Não há dúvidas de que o professor, desde a educação infantil até a universitária, constitui um dos pilares na formação e no desenvolvimento de pessoas aptas a entender o mundo e dele participar como sujeitos competentes.
A influência do professor ultrapassa os limites da formação acadêmica, está presente na relação professor-aluno, no modo como trata os alunos, na maneira de projetar neles uma visão positiva de seu potencial, na profunda confiança na capacidade daqueles seres à sua frente, no modo como age para não ridicularizá-los, no modo como age para não humilhá-los, no modo como, enfim, age para levar em conta sua dignidade como ser humano.
Temos a convicção de que o bom professor deixa marcas profundas e positivas em seus alunos, sendo um modelo de profissional e de pessoa a ser venerado e, se possível, imitado.
E o bom professor possui auto-estima elevada, pois acredita na própria capacidade, valor e importância como educador e está consciente de que pode fazer a diferença. Acredita que o seu que fazer educacional pode revolucionar outras mentes.
O professor com auto-estima elevada é positivo e age de maneira otimista; aceita os outros como são, porque se aceita como é, e reconhece nos outros e nele mesmo os instrumentos para a evolução (aceitar não significa necessariamente apreciar, mas a determinação de evoluir); tem e põe em prática virtudes como a honestidade, sinceridade, tolerância e, acima de tudo, integridade.
O professor com auto-estima elevada é corajoso, decidido, flexível, criativo, capaz de desfrutar as pequenas coisas da vida, é receptivo a novos conhecimentos, vê as pessoas como amigas e não como uma ameaça. E tem senso de humor.
O professor com auto-estima elevada confia nas próprias idéias e sabe ser merecedor da felicidade.
Reconhece o fato de que o seu destino é ser feliz, por isso não desanima perante as dificuldades da vida e persiste diante delas.
O professor com auto-estima elevada projeta nos alunos segurança, carinho, interesse e compreensão, motivando um ambiente acolhedor, e não um local de confrontos, castigos e punições.
É triste ver, em cursos de capacitação para professores, mestres desiludidos consigo mesmos e com a educação.
À procura de fórmulas ou receitas mágicas que possam mudar a prática pedagógica, não vêem que o que precisa ser reavaliado é o próprio educador, que entra em classe partindo de seu autoconceito, auto-estima, autoconhecimento, auto-realização e, portanto, do modo como se vê e se sente como pessoa e como profissional.
O que os alunos vêem? Vêem a imagem que o professor projeta: desmotivado, abatido, não acreditando nele mesmo, um fracasso total.
Como inspirar pessoas com base nesse modelo?
Por isso, acreditamos que a auto-estima precisa figurar como um componente essencial nos cursos de capacitação para professores e nos cursos de formação de professores.
Nenhuma metodologia, por brilhante que seja, fará sentido, se o professor não proceder a uma mudança interior, reavivando sua crença em sua potencialidade. E é sua obrigação transmitir isso a seus alunos.
Porque um professor com auto-estima elevada é capaz de abrir a mente dos alunos e ao mesmo tempo de tocar seu coração.
Texto de Sérgio Simka, professor nas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires e na Universidade do Grande ABC. Site: www.sergiosimka.com