"A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo. (Nelson Mandela) "

terça-feira, 30 de maio de 2017

Projeto:música “Aquarela” - Toquinho

Projeto: Trabalhando com música 
 “Aquarela” - Toquinho
Atividade: - Representar a música “Aquarela” em quadros com a técnica de recorte e colagem.
Objetivos: 
- Desenvolver o gosto pela linguagem poética e pelo belo.
- Cantar a música “Aquarela”.
- Produzir instrumentos musicais com materiais recicláveis e fazer o acompanhamento rítmico da música, enquanto cantam.
- Representar a música “Aquarela” através de quadrinhos feitos com a técnica de recorte e colagem utilizando diferentes materiais plásticos.


                         Aquarela
                                        Toquinho 
Composição: Toquinho / Vinicius de Moraes / G.Morra / M.Fabrizio


Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo,
E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo...
Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva,
E se faço chover com dois riscos tenho um guarda-chuva...
Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel,
Num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu...
Vai voando contornando a imensa curva Norte e Sul,
Vou com ela viajando Havaí, Pequim ou Istambul,
Pinto um barco a vela, branco navegando, é tanto céu e mar num beijo azul...
Entre as nuvens, vem surgindo um lindo avião rosa e grená,
Tudo em volta colorindo com suas luzes a piscar...
Basta imaginar e ele está partindo, sereno e lindo,
Se a gente quiser ele vai pousar...
Numa folha qualquer eu desenho um navio de partida,
Com alguns bons amigos bebendo de bem com a vida...
De uma América a outra eu consigo passar num segundo,
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo...
Um menino caminha e caminhando chega no muro,
E ali logo em frente, a esperar pela gente o futuro está...
E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar,
Não tem tempo, nem piedade nem tem hora de chegar...
Sem pedir licença muda a nossa vida e depois convida a rir ou chorar...
Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá,
O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar...
Vamos todos numa linda passarela,
 
De uma aquarela que um dia enfim descolorirá...
Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo (Que descolorirá!)
E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo (Que descolorirá!)
Giro um simples compasso, num círculo eu faço o mundo (Que descolorirá!)...


“Aquarela” – criação com EVA
Materiais: Papel color set (várias cores), papel laminado prateado, cartolina branca cortada no tamanho A4, EVA de todas as cores, Giz de cera triangular, Cola de EVA, Crystal cola (várias cores), tesoura e Marcador permanente preto e vermelho.
Modo de fazer:
a.    Separe a música em partes.
b.    Desenhe as cenas que a música sugere.
c.    Transfira para o EVA (parte de trás). Recorte.
d.    Cole as partes com a Cola para EVA, sobrepondo onde houver necessidade.
e.    Faça texturas com a Crystal cola.
f.     Faça o fundo de cada quadro pintando com giz de cera triangular sobre a cartolina branca tamanho A4 e cole os elementos sobre eles.
g.   Escreva a letra da música em partes e intercale os trabalhos (quadros).
Conteúdos trabalhados: 
- Música e poesia.
- Canto e acompanhamento musical.
- Instrumentos musicais e sons por eles produzidos.
 
- Cores, formas, proporção, textura, harmonia, etc.
Técnicas trabalhadas:
- Recorte e colagem com textura.
- Montagem e organização – texto + trabalhos artísticos.
Encaminhamento do trabalho:
     I.        Início – Apresente a letra da música para as crianças. Peça que leiam e falem qual a mensagem que a poesia traz.
- Coloque a música para tocar e pergunte aos alunos o que eles acharam da poesia depois de ouvi-la em música.
   II.        Divida a música (poesia) em várias partes.
- Separe a classe em grupos (tantos grupos quanto o número de separações da poesia).
 
- Sorteie qual grupo deverá representar a parte x, y ou z.
- Peça às crianças que representem a parte da música (poesia) através do recorte e colagem com EVA.
 
- Peça que façam texturas com cola colorida de relevo;
  III.        Escreva cada parte em tamanho grande e monte uma exposição. 
Cada texto com sua produção artística em EVA ou outros materiais;
















ou  descoloridos para montar livrinhos individuais...
















GRAFISMO INFANTIL UM DESAFIO!

ENTENDENDO O DESENHO INFANTIL!!


Autora: Thereza Bordoni
Os primeiros estudos sobre a produção gráfica das crianças datam do final do século passado e estão fundados nas concepções psicológicas e estéticas de então. É a psicologia genética, inspirada pelo evolucionismo e pelo princípio do paralelismo da filogênese com a ontogênese que impõe o estudo científico do desenvolvimento mental da criança (Rioux, 1951).
As concepções de arte que permearam os primeiros estudos estavam calcadas em uma produção estética idealista e naturalista de representação da realidade. Sendo a habilidade técnica, portanto, uma fator prioritário. Foram poucos os pesquisadores que se ocuparam dos aspectos estéticos dos desenhos infantis.
Luquet (1927 - França) fala dos 'erros' e 'imperfeições' do desenho da criança que atribui a 'inabilidade' e 'falta de atenção', além de afirmar que existe uma tendência natural e voluntária da criança para o realismo.
Sully vê o desenho da criança como uma 'arte embrionária' onde não se deve entrever nenhum senso verdadeiramente artístico, porém, ele reconhece que a produção da criança contém um lado original e sugestivo. Sully afirma ainda que as crianças são mais simbolistas do que realistas em seus desenhos (Rioux, 1951).
São os psicólogos portanto, que no final do século XIX descobrem a originalidade dos desenhos infantis e publicam as primeiras 'notas' e 'observações' sobre o assunto. De certa forma eles transpõem para o domínio do grafismo a descoberta fundamental de Jean Jacques Rousseau sobre a maneira própria de ver e de pensar da criança.
As concepções relativas a infância modificaram-se progressivamente. A descoberta de leis próprias da psique infantil, a demonstração da originalidade de seu desenvolvimento, levaram a admitir a especificidade desse universo.
A maneira de encarar o desenho infantil evolui paralelamente.
Modo de expressão próprio da criança, o desenho constitui uma língua que possui vocabulário e sua sintaxe. Percebe-se que a criança faz uma relação próxima do desenho e a percepção pelo adulto. Ao prazer do gesto associa-se o prazer da inscrição, a satisfação de deixar a sua marca. Os primeiros rabiscos são quase sempre efetuados sobre livros e folhas aparentemente estimados pelo adulto, possessão simbólica do universo adulto tão estimado pela criança pequena.
Ao final do seu primeiro ano de vida, a criança já é capaz de manter ritmos regulares e produzir seus primeiros traços gráficos, fase conhecida como dos rabiscos ou garatujas ( termo utilizado por Viktor Lowenfeld para nomear os rabiscos produzidos pela criança).
O desenvolvimento progressivo do desenho implica mudanças significativas que, no início, dizem respeito à passagem dos rabiscos iniciais da garatuja para construções cada vez mais ordenadas, fazendo surgir os primeiros símbolos Essa passagem é possível graças às interações da criança com o ato de desenhar e com desenhos de outras pessoas. Na garatuja, a criança tem como hipótese que o desenho é simplesmente uma ação sobre uma superfície, e ela sente prazer ao constatar os efeitos visuais que essa ação produziu. No decorrer do tempo, as garatujas, que refletiam sobretudo o prolongamento de movimentos rítmicos de ir e vir, transformam-se em formas definidas que apresentam maior ordenação, e podem estar se referindo a objetos naturais, objetos imaginários ou mesmo a outros desenhos. Na evolução da garatuja para o desenho de formas mais estruturadas, a criança desenvolve a intenção de elaborar imagens no fazer artístico. Começando com símbolos muito simples, ela passa a articulá-los no espaço bidimensional do papel, na areia, na parede ou em qualquer outra superfície. Passa também a constatar a regularidade nos desenhos presentes no meio ambiente e nos trabalhos aos quais ela tem acesso, incorporando esse conhecimento em suas próprias produções. No início, a criança trabalha sobre a hipótese de que o desenho serve para imprimir tudo o que ela sabe sobre o mundo. No decorrer da simbolização, a criança incorpora progressivamente regularidades ou códigos de representação das imagens do entorno, passando a considerar a hipótese de que o desenho serve para imprimir o que se vê.
É assim que, por meio do desenho, a criança cria e recria individualmente formas expressivas, integrando percepção, imaginação, reflexão e sensibilidade, que podem então ser apropriadas pelas leituras simbólicas de outras crianças e adultos.
O desenho está também intimamente ligado com o desenvolvimento da escrita. Parte atraente do universo adulto, dotada de prestigio por ser "secreta", a escrita exerce uma verdadeira fascinação sobre a criança, e isso bem antes de ela própria poder traçar verdadeiros signos. Muito cedo ela tenta imitar a escrita dos adultos. Porém, mais tarde, quando ingressa na escola verifica-se uma diminuição da produção gráfica, já que a escrita ( considerada mais importante) passa a ser concorrente do desenho.
O desenho como possibilidade de brincar, o desenho como possibilidade de falar de registrar, marca o desenvolvimento da infância, porém em cada estágio, o desenho assume um caráter próprio. Estes estágios definem maneiras de desenhar que são bastante similares em todas as crianças, apesar das diferenças individuais de temperamento e sensibilidade. Esta maneira de desenhar própria de cada idade varia, inclusive, muito pouco de cultura para cultura.

 

Luquet Distingue Quatro Estágios:


1- Realismo fortuito: começa por volta dos 2 anos e põe fim ao período chamado rabisco. A criança que começou por traçar signos sem desejo de representação descobre por acaso uma analogia com um objeto e passa a nomear seu desenho. 

2- Realismo fracassado: Geralmente entre 3 e 4 anos tendo descoberto a identidade forma-objeto, a criança procura reproduzir esta forma.



3- Realismo intelectual: estendendo-se dos 4 aos 10-12 anos, caracteriza-se pelo fato que a criança desenha do objeto não aquilo que vê, mas aquilo que sabe. Nesta fase ela mistura diversos pontos de vista ( perspectivas ).

4- Realismo visual: É geralmente por volta dos 12 anos, marcado pela descoberta da perspectiva e a submissa às suas leis, daí um empobrecimento, um enxugamento progressivo do grafismo que tende a se juntar as produções adultas.


Marthe Berson distingue três estágios do rabisco:

1 - Estágio vegetativo motor: por volta dos 18 meses, o traçado e mais ou menos arredondado, conexo ou alongado e o lápis não sai da folha formando turbilhões.

2 - Estágio representativo: entre dois e 3 anos, caracteriza-se pelo aparecimento de formas isoladas, a criança passa do traço continuo para o traço descontinuo, pode haver comentário verbal do desenho.

3 - Estágio comunicativo: começa entre 3 e 4 anos, se traduz por uma vontade de escrever e de comunicar-se com outros. Traçado em forma de dentes de serra, que procura reproduzir a escrita dos adultos.

Em Uma Análise Piagetiana, temos:

1 - Garatuja: Faz parte da fase sensório motora ( 0 a 2 anos) e parte da fase pré-operacional (2 a 7 anos). A criança demonstra extremo prazer nesta fase. A figura humana é inexistente ou pode aparecer da maneira imaginária. A cor tem um papel secundário, aparecendo o interesse pelo contraste, mas não há intenção consciente. Pode ser dividida em:

• Desordenada: movimentos amplos e desordenados. Com relação a expressão, vemos a imitação "eu imito, porém não represento". Ainda é um exercício.

• Ordenada: movimentos longitudinais e circulares; coordenação viso-motora. A figura humana pode aparecer de maneira imaginária, pois aqui existe a exploração do traçado; interesse pelas formas (Diagrama).


Aqui a expressão é o jogo simbólico: "eu represento sozinho". O símbolo já existe. Identificada: mudança de movimentos; formas irreconhecíveis com significado; atribui nomes, conta histórias. A figura humana pode aparecer de maneira imaginária, aparecem sóis, radiais e mandalas. A expressão também é o jogo simbólico.

2 - Pré- Esquematismo: Dentro da fase pré-operatória, aparece a descoberta da relação entre desenho, pensamento e realidade. Quanto ao espaço, os desenhos são dispersos inicialmente, não relaciona entre si. Então aparecem as primeiras relações espaciais, surgindo devido à vínculos emocionais. A figura humana, torna-se uma procura de um conceito que depende do seu conhecimento ativo, inicia a mudança de símbolos. Quanto a utilização das cores, pode usar, mas não há relação ainda com a realidade, dependerá do interesse emocional. Dentro da expressão, o jogo simbólico aparece como: "nós representamos juntos". 



3 - Esquematismo: Faz parte da fase das operações concretas (7 a 10 anos).Esquemas representativos, afirmação de si mediante repetição flexível do esquema; experiências novas são expressas pelo desvio do esquema. Quanto ao espaço, é o primeiro conceito definido de espaço: linha de base. Já tem um conceito definido quanto a figura humana, porém aparecem desvios do esquema como: exagero, negligência, omissão ou mudança de símbolo. Aqui existe a descoberta das relações quanto a cor; cor-objeto, podendo haver um desvio do esquema de cor expressa por experiência emocional. Aparece na expressão o jogo simbólico coletivo ou jogo dramático e a regra.

4 - Realismo: Também faz parte da fase das operações concretas, mas já no final desta fase. Existe uma consciência maior do sexo e autocrítica pronunciada. No espaço é descoberto o plano e a superposição. Abandona a linha de base. Na figura humana aparece o abandono das linhas. As formas geométricas aparecem. Maior rigidez e formalismo. Acentuação das roupas diferenciando os sexos. Aqui acontece o abandono do esquema de cor, a acentuação será de enfoque emocional. Tanto no Esquematismo como no Realismo, o jogo simbólico é coletivo, jogo dramático e regras existiram.
5 - Pseudo Naturalismo: Estamos na fase das operações abstratas (10 anos em diante)É o fim da arte como atividade expontânea. Inicia a investigação de sua própria personalidade. Aparece aqui dois tipos de tendência: visual (realismo, objetividade); háptico ( expressão subjetividade) No espaço já apresenta a profundidade ou a preocupação com experiências emocionais (espaço subjetivo). Na figura humana as características sexuais são exageradas, presença das articulações e proporções. A consciência visual (realismo) ou acentuação da expressão, também fazem parte deste período. Uma maior conscientização no uso da cor, podendo ser objetiva ou subjetiva. A expressão aparece como: "eu represento e você vê" Aqui estão presentes o exercício, símbolo e a regra.


E ainda alguns psicólogos e pedagogos, em uma linguagem mais coloquial, utilizam as seguintes referencias:

• De 1 a 3 anos

É a idade das famosas garatujas: simples riscos ainda desprovidos de controle motor, a criança ignora os limites do papel e mexa todo o corpo para desenhar, avançando os traçados pelas paredes e chão. As primeiras garatujas são linhas longitudinais que, com o tempo, vão se tornando circulares e, por fim, se fecham em formas independentes, que ficam soltas na página. No final dessa fase, é possível que surjam os primeiros indícios de figuras humanas, como cabeças com olhos.

• De 3 a 4 anos

Já conquistou a forma e seus desenhos têm a intenção de reproduzir algo. Ela também respeita melhor os limites do papel. Mas o grande salto é ser capaz de desenhar um ser humano reconhecível, com pernas, braços, pescoço e tronco.

• De 4 a 5 anos

É uma fase de temas clássicos do desenho infantil, como paisagens, casinhas, flores, super-heróis, veículos e animais, varia no uso das cores, buscando um certo realismo. Suas figuras humanas já dispõem de novos detalhes, como cabelos, pés e mãos, e a distribuição dos desenhos no papel obedecem a uma certa lógica, do tipo céu no alto da folha. Aparece ainda a tendência à antropomorfização, ou seja, a emprestar características humanas a elementos da natureza, como o famoso sol com olhos e boca. Esta tendência deve se estender até 7 ou 8 anos.

• De 5 a 6 anos
Os desenhos sempre se baseiam em roteiros com começo, meio e fim. As figuras humanas aparecem vestidas e a criança dá grande atenção a detalhes como as cores. Os temas variam e o fato de não terem nada a ver com a vida dela são um indício de desprendimento e capacidade de contar histórias sobre o mundo.

• De 7 a 8 anos

O realismo é a marca desta fase, em que surge também a noção de perspectiva. Ou seja, os desenhos da criança já dão uma impressão de profundidade e distância. Extremamente exigentes, muitas deixam de desenhar, se acham que seus trabalhos não ficam bonitos.

Para tentarmos entender melhor o universo infantil muitas vezes buscamos interpretar os seus desenhos, devemos porem lembrar que a interpretação de um desenho isolada do contexto em que foi elaborado não faz sentido.
É aconselhável, ao professor, que ofereça às crianças o contato com diferentes tipos de desenhos e obras de artes, que elas façam a leitura de suas produções e escutem a de outros e também que sugira a criança desenhar a partir de observações diversas (cenas, objetos, pessoas) para que possamos ajudá-la a nutrisse de informações e enriquecer o seu grafismo. Assim elas poderão reformular suas idéias e construir novos conhecimentos.

Referências Bibliográficas
LUQUET, G.H. Arte Infantil. Lisboa: Companhia Editora do Minho, 1969.
MALVERN, S.B. "Inventing 'child art': Franz Cizek and modernism" In: British Journal of Aesthetics, 1995, 35(3), p.262-272.
MEREDIEU, F. O desenho Infantil. São Paulo: Cultrix, 1974.
NAVILLE, Pierre. "Elements d'une bibliographie critique". In: Enfance, 1950, n.3-4, p. 310. Parsons, Michael J. Compreender a Arte. Lisboa: Ed. Presença, 1992.
PIAGET, J. A formação dos símbolos na Infância. PUF, 1948
RABELLO, Sylvio. Psicologia do Desenho Infantil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1935.
READ, HEBERT. Educação Através da Arte. São Paulo: Martins Fontes, 1971.
RIOUX, George. Dessin et Structure Mentale. Paris: Presses Universitaires de France, 1951.
ROUMA, George. El Lenguage Gráfico del Niño. Buenos Aires: El Ateneo, 1947.
REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL. Ministério da Educação e do Desporto, secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. 3v.



FONTE:http://jardimdaalegria.blogspot.com/

A criança e o seu desenho.



A criança não nasce sabendo desenhar, mas constrói seu conhecimento acerca do desenho através da sua atividade com este objeto de conhecimento. Nesse sentido, a criança não desenha o que vê nos objetos, mas o que suas estruturas mentais lhe possibilitam que veja, e mais, em lugar de encontrar o mundo diretamente, a criança o interpreta. Dessa forma, o conhecimento não resulta da relação direta com os objetos, mas de sua interpretação e representação. Assim, a criança é o sujeito do seu processo, ela aprende a desenhar na sua interação com o desenho. O desenho é um modo de expressão infantil. Desenhar constitui, para a criança, uma atividade integradora, que coloca em jogo as inter-relações do ver, do pensar, do fazer e dá unidade aos domínios perceptivo, cognitivo, afetivo e motor. Sendo assim, a atuação pedagógica aqui no colégio é fundamental no apoio a esse processo evolutivo, zelando pela condição de liberdade de expressão e sustentação de tal manifestação. A cada manifestação, a criança está inter-relacionando seu conhecimento imaginativo e, assim, aprimorando esse sistema de representação gráfica. O grafismo é o meio pelo qual a criança manifesta sua expressão e visão de mundo, constituindo-se assim como uma linguagem artística, na qual sua elaboração é constituída por fases, conforme o nível de desenvolvimento infantil que é variável a cada criança e envolve também o exercício de uma atividade imaginária, que se relaciona a um processo dinâmico, em que a criança procura representar o que conhece e entende.
O desenvolvimento progressivo do desenho implica mudanças significativas que, no início, dizem respeito à passagem dos rabiscos iniciais da garatuja para construções cada vez mais ordenadas, fazendo surgir os primeiros símbolos. Essa passagem é possível graças às interações da criança com o ato de desenhar e com desenhos de outras pessoas. Na garatuja, o desenho é simplesmente uma ação sobre uma superfície, a criança sente prazer ao constatar os efeitos visuais que essa ação produziu. Com decorrer do tempo, as garatujas, que refletiam sobretudo a resposta aos movimentos de ir e vir, transformam-se em formas definidas que apresentam maior ordenação e podem estar se referindo a coisas reais, imaginárias, ou até mesmo a outros desenhos.
Acompanhando a evolução do desenho de uma criança, em linhas gerais, podemos afirmar que inicialmente caracteriza-se pelo gesto motor, e nessa fase a criança ainda não atribui significado ao seu grafismo, seria o desenho involuntário.
No momento do desenho, a criança imprime marcas no papel de uma forma espontânea e em diversas direções, isso ocorre devido a ela ainda não ter adquirido o domínio motor e a proporção sobre o papel.
Num segundo momento o desenho constata certa analogia entre alguns dos seus traçados e um objeto real e considera seu desenho como representação do objeto, dando-lhe uma interpretação. Nessa etapa o desenho passa a ser voluntário, e a criança vai adquirindo a convicção de que pode representar através do desenho tudo o que deseja; busca várias formas na folha, sem coordenação muito precisa.
Vão surgindo então os círculos, em movimentos contínuos e instintivos, e assim a criança vai conseguindo representar vários tipos de desenhos; à medida que vai percebendo, começam os bonecos, sol, estrelas, etc. Começa a enunciar o que desenha, antes de desenhar vai encaminhando sua intenção, após o registro, ela vai interpretando e dando significado.
Chegando à terceira fase que varia entre cinco e seis anos, inicia o realismo intelectual, a criança está interessada em representar o objeto da forma mais real possível. Apesar das diferenças individuais de temperamento e sensibilidade, percebe-se que nessa fase aparecem temas clássicos do desenho infantil, como paisagens, casinhas, flores, super-heróis, veículos e animais. Suas figuras humanas já dispõem de novos detalhes, como cabelos, pés e mãos, e a distribuição dos desenhos na folha obedece a certa lógica, como o céu no alto da folha, a linha de base, o horizonte, delimitam e organizam o espaço.
A criança inicia a apropriar-se de processos variados como a descontinuidade, a transparência, o rebatimento e a mudança de ponto de vista. A descontinuidade consiste no desenho da linha de chão não apoiando os objetos sobre ela. A transparência refere-se a representação das partes ocultas de um objeto, como no caso do interior e do exterior de uma casa, ou, do corpo da figura sob as roupas. Através do rebatimento, a criança procura mostrar os dois lados de um objeto, como se ela estivesse no meio dele.
A cor vincula-se a expressividade, o colorido é mais alegre. O papel da cor é fundamental e realista, isto é, ela é essencial aos objetos reais. Para a criança o desenho mais semelhante ao objeto é aquele que traduz o que sua mente sabe ao respeito, incluindo todos os detalhes, e a sua interpretação. Nessa fase o realismo é muito mais visual, dá-se o início a perspectiva, os detalhes agora têm por finalidade particularizar as formas. O desenho é um exercício que abre portas para criatividade, para espontaneidade e para diversão. É uma maneira de lançar idéias, elaborar, crescer. Através do desenho, a criança tem a oportunidade de organizar-se externa e internamente, trabalhar a questão do espaço, ver-se e rever-se, fazendo um movimento de dentro para fora e de fora para dentro. Portanto, através do desenho, a criança supõe seu mundo interior, seus conflitos, seus receios, suas descobertas, suas alegrias, sua imaginação e o quanto está desenvolvendo-se. Sendo assim, nosso fazer pedagógico preocupa-se em oportunizar situações que privilegiem essa evolução da criança como ser integral.
Faz-se necessário uma reflexão relativa ao domínio do ato motor. O desenho é o registro do gesto, constituindo passagem de gesto à imagem. Essa característica e a referente possibilidade de representar graficamente configuram o desenho como precursor da escrita.
A construção do processo de leitura e escrita não está separada desse processo, pois a criança precisa passar por todas essas fases do desenho para iniciar sua escrita.
Alfabetização a princípio significa o domínio da leitura e da escrita, mas esse domínio é na verdade a conclusão de um longo processo. Para que uma criança seja alfabetizada, é preciso que ela passe antes por uma série de etapas em seu desenvolvimento, tornando-se então preparada para a aquisição da leitura e da escrita.
Primeiro ela vai perceber que existe um código escrito e um código desenhado, e então vai começar a buscar informações para entender essa complicada simbolização, e nesse momento deve ficar claro que não depende da vontade ou idade e sim dos conhecimentos que essa criança já elaborou sobre esse assunto.
Percebe-se que quando a criança desenha, escreve o mundo a sua maneira, representa, por exemplo, um cavalo azul através de um desenho e dali a instantes transforma num avião e depois aquele mesmo desenho poderá ainda ser um elefante. Porém a palavra cavalo representará sempre e apenas cavalo.
Fica claro que o signo visual ( desenho ) corresponde mais a maneira como a criança se expressa nesta fase, seu pensamento é essencialmente povoado por imagens. Vemos isto claramente expresso em desenhos que nos dão uma visão simultânea dos acontecimentos, sempre com um toque poético. Já o signo verbal implica a capacidade de analisar e ordenar necessariamente segundo uma seqüência lógico-linear. Exclui a simultaneidade, instaurando a linearidade, esta restrição se dá porque o signo verbal é altamente codificado.
Cada momento de evolução do desenho é crucial para o desenvolvimento da leitura e escrita, e que a criança nessa faixa etária precisa muito mais do que saber dizer o alfabeto, ler algumas palavras e ainda saber fazer contas mentalmente. A lógica do processo está presente desde o momento em que a criança começa a fazer círculos, pois apropria-se das formas geométricas, e estas vão dar base para todo o seu desenho e sua escrita, pois é a partir de um espaço geométrico e suas relações topológicas que se dá a construção da escrita e do desenho.
A matemática então é fundamental nessa construção, por isso procuramos dar sentido próprio a ela desenvolvendo a capacidade de interpretar, analisar, sintetizar, significar, transpor seu pensamento e representá-lo, percebendo que de um simples círculo, que inicialmente era somente risco involuntário, depois voluntário, passou a ser um “ cabeção” , um boneco, um sol, um olho, e finalmente uma letra, ou, um número e que principalmente tem uma significação muito diferente do desenho.
Outro momento fundamental da evolução se constitui na antecipação do ato gráfico, manifestado pela verbalização. A linguagem verbal é a base da linguagem gráfica constituída pelo desenho, e é através desse processo que procuramos estimular na criança a intenção prévia e o planejamento do pensamento. A fala é construtora do desenho: muitos detalhes gráficos são verbais, encadeados e unidos apenas oralmente. No caso da garatuja, onde o adulto vê somente um emaranhado de rabiscos, é quase como se houvesse dois desenhos: o que está no papel e o que a criança verbaliza. Em algumas ocasiões, ao invés de apenas nomear elementos isolados, as crianças contam pequenas histórias a partir dos desenhos, unindo as figuras representadas no papel. A linguagem oral, mediante o desenho, cria situações que ultrapassam os elementos gráficos. Esta narração, essencialmente verbal, impõe um caráter de texto gráfico ao conjunto de figuras produzidas; é a palavra que vai unir esses elementos, integrando-os.
Considerando o desenho como um elo entre a percepção e a imaginação, queremos provocar na criança o desenvolvimento da auto-expressão como percepção e apropriação da capacidade criativa e representativa.
O desenho é um processo de expressão rica de intenções, um processo pessoal que não permite igualar uma criança a outra. Precisamos evitar interpretações precipitadas e redutoras, geralmente com o intuito de adequar o desenho da criança.
A interpretação do desenho depende do olhar do intérprete, o primeiro intérprete é a própria criança, pois seu desenho é o lugar do provável, do indeterminado, das significações.
Ao olhar os desenhos devemos considerar não apenas o desenho como uma modalidade de expressão ou representação da realidade, mas também como o resultado de atividade intencional envolvendo aspectos cognitivos e emotivos. A partir do desenho a criança organiza informações, processa experiências vividas e pensadas, revela seu aprendizado e pode desenvolver um estilo de representação singular do mundo.



Referências Bibliográficas:
GREREIG, Philippe. A criança e o seu desenho.

O LOBO BOM..............

CONTEI ESTA HISTÓRIA E AS CRIANÇAS AMARAM....
OLHA QUE LEGAL...