pegar algum bicho.
Eu ia até gritar, mas o Paulinho colocou a mão na minha boca e o indiozinho fez sinal de silêncio. Ele levou a canoa bem devagar para o outro lado para que os homens não vissem a gente.
A gente desceu e logo vimos os dois homens numa barraca e um monte de bicho presos em gaiolas. Tinha passarinho, tinha coruja, tinha tatu, tinha até uma tartaruga, que o indiozinho falou que era um jabuti. Aqueles homens estão caçando os bichos da floresta.
– Vocês ajuda Curumim? Homem branco roubando bicho da floresta. Disse o indiozinho.
Curumim falou o que a gente precisava ouvir. Paulinho pegou o estilingue que tinha no bolso e atacou uma pedra da cabeça de um dos homens. O indiozinho começou a fazer o som de um monte de bicho para distrair os homens, aí, eu e a Joana fomos até as gaiolas e soltamos todos os bichos.
Só que os homens viram a gente e começaram a dar um monte de tiro para cima. O indiozinho se escondeu no mato e o Paulinho atrás de uma árvore. Eu e a Joana, bem… Aqueles homens malvados pegaram a gente. Amarraram uma de costa para outro e saíram atrás do Paulinho e do indiozinho.
A Joana já tava chorando, quando o indiozinho saiu do mato com dois índios grandões e soltaram a gente. Só então o Paulinho saiu da árvore. Diz que é cheio de coragem, mas e mais medroso que a Joana.
Como a gente conseguiu ajudar o indiozinho a soltar os bichos da gaiola, os índios grandões ficaram muito felizes com a gente, nos levaram para conhecer a aldeia onde eles moravam, deram um monte de colar pra gente e depois ainda levaram a gente pro sitio do amigo do meu pai.
Foi muito legal conhecer um indiozinho, ajudar ele a soltar os bichos das gaiolas e ainda conhecer uma aldeia de verdade. Os homens? A gente não viu mais, mas espero que os índios grandões tenham dado uma boa lição neles.
Sabe de uma coisa? Faz tempo que meu pai não vai para o sítio do amigo dele. Acho que vou pedir para ele me levar de novo. Quem sabe não encontro de novo o meu amigo Curumim?

A Sereia do Rio

novembro 6, 2015
Quando eu me lembro dessa história, fico toda arrepiada, foi a primeira vez que eu senti medo de verdade. O que era para ser uma grande aventura, acabou sendo um grande susto. Vou contar tudo pra vocês.
Não sei se vocês se lembram do meu primo, o João e o Antônio! Aqueles que são donos do Chicão. Que moram lá no interior! Então, foi por causa deles e com um deles, que quase acontece a maior desgraceira!
Nas últimas férias, fui passar uns dias na casa deles e saímos para andar pelas matas perto do sítio deles. Eu não queria, mesmo porque dá última vez que fui à floresta com eles, dei de cara com o Saci, depois com o Curupira. Nem imaginava o que eu ia encontrar por lá.
– E aí, Helena, vamos caçar Saci? Disse meu primo João.
– Eu não! Nem inventa essa brincadeira que eu volto correndo pra casa da tia.
– Para de botar medo na prima! Me defendeu o  primo Antônio.
– Brincadeira, Helena! Disse o João.
Aí eu tive uma ideia: – Que tal a gente ir até o rio?
De primeira, o primo João gostou da ideia, mas o primo Antonio não achou uma boa ideia.
– A gente só fica na beirinha, a gente não entra. Disse eu a ele.
Antonio não queria, mas João conseguiu o convencer. Então fomos nós lá para o rio. Só que a gente tinha que atravessar um bambuzal enorme pra chegar lá. E eu, morrendo de medo de que aparecesse um Saci, mas não podia mostrar pr’os primos que eu tava com medo. Atravessei o bambuzal todo rezando.
O primo Antonio, não tava feliz, não sabia porque ele não queria ir para o rio.
– Que foi, Antonio. Por que você não quer ir pr’o rio?
– É por nada, não, Helena!
– Já sei! O Antonio está com medo de encontrar a sereia do rio!
– Nada disso!
Eu nunca tinha escutado que no rio tinha sereia. A única sereia que eu conhecia era a que vivia no mar que nem conta a história da pequena sereia.
– Sereia do Rio? Perguntei.
– É, Helena! A Iara mãe d’água! Disso Antonio
– Ah! Essa eu já ouvi falar. Não vai dizer que aqui também tem Iara?
– Vou pegar e dar um nó nos cabelos daquela sereia, podem apostar. Disse o primo João.
– Você sabe que a gente não pode mexer com ela! Retrucou o Antonio.
E parece que eu disse uma palavra mágica. Assim que acabei de falar da Iara, comecei a ouvir uma música tão bonita, mas, tão bonita, que não ouvia mais nada que estava na floresta, só aquela música. Nem os cantos dos passarinhos, das folhas que a gente pisava, nem na correnteza do rio. Foi aí que o primo deu enorme grito no meu ouvido que eu quase fiquei surda.
– Que isso, Antonio? Quer me deixar surda?
– Fecha os ouvidos com a mão. Você não pode ouvir essa música.
– Por quê?
– Fecha que eu to mandado!
Não discuti com o Antonio e tratei logo de tapar os meus ouvidos com a mão, ele também tinha feito o mesmo, mas o primo João… Bem…
– Cadê o João, Antonio?
– Ah não! Corre Helena!
E saímos correndo em direção ao rio, assim que deu um clarão, eu vi, era de verdade! Tava lá, sentada na pedra, penteando os cabelos e cantando aquela música.
– Não ouve, Helena! É a sereia do rio!
Nisso, eu olhei por rio e vi o primo João dentro na água, foi entrando, entrando, até a água cobrir ele todo. Logo depois, a sereia pulou da pedra para dentro da água e o primo Antonio pulou atrás. Comecei a ficar com muito medo.
O tempo tava passando e nada dos primos. Comecei a pensar que eles tinham se afogado.
– Ai, meu Deus! E agora? Socorro!! Alguém ajuda!
Ninguém me respondeu. Só os passarinhos que ficaram todos agitados; começou uma cantoria misturada, que deu até dor de cabeça. De repente eu vejo o primo Antonio arrastando o primo João para fora do rio.
– Ajuda, Helena! Vai chamar o pai!
Saí correndo pra casa dos tios para buscar ajuda, tava morrendo de medo que o João tivesse morrido. Cheguei que nem conseguia falar e mesmo sem entender direito, o tio correu lá pra beira do rio.
O que aconteceu? A sereia do rio encantou o primo João com seu canto e tava levando ele para morar com ela no fundo do rio, se não fosse o primo Antônio, aquela aventura que nem aconteceu, ia terminar na maior desgraça.
Essa foi mais uma das minhas férias inesquecíveis no sitio dos primos. Tem horas que eles parecem pior que o Paulinho, viu?

O Tesouro do Pirata

setembro 4, 2015
Oi, gente! Outro dia eu fui à praia bem legal com a mãe do Paulinho; ficava em uma ilha. A praia era quase deserta. Fui eu, a Joana, o Paulinho, a mãe dele, o tio dele e uns amigos deles. Tivemos até de atravessar o mar em um barquinho pra chegar à praia da ilha no outro lado. Mas, como sempre, o Paulinho acabou colocando eu e a Joana na maior confusão. Vou contar tudo pra vocês. E não pensem que foi tudo mentira. Não foi, não, viu?
Assim que chegamos à praia fiquei assustada, não tinha ido à praia tão cheia. O tio da Paulinho e os amigos dele começaram a montar uma barraca pra gente ficar. A mãe do Paulinho cuidava de arrumar as coisas pra gente comer e beber, porque perto da nossa barraca não tinha nenhum restaurante, só uma barraca que vendia algumas coisas, poucas, mas tinha salgadinho e refrigerante. Menos mal. Paulinho foi logo dar um mergulho, enquanto eu e a Joana começamos a montar nosso castelinho.
A gente está se divertindo muito naquele dia. Fizemos até uma amizade com uma outra menina que também estava na praia. A Isabel. Ela nos ajudou a fazer um castelo bem grande, que o engraçadinho do Paulinho, como sempre, tratou de destruir com aquela sua bola. A gente quis matar o Paulinho. É sempre assim, toda vez que a gente vai da praia e faz um castelo, o Paulinho tem prazer de desmanchar tudo. A Isabel ficou muito brava com o Paulinho.
Como ficou sem graça na frente da Isabel, Paulinho resolveu pedir desculpa e nos chamou para dar uma volta na ilha.
– Onde vocês pensam que vão, hein? Disse a mãe de Paulinho.
– Vou só levar as meninas até as pedras, mãe.
– Nada de pular de cima das pedras, viu, Paulinho? Avisou o tio de Paulinho.
– Só vou mostrar um negócio para as meninas e já voltamos.
O Paulinho foi na frente, enquanto eu, a Joana e a Isabel fomos atrás. Lá na final da praia, tinha umas pedras bem grandes, e entre elas tinha um caminho que levava para uma outra praia. Quando atravessamos as pedras e chegamos na outra praia, não acreditamos no que vimos.
– Um navio pirata! Falou espantada a Isabel.
Eu logo pensei:  Lá vem confusão pela frente.
– Eu não vou entrar naquele navio de jeito nenhum.
– Está com medo, Helena?
– Se a Helena não for, eu também não vou. Disse a Joana.
O quê que aquele navio pirata velho, estava fazendo no meio da areia daquela praia? Não estava gostando nada daquilo.
– Esse navio já está aí faz tempo, Helena!  O meu tio me trouxe aqui uma vez pra me mostrar.
– Eu já vi. Agora a gente já pode voltar. Vamos voltar, meninas?
Eu não queria ficar ali, alguma coisa me dizia que não ia acabar bem. Mas o Paulinho convenceu a gente para dar uma olhadinha dentro no navio e depois voltar.
– Vamos? Só uma espiadinha! Quem sabe a gente não acha um tesouro?
Mesmo achando que não ia acabar bem aquela história, lá fomos nós atrás do Paulinho entrar naquele velho navio, caindo aos pedaços, sujo e cheio de bichos. O Paulinho entrou primeiro, depois a Joana, a Isabel e eu, que fiquei por último. Quando acabamos de entrar, a porta se fechou atrás da gente.
Quando olhamos para trás, um velho com um lenço amarrado na cabeça, com uma roupa rasgada, uma perna de pau, um papagaio velho pendurado no seu ombro, deu uma enorme gargalhada mostrando seus dentes de ouro. Eu e as meninas corremos pra trás do Paulinho, que tremia.
– O que vocês querem aqui no meu navio?
Ficamos todos mudos. A gente tava morrendo de medo para falar alguma coisa.
– Estão atrás do meu tesouro, né?
– Não, não, seu pirata! Disse o Paulinho tremendo.
O velho pirata tirou uma espada detrás da calça e a apontou para o Paulinho. O Paulinho, coitado, de marronzinho, ficou branco! O pirata deu uma outra gargalhada. Assustadora! A Isabel já estava até chorando. A Joana tentava acalmar ela e eu, tava muda feito estátua. O velho pirata ameaçava o Paulinho com a espada, enquanto Paulinho tremia todo.
– Nunca nenhuma criança ousou entrar no meu navio.
– A gente não sabia que o senhor estava aqui, seu pirata. Disse o Paulinho.
– Seu pirata, o senhor desculpa a gente. A gente não queria fazer nada. A gente precisa ir. Eu tentei convencer o pirata.
– É seu, pirata! Deixa a gente ir. A minha mãe teve ta preocupada com a gente. Disse Paulinho, mesmo com medo.
O velho pirata se sentou numa velha poltrona ao lado da porta da saída, pegou do lado dela uma garrafa, bebeu de uma vez só e depois deu outra gargalhada assustadora.
– Agora vocês são meus prisioneiros. E fiquem quietos, porque eu vou dar o meu cochilo. Quando eu acordar eu vejo o que faço com vocês!
Quando o pirata falou isso, a gente se apavorou. A Isabel que já estava mais calma, caiu no choro novamente e desta vez, eu e a Joana também. Paulinho tentava acalmar a gente. Não demorou muito e o velho pirata já roncava que nem um porco.
– Quero ver como você vai tirar a gente daqui, Paulinho? Eu sabia que a gente ia entrar numa confusão.
– Calma, Helena. Eu vou dar um jeito.
O velho pirata jogou sobre o seu corpo um cobertor velho e dormiu, mas colocou sua perna de pau atravessando a porta de saída. A gente não tinha como sair daquele jeito.
– Paulinho, você precisa tirar a gente daqui. Disse a Joana.
– Minha mãe deve tá preocupada. Disse a Isabel.
– Calma, meninas! Deixa eu pensar.
Foi quando eu vi uma corda jogada no chão no navio.
– Uma corda!
– Vamos amarrar o pirata na cadeira! Disse o Paulinho.
Com cuidado, a gente foi enrolando o velho pirata na velha poltrona. A Joana e a Isabel tiraram a perna de pau do pirata. Pronto. A porta da saída estava livre e o pirata dormia amarrado. Abrimos a porta com cuidado. A Isabel saiu logo correndo. A Joana foi logo atrás. O Paulinho se enfiou na minha frente e me deixou por último. Quando eu ia sair, a mão do pirata agarrou meu braço.
– Socorro! Socorro!!
– Calma, menina! Quero dar um presente pela coragem de vocês.
Ele soltou o meu braço, tirou do seu pescoço uma corrente de outro e colocou no meu. Tirou dos bolsos umas moedas de ouro e colocou na minha.
– Essas são para os seus amigos!
Sai correndo sem nem olhar pra trás, até me ralei toda para atravessar o caminho daquelas pedras. Quando cheguei do outro lado, não tinha ninguém me esperando. Olhei e já estava todo mundo desarmando a barraca.
– Corre, Helena! A gente precisa ir embora. Gritou a mãe do Paulinho.
Entrei no barco e não falei com ninguém. Também, bem feito pra eles. Eles me deixaram sozinha, problema deles. Fiquei com todo o tesouro do pirata.
Quando cheguei, mostrei para o meu pai e para minha mãe o tesouro que tinha ganhado do pirata.
Meu pai e minha mãe caíram na gargalhada. Parecia até a gargalhada o velho pirata.
– O que foi?
Meu pai foi até o quarto deles e voltou com uma caixinha. Quando ele abriu, lá tinha uma corrente igual a que eu ganhei do pirata e um montão de moedas iguais as minhas.
– Daqui, Helena. Daqui o seu tesouro pra guardar junto com o nosso.
Depois de levar o maior susto, o meu pai pegou o meu tesouro e guardou dentro da caixa dele e me contou que aquele navio, aquele pirata é tudo encenação para divertir que vai passear naquela ilha. Até hoje o Paulinho fala daquele pirata!

O pequeno Etezinho

junho 19, 2015
Sabe aquelas coisas que a gente não acredita? Que acha tudo uma invenção? Vocês podem até não acreditar, mas essa aventura que eu vivi com a minha amiga Joana, foi a mais pura verdade. Vou contar como tudo aconteceu.
Naquela noite estava tendo festa no salão de festas do meu prédio e todos meus amigos estavam lá. A festa estava muito legal. A gente já tinha brincado de tudo, mas foi quando a gente foi brincar de esconde-esconde que tudo aconteceu. Até hoje eu na consigo esquecer aquela noite.
– Vamos, Joana!
– Ali, Helena, vamos se esconder ali atrás.
– Boa, Joana! Ninguém vai achar a gente ali.
Enquanto o Paulinho contava, eu e a Joana fomos se esconder atrás de um mantinho no jardim, no fundo do salão de festa.
– Aqui ninguém vai achar a gente, Joana!
– E aí a gente sai e salva todo mundo!
De repente eu olhei para o lado e vi um prato colorido, brilhante.
– Olha aquilo, Joana!
– Melhor não mexer, Helena!
– Tá brilhando!
Quando eu fui colocar a mão, sai detrás daquele prato, um negócio, parecia um homenzinho vestindo uma roupa de guarda, fazendo um barulho esquisito. A Joana achava que era um duende, eu achava que era um vaga-lume. De repente ele começou a repetir o que a gente falava.
– Quem é você?
– “Você”.
– Helena, vamos sair daqui.
– “Daqui.!
– Será que é um ET?
– “ET.”
– Eu to com medo, Helena.
– “Helena”
Quando a Joana ameaçou sair correndo, aquela coisa tirou uma arma da sua roupa de guarda e apontou para a Joana e… puff!! A Joana sumiu!
– O que você fez com a minha amiga?
– “Amiga.”
E puff… Depois não me lembro de mais nada, quando acordei, estava numa sala branca, grande, dentro de um vidro, cheio de fios ligados em minha. Olhei para o lado e a Joana também estava lá, dentro de um outro vidro cheia de fios ligados nela.
– Joana!
– Helena!
– Socorro!! Tirem a gente daqui!
Enquanto a gente se debatia tentando se soltar, um monte de homenzinho vestido de guarda olhava para gente dentro do vidro. Eles conversavam, mas a gente não entendia nada.
– Que aconteceu, Joana?
– Acho que a gente foi raptada por ETs.
– A gente precisa sair daqui.
– Mas como, Helena!
A gente precisava sair dali, mas como se a gente não sabia nem como tinha chegado ali. Fui tentar falar com o homenzinho.
– Seu homenzinho, a gente precisa ir embora.
– “Embora.”
– Minha mãe vai brigar comigo.
– “Comigo.”
De repente todo o vidro começou a piscar, parecia que a gente estava dentro de uma luz. Acendia e apagava, acendia e apagava. A gente só ouvia aqueles homenzinhos fazendo um barulho, falando de um jeito que a gente não entendia nada e tudo apagou de vez.
Quando eu e a Joana acordamos, estávamos deitadas do lado do matinho, com todo mundo olhando pra gente.
– Cadê eles, Joana!
– O que aconteceu, Helena?
– Os ETs pegaram a gente.
– É verdade!!
É claro que ninguém acreditou na gente e ainda por cima, ficaram rindo da nossa cara. Mas eu ainda vi quando aquele prato colorido saiu detrás do matinho e sumiu no céu.
– Olha lá, Joana!
– É ele, Helena! É ele!!
E foi assim que eu e a Joana fomos raptadas pelo homenzinho de roupa de guarda e levadas para um outro planeta que a gente nunca soube onde ficava e nem porque ele escolheu levar a gente pra lá.
Nunca mais a gente viu aquele homenzinho. Sabe que lembrando disto agora, fiquei até com saudade dele.

Minha festa de aniversário

fevereiro 27, 2015
Não sei se vocês gostam de festa de aniversário, mas, eu, sou louca. Vivo planejando sempre uma festa diferente. Graças a Deus, papai e mamãe sempre dão um jeito de fazer uma festa bem legal pra mim. Mas, a melhor festa de aniversário que tive, foi a de oito anos, vou contar tudinho.
Acordei super, hiper feliz por ser o meu aniversário, só que alguma coisa não estava normal naquele dia, nem papai e nem mamãe me deram parabéns quando levantei.
– Bom dia, Helena, toma logo o seu café que te deixo na escola. Disse meu pai enquanto tomava o seu café.
– Helena, seu leite já está no copo. E toma tudo, hein? Disse minha mãe, continuava a fazer a suas coisas.
– Vocês não estão esquecendo de nada?
Ninguém me respondeu. Fiquei muito triste naquele dia de manhã. O que estava acontecendo? Tomei o meu leite, me arrumei e fui com o papai, que me deixou na escola. No caminho, nenhuma palavra sobre o meu aniversário.
Quando cheguei na escola, fui direto falar com a Joana. Ela é minha amiga de verdade, ela não ia esquecer do meu aniversário.
– Oi, Joana!
– Oi, Helena.
– Você sabe que dia é hoje?
– Hoje é dia de prova de matemática. E eu não sei quase nada!
Estava achando aquilo tudo muito estranho. Mamãe, papai, Joana… ninguém lembrava do meu aniversário. Cheguei da escola muito triste, nem quis almoçar. Fui pro meu quarto e liguei o computador. Quem sabe alguém me mandou um recado, né?
Mais uma decepção! Ninguém me mandou um recado de parabéns. Estava até achando que tinha me enganado com o dia. Sai do quarto e fui perguntar para minha mãe.
– Mãe, que dia é hoje?
– Quinta-Feira. Por quê?
– Não, mãe! O dia de número.
– Dia vinte e três.
Droga! Era mesmo dia vinte e três, o dia do meu aniversário. Mas, ninguém, ninguém me deu os parabéns. Nem meus amigos, nem minha avó, nem meu avô, minhas tias, nem a minha madrinha se lembrou de mim.
Quem sabe a noite, não é mesmo? De repente tá todo mundo atrapalhado, trabalhando, que acabaram esquecendo. Será que eles não gostam mais de mim?
Antes mesmo de chegar à noite, mamãe mandou que eu fosse tomar banho, pois papai já estava chegando e a gente tinha que estar prontas porque a gente ia sair. Pensei, de certo vão me levar para comer uma pizza de aniversário.
– Mamãe, a gente vai na pizzaria?
– Não, por quê? Por acaso é algum dia especial hoje?
– É o meu aniv…
Mamãe nem deixou que eu acabasse de falar e me mandou logo ir para o banho. Virou as costas pra mim e foi pro quarto dela. Não demorou muito e o papai chegou.
– Papai, você sabe que dia é hoje?
– Quinta-Feira. Por quê?
– Hoje é o dia do meu aniv…
Mais uma vez a mamãe cortou a conversa e não deixou eu terminar de falar.
– Vamos, vamos que já estamos atrasados. Disse mamãe.
Mesmo zangada, fui com papai e mamãe, sem saber muito bem para onde a gente estava indo. De repente o papai parou o carro em frente a um buffet infantil. Não estava entendendo. Ninguém falou que a gente ia num aniversário.
Quando eu cheguei no buffet, tava tudo apagado. O que a gente ia fazer num lugar todo escuro?
De repente, acendeu a luz… Uma gritaria…
– Feliz Aniversário, Helena!
Tava todo mundo lá. Vovó, vovô, a tia, o tio, a minha madrinha, a Joana… Todo mundo cantando parabéns pra mim. Até chorei. Um aniversário surpresa! O que parecia ser o pior aniversário foi, na verdade, o melhor aniversário da minha vida.
Tomara que um dia o pai e a mãe de vocês façam um aniversário surpresa pra vocês, pois é muito, mas, muito legal mesmo!

Minha viagem à Lua

janeiro 16, 2015
Aposto que vocês nunca tiveram uma aventura igual a essa! Nunca pensei que fosse conhecer a Lua bem de pertinho. Vocês duvidam? Vou contar tudinho pra vocês.
O ano passado, a professora levou a gente para fazer um passeio bem legal e divertido. Eu e toda a turma, e a minha amiga Joana, que também é da minha classe, fomos visitar o planetário. Acho que vocês deveriam pedir para escola de vocês levarem vocês pra conhecer, aposto que todo mundo vai gostar!
Chegamos bem cedinho na escola, todo mundo com a cara de sono e, mesmo antes do ônibus sair, estava aquela bagunça, os meninos, como sempre, foram todos para o fundo do ônibus pra aprontar. Eu, fui sentar do lado da Joana.
– Joana, dessa fez eu vou na janelinha!
– Mas, não volta, quem vem sou eu, ta?
Lá fora, esperando o ônibus sair, estava a minha mãe e a da Joana. Elas não paravam de dar tchau pra gente. Pagamos o maior mico.
– Olha lá, Pedrinho! A mamãezinha da Helena veio dá tchauzinho pra ela! Gritou lá do fundo do ônibus o Fernando.
– E a da Joana também, Pedrinho!
– Fica quieto, Fernando! Gritei de volta.
– A tua mãe também ta lá fora, viu, Pedrinho! Gritou a Joana.
Mas os meninos ficaram o tempo todo enchendo a minha paciência e a da Joana até o ônibus sair e só pararam quando a professora foi no lá no fundão dar uma bronca neles.
Quando o ônibus saiu, foi á maior festa e depois da viagem demorar um tempão, chegamos ao planetário, foi outra festa. Antes mesmo da professora organizar a fila pra gente entrar, eu peguei a Joana e saímos correndo lá pra dentro do planetário. Eu já tinha ido lá com meu pai, sabia muito bem onde estava o que eu queria ver.
– Helena, a professora vai dar a maior bronca na gente.
– Depois a gente fala que se perdeu. Vem, Joana, vem que eu quero te mostrar uma coisa.
Fui direto com a Joana para sala daquele telescópio enorme, queria ver todos os planetas primeiro, antes de toda a turma, porque senão, ia ficar aquela fila e eu não ia conseguir ver tudo direito.
– Deixa eu ver, Helena!
– Calma, Joana, estou vendo!
E eu fiquei ali, vendo tudo, até que vi a Lua, redonda, cheia de buracos enormes! Pareciam até pequenas cavernas.
– Caracá, Joana! Tu não vai acreditar! Tô viajando na lua!
– Deixa eu ver, Helena!
– Ela é linda! Tem um monte de buracos! Mas ela não parece tão branca quando a gente vê no céu.
– Vai, Helena, deixa eu ver!
– Espera, Joana!
– Daqui a pouco a turma toda chega e eu não vou ver nada.
E eu fiquei ali, viajando pela lua. Vi até a pegada do homem que pisou na lua que nem a gente aprendeu na lição. Nem vi quando a Joana saiu e me deixou sozinha. Ela desistiu e foi se encontrar com a turma.
Pra falar a verdade, o que me interessava mesmo era ficar lá, olhando a lua bem de pertinho. Viajei pedacinho por pedacinho, só não encontrei o São Jorge. Vovó sempre diz que São Jorge mora na lua, mas eu não vi nenhum santo, muito menos o dragão com quem ele vive lutando. Preciso falar pra vovó que São Jorge não mora na lua.
Mas quando a professora chegou com a turma…
– Muito bonito, dona Helena!
– Lindo mesmo, professora!
– Estou falando do que você fez. Agora você saia daí que a turma também quer
ver. E quando voltarmos à escola, sua mãe vai ficar sabendo, tim-tim por tim-tim o quê você fez aqui.
A professora me deixou no canto e não pude ver mais nada, passei a visita toda do lado da professora. Na volta, a Joana correu para sentar na janelinha e passou a viagem toda sem falar comigo.
Mas o pior ainda estava por vir. Quando chegamos na escola, a professora foi direto contar o que eu fiz para a diretora, que foi direto falar com a minha mãe o que eu fiz. Resultado: A minha viagem à Lua, me deu uma nota zero e uma semana de castigo sem internet e sem televisão.
Só que querem saber de uma coisa? Eu nem liguei, pois passei todas as noites olhando a lua e lembrando de todos lugares por onde eu passei.

O acampamento

dezembro 5, 2014
Essa história foi tão divertida que eu precisava contar pra vocês! Foi assim: O meu colégio marcou um super acampamento com as classes do terceiro e quarto ano, só que era um acampamento de um dia e dentro do pátio da escola. Chegamos à escola às sete horas da noite. Foi à maior bagunça!
– Joana, você trouxe o seu ursinho?
– Eu não!
– Ficou com vergonha?
– Eu não! Só não queria que ele ficasse sujo. E você, por acaso trouxe aquele seu sapo fedido?
– Claaaro que eu trouxe! Tá lá no fundo da minha mochila.
– Ei vocês duas! Não vão ajudar a montar as barracas, não? Disse o professor Arthur.
Professor Arthur dá aulas de teatro na nossa escola e foi nos ajudar no nosso acampamento. Com a ajuda de todo mundo, as barracas ficaram todas  montadas, num instante. A tia Rosa, da cantina, preparou um super macarrão gostoso numa panela que estava em cima de uma fogueira e a professora Marta, organizou tudo bem rapidinho.
– Eu quero ficar na barraca junto com a Joana!
– Tudo bem, Helena! Então numa barraca vão ficar você, a Joana, a Thalita e a Mariazinha!
– Ah não, professora!
– Por acaso você quer ficar com os meninos?
– Eu não!
– Então faça o favor de pegar sua mochila e seguir para sua barraca! As outras meninas já estão lá!
Droga! Sai emburrada. Não gostei nada de ter que ficar na barraca com a Thalita e a Mariazinha. Elas são umas pestes! Quando elas estão juntas, sempre aprontam. Mas pelo menos, a Joana também ia ficar na mesma barraca que eu.
Depois que todo mundo guardou suas coisas nas barracas, fomos comer o macarrão da tia Rosa. Macarrão com hambúrguer e refrigerante. Uma delícia! Quando acabou o jantar, fizemos uma roda em volta da fogueira e ficamos vendo o professor Arthur tocar violão.
– Joana, você viu a Thalita? Cochichei no ouvido da Joana.
– Ela falou que não queria ficar na fogueira, preferia ficar na barraca.
– E a Mariazinha?
– Disse que ia junto também.
Sane, não gostei nada daquilo! Eu tinha certeza que aquelas duas iam aprontar alguma coisa. Puxei a Joana e fui com ela direto para nossa barraca. Só que não tinha ninguém lá. Então nós resolvemos avisar os professores.
– Professora Marta, a Thalita e a Mariazinha não estão na barraca!
– Alguém viu a Thalita e a Mariazinha por aí? Gritou a professora.
– Não!! Gritou a turma toda.
A professora Marta ficou preocupada e colocou todo mundo para procurar as duas. Rodamos o colégio inteiro e nada de encontrar nenhuma das duas. Os professores começaram a ficar muito nervosos. Mas eu sabia que as duas deviam estar aprontar alguma coisa
– Você vai ver, Joana, tenho certeza que elas aprontaram alguma coisa!
– E se aconteceu alguma coisa com elas?
Aquelas duas tinham que estragar o nosso acampamento! De repente, o professor Arthur apareceu trazendo o meu sapo fedido pela mão e segurando o nariz com o dedo e disse:
– De quem é esse gambá?
– É meu, professor! Mas não é gambá, não. É o meu sapo fedido.
– Então isso vai ficar confiscado lá no banheiro, ouviu Helena?
– Ah não, professor! É só não apertar a barriga dele que não tem problema!
– Você devia ter avisado as suas amigas sobre isso!
– Encontrou as meninas, professor? Perguntou a professora Marta.
A Thalita e a Mariazinha pegaram o meu sapo pra me provocar, só que ficaram puxando pra ver quem ficava com ele e acabaram rasgando ele todo. Acontece que dentro do meu sapo tem um pó que imita o cheiro de chulé e quando elas rasgaram, o pó caiu em cima do pijama das duas. Elas ficaram num fedor só. Bem feito! Quiseram aprontar comigo, se deram mal.
Foi por isso que elas sumiram e se esconderam. Quando chegaram de volta no pátio, as turmas todas morreram de rir das duas. E o pior. Elas tiveram que dormir dentro da escola e perderam o melhor do nosso acampamento. Eu e a Joana fizemos a maior bagunça, a noite toda, dentro da nossa barraca.
Mas, apesar da raiva por elas terem rasgado o meu sapo de estimação, não consigo esquecer a cara das duas cheias de vergonha do fedor que estavam.
Depois disso, a Thalita parou de vez de encrencar com todo mundo. Aliás, ela e a Mariazinha faltaram uns dois dias na escola, de tanta vergonha que ficaram.
Ah, eu ganhei um sapo novo da mãe da Thalita. E sabem o quê mais? Ele é mais fedido ainda!

Nem todo mundo é bonzinho

outubro 31, 2014
A gente pensa que todo mundo é bonzinho, mas não é, não! Eu não achava que tivesse homem tão ruim quanto aquele que apareceu na nossa frente naquele dia. Ainda hoje, quando vou dormir, choro de medo. Essa sim foi uma aventura daquelas. Vou contar como foi tudo!
Tava muito sol naquele dia, a gente não foi pra escola porque era feriado do dia da Independência do Brasil. A gente já tinha combinado que ia todo mundo pra praia, eu, meu pai e minha mãe. A Joana não quis ir, disse que ia passar o feriado na casa do Paulinho. Tomamos café e fomos direto pro carro.
– Hoje vamos numa praia bem legal, hein? Disse meu pai.
Achei legal. Poder conhecer uma praia nova é sempre bem legal. Só que o carro andava, andava e andava e nada de praia.
– Já, já estaremos lá, Helena!
– Tô com fome!
– Pega o pacote de bolacha que tá na sacola. Disse minha mãe.
Eu já tava cansada de comer bolachas, e nada de chegar naquela tal praia legal que meu pai falou. Devia ter ficado e ter ido na casa do Paulinho com a Joana, isso sim!
– Segura um pouquinho que a gente já tá chegando, Helena. Disse a minha mãe.
Nem bem minha mãe acabou de falar comigo e já deu para eu ver a praia bem na minha frente. E era uma praia muito bonita mesmo. Tava cheia de gente. Tinha certeza que ia ser um dia bem legal.
– Pai, para logo o carro que eu quero entrar no mar!
– Calma, Helena. Você vai ter o dia todo para brincar na água!
Mal chegamos na areia e eu saí correndo na direção do mar. Tava tão feliz que nem lembrei da vontade de fazer xixi e acabei fazendo xixi na água. Mas, não contei pra ninguém, pois eu sei que não é certo fazer isso, e também porque eu não queria que meus pais brigassem comigo.
E foi um dia muito, mas muito legal mesmo. Nada de arroz nem feijão. Foi só batata frita, salgadinho, pastel, coca-cola, sorvete, chocolate… só coisa boa. Meus pais estavam alegres, riam muito com os amigos que encontraram na praia. Eu também fiz um monte de amigos.
Mas, como tudo que é bom, dura pouco, logo o sol foi indo embora e veio a hora da gente ter que voltar pra casa.
– Ah, pai, vamos ficar por aqui, amanhã a gente volta!
– Não dá, Helena, amanhã tenho que trabalhar! Disse o meu pai.
– E você, já brincou bastante por hoje. Agora é só chegar em casa, tomar um bom banho quente, comer uma comidinha bem gostosa, e cama! Disse minha mãe.
Droga! Não teve jeito, arrumamos as coisas e pegamos de novo aquela estrada chata de volta a nossa casa. Só que desta vez, a coisa foi bem pior. Tinha tanto carro, que o carro do meu pai, andava e parava, andava e parava, andava e parava.
– Tá vendo, papai, a gente podia ter ficado na praia!
– Dorme um pouco, Helena, que logo, logo a gente chega na nossa casa! Disse minha mãe.
Meu pai já tava ficando nervoso com aquela coisa de andar e parar. O dia que tinha sido muito legal, não tava terminando nada bem.
– Ainda tá cedo! Com calma, a gente chega bem! Disse minha mãe.
– Acho que vou pegar aquela outra estrada, lá deve estar mais vazio! Disse meu pai.
Com aquele anda e para que tava, eu acabei pegando no sono. Nem vi que meu pai mudou de estrada. De repente, escutei minha mãe gritando bem de longe. E acordei assustada.
– Que tá acontecendo?
– Desce do carro! Desce do carro! Todo mundo! Disse aquele homem com uma toca na cabeça e uma arma apontada pro papai.
– Calma que a gente tá saindo! Disse meu pai.
Nem deu tempo da gente sair direito. Aquele homem, com a ajuda de um outro, puxou a gente pra fora, com tanta força, que a gente até caiu no chão. Depois, os dois entraram no carro do papai e saíram correndo.
– Eles tão levando o carro, papai!
– Vou ligar pra polícia! Disse meu pai!
– E agora?
– Calma, Helena. Não precisa ficar assim. Tá tudo bem! Disse minha mãe, que tava muito preocupada.
Meu pai andava de um lado para outro falando no celular. Minha mãe tava preocupada e chorava sem parar.
– Mamãe, aquele homem roubou o carro do papai! E agora, a gente vai dormir aqui?
– Não, Helena, quando a polícia chegar, a gente vai pra casa! Disse a minha mãe, que se sentou num pedaço de árvore e me colocou ao seu lado. Papai andava nervoso, enquanto falava no celular.
Não sei quanto tempo que a gente ficou esperando a polícia, pois, quando eu acordei, já estava na minha cama. Acordei assustada vendo aquele homem apontando a arma por meu pai.
– Manhê! Paiê!
Eu tava chorando de medo daquele homem, mas era apenas uma lembrança ruim de um dia que tinha sido muito legal. Pena que nem todo homem é bonzinho, né?
Agora eu rezo sempre pra agradecer por nada de ruim ter acontecido com a gente naquele dia, mesmo porque, meu pai já recuperou o carro de novo. Ah, e já tamos preparando as malas para uma nova viagem.
Bom, vou lá acabar de arrumar minhas coisas, senão meu pai vai acabar brigando comigo.

CURUPIRA: O DONO DA FLORESTA

setembro 19, 2014
Nas últimas férias, eu, meu pai e minha mãe, fomos para um Hotel Fazenda. Que lugar mais irado! Andei de tirolesa, andei a cavalo, fiz trilha, brinquei de caça ao tesouro de noite. Todo dia era a maior farra. Tinha um monte de criança lá também e fiz uma porção de amigos. Mas, também tive uma aventura que foi de arrepiar. Achei que nunca mais ia ver minha mãe e meu pai outra vez.
Logo de manhã quando eu cheguei, conheci uma menina, o nome dela era Clara, Clarinha. A gente não se desgrudou um só minuto, era eu no quarto dela, ela no meu quarto, todas as brincadeiras a gente sempre fazia juntas. A Clarinha tinha um irmão. Ôô menino mais chato, viu? Não desgrudava da gente, aonde a gente ia, ele ia atrás, depois eu descobri porque ele não desgrudava da gente.
Quase no dia que ia embora, os tios fizeram uma brincadeira, que era assim: Tinha que se dividir em grupo e ir buscar no meio da floresta uma borboleta. Eu sempre quis caçar borboletas. Os tios deram uma redinha para cada grupo e aquele grupo que chegasse primeiro trazendo a borboleta, ganhava o jogo.
A Clarinha e o Julinho, o Julinho é o irmão grudento da Clarinha, não queriam participar da brincadeira. Eu insistia e eles diziam que não.
– Poxa! Se vocês não forem comigo, não vou poder participar da brincadeira. Todo mundo já formou seu grupo.
– Da outra vez que a gente teve aqui e participou da brincadeira, quase ficamos pra sempre presos na floresta. Disse Clarinha.
– Verdade! Confirmou Julinho, já com a cara de assustado.
Mas de tanto eu insistir, eles aceitaram me acompanhar.
– Só que nós não vamos caçar borboletas, tá? Disse Clarinha.
– Isso pode deixar comigo! Esse sempre foi meu sonho!
Sai correndo em disparada para floresta e quando olhei pra trás, a Clarinha e o Julinho não saíram do lugar.
– Ei, vocês não vêem? Gritei.
A Clarinha e o Julinho se olharam e começaram a andar bem devagar.
– Vamos, gente, assim a gente vai perder a brincadeira!
Chegamos lá no meio da floresta e já sai logo correndo atrás de uma borboleta que passava. A Clarinha e o Julinho ficaram parados, só me olhando. Às vezes eles fofocavam alguma coisa, olhavam, olhavam e não saiam do lugar.
Foi então que percebi uma borboleta bem em cima de um galho que estava bem em cima da cabeça da Clarinha.
– Pssiiuuu!! Não faz barulho! Tem uma borboleta bem aí em cima. Falei bem baixinho.
Comecei a pular pra vê se conseguia alcançar, quando de repente saiu de trás da árvore, um menino verde, de cabelo espetado e de pé virado pra trás. Eu fiquei paralisada.
– Quem você pensa que é para caçar borboletas na minha floresta?
E ali fiquei feito estátua e comecei a chorar. Foi aí que entendi o porquê que os meus amigos não queriam caçar borboletas.
– Oi, seu Curupira! Disse Julinho.
– A gente só está mostrando a floresta. Lembra que você pediu pra gente trazer nossos amigos? Disse Clarinha.
– Mas essa menina estava caçando borboletas. Não estava?
Eu ali, paralisada, só balancei a cabeça dizendo sim.
– Você sabe o que acontece com quem faz isso na minha floresta? Disse o Curupira.
– Por favor, seu Curupira, não faz nada com ela! Disse Clarinha.
– A gente leva ela embora daqui. Disse Julinho.
– Fica presa pra sempre aqui comigo! Disse o Curupira.
Eu não me lembro de mais nada, só sei que cai desmaiada no chão. Quando acordei, estava na enfermaria do Hotel Fazenda com o meu pai e minha mãe do meu lado.
– Tudo bem, Helena, Disse minha mãe.
– Vamos embora daqui, papai! Rápido! Rápido!
– Já estamos de saída. Só faltava você acordar. Disse meu pai.
– O que aconteceu na floresta, hein Helena?
Eu não falei mais nada, levantei, corri para me despedir dos meus amigos, entrei no carro e pedi pro meu pai correr o mais rápido que ele pudesse. Eu só queria ficar bem longe daquele lugar. Vai que o Curupira aparece por ali pra me buscar?
Eu gostei muito do Hotel Fazenda, mas, brincadeira na floresta eu não faço mais, a floresta tem dono e eu tenho certeza que ela é do Curupira.

A Fofoca

agosto 15, 2014
Quando a gente tem uma amiga, a gente pensa que é pra vida toda, mas quando essa amiga que a gente pensa que é nossa amiga, vive espalhando fofoca da gente, a última coisa que a gente quer é ver essa falsa amiga pela frente.
Não devia nem tá contado isso, mas a pior coisa que aconteceu na minha vida foi saber que a minha melhor amiga tava inventando um monte de mentiras de mim. Vocês já passaram por isso? Não? Vou contar o que me aconteceu.
Um dia eu cheguei à escola e tava todo mundo falando mal de mim, não entendi nada. Não tinha feito nada pra ninguém, pra todo mundo ficar falando  mal de mim. Fui então procurar minha amiga Joana.
– Oi Joana, que está acontecendo?
– Não falo com mentirosa!
– Não to entendendo?
– Mas eu tô!
A Joana virou às costas pra mim e saiu em direção da cantina onde estavam algumas meninas. Fiquei sem ação. De repente um menino que eu nem conhecia direito, passou perto de mim e começou a falar:
– A Helena é fofoqueira! A Helena é fofoqueira!
Sentei triste perto do lago dos peixinhos sem bem entender o que tava acontecendo. Foi quando chegou perto de mim a Thalita e puxou assunto comi-go.
– Oi, Helena, tudo bem?
– Não!
– O que aconteceu?
– Eu não sei!
Enquanto eu tava ali conversando com a Thalita, todo mundo passava e apon-tava pra mim. Abracei a Thalita e comecei a chorar.
– Não fica assim, a culpa toda é da Joana!
– Como?
– Eu ouvi dizer que a Joana falou pra todo mundo que você não queria deixar que ela fosse a noiva da quadrilha, porque queria dançar com o Gabriel!
– Argh! Eu odeio aquele garoto!
– Mas, por que tão me chamando de fofoqueira?
– Porque a Joana disse que você inventou um monte de coisa, só pra ser a noiva e dançar com o Gabriel.
Não quis saber de mais nada e fui direto procurar a Joana, precisava tirar essa história a limpo. Eu não tinha falado nada! Na verdade, eu nem queria dançar quadrilha, muito menos ser a noiva! E dançar com o Gabriel? Nem pensar! Procurei a Joana pela escola toda até que a encontrei.
– É verdade o que você fez isso, Joana?
– É verdade que você falou tudo aquilo, Helena?
– Não quero mais ver você!
– Nem eu!
Eu fui para um lado e a Joana foi para o outro. Só nos encontramos na hora do ensaio da quadrilha. Tava todo mundo sentado esperando a professora  escolher com quem cada um iria dançar na quadrilha.
Eu tava sozinha, parecia que tinha feito alguma coisa grave. Pensei até em não participar mais da dança. Olhei e vi a Joana também sentada sozinha. Ela parecia bastante triste também. Pensei até em ir falar com ela, mas não podia falar com uma menina que inventou uma fofoca sobre mim.
Não demorou muito e a professora começou a chamar os pares para formar a quadrilha. A Joana foi chamada para dançar com o Pedro. Ela ficou feliz, pois ela sempre disse que queria dançar com o Pedro.
De repente, a Thalita veio sentar do meu lado.
– Ih, a Joana vai ficar com raiva de você, não conseguiu dançar com o Gabriel.
– Que nada! Aposto que ela ta muito feliz!
– Tudo mundo sabia que a Joana queria dançar com o Gabriel!
– Mentira!
Tive que deixar a Thalita, pois a professora me chamou para dançar com o Fer-nando. Não era quem eu queria, mas ele é bem melhor que o Gabriel.
Quando a quadrilha estava toda formada, a professora chamou os noivos:
– Gabriel e Thalita serão os noivos da nossa quadrilha!
Na hora eu olhei pra Joana e ela olhou pra mim e nós duas olhamos pra Thalita e gritamos juntas:
– A Thalita é mentirosa! A Talita é fofoqueira!
Aí descobrimos tudo, a Thalita é que inventou tudo. Achando que a professora fosse escolheu eu ou a Joana para ser a noiva da quadrilha, ela tratou logo de inventar uma fofoca, jogando eu contra a Joana, assim a professora ficava com raiva da gente e a escolhia para ser a noiva. E o pior é que eu e a Joana acabamos caindo direitinho.
Mas uma coisa ficou de bom nessa história toda. É que eu e a Joana somos realmente muito amigas e jamais a gente falaria mal uma da outra. Quem inventa uma mentira e faz fofoca, não sabe que mal pode fazer. Por causa da Thalita, eu fiquei de mal com a Joana e ela ficou de mal comigo.
A gente pode querer tudo, só não pode prejudicar ninguém pra conseguir o que se quer. E por causa de toda a confusão, eu e a Joana resolvemos cortar nossa amizade com a Thalita. Uma menina, mentirosa e fofoqueira não pode ser uma boa amiga.
Bem, depois de ficar de mal, eu e a Joana estamos de bem de novo. Falando nisso, vou até a casa dela. Quem sabe a gente não encontra alguma coisa legal pra fazer? Uma super aventura, quem sabe?

Brincando com fogo

junho 27, 2014
Essa aventura foi fogo mesmo! Nunca pensei que uma coisa de brincadeira pudesse fazer tão mal pras pessoas. Pode até matar, sabia?
Vou contar direitinho como foi essa história:
Fui com a Joana até a casa do primo dela, o Paulinho, a gente foi passar uma tarde de sábado por lá. Ele mora numa casa que tem um quintal com bastante espaço pra gente brincar.
Acontece que quando a gente chegou perto da casa do Paulinho, a gente nem conseguiu passar, pois estava cheio de gente na rua e um monte de carros de bombeiros parados. Tinha criança chorando, gente gritando… Fiquei muito nervosa.
– Ai, meu Deus! Será que pegou fogo na casa da minha irmã? Gritou a mãe da Joana, já apavorada.
Ela saiu correndo puxando a gente pela mão, quase caí no chão.
– Calma, tia! Reclamei, mas ela nem me ouviu.
– Paulinho!… Paulinho!… A Joana gritava chamado o primo dela, mas, duvido que ele ouvisse alguma coisa! Tava muito barulho. E aquelas sirenes dos carros dos bombeiros, faziam tanto barulho, que nem se ele tivesse do nosso lado ia escutar alguma coisa.
De repente, a mãe do Paulinho saiu sei lá de onde e abraçou a mãe da Joana. Ela chorava muito.
– O que aconteceu? Perguntou a mãe da Joana.
– O Paulinho!… O Paulinho!… Disse ela.
Tinha acontecido alguma coisa com o Paulinho, pois a mãe dele não parava de repetir o nome dele.
– Aconteceu alguma coisa com o Paulinho? Perguntou a mãe da Joana.
Mas, a mãe do Paulinho, abraçava a mãe da Joana e só chorava. Não falava nada.
– Será que aconteceu alguma coisa grave com o Paulinho, Joana?
– Não sei, Helena. Acho que sim, pois minha tia está chorando muito.
Eu já tava muito assustada com tudo aquilo. Não queria que tivesse acontecido nada com o Paulinho, pois a gente tinha vindo brincar com ele.
A mãe do Paulinho levou a gente até onde estava acontecendo o incêndio. Era numa casa de madeira que ficava do lado da casa do Paulinho.
Quando vi aquela casa pegando fogo e aquele monte de fumaça, olhei pra Joana, ela olhou pra mim, a gente se abraçou e começamos a chorar. A gente não sabia se tinha acontecido alguma coisa com o Paulinho, mas a gente já está morrendo de medo que tivesse acontecido.
– Paulinho!… Paulinho!…
A gente gritava o mais alto que a gente podia. De repente, do meio daquela fumaça, saiu um bombeiro trazendo o Paulinho pelas mãos. Os dois estavam cheios de pó. A mãe do Paulinho saiu correndo e abraçou ele com toda força.
– Graças a Deus! Falou a mãe do Paulinho quando o abraçou.
O Paulinho se soltou de sua mãe e tirou de debaixo da camisa, um gatinho. Coitado do bichinho, tava todo assustado. Uma menina veio correndo e pegou o gatinho da mão do Paulino e começou a chorar.
– O que aconteceu aqui? Perguntou novamente a mãe de Joana.
– Sabe o que foi, tia? Alguém soltou um balão e caiu bem em cima dessa casa. Disse o Paulinho.
– E daí? O que tem um balão cair na casa? Perguntei para o Paulinho.
– Acontece Helena, que o balão é uma brincadeira muito perigosa, pois o balão carrega fogo e quando cai, pode causar um grande incêndio. Disse a mãe de Joana.
– Por isso que a professora disse que é perigoso soltar balão. Não lembra, Helena?
– É mesmo! Então é melhor não soltar balão, não é mesmo?
Os bombeiros demoraram um tempão para pagar o fogo daquela casa. Ainda bem que a casa estava abandonada e não morava ninguém nela, senão?…
– Bom, já que passou o susto, que tal a gente tomar um suco com uns bolinhos de chuva, hein? Disse a mãe do Paulinho.
E pensar que por causa de uma brincadeira de soltar balão, uma casa pegou fogo e quase o Paulinho morreu queimado por tentar salvar um gatinho que estava lá dentro.
Brincar com fogo, tô fora! Soltar balão, tô fora!
Depois que eu vi aquela casa pegando fogo, nunca mais quero saber dessa brincadeira. O fogo é mesmo fogo! Ainda bem que ficou tudo bem, porque depois daquele susto, eu, a Joana e o Paulinho, aprontamos um montão na casa dele.
E foi isso! Quase que uma tarde que era ser só de brincadeira, acabou por causa de uma outra brincadeira. Mas espero que vocês nunca passem por um susto desses, pois um incêndio é coisa que dá muito medo e soltar balão não tem nada de brincadeira. É, brincar com fogo é sempre muito perigoso. Agora eu sei.

A gente quer paz

maio 9, 2014
Essa história que eu vou contar pra vocês agora, não tem nada de aventura, nem de alegre, pra falar a verdade, ela é muito triste, pois fala de uma briga muito grande que teve lá no meu colégio. Vou contar tudo.
Aquele dia tinha tudo pra ser um dia bem legal. Era o dia de gincana geral na escola. É que lá na minha escola, uma vez por ano, tem a gincana geral. Tem muita brincadeira, jogos e muita diversão. A gente faz a maior bagunça nesse dia!
– Então, Joana, trouxe muitas prendas?
– Trouxe um monte de latinha! E você, Helena?
– Eu trouxe um monte de garrafa de plástico.
– Desta vez a nossa classe vai ganhar!
Não demorou muito pra começarem os jogos. Era o primeiro ano contra o segundo ano, o terceiro contra o quarto, até o pessoal do nono ano participava da nossa gincana.
De repente, começou uma confusão com os meninos do nono ano que fez todo mundo sair correndo. Fizeram uma roda em volta do Zé Augusto e começaram a chamá-lo do apelido que ele não gostava.
– Palito Zoiudo! Palito Zoiudo!
E mais e mais gente foi chegando na roda e gritando o apelido do Zé Augusto. Ele tava muito nervoso. Muita gente gritava pro pessoal parar de chamar o Zé Augusto de “Palito Zoiudo”, mas, aqueles meninos chamavam mais alto. Coitado do Zé Augusto! Ele é tão legal! Não sei por que essa coisa de ficar dando apelido pro’s outros, a gente não tem nome?
A tia Célia chegou bem brava e acabou logo com a brincadeira daqueles meninos sem graça. E na primeira oportunidade, o Zé Augusto saiu correndo pro banheiro. Ficou lá um montão de tempo. Quando ele saiu, eu e a Joana corremos pra falar com ele.
– Zé Augusto, não fica assim! Eu falei pra ele.
– Não liga, esses meninos são todos bobos! Disse a Joana.
Mas ele passou pela gente e nem ouviu. Ele tava vermelho de raiva. Tava até chorando. Subi pra classe, correndo. Alguns meninos que o viram subindo, ainda chamavam: Palito Zoiudo! Palito Zoiudo!
– Ei, vocês não vão jogar queimada? Disse a Thalita já nos chamando.
Mesmo com pena do Zé Augusto, eu e a Joana fomos com a Thalita para o jogo de queimada.
A nossa classe ganhou quase todos os jogos e na hora de contar as prendas, perdemos por causa de duas latinhas.
– Poxa, Joana, você podia ter trazido mais latinhas, né?
– Por que você não trouxe? Respondeu a Joana.
– Mas eu trouxe um montão de garrafas!
– Eu também trouxe um monte de latinhas!
De repente a gente ouviu uma nova gritaria vinda lá no meio do pátio.
– Olha lá, o Zé Augusto está brigando com o Renato! Disse a Thalita.
Na hora, eu e a Joana paramos de brigar e corremos pr’o pátio onde os dois estavam brigando. Os meninos do nono ano gritavam o apelido do Zé Augusto, sem parar.
– Palito Zoiuido! Palito Zoiudo! – Pega ele, Renato!
Mas, o Zé Augusto estava muito bravo. Nunca tinha visto o Zé Augusto tão bravo assim. Ele bateu tanto no Renato que saiu até sangue do rosto dele. Quando o Renato caiu no chão, os meninos foram pra cima do Zé Augusto e começaram a bater nele. Todo mundo junto.
Eles iam batendo no Zé e gritando o apelido dele. E ele gritava que todo mundo ia se vê com ele.
De uma hora pra outra, a roda do pessoal que batia no Zé abriu, bem na hora que chegaram os tios da segurança pra acabar com a briga. Só que quando a roda abriu, um menino do nono ano que eu não me lembro o nome, caiu segurando a barriga cheia de sangue.
Os tios da segurança seguravam o Zé Augusto que tinha uma faca suja de sangue na mão. Na verdade não era uma faca, mas parecia.
E aquele que tinha tudo pra ser um dia super legal, acabou de uma maneira muito triste. E tudo porque os meninos estavam chamando o Zé Augusto pelo apelido que ele não gostava. Se a gente tem nome, pra que apelido?
Quando alguém chama alguém pelo apelido, eu fico muito brava, pois por causa dessa coisa de apelido, o Zé Augusto machucou aquele menino e acabou sendo expulso da escola.
Ah, o outro menino? Ficou bom. Na verdade foi só um arranhão. Agora, ele fica no recreio com a turma do Ensino Médio, chamando o Pedro, de “camarão gordo”.
Eu já falei pra minha mãe e pro meu pai, que se alguém inventar algum apelido pra mim, vou querer sair na hora da escola, pois não quero ter que um dia fazer o que o Zé Augusto fez. Porque quando a gente fica com raiva, sempre faz coisas que não deve. Meu pai sempre diz isso!
Bom, agora vou indo, pois tenho uma prova muito difícil de matemática e preciso estudar, senão, acabou ficando de recuperação e vou ficar sem parte das minhas férias. Esse ano o papai tá prometendo me levar para um Hotel Fazenda, mas pra isso, preciso passar de ano.
Então, tchauzinho pra tudo mundo!

Não se mexe com quem está quieto

abril 4, 2014
Essa aventura doeu muito. Nunca senti tanta dor que nem aquele dia. Eu bem que avise pro Paulinho que não ia dar certo, mas sabe como é menino, né? Se acha um valentão. Só que quem acabou sofrendo, foi eu e a Joana. Vou contar como foi.
O Paulinho veio passar o dia na casa da Joana, acho que era sábado. Será que era sábado? Era sábado sim, pois eu lembro que fiquei o domingo todo sem poder sair da cama.
– Que tal a gente ir até o terreno do seu Zé? Disse o Paulinho.
– Fazer o quê? Respondeu Joana ao Paulinho.
– Ah, eu não quero! Pô, Joana, você falou que ia brincar comigo lá em casa.
– É, Paulinho, não vai dá! Eu e a Helena vamos brincar de outra coisa.
Mas, não adiantou a gente falar. O Paulinho ficou enchendo, até a gente ir com ele lá no terreno do seu Zé.
– Tem uma coisa bem legal que eu quero mostrar pra vocês! Disse o Paulinho.
E sabe como é menina, né? Adora saber das coisas. Então, fomos eu, a Joana e o Paulinho lá pro terreno do seu Zé atrás da grande coisa que o Paulinho tinha para mostrar pra gente.
– Ei, aonde vocês vão, hein? Perguntou o seu Zé.
– Vamos catar carambola! Disse a Joana, pois eu não gosto de carambola.
– Não vão me cair da árvore, hein?
– Pode deixar seu Zé, quem vai subir na arvore vai ser o Paulinho.
Pegamos a chave do portão do terreno e saímos correndo. Quando a gente chegou lá, tava cheio de carambolas espalhadas pelo chão e um monte de folhas caídas. O Paulinho e a Joana começaram a comer as carambolas que tavam no chão mesmo.
– Ai, que nojo! Vocês nem vão lavar isso!
– Deixa de frescura, Helena! Disse o Paulinho.
– Gostoso é comer assim! Falou a Joana, enquanto separava outras carambolas que tavam caídas em volta da árvore.
Eu não tava achando nenhuma graça naquilo. Não via nada diferente no terreno do seu Zé e não via graça nenhuma em comer carambolas. De repente, uma abelha começou a rodear a Joana.
– Cuidado, Joana! É uma abelha!
Foi aí que o Paulinho contou a tal novidade que ele queria mostrar. Uma colmeia de abelhas no meio do pé de carambolas.
– É só a gente não mexer com elas, que elas não vão fazer nada com a gente.
– Isso mesmo, Joana.
Mas, sabe como é menino, né? Todo valentão! Tinha que mexer com que estava quieto. Foi só o Paulinho cutucar a colmeia com um pedaço de galho velho, que saiu de dentro dela umas duzentas abelhas.
– Foge! Foge! Gritou o Paulinho, já saindo correndo em direção ao portão.
Eu e a Joana ficamos ali, paralisadas de tanto medo. A gente só conseguia gritar:
– Socorro! Socorro!
Não demorou muito e as abelhas já tinham coberto eu e a Joana. Como a gente tomou picada! Doía tanto! A gente só gritava:
– Socorro! Socorro!
Peguei um pedaço de galho velho e comecei a bater nas abelhas, mas parecia que quanto mais eu batia, mas elas picavam a gente.
– Para, Helena! Assim elas não vão parar de picar a gente!
– Mas, a gente precisa tirar elas de cima da gente!
A sorte foi que o Paulinho foi chamar o seu Zé, porque senão, as abelhas tinham acabado com a gente. Não sei o que ele fez para espantar aquele monte de abelha de cima da gente, mas, o meu corpo e o da Joana ficaram todo inchado de tanta picada.
Quem mandou mexer com quem tava quieto. O Pior é que o Paulinho que cutucou a colmeia, não levou nenhuma picada sequer! Até hoje ainda tenho marcas das picadas das abelhas. Ah, a Joana também! Tem uma marca bem grandona bem no meio da bochecha dela.
E sabe como é menino, né? O Paulinho, que armou aquela confusão toda, foi contando pr’os outros meninos que salvou a gente das abelhas. Mas, sabe como é menina, né? A gente espalhou pra todo mundo que ele não salvou nada, saiu correndo com medo das abelhas.
Mas, o Paulinho ainda me paga. Ele vai ver só!

A visita do Chicão

janeiro 26, 2014
Essa história até parece mentira, mas não é não, viu? Aconteceu de verdade. E foi uma aventura sem igual. Na verdade, foi a maior confusão no meu prédio e na minha casa, isso sim! Mas, deixa eu começar logo a história que aí vocês vão entender tudo direitinho.
Eu tenho dois primos que moram no interior, o Antonio e o João. No fim do ano passado, eles e os meus tios vieram passar o Natal e o Ano Novo na minha casa. Eu não via a hora deles chegarem, pois depois que eles pegaram um saci e colocaram numa garrafa na minha frente, eu precisava fazer uma coisa bem legal pra eles também. Já era véspera de Natal e nada deles chegarem.
-Eles estão demorando, né mãe?
-Deve ser o trânsito na estrada, filha. Nessa época, muitas pessoas vão viajar.
Eu me sentei no sofá já impaciente. Não demorou muito e tocou a campainha.
-Eles chegaram, mamãe! Eles chegaram!
Minha mãe foi e abriu a porta, era só minha tia.
-Cadê os primos? Perguntei
Ela nem me respondeu. Mas, foi só ela entrar pela porta do meu apartamento pra eu lembrar de toda aquela chateação.
-Como você cresceu, hein Helena? – Disse a minha tia já apertando a minha bochecha.
-Onde estão os primos, tia? Perguntei, já aflita.
Minha mãe tratou logo de acomodar a minha tia no sofá, pois ela parecia um pouco cansada da viagem.
-Você pode me ver um pouco d’água? Pediu a minha tia para minha mãe?
-Claro que sim! – Disse a minha mãe já saindo em direção a cozinha para buscar a água.
E eu ali, aflita por não ver os meus primos.
-Feche a porta, Helena! – Gritou a minha mãe da cozinha.
-Mas, tia, cadê os primos?
-Eles já estão subindo, Helena. É que eles ficaram para ajudar o tio a trazer aqui pra cima, o Chicão.
Caí de costas no sofá na mesma hora. Não acreditava no que tinha acabado de ouvir. O sofá fez uma barulhão que levei até uma bronca.
– Para de pular no sofá, Helena! – Gritou a minha mãe lá da cozinha.
Mas eu não tinha pulado no sofá, eu tinha caído de susto com o quê a minha a tia tinha acabado de me falar.
– Vocês trouxeram o Chicão?
– Claro! Você acha que a gente ia passar essas festas aqui no bem bão e deixar o Chicão sozinho lá no sítio?
Coloquei a mão na cabeça e disse:
– Isso não vai dar certo!
Minha mãe voltou pra sala trazendo a água pra tia, na mesma hora tocou a campainha.
-Atende a porta, Helena. – Falou a minha mãe já engatando uma conversa bem animada com a minha tia.
Fui lá, abri a porta e, assim que o tio entrou, carregando as malas, não deu outra. Lá foi ele apertar a minha bochecha.
– Como você cresceu, hein Helena?
– Mas, cadê os primos? – Perguntei mais aflita ainda.
– Eles estão vindo de escada.
E foi logo sentar ao lado da minha tia. Tirou o copo de água da mão dela e bebeu num gole só, o resto de água que ainda tinha no copo!
– Como estão os preparativos, hein minha irmã? Perguntou meu tio para minha mãe.
– Já tá tudo quase pronto. Só falta terminar de preparar a ceia. – Disse a minha mãe.
Enquanto eles conversavam, eu fiquei parada na porta para tentar impedir que os primos entrassem com o Chicão pelo meio da sala. Minha mãe não ia gostar nadinha de ver um porco enorme andando em cima do tapete novo dela.
Isso mesmo, Chicão é o nome de um porco enorme que meus tios criam lá no sítio. Pros primos terem vindo de escada, o Chicão deve ter dobrado de tamanho.
De repente, veio um grito lá da escadaria debaixo.
– Socorro!!! Tem um porco solto na escadaria.
Era a voz de Dona Benedita, a síndica do prédio assustada com o Chicão que tinha se soltado dos primos e vinha subindo a escada assustado.
Com o grito, minha mãe e os tios também saíram na porta pra ver o que estava acontecendo. Bem nessa hora, o Chicão apareceu na ponta da escada e ao ver os tios, correu direto na direção deles. Os primos chegaram logo atrás, exausto.
Minha mãe quando viu aquele porco indo na sua direção só teve tempo de dá um grito e cair desmaiada no chão.
Quando a minha acordou, a confusão tava formada. A Dona Benedita estava gritando na porta da nossa casa. Os tios e os primos com o Chicão no meio da sala. E a festa de Natal acabou antes mesmo de começar.
– Esse porco não vai ficar aqui dentro de jeito nenhum. – Disse a minha mãe muito brava.
– Se a família não pode ficar unida, a gente vai tudo embora agora – Disse meu tio.
Eles consideram o Chicão da família. E não deu outra. Os tios e os primos passaram a mão nas malas, pegaram o Chicão e foram embora. Até tentei convencer a mamãe.
– Deixa o Chicão ficar, mamãe!
Mamãe não quis saber. E as aventuras que eu tinha planejado em viver com os primos acabaram ali, na visita do Chicão.
                                                           – FIM –