"A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo. (Nelson Mandela) "

terça-feira, 12 de abril de 2016

CULPADO DE SER INOCENTE

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Culpada de ser Inocente - Teatro CristãoLucas 18 ; 16 Jesus, porém, chamando-as para junto de si, ordenou: Deixai vir a mim os pequeninos e não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus.

Abordagem do tema Meninos de Rua

Quando está chegando o dia das crianças, é um bom momento para refletir sobre este problema.

 

(O menino está sentado e cabisbaixo no centro do palco. Luzes apagadas e apenas uma luz sobre o menor. Os adultos estão de pé ao redor do menino ou em meio ao público. Eles dirigem acusações ao menor).

 

Adulto 1: Olha o menino que eu vi naquela esquina limpando pára-brisas que já estavam limpos.

 

Adulto 2: Hei! Você é o menino que eu vi naquela esquina vendendo balas que ninguém queria.

 

Adulto 3: É sim! É aquele que eu vi naquela rua guardando carros que já estavam guardados.

 

Adulto 4: é nós vimos ele derrubando velhos.

 

Adulto 5: Mulheres e pessoas distraídas.

 

Adulto 6: E saía correndo entre os carros.

 

Adulto 7: Levando o dinheiro que roubava quando eles estavam no chão.

 

Adulto 8: Sabe como é que te chamam?

 

Adulto 9: Sabe do que te chamam nos jornais que você vê na bancas? Aqueles que você não sabe ler?

 

TODOS - Menino abandonado! Isto! Menor abandonado!

 

Música

 

Adulto 1: Disseram que você não tem família.

 

Adulto 2: Que nada! Às vezes eles tem mãe.

 

Adulto 3: E até pai...

 

Adulto 4: ...Mas é o mesmo que não os tivesse.

 

Adulto 5: Disseram que você é um pequeno marginal.

 

Adulto 6: Disseram que você é um estudante na escola do crime.

 

Adulto 7: Disseram que você é o ladrão de amanhã.

 

Adulto 8: è o assassino de depois de amanhã.

 

Adulto 9: Disseram que vocês já são oito milhões no Brasil.

 

Adulto 1: E noventa milhões no mundo.

 

Adulto 2: Dizem ainda que você não vai a escola.

 

Adulto 3: Que fuma escondido e até passa maconha...

 

Adulto 4: Dizem que você tem revolta no coração.

 

Adulto 5: Que não tem nenhuma noção de moralidade.

 

Adulto 6: E muito menos formação humana.

 

Adulto 7: É verdade que você passa frio?

 

Adulto 8: É verdade que você passa fome?

 

Adulto 9: É verdade que você dorme debaixo da ponte?

 

Adulto 1: Ou debaixo das marquises?

 

Adulto 2: Ou dentro dos bueiros?

 

Adulto 3: É verdade que você precisa entregar 20 reais todos os dias para os seus pais?

 

Adulto 4: É verdade que às vezes você apanha quando volta para casa sem o dinheiro?

 

Adulto 5: É verdade que você não sabe quem é Deus, nem quem é Jesus, nem o que faz o Espírito Santo?

 

Adulto 6: É verdade que você que a maioria dos adultos não o cumprimenta?

 

Adulto 7: Nem te olha?

 

Adulto 8: Nem fala com você?

 

Adulto 9: É verdade que poucos notam que você existe lá na esquina onde fica?

 

Adulto 1: Dizem tantas coisas a seu respeito.

 

Adulto 2: Você não sabe disso, mas já se tornou um problema histórico.

 

Adulto 3: E cada vez que se fala em vocês sabe o que se comenta?

 

Adulto 4: “Alguém deveria dar um jeito nestes moleques”.

 

Adulto 5: “Estes pivetes precisam ser trancafiados!”.

 

Adulto 6: “Boa gente é que não vai dar!”.

 

Adulto 7: “Se um deles tentar, se bobear comigo, por Deus do céu que eu mato o primeiro que pegar”.

 

Adulto 8: “Coitadinhos...”.

 

Adulto 9: “Crescem sem amor e sem carinho de ninguém...”.

 

Adulto 1: Mas seria possível arranjar casa deles.

 

Adulto 2: Nem seria possível arranjar casa para todos.

 

Adulto 3: Seria preciso uma cidade.

 

Adulto 4: Uma cidade não. Um estado.

 

Adulto 5: De milhões de habitantes!

 

Adulto 6: Alguém já disse que não há recursos para vocês.

 

Adulto 7: Mas continuam erguendo monumentos...

 

Adulto 8: E financiando bancos falidos...

 

Adulto 9: Gastando bilhões cobrindo rombos da previdência.

 

Adulto 1: Viu só no que deu vocês terem nascido?

 

Adulto 2: Viu só menino?

 

Música triste

 

(o menino lentamente levanta a cabeça, permanece sentado e fala para os que o acusam e para a platéia com ar de indignação).

 

- O que não disseram é que para cada menor abandonado há 2 adultos que abandonam;

- O que não disseram é que vocês adultos (com o dedo em riste) quase nunca compram os doces que vendemos e nem mesmo tem um emprego para nos dar;

- O que não disseram é que quando batemos carteira, não é simplesmente pelo prazer de roubar que o fazemos, mas pra comprar aquele pedacinho de pão que vocês adultos se recusaram a nos dar;

- O que não disseram é que enquanto se promove sexo e violência ninguém se lembra de falar do nosso problema;

- O que não disseram é que vocês adultos ficam nos culpando como se nós fossemos os responsáveis pela situação em que vivemos, quando nem mesmo pedimos para vir a este mundo;

- O que não disseram é que vocês adultos, vocês que se dizem cristãos, nos vendo à porta das vossas igrejas jamais nos convidam a entrar nelas;

- O que não disseram é que ninguém nunca nos falou de Deus, nem de Jesus, e nem mesmo o que faz este tal de Espírito Santo;

- O que não disseram é que vocês adultos sabem como fazer gente com a gente, mas não sabem o que fazer com gente como a gente...

 

(os que o acusaram anteriormente, passam a falar agora moderadamente expressando sentimento de culpa).

 

Adulto 3: Hei! Menino que eu vi naquela rua limpando pára-brisas que já estavam limpos.

 

Adulto 4: Você que eu vi naquela esquina vendendo balas que ninguém queria.

 

Adulto 5: Pobre menino que eu vi naquela rua guardando carros que já estavam guardados.

 

Adulto 6: Você deveria ter limpado as nossas mãos.

 

Adulto 7: E as mentes de todos nós que passamos por aquela esquina.

 

Adulto 8: E paramos confortavelmente instalados em nossos carros novos.

 

Adulto 9: Porque nós temos dinheiro para comprá-los.

 

Adulto 1: E para ir ao cabeleireiro e a festas.

 

Adulto 2: A shows e restaurantes.

 

Adulto 3: Dinheiro para férias e viagens.

 

Adulto 4: Roupas da moda e whisky importado.

 

Adulto 5: Só que não temos consciência para mostrar que entendemos a sua triste situação.

 

Adulto 6: De pedir esmola estendendo uma pequena mão de mendigo...

 

Adulto 7: Menino que nós vimos naquela esquina.

 

TODOS : Desculpe!

 

  


AutorDesconhecido


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OS TRÊS PORQUINHOS E AS TRÊS EDIFICAÇÕES

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OS TRÊS PORQUINHOS E AS TRÊS EDIFICAÇÕES
Versão do conto de fadas direcionada à vida espiritual.

Três porquinhos e um lobo-mau

PERSONAGENS:
PORQUINHO I
PORQUINHO II
PORQUINHO III
LOBO-MAU
 
  
ATO I
 
CENÁRIO: Floresta. No meio dela a fachada de uma casa de feno. Essa casa deve ter no mínimo uma porta. Essa “edificação” deverá ser fácil de ser derrubada, para que facilite na cena do lobo derrubando a casa.
(Em cena o Porquinho I. Ele está todo orgulhoso, observando sua criação.)
PORQUINHO I: (Secando o suor do rosto) Enfim... está pronta. Não é bem aquilo que eu sonhava, mas dá para um começo. É... é um começo bem humilde. Ah, dá para se abrigar do sol, do sereno. Vai ser um humilde começo, mas todo mundo precisa de um começo.
SONOPLASTIA: Leão.
PORQUINHO I: (Amedrontado) Um leão. Vou me esconder.
(Porquinho I entra na casa e fecha a porta.)
(Entra em cena o Lobo-Mau. Pará bem próximo a porta da casa e continua a rugir. Subitamente, o Lobo para de fazer barulho. Ele fica estudando a casa.)
LOBO-MAU: (Fazendo como se tivesse farejando algo) (Em tom de cochicho) Estou sentindo um cheirinho de comida. (Lambendo-se) Hum!
(Ingenuamente, o Porquinho I abre uma fresta da porta. Lobo-Mau esconde-se numa posição na qual não será possível Porquinho I avistá-lo. Porquinho I dá uma sondada. Bastante desconfiado, estuda melhor o território.)
PORQUINHO I: Tem alguém aí?
LOBO-MAU: Não.
PORQUINHO I: (Ingênuo) Que bom! O leão já deve ter ido embora.
LOBO-MAU: (Por estar muito próximo ao feno isso lhe causa alergia) Atchim! Esse feno!
PORQUINHO I: (Amedrontado) Q-quem está aí?
LOBO-MAU: (Saindo do esconderijo) Sou eu.
PORQUINHO I: Q-quem é você?
LOBO-MAU: Não está me reconhecendo?
PORQUINHO I: Você não me é familiar.
LOBO-MAU: Sou o Lobo-Mau.
SONOPLASTIA: Leão.
PORQUINHO I: Você é o primeiro lobo que conheço que ruge. Devia trabalhar no circo.
LOBO-MAU: Tá me achando com cara de palhaço? Eu não sou o Leão, mas rujo como ele.
PORQUINHO I: Então, você é um lobo?
LOBO-MAU: Sou... é, mas fique tranquilo. (Em tom de cochicho) Eu sou vegetariano. E não aprecio carne de leitão. Sou chegado mesmo numa (fazendo cara de nojo) alface, (demonstrando estar com náuseas) couve...
PORQUINHO I: Mas você é mau?
LOBO-MAU: É-é-é... o “mau” é de família. Não se preocupe. Não tem nada a ver com minha personalidade.
PORQUINHO I: E-eu não acredito em você.
LOBO-MAU: (Furioso) Eu sou lobo. Adoro um leitão pururuca. E sou mau, muito mau.
PORQUINHO I: O que você vai fazer?
LOBO-MAU: (Rindo) Há! Há! Vou derrubar sua casinha.
PORQUINHO I: (Fechando a porta) Minha casa não cai.
LOBO-MAU: (Sarcástico) De que é a sua edificação?
PORQUINHO I: Ela parece de feno...
LOBO-MAU: Ela é de feno.
PORQUINHO I: Não é não.
LOBO-MAU: É sim.
PORQUINHO I: Não é.
LOBO-MAU: Ela é de feno...
PORQUINHO I: (Abrindo novamente a porta) Por fora. Por dentro ela é de... de... o mais puro concreto. O feno é só para tapear o bobo do lobo.
LOBO-MAU: Eu não acredito em você. Só diz isso porque está com medo. Sei que a tua vida é como a tua casa: de feno. Sem firmeza.
PORQUINHO I: O que?
LOBO-MAU: Você não tem firmeza em nada do que faz. É sua marca registrada. Você sempre vai a igreja...
PORQUINHO I: (Orgulhoso) Reconheço que sou um crente fiel.
LOBO-MAU: Você nunca se converteu.
PORQUINHO I: Fique você sabendo que vou aos cultos todos os domingos.
LOBO-MAU: Você está lá, mas seus pensamentos estão a quilômetros de distância.
PORQUINHO I: Não é verdade. Tá certo que às vezes eu... até me distraio um pouco. Mas isso esporadicamente.
LOBO-MAU: Na hora da oração você boceja e não para de olhar para o relógio.
PORQUINHO I: Afinal, quem é você? Como você sabe?
LOBO-MAU: Adivinhei, não é?
PORQUINHO I: Como você sabe? Frequenta minha igreja?
LOBO-MAU: (Sarcástico) Digamos que sim.
PORQUINHO I: Já sei! Você é o acusador. (Fecha a porta) Vá embora!
LOBO-MAU: Não vou não. Você não tem firmeza. Até diz que aceitou Jesus, mas isso é mentira. (Furioso) E você já me deixou nervoso.
SONOPLASTIA: Leão.
PORQUINHO I: Você é aquele que ruge como leão. Por que não uiva, late, ou sei o que lá, como os teus parentes? Acho que você tem crise de identidade.
LOBO-MAU: Não me amole. Sei que as provações da vida... Qualquer ventinho te abala. Eu vou derrubar teu barraco. (Dá uma lustrada nas unhas) Para isso eu só preciso disso. (Dá um sopro bem suave)
(A casa do Porquinho I cai. Ele sai dos “escombros” amedrontado).
LOBO-MAU: Foi-se a sua casa. Agora eu vou pegar você.
PORQUINHO I: Por favor não, seu lobo.
(Porquinho I corre até a saída)
SONOPLASTIA: Leão.
LOBO-MAU: Eu vou te pegar.
(Lobo-Mau vai atrás do Porquinho I. Sai de cena)
 
(Cortina)
 
ATO II
 
CENÁRIO: Floresta. No meio dela a fachada de uma casa de madeira. Ela deve ter uma porta, talvez até uma janela. Essa fachada deve estar disposta de tal forma que possa cair com facilidade, e que isso ocorra sem colocar em risco a vida dos atores.
(Em cena Porquinho II. Ele está com um pincel e um balde de tinta.
Está dando os últimos retoques em sua casa.)
(Entra em cena Porquinho I. Amedrontado, corre até o Porquinho II.)
PORQUINHO II: O que foi, mano?
PORQUINHO I: (Sem fôlego) O lobo, o lobo...
PORQUINHO II: O que é que tem o lobo?
PORQUINHO I: Ele... ele está vindo aí. Ele derrubou minha casa. (Ajoelhando-se, suplica) Deixe-me abrigar em sua casa.
PORQUINHO II: Bem que eu te falei que o feno não é bom material para construção. Mas cadê o lobo?
PORQUINHO I: Não sei. Acho que é um lobo meio fora de forma, e eu acabei deixando-o na poeira.
PORQUINHO II: (Rindo) Quando você está com medo, não tem quem te alcance.
PORQUINHO I: Ele já deve estar chegando. Me deixe entrar, mano.
PORQUINHO II: Entra aí. Minha casa ele não vai derrubar.
PORQUINHO I: Obrigado, mano.
PORQUINHO II: Leva para mim este balde de tinta. Eu vou ter uma conversa com esse lobo.
(Porquinho I apanha o pincel e o balde e entra na casa.)
 
SONOPLASTIA: Leão.
 
PORQUINHO II: Rugido? Mano, você não disse que era lobo?
PORQUINHO I: É lobo.
PORQUINHO II: Então fim de problema. Um leão comeu esse lobo.
PORQUINHO I: É um lobo que ruge.
PORQUINHO II: Um lobo com crise de identidade.
LOBO-MAU: Porquinho, cadê você? Eu não vou te fazer mal. Só quero conversar. Talvez te passar umas dicas de construção.
PORQUINHO I: (Amedrontado) Ele tá vindo aí. (Bate a porta).
(Entra em cena o Lobo-Mau.)
LOBO-MAU: Cadê teu irmão?
PORQUINHO II: O que você quer com ele?
LOBO-MAU: Digamos que eu quero convidá-lo para o jantar.
PORQUINHO II: Mano, ele é amigo. Tá até querendo te convidar para uma refeição.
LOBO-MAU: Adoro um torresminho. (Lambendo-se) Hum!
PORQUINHO II: (Engolindo em seco) Torresminho? Acho que essa conversa está ficando meio quente demais. (Em tom de cochicho) Mano, não trave a porta.
PORQUINHO I: (Oculto) Você está com medo?
PORQUINHO II: (Gaguejando) M-medo e-eu, não. De jeito nenhum.
LOBO-MAU: Vejo que você também tem uma casa.
PORQUINHO II: N-não se aproxime. Eu tô armado. Uma pessoa nervosa pode cometer uma tragédia.
LOBO-MAU: Sei que você não está armado.
PORQUINHO II: Estou sim.
LOBO-MAU: Ah sei. Para um crente a sua arma é a Bíblia. Mas acredito que teu armamento nem bala não têm. (Desafiador mostra-lhe o peito) Manda bala nesse peito.
PORQUINHO II: Eu vou lembrar de um versículo que vai arrancar o teu pelo. Espere para ver.
LOBO-MAU: Você não vai lembrar do que não leu. Você nunca lê a Bíblia.
PORQUINHO II: (Pensativo) É, eu tenho negligenciado a leitura da Bíblia esses últimos dias.
LOBO-MAU: (Insinuativo) Só a leitura? (Noutro tom) Vejo que também construiu uma casa.
PORQUINHO II: É muito sólida minha construção.
LOBO-MAU: Teu irmão também achava isso. Sei que você construiu essa casa da maneira que você vive. Em especial tua vida espiritual. E a rima não foi proposital.
PORQUINHO II: Não estou entendendo sua acusação.
LOBO-MAU: (Indo em direção ao Porquinho II) Eu te explico.
PORQUINHO II: (Ameaçando estar armado) Não se aproxime.
LOBO-MAU: Você aceitou Jesus...
PORQUINHO II: Há bastante tempo.
LOBO-MAU: Trabalha na igreja...
PORQUINHO II: (Estufando o peito) Pois é, faço parte do louvor. Isso com muita humildade. Mas tenho que confessar que sou o melhor do grupo.
LOBO-MAU: Sei que essa pose já se desmancha. Você é só casca.
PORQUINHO I: (Oculto) Mano, cuidado! Ele não passa de um acusador de meia tigela.
LOBO-MAU: Fique quieto, “senhor coragem”! E apareça.
PORQUINHO II: Não fala assim com o meu mano.
LOBO-MAU: Os teus pensamentos não se converteram. Suas atitudes idem. As dificuldades financeiras te abalam. Você chegou a culpar Deus por ter conseguido construir apenas uma casa de madeira. Você questiona: “Por que prosperam os ímpios?”
PORQUINHO II: Como você sabe? Eu nunca contei isso a ninguém.
LOBO-MAU: Um passarinho me contou.
PORQUINHO II: (Ingênuo) Não dá para confiar em ninguém nessa floresta.
PORQUINHO I: (Abrindo uma fresta da porta) Ele também descobriu os meus pensamentos.
LOBO-MAU: O senhor covarde, você está aí?
SONOPLASTIA: Leão.
PORQUINHO II: (Com medo) Acho que está ficando meio tarde. Vou entrar. Boa noite, seu lobo!
(Porquinho II entra na casa e fecha a porta.)
LOBO-MAU: Tô vendo que encontrei os irmãos covardes. (Sarcástico) Que além da coragem tem em comum a habilidade na construção. Eu vou soprar e derrubar esse barraco.
PORQUINHO II: (Arrogante) Minha casa você não derruba. Ela foi feita de madeira nobre. Eu mesmo construí. Ela é a mais bela da região.
LOBO-MAU: A madeira pode ser nobre, mas as suas atitudes de cristão estão muito longe da nobreza.
PORQUINHO II: (Abrindo a porta, num ato infantil, mostra-lhe a língua) O lobo não é de nada.
(Furioso, o Lobo-Mau toma fôlego e sopra.)
SONOPLASTIA: Vendaval.
(A casa cai. Nos “escombros”, para dar comicidade a cena, os dois porquinhos estão abraçados, com medo. Percebendo o acontecido fogem para fora de cena.)
LOBO-MAU: Se quero jantar hoje, lá vou eu!
(Lobo-Mau vai atrás dos dois.)
SONOPLASTIA: Leão.
(Cortina)
 
 
ATO III
 
CENÁRIO: Floresta. No meio dela a fachada de uma casa de alvenaria. Essa será a casa que não será derrubada. Ela deverá ter uma melhor aparência em comparação as duas anteriores. Deverá ter no mínimo uma porta.
(Em cena Porquinho III. Ele tem nas mãos ferramentas de pedreiro: pá, trena, martelo, capacete. A cena indica que ele acabara de concluir a construção.)
PORQUINHO III: (Orando) Senhor, eu te agradeço por cada tijolo erguido nessa obra. Sei que foi pela tua graça que conquistei mais uma vitória. Foi com muita luta, falta de dinheiro. Muitos diziam que eu não conseguiria. Mas aqui está, Senhor. A Ti toda honra e glória por mais uma benção alcançada. Amém.
(Entram em cena Porquinho I e Porquinho II. Os dois continuam fugindo do Lobo-Mau.)
PORQUINHO I: (Olhando para a entrada) Parece que nós o despistamos.
PORQUINHO II: (Observando a casa do Porquinho III) Que linda a sua casa, mano!
PORQUINHO III: Minha? Hum. Eu recebi do Senhor. Na verdade eu sou mordomo de Jesus. Ele me deu essa casa. Mas no momento que ele quiser me tirar essa posse, Ele terá todo direito de fazer isso.
PORQUINHO I: E nós que achávamos que você não conseguiria.
PORQUINHO III: Se eu tivesse ouvido o teu conselho agora vocês estariam em frente a uma casa de feno. Talvez ela nem estivesse mais em pé.
(Porquinho I engole seco.)
PORQUINHO II: Uma casa como essa é bastante difícil de construir.
PORQUINHO III: E se eu ouvisse você, ela seria de madeira. Poderia até ficar bonita. Mas para quem não tem afinidade com a madeira, eu poderia não colher os melhores resultados. Pode ser que minha casa nem tivesse mais em pé.
PORQUINHO I: É disso que nós viemos conversar com você.
PORQUINHO III: Irmãozinho, não quero ficar te acusando. Mas enquanto você dormia. Só se preocupava com as coisas do mundo, eu me preparava para esse momento. Quando você viu que estava na hora de fazer a sua casa, procurou o modo mais fácil de construí-la. O material que utilizou foi o feno. E agora como está sua construção?
PORQUINHO I: O Lobo-Mau soprou e derrubou.
PORQUINHO III: Vieram os ventos das provações, mas você não tinha uma vida espiritual capaz de suportá-los. Maninho, eu tenho uma coisa para te dizer.
PORQUINHO I: O quê?
PORQUINHO III: A vida não acaba aqui. Temos que lembrar que temos algo melhor nos esperando.
PORQUINHO II: (Com cinismo) Viu?
PORQUINHO I: Eu sei, mano. Estou arrependido.
PORQUINHO III: (Para o Porquinho II) E você?
PORQUINHO II: Xi! Sobrou para mim. Fala, mano. Eu estou preparado.
PORQUINHO III: Como vai a sua casa?
PORQUINHO II: Digamos que... não muito inteira.
PORQUINHO III: Destelhada?
PORQUINHO II: Inclusive.
PORQUINHO III: Fale a verdade. Ela está completamente destruída. Não é?
PORQUINHO II: É... ela desabou. Mas foi culpa do lobo. Malvado. Ele soprou e derrubou.
PORQUINHO III: Todo mundo pensa que você é o melhor construtor. Você é o bom. Você tenta fazer com que os outros acreditem nisso. O pior é que até você já se convenceu disso. É só casca. Deixou que o orgulho te dominasse.
PORQUINHO II: (Desconversando) O Lobo-Mau soprou a minha casinha e ela caiu.
PORQUINHO III: Mais uma vez o vento. A casa de vocês não tinha alicerce. Não foram construídas sobre a rocha.
PORQUINHO II: (Triste) Agora ela está caída.
PORQUINHO I: Maninho, viemos te pedir abrigo.
PORQUINHO II: O Lobo-Mau vem aí. Nós precisamos de tua ajuda.
PORQUINHO I: Por favor, mano.
PORQUINHO II: Prometemos que escolheremos material melhor para a construção de nossas casas.
PORQUINHO I: E eu também lançarei fora a preguiça.
PORQUINHO III: Entrem. Podem se abrigarem na minha casa por algum tempo.
PORQUINHO I: E se o lobo soprar?
PORQUINHO III: (Fazendo alusão a música infantil) Quem tem medo do Lobo-Mau?
SONOPLASTIA: Leão.
PORQUINHO II: Eu tenho!
PORQUINHO I: E eu também!
(Porquinho I e o Porquinho II entram na casa.)
PORQUINHO III: Lá vem aquele que se julga o leão, mas de leão não tem nada.
(Entra em cena o Lobo-Mau.)
LOBO-MAU: Estou vendo que terei contato com a família toda hoje. Vamos acabar logo com isso. O cheiro de vocês me deixa com fome.
PORQUINHO III: O que você quer?
LOBO-MAU: Digamos que vim inspecionar a obra.
PORQUINHO III: Minha casa você não derruba. Cada tijolo representa uma oração atendida.
LOBO-MAU: Sua casa não é tão firme como você pensa.
PORQUINHO I: (Abrindo uma fresta na porta) Vem para dentro, mano. Ele vai começar te acusar.
PORQUINHO III: Ele não pode me acusar de pecados que Jesus já me perdoou.
PORQUINHO II: Vem, mano.
LOBO-MAU: Tô vendo que a família inteira está reunida.
PORQUINHO II: Mano, venha. Ele só sabe nos acusar.
PORQUINHO III: Eu não vou escutar o que ele tem para me dizer. Sou um pecador sujo...
LOBO-MAU: (Interrompendo) Mais uma casa que vai desabar.
PORQUINHO III: Mas eu confesso os meus pecados a Jesus. Pois em I João 1:9 está escrito: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda injustiça.”
LOBO-MAU: Não gosto do teu jeito.
PORQUINHO III: Eu também não morro de amores pelo teu.
LOBO-MAU: (Furioso) Eu te odeio.
SONOPLASTIA: Leão.
PORQUINHO III: Pois eu não nasci para te agradar. Tenho falhas. Sei. Mas sei também que é um acusador sujo. Você é a antiga serpente do Éden. É o próprio diabo, e quer imitar o verdadeiro Leão. Você até pode rugir como leão, mas Leão mesmo é só Jesus.
LOBO-MAU: Você me faz perder o apetite. Agora só quero te destruir. Você e os irmãos covardes.
PORQUINHO III: Tua principal arma é acusar. Eu era réu do inferno. Mas o sangue de Jesus me absolveu. Você não pode mais me acusar. Suas acusações são ilegítimas. Eu é que te acuso de mentiroso. Não vou dar ouvidos a tua voz. Vou entrar na minha casa. Lá você não é bem vindo.
LOBO-MAU: Eu te odeio.
PORQUINHO I: (Abrindo a porta) Vem, mano.
(Porquinho III entra na casa e fecha a porta.)
LOBO-MAU: Eu vou soprar e derrubar a sua casinha. Eu vou achar uma brecha e sua casa vai cair como um castelo de cartas. (Prepara-se para o sopro).
SONOPLASTIA: Vendaval.
PORQUINHO III: É só isso que você consegue, seu lobo. Saiba que Jesus está conosco.
LOBO-MAU: Você não sentiu toda a minha força. (Prepara-se para um novo sopro).
SONOPLASTIA: Vento com maior intensidade.
PORQUINHO III: Mas é só isso que você consegue. Aqui há oração. Mesmo que venha o vento das provações eu sairei fortalecido.
LOBO-MAU: (Quase sem fôlego) Eu... não... soprei com toda minha força... agora você vai ver. (Meio desajeitado, prepara-se para um novo sopro).
SONOPLASTIA: Vento forte, mas que vai diminuído aos poucos.
(Lobo-Mau sopra. Dá a impressão de estar perdendo as suas forças. Seu aspecto muda, teimoso, continua a soprar. Ele dá a impressão de estar passando mau até cair no chão desacordado.)
(Depois de alguns segundos de silêncio, Porquinho I abre a porta e sonda. Porquinho II também coloca a cabeça para fora. Os dois, ainda apreensivos, saem da casa.)
PORQUINHO I: (Observando o corpo do lobo) Parece que ele morreu.
PORQUINHO II: (Rindo) Morreu de tanto soprar.
PORQUINHO I: Eu diria que foi de tanto acusar.
(Porquinho III também sai da casa.)
PORQUINHO III: (Observando o lobo) A luta pode ser grande. Poderá haver tempestade. Mas com Cristo temos esperança da bonança.
PORQUINHO I: E agora?
PORQUINHO II: É. Para aonde iremos?
PORQUINHO III: Espero que vocês tenham aprendido a lição. Devemos saber como estamos edificando nossa vida. Por enquanto abriguem-se em minha casa. Podemos aproveitar para aprendermos na Bíblia dicas de construção.
(Os três dirigem-se para a casa.)
(Cortina.)
 
FIM
 

O PALHAÇO CHICOTE E A BONECA CICUTA

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O Palhaço e a BonecaUm palhaço e uma boneca que interagem com o público. O palhaço chama a boneca para brincar, descobre que a boneca está com defeito.
A boneca tem más lembranças da época que estava sendo fabricada.
Com ajuda do palhaço ela vai “se concertar”, são sempre ensinadas lições das vida, de comportamento...

TEXTO REGISTRADO no Escritório de Direito Autoral
O Palhaço chicote entra em cena, lambendo a sua gravata. A boneca Xicuta só está com seus pezinhos em cena. Ela tem uma cordinha pendurada em suas costas.
CHICOTE: Ai, ai. Como é bom ter uma gravata de algodão doce só para mim. Só eu tenho uma gravata de algodão doce. E vocês sabem o meu nome, meus amiguinhos. Vocês sabem quem sou eu? O meu nome é Chiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii... Xi! Esqueci meu nome. Ah, lembrei. O meu nome é Chiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiicote! Pois é, Chicote. Sou um palhaço que faço, que faço, que faço, que faço e aconteço. Mas posso levar uma bronca quando sei, quando sei, quando sei que mereço. E eu estou procurando a minha amiguinha que está perdida por aí. Eu não sei onde eu a deixei (expressão de choro). Hmmmm! Olha o meu biquinho de tristeza. Estão vendo só? Isso é o que acontece quando a gente deixa as coisas todas espalhadas por aí. Meus amiguinhos, eu vou pedir uma ajuda a vocês. Vocês são crianças, e crianças muitas vezes veem melhor as coisas. Os adultos veem maldade em tudo! Criança não! Criança é pura. Então, com o seu olhar, vocês podem me ajudar a procurar? É, a procurar a Xicuta. Ah, Xicuta é minha bonequinha. Eu ganhei ela ontem da minha mãe, e não sei onde eu deixei. Vocês estão aí de fora, e quem vê de fora, vê melhor. Vamos, me ajudem. Quando eu for chegando perto vocês dizem que “tá quente”, quando eu estiver longe, vocês dizem que “tá frio”. Está combinado assim? Então vamos lá!
O público infantil vai orientando o Palhaço Chicote na procura da boneca. Ele simula que está com dificuldade de achar até que encontra.
CHICOTE: Ahá! Achei minha amiguinha. Com Deus o Chicote pode tudo! Com Deus o Chicote pode tudo! Estão vendo só! Achei a Xicuta. É Xicuta é o nome dela. Vocês querem ver? Ela vai falar o nome dela. Mas antes, nós temos que cantar uma musiquinha para ela poder brincar com a gente. É assim: “finge que é gente, pra a gente brincar! Finge que é gente pra gente brincar!”
A boneca Xicuta vai fazendo uma performance dançante até que se levanta.
XICUTA: Oi amiguinhos! O meu nome é Cicuta.
O Palhaço Chicote faz cara de espanto.
CHICOTE: Cicuta? Cicuta não. O seu nome é Xicuta.
XICUTA: (a chicote) E o seu é Cicote.
CHICOTE: Não, o meu nome não é Cicote. É Chiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii.... (ficando sem ar e, logo depois, respira). ...cote. Chiiiiiiicote.
XICUTA: Calma, Cicote. Assim você vai morrer com falta de ar.
CHICOTE: Eu vou morrer é de raiva por ouvir você falar o meu nome e o seu nome errado. O meu nome é Chiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii....cote e o seu nome é Xiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii...cuta. Xicuta, entendeu? E quer saber? Acho que você veio da loja com defeito.
XICUTA: (expressão de choramingo) Defeito só porque eu tenho a língua presa?
CHICOTE: Não é só por isso! É que na televisão você fala o nome das pessoas direito e o seu nome também direito.
XICUTA: Ah, mas eu falo o nome das crianças que estão nos assistindo direitinho, quer ver. Olha só, aquele ali é Macarrão. Macarrão Cunha Azevedo. E aquela ali é a Cenoura. Cenoura da Silva Silveira. E aquela ali se chama...
CHICOTE: (interrompendo) Chega, Xicuta. Não adianta! Não adianta que eu vou te levar para trocar por outra lá na loja. Vem cá! Chicote agarra Xicuta que resiste.
XICUTA: Não! Por favor, Cicote!
CHICOTE: O meu nome é Chicote!
XICUTA: Por favor. Eu não quero voltar para aquela fábrica. Lá tem homens maus que me fabricaram. Não me deixe voltar para lá!
CHICOTE: Maus? Como assim “maus”, Xicuta?
XICUTA: (chorando) Sabe o que é? Eu vou contar para você. Antes de eles fabricarem as bonecas Cicuta...
CHICOTE: Xicuta.
XICUTA: Ah, você sabe. Pois é, quando eles estão fabricando a gente, eles falam umas coisas estranhas.
CHICOTE: Como assim “coisas estranhas?”
XICUTA: É, eles falam que não importa que as crianças vão ficar tristes, não importa que as crianças vão ficar sem sono, não importa que as crianças vão ficar sem estudar. Só o que importa é vender, vender e vender as bonecas.
CHICOTE: Ah, mas não é possível. Eles parecem tão bonzinhos no comercial da Televisão. Quer saber, Xicuta? Acho que você está é mentindo, e fique sabendo você que mentir é muito feio. E por isso eu vou trocar você por outra sim.
XICUTA: Não! Por favor. Olha imagine se a outra também estiver com esse defeito? Aí, você vai ficar indo e voltando, indo e voltando, indo e voltando para a loja. Eles vão fazer você de palhaço.
CHICOTE: É mesmo. Então vamos pensar.
Chicote e Xicuta andam para lá e para cá.
CHICOTE: Peraí, Xicuta. Eu já sou um palhaço.
XICUTA: Eu quis dizer bobo. Bobo!
CHICOTE: Ah bom...
Chicote e Xicuta andam para cá e para lá.
CHICOTE: Ei, Xicuta. Então você está me dizendo que palhaço é mesma coisa que bobo?
XICUTA: Ai, ai, ai. Parece mesmo, pois você fica com essa bobeira e não pensa numa ideia para me consertar, Cicote.
CHICOTE: O meu nome é Chicote.
XICUTA: Ah, você entendeu. E quer saber. Vai ver que você não gostou de mim desde início. Só pediu para sua mamãe me comprar porque todos seus amiguinhos têm uma boneca igual a mim.
CHICOTE: E se isso for verdade, hein, Xicuta?
XICUTA: Ah, então quer dizer que se os seus amiguinhos se jogarem no meio da rua para serem atropelados pelos carros você faz isso também. Hein, hein, hein, Cicote?
CHICOTE: (vociferando) O meu nome é...
Xicuta se encurva, com as duas mãos escondendo rosto, demonstrando medo. Chicote percebe e modifica sua expressão.
CHICOTE: Está bem... Eu vou aguentar você falar meu nome errado, mas só enquanto a gente não conserta você.
XICUTA: A gente?
CHICOTE: É. EU vou te consertar e VOCÊ vai se consertar também! Não é só os outros que têm que nos concertar. Nós também temos que nos concertar. Já até tive uma ideia para isso.
XICUTA: Que bom! E qual seria essa ideia?
CHICOTE: Ora, a gente te desmontar.
XICUTA: (gagueja assustada) M-me desmontar? Mas vai doer muito.
CHICOTE: Xicuta, nem tudo que é bom para a gente é sem dor. Pelo contrário, as coisas que não são tão agradáveis muitas vezes são melhores para a gente. Por exemplo, as injeções que os médicos dão na gente são boas. As palmadinhas que os papais e as mamães dão na gente são boas para a gente não ter que apanhar da polícia na rua, e por aí vai. E para a gente mudar de um erro para um acerto, é bom deixar alguém nos desmontar e montar de novo, como por exemplo, Deus, que faz assim com os homens.
XICUTA: Deus faz assim como os homens?
CHICOTE: Sim, mas só os homens se deixam ser desmontados para serem montados de novo.
XICUTA: Que legal. Então quero ser um brinquedo obediente também. Vai, me desmonta e monta logo.
CHICOTE: Deixa comigo. Deixa eu começar examinando as suas costas. Deixe-me ver. Lalalálálálalalálá.
XICUTA: Ô Cicote? Você tem experiência nesse desmonte de brinquedos mesmo?
CHICOTE: (examinando as costas de Xicuta) Claro!
XICUTA: Vê lá, hein, Cicote, porque é muito perigoso alguém que não sabe desmontar brinquedos desmontar uma bonequinha frágil como eu.
CHICOTE: (examinando as costas da Xicuta) Ora, não se preocupe, Xicuta. Um dia eu desmontei um radinho de brinquedo e ele ficou melhor ainda.
XICUTA: Como assim “melhor ainda”?
CHICOTE: (examinando as costas da Xicuta) Ele virou um telefone de brinquedo. (pausa) Caramba! Olha o que eu achei nas suas costas? Uma cruz de cabeça para baixo. E por isso que quando eu te abraçava eu ficava todo cheio de dor e não sabia o que era. Vou jogar essa cruz de cabeça para baixo fora, sabe.
XICUTA: Mas será que isso é o motivo de eu falar errado.
CHICOTE: Calma, Xicuta. Vou continuar examinando você. Talvez esse não seja o único defeito.
XICUTA: Você está me chamando de toda errada, é?
CHICOTE: Calma, Xicuta. Vai ficar tudo bem. Vamos examinar agora a sua barriguinha. Ela é tão cheinha. Vamos ver de que ela está cheinha.
XICUTA: Olha só, eu não como nenhuma porcaria.
Chicote vai tirando muitos doces da barriga da Xicuta e jogando para a plateia
CHICOTE: (perplexo) Não come nenhuma porcaria, Xicuta? Não come nenhuma porcaria? Xicuta, eu não encontrei sequer uma frutinha na sua barriga. Só doces. Você pode comer doce sim. Por exemplo, olha só a minha gravata. Eu sou o único palhaço do mundo que tem uma gravata feita todinha de algodão doce. Só que eu não fico lambendo a gravata toda hora. Você percebeu?
XICUTA: Você tem razão, Cicote.
CHICOTE: E você está muito gulosa para uma boneca tão pequenininha.
XICUTA: Eu não sou pequenininha, sou Cicuta! Cicuta!
CHICOTE: E eu não sou Cicote. Sou CHHHHHHHHHHHHHHHHHicote!
XICUTA: Mas é porque...
CHICOTE: Está bem, está bem! Eu percebi que você ainda está com esse defeito de falar o seu nome errado e o nome das pessoas errado também. Mas me desculpe. Eu não resisti. Bom, e qual será esse problema que faz com que você fale o seu nome e o nome dos outros errado? Qual será?
XICUTA: Para a falar a verdade, eu não sei?
CHICOTE: O que tinha de errado na sua barriguinha (dá uma examinada rápida na barriga de Xicuta) eu consertei. E com as suas costas (coloca, sem as crianças perceberem, um cartaz adesivo com o seguinte dizer: “PUXE A CORDA”, dando a entender para as crianças que estava de fato examinando-a) agora também está tudo certinho.
XICUTA: O que será?
CHICOTE: Bom, talvez os nossos amiguinhos nos ajudem.
XICUTA: É. Quem sabe eles percebem alguma coisa que não percebemos, pois as crianças são muito espertas para isso.
Chicote e Xicuta andam para lá e para cá, permitindo que as crianças percebam o que está escrito nas costas da Xicuta. Certamente elas gritarão “puxe a corda” e também perceberão numa cordinha dependurada desde o início nas costas da boneca Xicuta.
CHICOTE: (ao público) O quê?
XICUTA: (ao público) O quê, amiguinhos? Falem mais alto!
CHICOTE: (ao público) Não estou entendendo. O quê? Puxe a carta?
XICUTA: Não, Cicote. Eu acho que é para PUXAR A CORDA. A corda, Cicote. A corda que tem nas minhas costas.
CHICOTE: Ai... É mesmo. Que distraído que eu sou. Estão vendo como é ruim ficar desligado, amiguinhos. Nós temos que ficar o tempo todo ligado para não ser atropelado, para não ser enganado, para não ser tapeado, para não ser esbofet...
XICUTA: Ai, Cicote. Está bom. Os nossos amiguinhos já entenderem que eles têm que ficar completamente ligados. Só que quem ainda não está completamente ligada sou eu. Vai, me liga logo! Vai ver que é por isso que eu ainda estou falando o meu nome e o nome dos outros de errado.
CHICOTE: Então ta legal. Lá vai. Contem comigo, amiguinhos. 1, 2, 3 e... já.
O palhaço chicote puxa a corda da boneca Xicuta.
XICUTA: SEU PORCO! VOCÊ É UM PORCO! EU TAMBÉM SOU PORCA! AHHHHHHHHHH! VOCÊ NÃO VAI CONSEGUIR DORMIR PORQUE É LEGAL SER DA NOITE, QUE NEM VAMPIRO! AHHHHHHHHHH! O BOM MESMO É FICAR SEM TOMAR BANHO! O BOM MESMO É DESRESPEITAR O PAPAI E A MAMÃE! AHHHHHHHHHH! EU SOU A BONECA CICUTA! AHHHHHHHHHH
O Palhaço Chicote se assusta e fica bem longe, ouvindo essas frases proferidas pela boneca Xicuta assustado. Ele se aproxima da boneca e, escondido, consegue desligá-la. Enquanto isso, ela está em pé encurvada para frente, exprimindo estar desligada. O palhaço pega uma fita K7 que está no bolso da boneca cicuta, joga no chão e coloca outra fita K7 no bolso da boneca e puxa novamente a corda, dando a entender ao público que era esse o problema.
XICUTA: (despertando morosamente e falando mansamente) SEU... SEU... Cabelo está despenteado. Você deve fazer boas amizades. Você tem que obedecer aos seus pais. Você pode brincar de qualquer coisa que não te faça mal. O meu nome é Xicuta é o seu é... é...é....
Suspense.
XICUTA: (com um enorme sorriso) CHIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIICOTE!
Todos vibram. Xicuta e Chicote se abraçam.
CHICOTE: Viram só, amiguinhos. Vocês podem brincar de qualquer coisa que não lhe façam mal, não é, boneca Xicuta
XICUTA: É isso aí, palhaço Chicote. Mas se, mesmo assim, alguém insistir em dar para você alguma coisa que lhe faça mal, entregue o brinquedo, a roupa ou esse objeto para um adulto inteligente e ele vai lhe devolver o brinquedo, a roupa ou o objeto sem aquilo que venha te fazer mal.
CHICOTE: Só que SE esse brinquedo, roupa ou objeto só lhe faz mal, é melhor que ela desapareça por completo! E só assim...
XICUTA e CHICOTE: ... VOCÊ VAI BRINCAR SEM SE PREJUDICAR!
Xicuta e Chicote cantam a música final.
Xicuta e CHICOTE: Se o mal vier habitar.
Dentro dos brinquedos.
É melhor escolher outra coisa pra brincar
Do que viver com medo.
REFRÃO
Vamos brincar, vamos brincar,
Para todo mundo se alegrar!
Vamos brincar, vamos brincar,
Para todo mundo se alegrar
Fim
Glória a Deus

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