"A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo. (Nelson Mandela) "

domingo, 1 de setembro de 2013


Peça de Teatro A Economia da Água


Peça de Teatro A Economia da Água
Essa peça de teatro e da professora Monica Braga, 


Título A economia da Água 

Personagens:
Gota Torneira
D.Economia
D.Desperdice
Narrador

Torneira entra e diz:
Torneira: -Ai que saudades da minha amiga gota!!!

Entra Dona Desperdice, abre a torneira e diz:
-Não seja por isso!!

D. torneira:
-Mas cadê a gota??

 D Desperdice:
-Não gosto dela!! Gosto muito mais, de água fora, e por falar nisso Dona Torneira, vamos comigo, pois temos muito o que fazer! Tenho que lavar a calçada,  agora,vou tomar banho(la,la la la la)

D torneira:
-Não faça isso!!estou cansada, quero a gota pra falar com ela.

D Desperdice:
-Não, agora não!! Tenho ainda que escovar meus dentes.
Que tal lavar o carro agora?? Bom, vou deixar você descansar, mas daqui há pouco, vou lavar a calçada. 

Dona torneira diz:
Socorro!! Gota!! Cadê você??

Desperdice para pensa e diz:
-Calma!!vou chamá-la.

Desperdice fecha a torneira e diz: -Aí vem ela.

Gota:
-Oi?? Me chamou?

D.torneira:
-Sim, a senhora Desperdice, quer acabar comigo hoje, não para de lavar coisas!!

Gota:
-Vamos conversar a noite toda hoje?

Torneira:
-Sim , sim!

Narrador: Entra a Dona Economia.

Dona economia:
-Olha vocês duas estão muito erradas. Aliás,vocês três.

Narrador : Desperdice se esconde, Dona economia puxa Desperdício e diz:
-Não é dona desperdício?? Você que é a mais velha deveria dar o exemplo. Você sabia que a água é um elemento essencial a vida e que a água potável, não estará mais disponível infinitamente? Ela é um recurso limitado? Olha vocês três serão responsáveis, pela falta de água em nosso planeta sabia?

Torneira:
-Cruz credo, também não precisa exagerar né??

D economia:
-Você que está exagerando D. Torneira, e se você ficar com essa boquinha bem fechada, vai economizar muito mais! Sabe, vamos fazer um trato!!

As três:
-Trato?

D Economia:
-Sim,trato!
A conta da água vai chegar,e cada real a menos,dividiremos entre vocês ok?

D Torneira:
Opa!! Não está mais aqui quem falou!

D Economia: Vão economizar ou não?

D Desperdice:
-Claro que sim!

Torneira:
-Não está mais aqui quem falou!!

D Desperdice:
É né, então ta bom, fazer o que?

Torneira:
Ok, não abro mais a minha boca, e gota,  não quero mais falar com você anoite toda combinado?? 

Gota:
-Ok,combinado!!

 Um mês depois.....
 Narrador: Entra dona economia sorridente e pergunta:
-Gente, tenho boas notícias, esse mês veio a conta e conseguimos economizar R$ 15,00!!

 Torneira:
-E eu consegui fechar minha boca!

Gota:
- E eu dormi a noite toda, isso foi bom para todos nós, e para nosso Planeta também, não é? Sem contar com o dim dim, que vamos dividir entre nós (risos)

D. Economia:
- Que bom que vocês gostaram, vou estar sempre por aqui,e lembrem-se: economia sempre!!!


 Fim

quarta-feira, 4 de abril de 2012

A PÁSCOA DO BRONCOLINDO


A PÁSCOA DO BRONCOLINDO


(Sony Barbutti )

BRON – Oi, Turma! Eu sou o Broncolindo. Eu gosto de dar broncas, mas sou muito lindo. Vocês sabem que a Páscoa está chegando, né! E eu tive uma idéia muito legal. Vou correndo contar para minha mãe. Vocês querem saber?

NARRADOR – Enquanto isso na casa do Broncolindo ...

BRON - Mãe! Mãe! Aonde você está?

MÃE – Estou aqui, Broncolindo. (aparecendo em cena)O que aconteceu?

BRON – Mãe, mãe, a gente pode comprar um coelho, pode?

MÃE – Comprar um coelho pra que, meu filho?

BRON – Mãe, se a gente comprar um coelho, a gente vai ter um monte de ovo de chocolate! A páscoa vai ser legal de mais!

MÃE – Que idéia é essa, menino? Onde já se viu, coelho colocar ovo de chocolate?

BRON – (todo confiante) É sim mãe. Na páscoa os coelhos dão ovos de chocolate! A senhora nunca viu na televisão, nos supermercados... aparece em todos os lugares. Até na escola tem um mural. Aí mãe, se a gente comprar um coelho, a gente vai comer um montão de ovos de chocolate, né!

MÃE – (sorrindo) Não é assim, meu filho. Primeiro que os coelhos não colocam ovos como a galinha e os passarinhos...

BRON – (interrompe decepcionados) Não mãe? Então porque o coelho aparece junto com os ovos de chocolate?

MÃE – Os coelhos e os ovos são símbolos da Páscoa...(Bron interrompe eufórico)

BRON – Eu sei, eu sei. A professora já ensinou que símbolo é uma coisa que representa uma outra coisa. Igual no sinal de trânsito, o vermelho é pro carro parar. (com ar de inteligente) Viu, como eu sei?

MÃE – Muito bem, garoto esperto! Agora presta atenção. Páscoa é a festa que comemora a ressurreição de Cristo. Mas a Páscoa com ovos e coelhos é uma outra história. (Interrompe)


BRON – Conta mãe, conta. Eu gosto de ouvir história.

MÃE – O ovo é o símbolo da vida. Representa o nascimento, a renovação. Há muito tempo atrás, as pessoas comemoravam a Páscoa dando presentes uns aos outros. Só que na Alemanha depois da guerra faltava comida. E para as crianças não ficarem sem presentes, os adultos pintaram ovos de galinha com cores bem vivas e colocaram os ovos na floresta. Na manhã de Páscoa, mandaram as crianças procurarem os presentes na floresta. Quando chegaram lá viram a surpresa. Elas quiseram saber quem havia levado os ovos para lá. Como por todo lado que andavam, encontravam coelhinhos que haviam nascido naquela época. Então as crianças pensaram: “São estes coelhinhos que trazem e escondem os ovinhos...” E foi assim que os meninos e meninas passaram a acreditar que os coelhinhos faziam parte da história dos ovos de Páscoa.

BRON – Ué, mas se eram ovos de galinha que as crianças pensaram que eram de coelho, por que agora na Páscoa são ovos de chocolate?

MÃE – Os bombons só foram criados muito tempo depois, no século XX. Bem, certamente alguém aproveitou pra ganhar dinheiro e criou o ovo de chocolate.

BRON – Ainda bem! Porque o ovo de chocolate é muito, mas muito mais gostoso que o ovo de galinha!

MÃE – É meu filho, mas infelizmente na Páscoa as pessoas pensam em chocolate, bombons, brinquedinhos que vêm dentro dos ovos... e se esquecem de comemorar a Páscoa. A Páscoa é comemorada para lembrar que Cristo morreu e tornou a viver. E que agora nós podemos ter vida em Cristo aceitando Jesus como salvador, vivendo de acordo com a sua Palavra – a Bíblia.

BRON – Então mãe, não precisa mais comprar um coelho para mim não. Ele não bota ovo de chocolate mesmo. Agora eu sei que o mais importante é a gente viver a Páscoa lembrando que devemos viver o que Cristo ensinou.

MÃE – Isso mesmo, meu filho.

BRON – Viu crianças, eu estava enganado. Páscoa não é ovo de chocolate. Se vocês forem espertos assim como eu, vão comemorar a Páscoa lembrando que Jesus Cristo é o real sentido da Páscoa.
Bom, agora eu tenho que ir, Feliz Páscoa para todos vocês!

MÃE – Feliz Páscoa e não deixem de viver o que Cristo ensinou.

Os dois se despedem e saem.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

A PÍLULA FALANTE

A SEGUIR O ROTEIRO DA PEÇA:
A PÍLULA FALANTE

NARRADOR – NO SÍTIO DO PICA-PAU AMARELO MORA UMA SENHORA CHAMADA DONA BENTA, VIVE AFASTADA DA CORRERIA E DO BARULHO DA CIDADE GRANDE.

(MÚSICA DO SÍTIO / ENTRA DONA BENTA)

NARRADOR - JUNTO COM DONA BENTA MORA A NEGRA TIA NASTÁCIA, QUE ADORA FAZER BOLINHOS DE CHUVA.

(ENTRA TIA NASTÁCIA, COM UMA PANELA)

DONA BENTA – HUMM! QUE CHEIRO BOM ESTE! O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO?

NASTÁCIA – ESTOU PREPARANDO ALGUNS BOLINHOS DE CHUVA.
DONA BENTA – AI QUE DELICIA!
NARRADOR – NO SÍTIO MORA TAMBÉM A NETA DE DONA BENTA, LÚCIA, MAIS CONHECIDA COMO NARIZINHO. ELA VIVE NO MUNDO DE FANTASIAS, E NÃO DESGRUDA DE SUA BONECA EMÍLIA, FEITA DE PANO PELA TIA NASTÁCIA.

(MÚSICA DA NARIZINHO)
ENTRA A NARIZINHO

NARIZINHO – VOVÓ. QUERIA TANTO QUE EMÍLIA FALASSE COMO NÓS, PARA TER COM QUEM CONVERSAR.
DONA BENTA – HAHAHA, ELA É APENAS UMA BONECA, NÃO TEM COMO ELA FALAR.
NARIZINHO – TEM SIM, QUANDO EU FUI LÁ AO REINO DAS ÁGUAS CLARAS, O DOUTOR CARAMUJO ME DEU UMA DE SUAS PÍLULAS, PARA QUE EU DESSE A EMÍLIA E ELA COMEÇASSE A FALAR.
NASTÁCIA – AONDE JÁ SE VIU BONECA FALAR, PÍLULA FALANTE, CARAMUJO SER DOUTOR, ISSO É COISA DA SUA IMAGINAÇÃO.
DONA BENTA PARA TIA NASTÁCIA – ESSA MINHA NETA TEM CADA IDÉIA, HAHAHA.

(DONA BENTA E TIA NASTÁCIA SAEM RINDO)

(DÁ A PÍLULA PARA A BONECA E A COLOCA DENTRO DA CAIXA DE COSTURA, E SENTA NO CHÃO AO LADO DA CAIXA)

(MÚSICA DA EMÍLIA – APENAS AS PRIMEIRAS ESTROFES)
(EMÍLIA SAI AOS POUCOS DE DENTRO DA CAIXA)

NARIZINHO – VOVÓ, TIA NASTÁCIA, VENHAM ATÉ AQUI, RÁPIDO!

(EMÍLIA FICA TESTANDO A VOZ)
(NARIZINHO DA UM LEVE TAPA NAS COSTAS DE EMÍLIA)

NARIZINHO – FALA EMÍLIA, FALA EMÍLIA, FALA.
EMÍLIA – ESTOU COM UM HORRÍVEL GOSTO DE SAPO NA BOCA. ECA!
NARIZINHO – UHUULLL! VIU VOVÓ, COMO MINHA BONECA PODE FALAR!
EMÍLIA – MAS QUE CARAS SÃO ESSAS? QUEM SÃO TODOS ESSES? PRA QUE TANTA GENTE? TEM FESTA AQUI HOJE, É? E VOCÊS? SABEM POR QUE ELAS ESTÃO COM ESSAS CARAS DE CORUJAS AZEDAS? QUEM SÃO VOCÊS? QUAL SEU NOME? E A SUA IDADE? VOCÊ ESTUDA? TEM Q ESTUDAR PRA FICAR TÃO INTELIGENTE QUANTO EU! E VOCÊ AI, GOSTA DO SÍTIO?

(MÚSICA EMÍLIA – REFRÃO / TODOS COMEÇAM A DANÇAR)

NARRADOR – NO SÍTIO DO PICA-PAU AMARELO TUDO É POSSÍVEL, A FANTASIA SE MISTURA COM A REALIDADE, E ASSIM, CRIANDO MUITAS AVENTURAS COM ESSA TURMINHA.

DONA BENTA – E ALGUÉM AQUI SABE ME DIZER QUEM FOI MONTEIRO LOBATO?
EMÍLIA – EU SEI É CLARO, PORQUE SOU MUITO INTELIGENTE! ELE FOI UM GRANDE NOME DA LITERATURA BRASILEIRA, NASCEU EM TAUBATÉ, NA CIDADE DE SÃO PAULO, NO ANO DE 1882.
DONA BENTA – ISSO MESMO EMÍLIA! E MONTEIRO LOBATO COMEÇOU PUBLICANDO SEUS PRIMEIROS CONTOS EM JORNAIS E REVISTAS.
NASTÁCIA – E ESTES CONTOS FORAM COLOCADOS EM UM DOS LIVROS DELE, QUE SE CHAMA URUPÊS.
NARIZINHO – MAS ELE É MAIS CONHECIDO ENTRE AS CRIANÇAS POR SEUS PERSONAGENS: EMÍLIA, DONA BENTA, TIA NASTÁCIA, E MUITOS OUTROS QUE FAZEM PARTE DO SÍTIO DO PICA-PAU AMARELO.
NASTÁCIA – NO ANO DE 1948, MONTEIRO LOBATO MORREU, MAS NOS DEIXOU ESSE GRANDE SUCESSO, ADORADO PELAS CRIANÇAS E TAMBÉM POR MUITOS ADULTOS.
DONA BENTA – E A GENTE VAI FICANDO POR AQUI, MAS DAQUI A POUCO, VAMOS TER MUITAS MAIS AVENTURAS.

(MÚSICA DO SÍTIO DO PICA-PAU AMARELO)
ESTA PEÇA FOI APRESENTADA PELO MEU GRUPO, AGRADEÇO AS MINHA AMIGAS ALINE, BRUNA E VIVIANA PELA PERMISSÃO PARA A PUBLICAGEM DO ROTEIRO.

TEATRO SITIO DO PICAPAU AMARELO

TEATRO SITIO DO PICAPAU AMARELO

– SACI ENTRA BAGUNÇA A MESA E FALA:
- EU VOU APRONTAR E BAGUNÇAR TUDINHO...... (VAI PARA O CANTINHO DO PALCO).

– TIA NASTACIA – ENTRA NA COZINHA E FALA:
- MEU DEUS ESTA TUDO BAGUNÇADO SÓ PODE SER O SACI. (COMEÇA ARRUMAR A BAGUNÇA)
NARRADOR – NASTACIA FALOU COM TIO BARNABÉ QUE CONTOU PARA PEDRINHO E ESTE FICOU BRAVO.

PEDRO – PEDRINHO ENTRA E FALA:
- EU VOU PEGAR O SACI E COLOCAR DENTRO DA GARRAFA. (SAI DA SALA).
NARRADOR – ENQUANTO ISSO NARIZINHO ANDA NO SITIO COM SUA BONECA.
– NARIZINHO – PASSEIA COM A BONECA NAS MAOS E DIZ:
- EMILIA GOSTARIA TANTO QUE VOCE FALASSE.
NARRADOR = NARIZINHO PENSA EM LEVAR EMILIA AO PRINCIPE ESCAMOSO QUE FALOU QUE O DOUTOR CARAMUJO TEM UMAS PIRULAS MILAGROSAS. ELA VAI ATRAS DO DOUTOR CARAMUJO E AO DAR AS PIRULAS PARA EMILIA ELA SAI FALANDO ATORMENTANDO TODOS DO SITIO.
ENQUANTO ISSO DONA BENTA RECEBE UMA VISITA IMPORTANTE.
TOC TOC TOC TOC
– DONA BENTA - NASTACIA!NASTACIA! VAI ATENDER A PORTA.
A NASTACIA DEVE ESTAR OCUPADA EU VOU ATENDER A PORTA. (LEVANTA E VAI FAZER QUE ABRE A PORTA E FALA)
- SR LOBATO QUE VISITA ILUSTRE!
– LOBATO : É UM PRAZER!
NARRADOR: DONA BENTA PEDIU PARA NASTACIA FAZER UNS BOLINHOS DE CHUVA.
LOBATO = DONA BENTA ESTOU QUERENDO ESCREVER MINHAS MEMORIAS E PRECISO DE SUA AJUDA.
NARRADOR = DONA BENTA FICA FELIZ POIS LOBATO VEIO AO LUGAR CERTO E PEDE QUE NASTACIA CHAME A TURMA QUE O SENHOR LOBATO ESTA NO SITIO E TODOS SE APRESENTAM:
EMILIA = BONECA DE PANO QUE GANHOU VIDA E FALA TUDO O QUE PENSA.

PEDRINHO = NETO DA DONA BENTA E PRIMO DE NARIZINHO. MENINO DE GRANDE CORAGEM, FOI O ÚNICO QUE CONSEGUIU PRENDER O SACI.

NARIZINHO = NETA DA DONA BENTA. TEM ESSE APELIDO PELO SEU NARIZ ARREBITADO.
DONA BENTA = É A DONA DO SITIO E TEM CERCA DE 60 ANOS. É UMA VOVO CARINHOSA.

NASTACIA = ALEM DE CUIDAR DA COZINHA E COZINHAR MUITO BEM ELA É UMA FAZ TUDO E UMA BOA CONTADORA DE ESTÓRIAS.

QUINDIM = RINOCERONTE QUE FUGIU DO CIRCO E FOI PARAR PERDIDO NO SITIO. É UM CRAQUE NA GRAMATICA.

SACI = MENINO DE UMA PERNA SÓ QUE FAZ MUITAS ESTRIPULIAS.

VISCONDE = BONECO FEITO DE SABUGO DE MILHO E PALHA, QUE ACREDITA NAS VERDADES ESTRITAS NOS LIVROS, É UM VERDADEIRO SÁBIO.

JOANINHA, BORBOLETA, GRILO = PERSONAGENS QUE ILUSTRAM OS LIVROS E ALEGRAM NOSSAS LEITURAS JUNTAMENTE COM A TURMA DO SITIO.

NARRADOR – NISSO ENTRA A CUCA ASSUSTANDO TODOS E DIZENDO:
– CUCA : - NÃO LEMBRARAM DE MIM!!!
NARRADOR = EMILIA FALA:
EMILIA: PORQUE DEVERIAMOS LEMBRAR VOCE NÃO TEM MEMORIA!
CUCA: VOU ME VINGAR!!!!

TERMINAMOS AS MEMORIAS DE LOBATO E SUAS HISTORIAS FICARAM REGISTRADAS NOS LIVROS QUE NOS FAZEM VIAJAR ATE OS DIAS DE HOJE. (ENTRA AS CRIANÇAS CADA UM COM SEU LIVRO).
NASTACIA = EU VOU PREPARAR BOLINHOS DE CHUVA!

TODOS= OBA!!!
# desconheço autoria

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Projeto Folclore (Literatura de Cordel)

Projeto Folclore (Literatura de Cordel)

Peça: O vaqueiro que não sabia mentir

PERSONAGENS
Fazendeiro 1 - Pedro ( muito rico e orgulhoso)
Fazendeiro 2 - Antônio ( mal e invejoso)
Vaqueiro do fazendeiro 1 - Sebastião ( confiável, não sabia mentir)
Filha do fazendeiro 2 - Marina ( sensível e bonita)
Boi Barroso ( forte, bonito e valioso)

CENÁRIOS
Fazenda 1
Fazenda 2
Pasto

Narrador (a)
Era uma vez um fazendeiro muito rico chamado Pedro que tinha dois orgulhos: seu boi Barroso – o maior, o mais forte, o mais bonito, o animal mais valioso da região. O outro era seu vaqueiro que não sabia mentir. Ele confiava tanto neste vaqueiro que o deixava tomando conta de seu boi Barroso. E assim falava a todos de seus dois orgulhos.

FAZENDA 1 - Um dia, o fazendeiro vizinho de nome Antônio, um sujeito muito malvado e invejoso foi visitar Pedro. Fez uma aposta de um saco cheio de dinheiro que o vaqueiro Sebastião iria contar uma grande mentira. Pedro aceitou a aposta.

FAZENDA 2 - Mas Antônio tinha uma idéia na cabeça. Chamou sua filha Marina que era uma flor de tão linda. Contou o seu plano. A moça não aceitou. Mas o fazendeiro era mau e de tanto insistir e maltratar a filha que não houve jeito: Marina teve que participar do plano do pai.

PASTO –
1º DIA: Um dia Sebastião estava no pasto com o boi Barroso e apareceu marina toda faceira, cheirosa com um vestido de flores do campo. O vaqueiro achou a moça muito bonita e os dois conversaram.

2º DIA: Passou o tempo. A moça apareceu de novo com um vestido de conchas do mar. Os dois conversaram e se abraçaram.

3º DIA: Passou o tempo. A moça apareceu de novo, veio toda cheirosa usando um vestido com estrelas do céu. O vaqueiro achou Marina à moça mais linda do que tudo. O vaqueiro estava apaixonado pela moça. Naquele dia os dois namoraram o dia inteiro. Na despedida marina pediu uma prova de amor: a morte do boi Barroso. Sebastião disse que ela pedisse tudo menos isto. Mas a moça só queria saber da morte do boi como prova de amor. O moço examinou a moça e balançou a cabeça. Depois, puxou a peixeira da cinta e matou o boi Barroso ali mesmo. A moça foi embora.

FAZENDA 2 – Marina chegou a casa chorando. Contou tudo ao pai. O malvado caiu na gargalhada.

FAZENDA 1 – No dia seguinte Antônio foi visitar Pedro pedindo o saco de dinheiro da aposta. Sem entender Pedro mandou chamar Sebastião. O moço veio de cabeça baixa e chapéu na mão. O fazendeiro malvado só ria e pensou que dessa vez o vaqueiro ia mentir. Mas Sebastião puxando uma viola cantou:



Eu estava no meu canto
Uma flor saiu do chão
Cresceu e fez um pedido
Que rasgou meu coração

Pediu que eu matasse o boi
Aquele fabuloso
Aquele bicho jeitoso
O famoso boi Barroso

Eu disse que não podia
E ela disse que queria
Eu disse que não devia
Ela fez que não me ouvia

E disse mais, meu senhor,
Veio pra perto e falou
Queria sentir firmeza
Certeza do meu amor

Eu amava de verdade,
Sentia amor pra valer
Mas se amor é invisível
O que eu posso fazer?
Pra provar que ele existia
Mostrar que tamanho tinha
Cometi uma maldade
Foi crime, foi culpa minha

Eu matei o boi Barroso
Aquele boi amoroso
Aquele bicho manhoso
Aquele boi precioso

Fiz loucura àquela hora
Por estar apaixonado
Se errei, eu pago agora
Mereço ser castigado.

O dono do boi ficou louco da vida. O vizinho ficou de queixo caído porque o vaqueiro não mentiu. Foi quando surgiu a moça. Veio toda cheirosa, usando vestido branco. Disse que estava arrependida. Chorou e contou a verdade. Disse que tinha feito tudo obrigada pelo pai. Ao ouvir isso, o vaqueiro ficou tristonho. Mas a moça continuou. Disse que agora estava apaixonada e queria casar com ele. O fazendeiro malvado pagou a aposta e foi expulso da fazenda, prometendo deixar a sua filha casa com o vaqueiro. Pedro perdoou Sebastião por matar o boi Barroso e deu de presente de casamento o saco de dinheiro ganho na aposta.


Bibliografia: Azevedo, Ricardo. Bazar do Folclore: tradição popular. São Paulo: Ática, 2001. P.47 – 49.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

TEATRO- PRESENTE DE NATAL

TEATRO- PRESENTE DE NATAL



MENINA - O QUE ESTÁ FAZENDO?
MENINO -VOCÊ NÃO SABE? AMANHÃ É DIA DE NATAL. VOU COLOCAR UM SAPATÃO BEM GRANDE DEBAIXO DA ÀRVORE PARA O PAPAI NOEL ME DAR BASTANTE PRESENTES.

MENINA -VOCÊ VAI ENGANAR O PAPAI NOEL?

MENINO - QUE NADA PAPAI NOEL É VELHO ELE NEM VAI DESCOBRIR.

MENINA -NÃO SEI NAÕ PAPAI NOEL É UM VELHINHO MUITO BOM. ACHO MELHOR NÃO ENGANAR NINGUÉM. POR ISSO VOU COLOCAR SÓ O MEU SAPATINHO DEBAIXO DA ARVORE.

MENINO -VAMOS DORMIR AMANHÃ QUERO ACORDAR BEM CEDINHO PARA VER O QUE O PAPAI NOEL DEIXOU NO MEU SAPATO.

MENINO -ENTÃO VAMOS.

( PAPAI NOEL) ESTA É MAIS UMA CASA ONDE VOU DEIXAR PRESENTES. ONDE ESTÁ A ARVORE DE NATAL?
AH! ESTÁ QUI E TEM DOIS SAPATOS; UM SAPATINHO E UM SAPATÃO. ESTE SAPATÃO DEVE SER DE ALGUM MARMANJÃO, POR ISSO VOU DEIXAR SÓ UM GRAVATA. ESTE SAPATINHO DEVE SER DE UMA CRIANÇA. ELA PRECISA DE BRINQUEDOS, ROUPAS , DOCES E LIVROS. VOU DEIXAR TUDO ISSO.

MENINA - AH! QUANTA COISA EU GANHEI!
MENINO -EU SÓ GANHEI UM GRAVATA.
MENINA -ACHO QUE PAPAI NOEL DESCONFIOU QUE VOCÊ QUERIA ENGANÁ-LO.
MENINO - AGORA APRENDI A LIÇÃO. NUNCA MAIS VOU ENGANAR NINGUEM. QUEM SABE NO ANO QUE VEM GANHO BASTANTA PRESENTES.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

A Pílula Falante

A Pílula Falante

Narrador – No Sítio do Pica-Pau Amarelo mora uma senhora chamada Dona Benta, vive afastada da correria e do barulho da cidade grande.

(Música do Sítio / Entra Dona Benta)

Narrador - Junto com Dona Benta mora a Negra Tia Nastácia, que adora fazer bolinhos de chuva.

(Entra Tia Nastácia, com uma panela)

Dona Benta – Humm! Que cheiro bom este! O que você está fazendo?


Nastácia – Estou preparando alguns bolinhos de chuva.
Dona Benta – Ai que delicia!
Narrador – No sítio mora também a neta de Dona Benta, Lúcia, mais conhecida como Narizinho. Ela vive no mundo de fantasias, e não desgruda de sua boneca Emília, feita de pano pela Tia Nastácia.

(Música da Narizinho)
Entra a Narizinho

Narizinho – Vovó. Queria tanto que Emília falasse como nós, para ter com quem conversar.
Dona Benta – Hahaha, ela é apenas uma boneca, não tem como ela falar.
Narizinho – Tem sim, quando eu fui lá ao Reino das Águas Claras, o Doutor Caramujo me deu uma de suas pílulas, para que eu desse a Emília e ela começasse a falar.
Nastácia – Aonde já se viu boneca falar, pílula falante, caramujo ser doutor, isso é coisa da sua imaginação.
Dona Benta para Tia Nastácia – Essa minha neta tem cada idéia, hahaha.

(Dona Benta e Tia Nastácia saem rindo)

(Dá a pílula para a boneca e a coloca dentro da caixa de costura, e senta no chão ao lado da caixa)

(Música da Emília – apenas as primeiras estrofes)
(Emília sai aos poucos de dentro da caixa)

Narizinho – Vovó, Tia Nastácia, venham até aqui, rápido!

(Emília fica testando a voz)
(Narizinho da um leve tapa nas costas de Emília)

Narizinho – Fala Emília, fala Emília, fala.
Emília – Estou com um horrível gosto de sapo na boca. Eca!
Narizinho – Uhuulll! Viu vovó, como minha boneca pode falar!
Emília – Mas que caras são essas? Quem são todos esses? Pra que tanta gente? Tem festa aqui hoje, é? E vocês? Sabem por que elas estão com essas caras de corujas azedas? Quem são vocês? Qual seu nome? E a sua idade? Você estuda? Tem q estudar pra ficar tão inteligente quanto eu! E você ai, gosta do Sítio?

(Música Emília – refrão / Todos começam a dançar)

Narrador – No sítio do Pica-Pau Amarelo tudo é possível, a fantasia se mistura com a realidade, e assim, criando muitas aventuras com essa turminha.

Dona Benta – E alguém aqui sabe me dizer quem foi Monteiro Lobato?
Emília – Eu sei é claro, porque sou muito inteligente! Ele foi um grande nome da literatura brasileira, nasceu em Taubaté, na cidade de São Paulo, no ano de 1882.
Dona Benta – Isso mesmo Emília! E Monteiro Lobato começou publicando seus primeiros contos em jornais e revistas.
Nastácia – E estes contos foram colocados em um dos livros dele, que se chama Urupês.
Narizinho – Mas ele é mais conhecido entre as crianças por seus personagens: Emília, Dona Benta, Tia Nastácia, e muitos outros que fazem parte do Sítio do Pica-Pau Amarelo.
Nastácia – No ano de 1948, Monteiro Lobato morreu, mas nos deixou esse grande sucesso, adorado pelas crianças e também por muitos adultos.
Dona Benta – E a gente vai ficando por aqui, mas daqui a pouco, vamos ter muitas mais aventuras.

(Música do Sítio do Pica-Pau Amarelo)

DESCONHEÇO AUTORIA

sábado, 3 de setembro de 2011

Vem aí a Prima Vera




“Vem aí a Prima Vera”

Carolina fica intrigada quando recebe a carta de uma Prima que não conhece. Quando a vai esperar à estação vê-se rodeada por outros meninos que, ansiosos, também aguardam a anunciada visita.

Finalmente chega à estação uma menina carregada de presentes: joaninhas, flores, sol, andorinhas…

Quem será afinal esta Prima tão especial?

Era uma vez uma menina chamada Carolina a quem o carteiro, numa bela manhã, entregou uma carta.

Carolina, depois de abrir o envelope, ficou muito surpreendida ao ler o que na carta estava escrito:

Chego no dia 21 de Março. Estação nova. Tua Prima.

Voltou a ler a carta, outra vez e ainda outra, sem nada entender: – Quem será esta prima que eu não conheço? Bem, só faltam três dias para saber.

Três dias? Tanto tempo para uma menina cheia de curiosidade. Por isso, Carolina não sossegou e, na véspera do importante dia, demorou a adormecer.

O dia amanheceu envolvido por um sol radioso. A menina levantou-se cedo e, vestida com uma roupa de festa como alguém que espera visitas, saiu de casa. Apertando numa das mãos a carta, dirigiu-se, sem demoras, à estação dos comboios (que era nova porque tinha sido construída há pouco tempo).

Ao chegar viu um grupo de entusiasmados meninos. Aproximou-se e percebeu que alguns seguravam um envelope. Resolveu então perguntar-lhes o que faziam ali.

Os meninos contaram que cada um tinha recebido uma carta que dizia:

Chego logo. Estação nova. Tua Prima.

Carolina mostrou-lhes a sua carta que dizia exactamente o mesmo.

Tudo parecia estranho.

Resolveram esperar. Viram passar um comboio, depois outro e ainda outro… Finalmente aproximou-se da estação, em marcha lenta, um comboio que acabou por parar.

Dele saiu uma bonita menina com um vestido coberto de flores: malmequeres, papoilas, tulipas, lírios… No seu chapéu, amarelo como o sol, esvoaçavam andorinhas e pardais; os seus sapatos eram verdes como a erva dos campos.

Carregada de malas, dirigiu-se aos meninos:

- Fui eu que vos escrevi. Estou muito feliz por me terem vindo esperar. Sou a vossa Prima.

- Nossa Prima? – perguntaram os meninos de olhos arregalados.

- Como te chamas? – apressou-se a perguntar, Carolina.

- Ah! Ainda não descobriram? Eu sou a Vera. Sou a vossa Prima e de todos os meninos do mundo. Costumo chegar aqui neste dia. Sou a… PRIMA VERA!

Que surpresa tão grande! Os meninos ficaram radiantes.

Feitas as apresentações, a Prima Vera começou a abrir suas malas para mostrar os presentes que trouxera: SOL, ANDORINHAS, FOLHAS VERDES, FLORES, BORBOLETAS, JOANINHAS e muita, muita ALEGRIA.

Agradecendo a presença de todos, a Prima explicou que iria, de seguida, ao encontro de outros meninos.

Mas voltaria para o ano. Palavra de Prima Vera!

Antes de partir, pediu ainda aos meninos que anunciassem a sua chegada a todas as pessoas.

Eles assim fizeram. Correram até suas casas, sorridentes e ansiosos por contar aos pais, irmãos, avós, amigos e vizinhos que era um dia muito especial: tinha chegado a PRIMAVERA!

Vem aí a Prima Vera




“Vem aí a Prima Vera”

Carolina fica intrigada quando recebe a carta de uma Prima que não conhece. Quando a vai esperar à estação vê-se rodeada por outros meninos que, ansiosos, também aguardam a anunciada visita.

Finalmente chega à estação uma menina carregada de presentes: joaninhas, flores, sol, andorinhas…

Quem será afinal esta Prima tão especial?

Era uma vez uma menina chamada Carolina a quem o carteiro, numa bela manhã, entregou uma carta.

Carolina, depois de abrir o envelope, ficou muito surpreendida ao ler o que na carta estava escrito:

Chego no dia 21 de Março. Estação nova. Tua Prima.

Voltou a ler a carta, outra vez e ainda outra, sem nada entender: – Quem será esta prima que eu não conheço? Bem, só faltam três dias para saber.

Três dias? Tanto tempo para uma menina cheia de curiosidade. Por isso, Carolina não sossegou e, na véspera do importante dia, demorou a adormecer.

O dia amanheceu envolvido por um sol radioso. A menina levantou-se cedo e, vestida com uma roupa de festa como alguém que espera visitas, saiu de casa. Apertando numa das mãos a carta, dirigiu-se, sem demoras, à estação dos comboios (que era nova porque tinha sido construída há pouco tempo).

Ao chegar viu um grupo de entusiasmados meninos. Aproximou-se e percebeu que alguns seguravam um envelope. Resolveu então perguntar-lhes o que faziam ali.

Os meninos contaram que cada um tinha recebido uma carta que dizia:

Chego logo. Estação nova. Tua Prima.

Carolina mostrou-lhes a sua carta que dizia exactamente o mesmo.

Tudo parecia estranho.

Resolveram esperar. Viram passar um comboio, depois outro e ainda outro… Finalmente aproximou-se da estação, em marcha lenta, um comboio que acabou por parar.

Dele saiu uma bonita menina com um vestido coberto de flores: malmequeres, papoilas, tulipas, lírios… No seu chapéu, amarelo como o sol, esvoaçavam andorinhas e pardais; os seus sapatos eram verdes como a erva dos campos.

Carregada de malas, dirigiu-se aos meninos:

- Fui eu que vos escrevi. Estou muito feliz por me terem vindo esperar. Sou a vossa Prima.

- Nossa Prima? – perguntaram os meninos de olhos arregalados.

- Como te chamas? – apressou-se a perguntar, Carolina.

- Ah! Ainda não descobriram? Eu sou a Vera. Sou a vossa Prima e de todos os meninos do mundo. Costumo chegar aqui neste dia. Sou a… PRIMA VERA!

Que surpresa tão grande! Os meninos ficaram radiantes.

Feitas as apresentações, a Prima Vera começou a abrir suas malas para mostrar os presentes que trouxera: SOL, ANDORINHAS, FOLHAS VERDES, FLORES, BORBOLETAS, JOANINHAS e muita, muita ALEGRIA.

Agradecendo a presença de todos, a Prima explicou que iria, de seguida, ao encontro de outros meninos.

Mas voltaria para o ano. Palavra de Prima Vera!

Antes de partir, pediu ainda aos meninos que anunciassem a sua chegada a todas as pessoas.

Eles assim fizeram. Correram até suas casas, sorridentes e ansiosos por contar aos pais, irmãos, avós, amigos e vizinhos que era um dia muito especial: tinha chegado a PRIMAVERA!

teatro Primavera – O casamento das flores




Primavera – O casamento das flores
Autor: Raquel Martins |
Na Primavera , ouvem-se cantar os passarinhos em todo o lado.
Pássaros – Piu, piu, piu: casemos e teremos lindos filhinhos.
Nos, não ouvimos as flores, certamente porque não temos o ouvido bastante apurado.
Mas, elas querem casar para ter, não ovos como as aves, mas sementes de onde sairão as novas plantas.
Lúcia – Um casamento de flores deve ser bem bonito!
Sonha Lúcia, que já vê uma centáurea azul desposando uma rosa e todo o cortejo dos amigos ricamente vestidos.
Ela vê o cravo com a papoila, a campainha com a margarida, o miosótis com o malmequer, o lilás com a tulipa.
No entanto, as coisas não se passam bem assim; os noivados das flores são muito secretos. É no interior da flor que eles se preparam e se realizam.
Somente as abelhas, as vespas e as moscas sabem do segredo. E as borboletas também!
Lúcia – Vamos lá, peludo jovem zangão, tu sabes como se casam as flores?
Zangão – Sim e sinto-me ainda surpreendido: esta manhã, vinha eu valsando por cima do grande lírio que se ergue perto das roseiras encarnadas e ouço vozes que saem do meio das pétalas.
Flores – Sim, sim, casemo-nos!
Dizem os estames e os pistilos.
O pistilo é aquela espécie de garrafa bojuda que parece ter um longo gargalo e uma pequena rolha verde.
Os estames estão em volta do pistilo, debruçados do alto do longo pecíolo, olhando para ele.
Pistilo – Tenho dentro do meu ventre pequenas bolinhas verde pálido, semelhantes a pequenos ovos, que virão a ser sementes.
Estames – Nós temos nos nossos pequenos sacos um pó dourado, o pólen.
É com o pólen que sujamos o nariz das crianças que vêm cheirar os lírios!
Pistilo – O vosso pólen não serve para nada se vocês o guardarem nos vossos sacos.
Estames – E as vossas pequenas sementes? Julgas tu que elas dão plantas se nós não nos juntarmos?
Pistilo e estames – É preciso casarmo-nos! Mas como fazemos, se nos encontramos presos?
Vento – Eu ajudo-vos.
E põe-se a balançar o grande lírio.
Estames – Obrigado, nós abriremos os nossos pequenos sacos.
O pó dourado, então espalhou-se sobre a boca do pistilo que é pegajosa e o pólen cola-se e introduz-se suavemente pelo gargalo da pequena garrafa.
Cada partícula amarela toca uma semente.
Lúcia – Agora, estas ementes só têm que amadurecer. Elas têm dentro de si o gérmen duma pequena planta.
Mas, diz-me peludo, e quando não há vento?
Zangão – Ah! Olha que ainda não acabei a minha história. Já vais ver: eu parto para outras flores…
Flores – Não há vento! Como vamos fazer para tocar os pistilos?
Moscas, vespas e abelhas – Nós ajudaremos!
Zangão – Juntei-me a eles e cada insecto escolheu uma flor. Penetro dentro de uma campânula azul, esfrego-me contra o pólen e encho com ele a minha ligeira penugem e ao sacudir-me no centro da flor, deposito o pólen sobre o pistilo. Todos os insectos fazem a mesma coisa.
Depois, atordoados, moscas, moscardos e zangãos vão de planta em planta, de jardim em jardim recolher o pólen.
Se bem que são por vezes os estames duma flor longínqua que levam o seu pólen a um pistilo afastado.
Isto faz combinações maravilhosas e pode ser que plantas muito mais belas venham a nascer destes casamentos inesperados.
É meio dia, o sol dilata o coração das rosas, dos lírios e das outras flores, o jardim enche-se de perfumes e de zumbidos.
Ouve, pequena Lúcia, dir-se-ia que são as flores que murmuram e que trauteiam alegremente:
Flores – Sim, casemo-nos!

teatro Primavera – O casamento das flores




Primavera – O casamento das flores
Autor: Raquel Martins |
Na Primavera , ouvem-se cantar os passarinhos em todo o lado.
Pássaros – Piu, piu, piu: casemos e teremos lindos filhinhos.
Nos, não ouvimos as flores, certamente porque não temos o ouvido bastante apurado.
Mas, elas querem casar para ter, não ovos como as aves, mas sementes de onde sairão as novas plantas.
Lúcia – Um casamento de flores deve ser bem bonito!
Sonha Lúcia, que já vê uma centáurea azul desposando uma rosa e todo o cortejo dos amigos ricamente vestidos.
Ela vê o cravo com a papoila, a campainha com a margarida, o miosótis com o malmequer, o lilás com a tulipa.
No entanto, as coisas não se passam bem assim; os noivados das flores são muito secretos. É no interior da flor que eles se preparam e se realizam.
Somente as abelhas, as vespas e as moscas sabem do segredo. E as borboletas também!
Lúcia – Vamos lá, peludo jovem zangão, tu sabes como se casam as flores?
Zangão – Sim e sinto-me ainda surpreendido: esta manhã, vinha eu valsando por cima do grande lírio que se ergue perto das roseiras encarnadas e ouço vozes que saem do meio das pétalas.
Flores – Sim, sim, casemo-nos!
Dizem os estames e os pistilos.
O pistilo é aquela espécie de garrafa bojuda que parece ter um longo gargalo e uma pequena rolha verde.
Os estames estão em volta do pistilo, debruçados do alto do longo pecíolo, olhando para ele.
Pistilo – Tenho dentro do meu ventre pequenas bolinhas verde pálido, semelhantes a pequenos ovos, que virão a ser sementes.
Estames – Nós temos nos nossos pequenos sacos um pó dourado, o pólen.
É com o pólen que sujamos o nariz das crianças que vêm cheirar os lírios!
Pistilo – O vosso pólen não serve para nada se vocês o guardarem nos vossos sacos.
Estames – E as vossas pequenas sementes? Julgas tu que elas dão plantas se nós não nos juntarmos?
Pistilo e estames – É preciso casarmo-nos! Mas como fazemos, se nos encontramos presos?
Vento – Eu ajudo-vos.
E põe-se a balançar o grande lírio.
Estames – Obrigado, nós abriremos os nossos pequenos sacos.
O pó dourado, então espalhou-se sobre a boca do pistilo que é pegajosa e o pólen cola-se e introduz-se suavemente pelo gargalo da pequena garrafa.
Cada partícula amarela toca uma semente.
Lúcia – Agora, estas ementes só têm que amadurecer. Elas têm dentro de si o gérmen duma pequena planta.
Mas, diz-me peludo, e quando não há vento?
Zangão – Ah! Olha que ainda não acabei a minha história. Já vais ver: eu parto para outras flores…
Flores – Não há vento! Como vamos fazer para tocar os pistilos?
Moscas, vespas e abelhas – Nós ajudaremos!
Zangão – Juntei-me a eles e cada insecto escolheu uma flor. Penetro dentro de uma campânula azul, esfrego-me contra o pólen e encho com ele a minha ligeira penugem e ao sacudir-me no centro da flor, deposito o pólen sobre o pistilo. Todos os insectos fazem a mesma coisa.
Depois, atordoados, moscas, moscardos e zangãos vão de planta em planta, de jardim em jardim recolher o pólen.
Se bem que são por vezes os estames duma flor longínqua que levam o seu pólen a um pistilo afastado.
Isto faz combinações maravilhosas e pode ser que plantas muito mais belas venham a nascer destes casamentos inesperados.
É meio dia, o sol dilata o coração das rosas, dos lírios e das outras flores, o jardim enche-se de perfumes e de zumbidos.
Ouve, pequena Lúcia, dir-se-ia que são as flores que murmuram e que trauteiam alegremente:
Flores – Sim, casemo-nos!

terça-feira, 5 de julho de 2011

Consciência Negra - O ALUNO NOVO

Consciência Negra - O ALUNO NOVO

De Emílio Carlos

(Em cena o Aluno 1 e o Grupo de Alunos. O jogral é encenado, com
gestos e expressão corporal)


1 – Tudo bem?

GRUPO – Tudo.

1 – Vou contar uma novidade pra vocês.

GRUPO – (vozes desencontradas) Conta. Eu quero saber. Me fala.

1 – Vai entrar um aluno novo na escola.

GRUPO – Legal!

1 – Só que... bem...

GRUPO – O que é que tem?

1 – Ele é preto.

GRUPO – (estranha) Preto?

1 – É. Vocês sabem: preto.

GRUPO – Assim? (cada um levanta um retalho de tecido preto ou um pedaço de papel)

1 – Não, assim não. Ninguém tem essa cor.

GRUPO – (apontam o retalho) Isto é preto.

1 – ‘Tá certo, ó: o aluno novo é “de cor”.

GRUPO – Que cor?

1 – Preta.

GRUPO – Preta? Assim? (levantam o retalho de novo)

1 – ‘Tá certo, vai: ele é negro.

GRUPO – E daí?

1 – Daí que... sei lá, sabe.

GRUPO – “Sei lá” o que?

1 – Na nossa escola? Não combina.

GRUPO – Por que não?

1 – Aqui é uma escola mais de branco, sabe...

GRUPO – E eles?

(Entram alunos orientais, morenos claros, etc. Podem estar caracterizados com roupas de seus países/povos).

1 – Bem... quer dizer...

GRUPO – Isso é preconceito contra o negro.

1 – Não, não é isso. É que...

GRUPO – E logo você, que também é negro?

1 – Eu? Com essa cor aqui?

GRUPO – É negro. Se você for para determinados países – como os Estados Unidos – será considerado negro.

1 – Mas eu moro aqui.

GRUPO – Tudo por causa da sua bisavó.

1 – O que é que tem ela?
GRUPO – Você sabe...

1 – Não sei não.

GRUPO – Ela era negra.

1 – Shhhh! Falem baixo!

GRUPO – Por que a vergonha
Se os negros construíram o Brasil
Fazem parte da nossa história
Deram sua cultura, seu suor
e até o sangue pelo nosso país?

1 – Eu não tinha pensado nisso.

GRUPO – A cor da pele não importa
O que importa é a pessoa

1 – Isso é verdade. Tem negro que tem alma de branco

GRUPO – Tsc, tsc, tsc
Isso é discriminação
A alma não tem cor
Somos todos iguais
Perante a lei
E perante Deus

1 – Certo: agora eu entendi o que é rascismo

GRUPO – Racismo: discriminação de uma pessoa de qualquer raça.

1 – Entendi: chega de preconceito.

GRUPO – Isso: chega de preconceito
Contra o negro, contra o índio
Contra o gordo, contra o magro
Contra o alto, contra o baixo
Tudo isso é preconceito!
Fora com o preconceito!

1 – Viva a igualdade!

GRUPO – Viva!

1 – Viva os negros!

GRUPO – Viva!

1 – Viva os índios!

GRUPO – Viva!

1 – E um viva para todos os brasileiros.

GRUPO – Viva!



F I M

segunda-feira, 4 de julho de 2011

OS OLHOS DA COBRA

OS OLHOS DA COBRA
Teatro Educativo de Roberto Villani
Personagens:
Os caçadores:
BOLOTA – um caçador
JOCA – outro caçador
Os estudantes:
ANINHA – lider do grupo
PEDRINHO – menino tímido, é o único entre meninas
DOCINHO – menina muito graciosa
DEDÊ – menina durona, um tanto radical
Os animais:
CHOMOCO – um macaco
LILI – uma cadela
GRANDÃO – um leão
Cenário:
Um local dentro de um bosque, onde tem um riacho.
CENA 1
Entram Bolota e Joca. Dirigem-se à beira do riacho, colocam no chão as espingardas, os bornéis, as
sacolas e...
BOLOTA – Aqui tem, tenho absoluta certeza.
JOCA – Que tem, tem. Eu também tenho absoluta certeza.
BOLOTA – Então você concorda comigo, não?
JOCA – Não...
BOLOTA – (irritado): NÃO???
JOCA – Sim...
BOLOTA – Sim o quê?
JOCA – O que? Não...
BOLOTA – (irritado) Não estou entendendo nada, Joca!
JOCA – (fazendo que está irritado também): Nem eu, Bolota!
BOLOTA – Bolas!
JOCA – Duas!
BOLOTA – Que quer dizer com duas?
JOCA – Você disse ‘bolas!’. E eu reparti. Duas. Uma sua e uma minha.
BOLOTA – Você acaba de usar um cacófato.
JOCA – Você é quem está dizendo. Eu não usei absolutamente nada, meu caro Bolota. Chegamos aqui,
estamos tentando nos entender... Não tive tempo de usar nada. Além disso, eu nem trouxe esse negócio
para cá...
- 1 -
BOLOTA – Que negócio?
JOCA – Esse, que você falou. Cacó... Facacó...
BOLOTA – Cacófato?
JOCA – Isso.
BOLOTA – Meu Deus do Céu, como você é duro de entender as coisas! Cacófato é uma maneira errada
de se dizer coisas. Você disse: ‘Uma sua e uma minha.’ UMA MINHA é um cacófato.
JOCA – Por que?
BOLOTA – Porque você formou a palavra ‘maminha’. Entendeu?
JOCA – Entendi. Mas você ainda não disse o que aqui tem...
BOLOTA – Cobra.
JOCA – (tremendo) Cobra?! Eu tenho pavor de cobra, Bolota.
BOLOTA – Ora, deixe de ser bobo. Eu não tenho medo. E quando um não tem medo, o outro não corre
perigo...
JOCA – (mais calmo) Você tem certeza?
BOLOTA – Claro, Joca! Fique tranquilo e me ajude.
Bolota senta-se no tronco. Abre sua bolsa e começa a tirar coisas: tira uma toalha e a estende no chão. Joca
o ajuda a colocar sobre a toalha garrafa térmica, sanduiches, copos descartáveis, guardanapos de papel
etc...
JOCA – Nós viemos aqui para caçar ou para fazer piquenique ?
BOLOTA – Por que você pergunta isso?
JOCA – (com um gesto, indica a toalha cheia de coisas) O que você acha?
BOLOTA – A cobra que eu estou esperando pode demorar muito. Então, não devemos passar fome,
correto?
JOCA – Correto! Mas que diabo de cobra é essa?
BOLOTA – É rara. Tem olhos azuis... Linda!
JOCA – (romântico) É que nem a Ritinha. Olhos azuis... Linda!
BOLOTA – Eu estou falando de cobra, Joca.
JOCA – E eu estou falando de gata, Bolota.
Joca deita-se no chão e acomoda sua cabeça sobre sua bolsa.
BOLOTA – Que você está fazendo?
JOCA – (com ‘infantilizado’) Soninho...
BOLOTA – Você vai amassar tudo que tem na sua bolsa, Joca.
JOCA – Não vou, não.
BOLOTA – Como não? Está com a cabeça em cima da bolsa...
JOCA – Não vou amassar nada por que não tem nada para amassar. A bolsa está vazia.
BOLOTA – Vazia?!
JOCA – Por que o espanto?
BOLOTA – Você traz uma bolsa vazia? Pra que serve uma bolsa vazia, Joca? Pode me dizer?
JOCA – Posso, é claro!
BOLOTA – Então diga!
JOCA – Pra nada.
BOLOTA – Como, pra nada?
JOCA – Se estivesse cheia, seria pra tudo.
BOLOTA – E você traz uma bolsa pra nada?
JOCA – Sim. Já basta você que traz uma bolsa pra tudo. Eu sou muito prático.
BOLOTA – Tô vendo.
- 2 -
JOCA – E me deixa dormir.
BOLOTA – Você vei pra cá para dormir?
JOCA – A cobra não vai demorar?
BOLOTA – Possivelmente...
JOCA – Então? Eu sou prático, Bolota. (e se acomoda).
Bolota olha para um lado e para outro. Pensa um pouco e...
BOLOTA – Eu vou dar uma volta por aí. Quem sabe eu veja a cobra noutro lugar... (e sai de cena).
CENA 2
Aninha, Docinho, Dedê e o Pedrinho entram em cena. Docinho tem nas mãos um caderno e uma caneta.
Ainda não viram o Joca deitado perto do riacho. Estão preparando uma pesquisa escolar sobre plantas
silvestres...
ANINHA – (aproxima-se de uma planta) Vocês viram que planta interessante esta aqui?
DOCINHO – É para anotar, Aninha?
ANINHA – Espere. Vamos ver se ela é importante para a nossa pesquisa. O que você acha, Dedê?
DEDÊ – (examinando bem a planta) – Eu acho que é importante... Pelo menos, ela tem uma coloração
diferente. E você, Pedrinho? O que diz?
PEDRINHO – (olha para a planta...) Eu concordo com vocês.
DEDÊ – Não queremos burrinho de presépio na nossa pesquisa, Pedrinho. (Pedrinho fica encabulado).
ANINHA – Você precisa participar. Dar sua opinião sincera. Se responder só pra nos agradar, nossa
pesquisa não terá valor...
PEDRINHO – Está bem. (observa atentamente a planta...) Eu acho que Docinho deve anotar essa planta.
Além de tudo, ela é muito bonita.
DOCINHO – (anotando no caderno) Vou escrever tudo que eu vejo nessa planta. Suas folhas, seu caule,
flores...
ANINHA – Isso mesmo.
O grupo, agora, volta-se para outra planta... A Lili entra correndo em direção ao Joca e, ‘brecando’ bem
próximo do Joca...
LILI – (olhando para o Joca) Que coisa mais horrível!
DEDÊ – (sem olhar para a Lili) Ninguém pediu a sua opinião, Lili.
ANINHA – (sem olhar para a Lili) Por enquanto, estamos deste lado. Depois que virmos todas as plantas
deste lado, iremos para esse lado aí.
LILI – O que eu estou vendo não se parece nadinha com uma planta...
ANINHA – Então não interessa!
LILI – É um cara com cara de coisa. Mas como é feio!
PEDRINHO – (indicando outra planta) Aquela ali. Ela é bem bonita...
LILI – Oh coisa horrorosa!
DOCINHO – (sem olhar para a Lili) Alguém pediu a opinião da Lili?
DEDÊ – Eu já disse que não. Mas ela é uma cadela muito teimosa...
LILI – (para a platéia) Esse cara é tão feio que me dá vontade de dar um chute bem na bu...
ANINHA – (interrompe a Lili) Lili! Olha os modos!
LILI – (continua) ... dele! (e acerta um chute no traseiro do Joca).
JOCA – (acorda, assustado) Que droga é essa?
- 3 -
LILI – Se você não sabe, quem vai saber?
JOCA – (põe-se de pé) Que você quer dizer?
LILI – Fácil. Olhe-se no espelho e me diga que droga é essa. Um cara que vem pra mata com uma
espingarda só pode ser uma bela droga, não acha?
JOCA – Pois eu concordo plenamente com você. O que um cara pode fazer numa mata com uma
espingarda?
DOCINHO – (sem olhar para a Lili) Lili, você acaba de usar um cacófato. Numa mata, mamata...
LILI – Mas não fui eu. Foi o seu droga.
JOCA – Joca.
LILI – Joca.
DEDÊ – Quem? (olha para trás...) Quem é esse cara? (os demais viram-se para o Joca)
JOCA – Joca, muito prazer.
LILI – A droga, prazer nenhum.
O grupo de estudantes aproxima-se de Joca e da Lili.
PEDRINHO – O senhor é um caçador?
JOCA – Não...
ANINHA – Essa espingarda é sua?
JOCA – Sim...
DEDÊ – E não é um caçador?
JOCA – Sim... Não...
LILI – Dá pra entender essa cara?
O GRUPO – Não.
JOCA – Olhem, eu posso explicar. Mas não aqui.
DOCINHO – Por que não aqui?
JOCA – É que eu tenho um amigo que pode chegar a qualquer momento...
ANINHA – Entendi. Tudo bem. Vamos para outro lado. Enquanto nós pesquisamos as plantas, o senhor
nos conta essa história doida. Certo?
JOCA – Certo.
E todos deixam a cena.
CENA 3
No instante em que os estudantes, Lili e o Joca deixam a cena, entram Grandão e Chomoco. Percebem a
toalha sobre o chão e as guloseimas sobre a mesma. Aproximam-se...
GRANDÃO – Veja, Muchoco, alguém deixou tudo isso aqui...
MUCHOCO – Deve ter fugido de alguma coisa... Não comeu nada...
GRANDÃO – Puxa, será que foi do Grandão que ele fugiu?
MUCHOCO – O leão?
GRANDÃO – É...
MUCHOCO – O rei da selva?
GRANDÃO – É...
MUCHOCO – Mas o leão Grandão, rei da selva, é você.
GRANDÃO – Ah, é mesmo. Eu tinha me esquecido...
MUCHOCO – Você me envergonha, Grandão. Ficou um rei covarde, mole, coisa nada... Tá na hora de
você assumir o seu posto de rei, amigo.
GRANDÃO – O que eu devo fazer?
- 4 -
MUCHOCO – Proteger os animais. Proteger as matas. Proteger os rios, as cachoeiras...
GRANDÃO – Quem faz isso fica rei?
MUCHOCO – Qualquer um que defender verdadeiramente a Natureza, fica rei. Você precisa participar. O
que não dá é você ficar parado, sem fazer absolutamente nada, vendo a destruição do planeta acontecer.
Tenha dó, meu amigo.
GRANDÃO – Vou tentar ser rei. Você me ajuda?
MUCHOCO – Pode contar comigo. Eu me unindo a você já seremos dois no combate à violência contra a
Natureza.
CENA 4
O Grandão pega um sanduiche sobre a toalha e começa a comer. Retornam a Lili e o Joca.
JOCA – (vendo o Grandão comendo o sanduiche) Ei, você está comendo o meu sanduiche.
GRANDÃO – Como você sabe que esse é o seu sanduiche?
JOCA – Porque aí só tem dois. O outro é do meu amigo Bolota.
GRANDÃO – Como você sabe que o outro é do Bolota?
LILI – Deixa pra lá, Joca. É só um sanduiche.
MUCHOCO – Grandão, um rei não faria isso...
GRANDÃO – Isso, o quê?
MUCHOCO – Roubar um sanduiche.
GRANDÀO – Mas eu não roubei. Eu peguei, é diferente.
JOCA – Tudo bem, seu leão. Não me incomodo.
GRANDÃO – Agora eu não quero. (joga o sanduiche no chão).
LILI – Seu leão, que coisa feia.
GRANDÃO – Quando eu nasci, caí num pinico. Por isso eu sou feio.
LILI – Seu leão, coisa feia é jogar lixo no chão. Modéstia a parte, todo animal é bonito.
MUCHOCO – Grandão, rei não atira lixo no chão...
GRANDÃO – Oh, desculpe. (abaixa, pega o sanduiche e o joga no riacho).
JOCA – Piorou.
LILI – Vocë viu o que fez? Jogou lixo no riacho? Essa água vai para um rio. Esse rio vai para os
reservatórios. E os reservatórios mandam essa água para todas as casas...
GRANDÃO – Então eu pego o lixo da água do riacho e jogo aqui no chão, certo?
MUCHOCO – Errado!
GRANDÃO – Puxa, isso tá muito difícil. O que é que eu faço com o lixo?
MUCHOCO – Rei tem sempre uma lixeira preparada com saco plástico apropriado para lixo...
GRANDÃO – (Pega o sanduiche do riacho...) Tá bem. Vou lá em casa arrumar uma lixeira e colocar este
lixo nela. Com licença. (e sai)
LILI – Que beleza!
MUCHOCO – Conseguimos mais um rei. (olha para a platéia) Toda essa turminha aí já são reis... É ou não
é? (pede a resposta da platéia).
E todos deixam a cena.
CENA 5
Retorna o Bolota. Desanimado, senta-se sobre a toalha, apanha o outro sanduiche e começa a comer.
BOLOTA – Que droga! Onde será que a cobra de olhos azuis se escondeu. Ela tinha que aparecer. Cada
olho dela vale uma fortuna. Conheço uns macumbeiros que preparam amuletos com esses olhos. E pagam
- 5 -
um bom dinheiro por eles. (começa, com abanos de mão, ‘espantar’ moscas). Como tem moscas neste
lugar. Coisa mais chata. (joga o resto do sanduiche no chão. Pega um copo descartável, serve-se de café na
garrafa térmica, bebe e joga o copo no chão. E continua espantando as moscas. Levanta-se, vai até uma
planta, arranca uns galhos com flores para usá-los como ‘espantador de moscas’. Pega uma latinha de
refrigerante dentro da bolsa, bebe e joga a latinha no riacho. Cada uso uma folha de guardanapo que, depois
de usado, é jogado no chão. Ao seu redor, lixo e mais lixo.)
O Joca retorna...
JOCA – Olá, Bolota! Não achou o par de olhos azuis?
BOLOTA – Infelizmente, ainda não. Mas vou encontrar. Eu sei que essa cobra vai passar por aqui, nesse
riacho aí. Eu tenho paciência...
JOCA – Pois eu achei um belo par de olhos azuis...
BOLOTA – (rindo) Os olhos azuis da Ritinha?
JOCA – Que Ritinha que nada! São bem maiores... Mais azuis...
BOLOTA – (Salta, ficando de pé) São os olhos da cobra! Eu sei que são. Grandes e bem azuis, são os
olhos da cobra. Diga-me, Joca, onde ela está? Fale, amigo.
JOCA – Calma, Bolota. Esse par de olhos vai passar por aqui.
BOLOTA – Como você sabe?
JOCA – Mistérios...
BOLOTA – Você não está brincando comigo, não é?
JOCA – De jeito nenhum.
BOLOTA – Vai ser desta vez, Joca. Eu vou ficar rico.
JOCA – Rico? Você? E eu, não entro nisso?
BOLOTA – Bem... Você vai ter uma parte... Eu tenho que agarrar essa cobra...
JOCA – Você vai matá-la?
BOLOTA – Em princípio, não. Só vou arrancar aqueles lindos olhos azuis...
JOCA – E para que?
BOLOTA – Não te interessa. Coisa minha. Ah, vai ser demais, amigo.
JOCA – Eu gostaria que você não me chamasse de amigo, Bolota.
BOLOTA – E por que?
JOCA – Qualquer pessoa que mata inutilmente um animal não pode ser meu amigo. Uma pessoa que
arranca flores de uma planta inutilmente não pode ser meu amigo. Uma pessoa que não respeita o chão onde
pisa nem a água de um rio não pode ser meu amigo. Uma pessoa mesquinha como você não pode ser meu
amigo.
BOLOTA – (irônico) Você acredita demais nesses papos de ecologistas. Você tem fé demais.
JOCA – Viu, agora quem usa cacófatos é você. Você, meu caro, FEDE MAIS.
BOLOTA – O que me interessa são os olhos azuis. Será que vem mesmo?
JOCA – Acredite, está mais perto do que pode imaginar. (retira-se)
CENA 6
Enquanto o Joca esconde-se atrás de uns arbustos, Bolota põe-se a olhar para o outro lado, como se
tentasse ver, ao longe, a bela cobra de olhos azuis. Os demais entram e procuram esconder-se atrás de
arbustos do cenário. O Grandão aproxima-se pelas costas do Bolota e...
GRANDÃO – Você está esperando os olhos da cobra, bestalhão?
BOLOTA – (dá um salto de tanto susto, vira-se para o Grandão e treme de medo) Sim... Isto é, não... Sei
lá, não sei.... Você é mesmo um leão?
- 6 -
GRANDÃO – Um leão com dois imensos olhos bem azuis...
BOLOTA – Bem... Na verdade... São lindos mesmo. Azulões, não? (ameaça apanhar a espingarda no
chão...)
GRANDÃO – Eu não faria isso, amigo.
BOLOTA – (desiste da espingarda) Amigo? O senhor me chamou de amigo? Que bom, não?... (ameaça
fugir por um lado e é cercado por alguns personagens que estavam escondidos. Tenta por outro lado e a
mesma situação acontece. Fica no meio, entre a turma e o Grandão.) Que vocês querem comigo?
DEDÊ – Que você compreenda umas coisinhas, amigo.
BOLOTA – (sem graça) Amigo? Que bom, não?
ANINHA – Cuidar da Natureza, amigo, é cuidar do seu planeta, da terra onde você mora, da água que
você bebe.
PEDRINHO – Cuidar da Natureza, amigo, é defender os animais, procurando mantê-los em seus habitats
naturais e jamais matá-los por um estúpido prazer. Lembre-se, amigo, a coragem de um homem não está na
arma que ele porta.
DOCINHO – Cuidar da Natureza, amigo, é proteger as plantas, jamais permitindo que as destruam por
razões mesquinhas ou tolas. Assim como os românticos oferecem flores para homenagear as pessoas que
amam, Deus nos presenteia diariamente com plantas que nos dão flores.
MUCHOCO – Por isso, aprende de vez: não jogue lixo no chão. Use sempre uma lixeira apropriada.
LILI – Não jogue lixo nos mares, nos rios, nos lagos, nas cachoeiras... Aprenda que nos mares e nos rios há
vida. E peixe que, muitas vezes, vão parar no seu prato.
Bolota, cabisbaixo, começa a juntar todo o lixo que ele jogou no chão.
GRANDÃO – E uma coisa que não deve ser nunca esquecida: AO DESTRUIR A NATUREZA, VOCÊ
ESTARÁ DESTRUINDO O AMBIENTE ONDE HABITARÃO SEUS FILHOS, SEUS NETOS, SEUS
BISNETOS... VOCÊ NÃO ESTÁ PREOCUPADO COM ELES?
BOLOTA – E onde eu coloco este lixo?
JOCA – Na minha bolsa, amigo.
BOLOTA – Você me chamou de amigo... E me manda colocar o lixo na sua bolsa... Bolsa não é lixeira...
JOCA – Dentro da minha bolsa, eu trouxe um saco para lixo. Lembra que eu disse que era muito prático? E
que eu trouxe a minha bolsa pra nada? Prático porque eu trouxe saco para lixo, uma vez que não poderia
deixá-lo por aí. Bolsa pra nada porque lixo, amigo, é nada.
ANINHA – Embora possa voltar a ser tudo.
JOCA – Se reciclado, sim... Mas isso é uma outra estória.
O Bolota coloca todo o lixo no saco plástico da bolsa do Joca. Os demais, demonstrando muita alegria,
reunem-se no centro do cenário.
DEDÊ – Majestade, quais são as suas ordens?
GRANDÃO – Em primeiro lugar, ajudem-se a tirar essas lentes de contato azuis, pois meus grandes olhos
não aguentam mais.
LILI – (enquanto o grupo cerca o Grandão para tirar-lhe as lentes de contato) E em segundo lugar?
GRANDÃO – Vamos comemorar este lindo momento em que nós pudemos apresentar pontos importantes
sobre a defesa da Natureza. E até a próxima, pessoal!
E todos, numa grande integração, cantam e dançam com muita alegria.
F I M
- 7 -
IMPORTANTE: O AUTOR SOLICITA AOS RESPONSÁVEIS POR EVENTUAIS
APRESENTAÇÕES DESTA PEÇA QUE JAMAIS UTILIZEM MÚSICAS CONSIDERADAS
NEGATIVAS À EDUCAÇÃO INFANTIL, TAIS COMO ‘É O TCHAM’, ‘NA BOQUINHA DA
GARRAFA’ ETC.

O PEQUENO REFORMADOR

O PEQUENO REFORMADOR
Teatro Infantil de Roberto Villani
CENÁRIO
Um recanto de praia deserta.
PERSONAGENS:
O REFORMADOR Um ser extraterreno, na forma de um menino.
O HOMEM Inicialmente, um vagabundo.
A FLOR
O PEIXE
O CÃO
O LEÃO
A RAINHA Um ser extraterreno, na forma de uma mulher serena e altiva.
PRIMEIRO ATO
CENA I
(Reformador, Homem, Flor, Peixe)
O Homem está deitado sob a árvore. O Peixe também mantém-se imóvel, deitado, mais ou menos no centro do
cenário. A Flor, de pé, completamente imóvel, situa-se ao lado do Homem.
REFORMADOR - (entra na ponta dos pés, e aproxima-se do homem): Ei, coisa, deixa-me ver como tu és!
HOMEM - (movimenta-se um pouco e volta a aquietar-se).
REFORMADOR - (sacode o Homem, novamente): Levanta-te.
HOMEM - (começa a despertar, espreguiça, boceja, olha para o Reformador): Deixa-me em paz! Quero
dormir... (boceja) Vai-te. (vira-se para o outro lado).
REFORMADOR - (sacode-o) Coisa, levanta-te! Quero te ver.
HOMEM - (olha-o surpreso, mas volta a aconchegar-se).
REFORMADOR - Como és teimosa, coisa! Ergue-te!
HOMEM - (Irritado): Vai-te embora, garoto. Deixa-me dormir.
REFORMADOR - Deixo-te se te levantares, (pausa). Por que me chamas de garoto?
HOMEM - (De costas, ainda deitado, sem olhar para o Reformador): Porque tu és um garoto. (ergue-se
rapidamente). Oh, és apenas um garoto. Vai-te (quer deitar-se, mas o Reformador o segura).
REFORMADOR - O que é um garoto?
HOMEM - Um garoto?! Ora, um menino, um guri...
REFORMADOR - Ainda não entendi. Mas não faz mal. Só quero saber que coisa tu és...
HOMEM - Coisa?!
REFORMADOR - Sim, que coisa tu és?
HOMEM - Um homem, não estás vendo?
REFORMADOR - (examinando-o) Hum! Um homem. Engraçado como tu és feito.
HOMEM - Sou igual a ti. Só que tu estás pequeno e eu já sou grande...
REFORMADOR - Não sou igual a ti.
HOMEM - Não?! Como, assim? Estou te vendo. És igualzinho...
- 1 -
REFORMADOR - São os teus olhos que me vêem assim.
HOMEM - (senta-se ao chão): Não sei o que tu falas. Vai-te.
REFORMADOR - Falo a tua língua. Mas tu pareces não me entender...
HOMEM - (deitando-se) E não te entendo. Quero dormir.
REFORMADOR - (pensativo): Será que eu não aprendi direito?
HOMEM - O que não aprendeste.
REFORMADOR - A tua língua. Não me entendes...
HOMEM - (volta a sentar-se): Tu não és deste país?
REFORMADOR - Não. Nem deste mundo.
HOMEM - (volta a deitar-se): Ora, és um pequeno louco.
REFORMADOR - O que é um louco?
HOMEM - Deixa-me dormir, já te disse.
REFORMADOR - O que é um louco?
HOMEM - Está bem... Louco é um homem que não regula bem... Que não funciona.
REFORMADOR - (indignado): Mas, eu funciono! (pausa) O que é funciono?
HOMEM - Bah!
REFORMADOR - O que é funciono?
FLOR - Deixe-o pequeno. Ele quer descansar.
REFORMADOR - (corre à flor): Então, dize tu o que é louco e funciono.
FLOR - Louco é um ser que não pensa direito.
REFORMADOR - E funciono?
FLOR - Funcionar, nesse caso, é fazer as coisas de modo certo.
REFORMADOR - Quando se sabe quando se faz as coisas de modo certo?
FLOR - Quando se faz como todos os outros que pensam direito o que fazem.
REFORMADOR - Agora entendi. Tu falas bem. (pausa) Mas, quem tu és?
FLOR - Uma flor.
REFORMADOR - E para que serves?
FLOR - Para enfeitar a vida dos homens...
REFORMADOR - Ah, compreendo... (pausa) Não te moves?
FLOR - Não posso.
REFORMADOR - Por que?
FLOR - Sou assim. Estou presa à terra. Cresço e morro no mesmo lugar. Não posso buscar alimento.
Se me molham, vivo. Se me esquecem, morro.
REFORMADOR - É triste a tua vida. Tenho pena de ti.
HOMEM - (ainda deitado) Vai-te garoto! Deixa-nos em paz!
REFORMADOR - (Para o Homem): E lá vens tu com o garoto. Não sou garoto. Sou reformador.
HOMEM - (ri): Reformador? Qual! É um louco.
FLOR - Não zombes, homem. É ainda um pequeno.
HOMEM - Até tu estás maluca. O jeito é dormir. Ah, como é bom dormir.
REFORMADOR - (Para a Flor): Será que ele só pensa em dormir?
FLOR - Nem sempre. Às vezes, pensa em destruir, fica muito mau, de repente. É quando não pensa
direito.
- 2 -
REFORMADOR - Então, só os que dormem não são louco?
FLOR - Oh, não! Há os que trabalham.
REFORMADOR - Mas, tu me disseste que acordado ele não pensa direito.
FLOR - Eu te disse que às vezes ele não pensa direito.
REFORMADOR - É quando fica louco. (olha triste para o Homem)
FLOR - Mais ou menos.
REFORMADOR - (olhando para o Peixe): Que é aquilo?
FLOR - É um peixe. Animal que vive na água.
REFORMADOR - Ah, sim. Já ouvi falar dele. (aproxima-se do peixe e olha-o bem de perto): Mas, este vive na
areia. E não se move como tu.
FLOR - Ele está morto.
REFORMADOR - O que é estar morto?
FLOR - É não ter mais vida. Não respirar, não ouvir, não falar... Ele vai apodrecer, ficar feio e mal
cheiroso.
REFORMADOR - (abaixa-se): Coitadinho. Tenho pena dele como tenho de ti. Não pode mover-se (fica de
cócoras): Gostaria que ele voltasse a viver! (o Peixe dá um pulo, derruba o Reformador, que
cai sentado, e põe-se a debater-se).
FLOR - Acho que ainda não tinha morrido.
REFORMADOR - Não! Eu o reformei, de morto para vivo. Mas, por que ele não pára?
FLOR - Não pode respirar. Está fora da água. Vai morrer...
PEIXE - (pára de se debater, olha-se todo, surpreso): Ué, eu estava morto?
REFORMADOR - Eu te reformei. Agora viverás mesmo fora da água.
FLOR - Fantástico! Como o conseguiste?
REFORMADOR - Eu sou reformador, já disse. Posso reformar tudo o que considero errado. Achei que um
peixe morto era errado...
PEIXE - Obrigado, amigo.
REFORMADOR - (comove-se) Há muito tempo ninguém me chamava de amigo.
FLOR - Pois se te alegra, eu também sou tua amiga.
REFORMADOR - Verdade?
REFORMADOR - Então... Gostaria que tu pudesse ainda, como o Homem.
FLOR - (põe-se a andar, pular, exultante): Veja, veja! Eu posso até correr! (ajoelha-se aos pés do
Reformador): Obrigada. Eu te quero muito.
REFORMADOR - (passa as mãos nos olhos. Está comovido) É tão bom ter amigos...
PEIXE - Pois já tens dois. Logo, terás muito mais.
REFORMADOR - Não quero muitos. Quero poucos, mas amigos.
FLOR - Dize-me, Reformador, de onde tu vens?
REFORMADOR - De muito longe.
PEIXE - Que poderes tu tens?
REFORMADOR - Não tenho poderes. Sou apenas um reformador.
FLOR - És um pequeno sábio.
- pequena pausa -
REFORMADOR - Vamos brincar de roda?
FLOR - E tu sabes brincar?
- 3 -
REFORMADOR - Sou um pequeno, tu mesma o reconheceste.
PEIXE - Eu quero. Sempre quis brincar como as crianças.
- Os três põem-se a brincar de roda. Cantam a Ciranda. Com o barulho, o Homem passa
a despertar. Olha, espantado, para os três, dá um salto, pondo-se de pé).
HOMEM - É espantoso! (sacode a cabeça): Não , não estou sonhando. É real! (aproxima-se dos três,
que estão ainda brincado de roda): Que aconteceu?
PEIXE - (sem deixar de brincar) Ele me reformou! Pôs-me vivo.
FLOR - (também rodando): a mim também. Pôs-me andante.
HOMEM - (deslumbrado) és milagroso?
REFORMADOR - Não, sou reformador.
HOMEM - Poderias fazer alguma coisa por mim?
REFORMADOR - (ainda na roda): Quem sabe!
HOMEM - Eu queria pouco, sabe. Muito pouco.
REFORMADOR - (para a Flor e o Peixe): (todos os três sentam-se no chão. O Reformador fica no meio).
FLOR - (para o Homem): Não lhe peças nada. É feio.
PEIXE - Concordo. Deixe que ele descubra o que queres.
REFORMADOR - Eles têm razão. Se tu me pedisses, eu não teria força para te reformar. É do regulamento.
HOMEM - Ora, deixe esse regulamento prá lá.
FLOR - Não insistas.
REFORMADOR - O regulamento é severo. Eu não poderia.
PEIXE - (para o Homem): ele descobrirá.
HOMEM - Quando?
PEIXE - Logo que te fizeres amigo dele.
FLOR - Isso mesmo. Quando tu provares que és amigo dele.
HOMEM - (pensa um instante. Depois, dá um estalo com os dedos): Pois bem, vou provar-te que sou
teu amigo.
REFORMADOR - Que vais fazer?
HOMEM - Jogar-me na água. Afogar-me. Queres prova melhor? Morro por ti.
FLOR - Não o iludas, Homem.
HOMEM - Mas, eu não o estou iludindo. Farei isso mesmo, duvidas?
REFORMADOR - Não precisas de tanto. Basta ter paciência. Espera.
HOMEM - Esperar até quando?
PEIXE - Até que o Reformador resolva.
CENA II
(Reformador, Homem, Flor, Peixe, Cão)
CÃO - (Entra, apoiado numa muleta): Ai de mim, que sofro tanto. Ai de mim, pobre cão vira-lata com
uma perna de pau.
REFORMADOR - (ergue-se e vai ao encontro do cão): Como te chamas?
CÃO - Nem nome eu tenho. Sou um cão vadio. Não tenho dono. Ai de mim...
REFORMADOR - Mas, todos têm nome.
CÃO - Quando lhes dão um nome. E eu nem dono tenho...
FLOR - Pobre cão!
- 4 -
PEIXE - Se eu pudesse, ficaria contigo. Seria teu dono.
HOMEM - (Para o Reformador): E o meu caso?
REFORMADOR - (Para o Homem): Já te disse para esperar.
FLOR - A paciência é uma virtude.
CÃO - Ai de mim, um perna de pau...
REFORMADOR - (Ao Cão): Eu poderia ser teu dono?
CÃO - (Contente): Claro! As crianças são os melhores donos.
REFORMADOR - Então, sou teu dono.
CÃO - (Exultante, larga a muleta, abrindo os braços e tomba).
(A Flor, o Peixe e o Reformador correm a ajudá-lo a levantar-se)
CÃO - (Enquanto é reerguido): Ai de mim... Perna de Pau...
FLOR - (Para o Reformador): Agora que te tornaste dono do Cão, precisas dar-lhe um nome.
PEIXE - (Para a Flor): Tens razão. Um bom nome.
REFORMADOR - (Para o Homem): Tu que estás tão calado, não conheces um bom nome?
HOMEM - Para ele, só um. Perna de pau! (desata a rir).
REFORMADOR - Não deves apontar o defeito dos outros. Nem rir do mal alheio. Isto é horrível.
FLOR - Assim, não conquistas a amizade do Reformador.
HOMEM - Mas, afinal, ele é perneta.
REFORMADOR - Pois vou reformá-lo. Gostaria que o Cão pudesse andar sem a muleta.
CÃO - (deixa cair a muleta): Vejam, posso parar de pé. Não caio. (Pega nas mãos do Reformador):
Oh, me dono, como és bondoso.
REFORMADOR - Reformo o que está errado.
PEIXE - E o nome?
FLOR - Sim, o nome. Eu sugiro Bobe.
PEIXE - E eu, Rex.
HOMEM - (Com desdém): Eu não sugiro nada. A mim, ninguém reforma.
REFORMADOR - Não. Nenhum desses nomes serve. Ele pode pensar. E escolher. (para o Cão): Que nomes
queres ter?
CÃO - Lorde.
HOMEM - (Com desdém): Lorde? Que belo nome...
PEIXE - É um nome.
FLOR - Se ele gosta, é bonito.
CÃO - (sonhador): Eu gosto. É o nome dum meu conhecimento, É um cão de raça.
REFORMADOR - Oh, então tens um amigo...
CÃO - Ele não é meu amigo. Apenas eu o admiro. Gosto de olhar para ele.
FLOR - Por que?
CÃO - Não sei. É bem tratado pelo dono, sabe. Não liga muito para mim. Na verdade, nem me olha
quando passo por ele.
PEIXE - Orgulhoso.
HOMEM - Mas, ele pode ser orgulhoso.
REFORMADOR - Não é bom ser orgulhoso.
CÃO - Mas ele é. Ai de mim, perna de pau... Opa, agora não sou mais. E tenho dono, também. E
tenho um nome. Lorde... (com reverência): Senhor Lorde.
- 5 -
HOMEM - (Com desdém): Senhor... (para o Reformador): Já reformaste todos, só a mim que esqueces.
REFORMADOR - Quando fores sincero e amigo, reformo-te.
HOMEM - Mas, eu sou amigo. E sincero, não pode negar.
REFORMADOR - Sentes inveja dos outros. Não podes ser sincero. Acalma-te.
FLOR - Vamos comemorar?
REFORMADOR - O que?
FLOR - O progresso do Cão.
PEIXE - Isso!
CÃO - Oh, não vos incomodeis...
REFORMADOR - Vamos sim. E como.
HOMEM - Posso dar uma idéia?
FLOR - Desde que seja sensata.
PEIXE - Não venhas com bobagens.
HOMEM - Poderíamos cantar.
REFORMADOR - É uma boa idéia.
PEIXE - E o que iríamos cantar?
REFORMADOR - Perguntemos ao Cão.
CÃO - Prefiro música moderna.
FLOR - E eu também.
HOMEM - Tenho um violão, ali atrás da árvore.
PEIXE - Sabe tocar?
HOMEM - Arranho um pouco...
REFORMADOR - Então, o que esperas. Anda. Vai buscar o violão.
- (O Homem caminha para a árvore, enquanto os demais sentam-se ao chão, em semicírculo. O
Homem volta com o violão, senta-se entre os outros e põem-se todos a cantar uma música
moderna. O Cão, desafinado foge ao tom espalhafatosamente).
CENA III
(Todos da cena anterior, mais a Rainha)
- (O grupo, menos a Rainha, estão cantando. A Rainha aproxima-se, lentamente, sem ser
percebida. Ouve, imóvel, durante alguns segundos, até que o Reformador e os demais notam a
sua presença).
REFORMADOR - (Ergue-se, como um autômato, aproxima-se da Rainha e ajoelha-se aos seus pés, com
reverência).
RAINHA - É bom ver-te.
REFORMADOR - (Ainda ajoelhado): Bondosa Rainha.
RAINHA - Ergue-te. Quero olhar-te nos olhos.
REFORMADOR - (Ergue-se e fica imóvel diante da Rainha)
RAINHA - Por que fugistes?
REFORMADOR - Precisava.
RAINHA - Há muito te procuro.
REFORMADOR - Perdoa-me.
RAINHA - Que fizeste de mal?
- 6 -
REFORMADOR - Perdi os amigos de lá.
RAINHA - Por que não me procuraste?
REFORMADOR - Não queria te incomodar...
RAINHA - Não me incomodarias. Que fizeste afinal?
REFORMADOR - Queria reformá-los.
RAINHA - Erraste por isso.
REFORMADOR - Mas, as idéias deles eram erradas...
RAINHA - Erradas para ti. Para eles, não. Devias ter respeitado os princípios deles.
REFORMADOR - Não pense nisso.
RAINHA - Estás arrependido?
REFORMADOR - Muito.
RAINHA - Queres voltar?
REFORMADOR - Se me perdoassem...
RAINHA - Talvez.
REFORMADOR - Por que não me obrigas a voltar? És a Rainha.
RAINHA - Tua vontade deve ser respeitada.
REFORMADOR - É uma lição. (pausa). Tenho saudades de lá.
RAINHA - Então, voltarás.
REFORMADOR - Se eles me perdoarem.
RAINHA - Falarei com eles. Compreenderão, eu acho.
REFORMADOR - Faze o possível. Imploro-te.
RAINHA - (Pousa uma das mãos no ombro do Reformado, terna): Farei, tranqüiliza-te. (olha para os
outros, que estão estáticos, espantados. Caminha ao encontro deles, um por um): Quem
são?
REFORMADOR - Meus amigos da Terra.
RAINHA - (Chega-se à Flor): Que és?
FLOR - (Temerosa): Eu sou a Flor.
RAINHA - (Vai ao Peixe): E tu?
PEIXE - (Medroso): O Peixe.
RAINHA - (Caminha ao Cão): E tu?
CÃO - (assustado): Sou o Lorde.
RAINHA - Lorde?
REFORMADOR - É um cão. Lorde é o seu nome.
RAINHA - (para o Cão): Pareces te orgulhar do teu nome.
CÃO - (mais à vontade): Gosto muito. Eu o escolhi.
RAINHA - (para o reformador): Parece-me que andaste trabalhando muito por aqui.
REFORMADOR - Reformei o que achei errado.
RAINHA - (vai ao Homem): Este não me parece contente.
HOMEM - (encabulado): Não muito.
RAINHA - E por que?
HOMEM - (aponta para o Reformador): Ele não me atendeu, ainda.
RAINHA - Espera e o conseguirás. (para a Flor): Que te fez o Reformador?
- 7 -
FLOR - Fez-me andante.
RAINHA - (para o Peixe): E a ti?
PEIXE - Fez-me vivo fora da água.
RAINHA - (ao Cão): Tu me pareces muito contente.
CÃO - E estou. Livrei-me da muleta, tenho um dono e um nome. Ele é muito bom (aponta para o
Reformador).
REFORMADOR - São todos bons amigos. É triste ter que deixá-los um dia
FLOR - Nós sentiremos muito.
PEIXE - Nem sei o que farei sem ele.
CÃO - (ao Homem): Que dizes?
RAINHA - (ao Homem): Que dizes?
HOMEM - Se ele não me reformar, pouco poderei lamentar.
RAINHA - (Caminha um pouco, até um canto do cenário, por onde entrou e por onde deverá sair.
Vira-se e fala ao Reformador): Devo ir-me. Tranqüiliza-te. Farei o possível. (ao grupo): Se ele
se for, voltareis ao que éreis. As reformas perdem seu efeitos. E os reformados retornam ao
estado anterior. É o regulamento.
HOMEM - Pouco lamentarei.
PEIXE - Morrerei fora da água.
CÃO - Ficarei sem dono e aleijado. É muito triste...
REFORMADOR - (caminha para o canto oposto ao da Rainha. Está desolado. Começa a chorar).
- (Todos corem ao encontro do Reformador, para conformá-lo, menos o Homem).
RAINHA - Até breve! (sai)
FIM DO ATO I
SEGUNDO ATO
CENA I
(Homem, Leão).
(O Homem, sentado abaixo de uma árvore, está cantando, acompanhando-se ao violão. Depois
de alguns minutos, o Leão entra. O Homem, ao vê-lo, correr a ocultar-se atrás da árvore, com
medo).
LEÃO - (corre todos os cantos do cenário, como à procura de alguém. Não vendo quem procurava,
abre os braços desolado)
HOMEM - (espreita-o, assustado).
LEÃO - (descobre o Homem e tenta aproximar-se).
HOMEM - Não te aproximes.
LEÃO - (dá mais dois passos).
HOMEM - Não te aproximes, já disse!
LEÃO - Estás com medo?
HOMEM - Claro. Fala de onde estás. Que queres?
LEÃO - Falar com o Reformador.
HOMEM - Ele não está. Volta mais tarde.
LEÃO - Prefiro esperá-lo.
HOMEM - Vai-te. Se não, tenho que ficar por aqui todo o tempo.
LEÃO - Não temas. Não te farei mal.
- 8 -
HOMEM - És um leão.
LEÃO - Mas, não estou com fome.
HOMEM - De repente...
LEÃO - Não há perigo, já te disse.
HOMEM - Bem... Dás a palavra?
LEÃO - Palavra!
HOMEM - (ainda temeroso, chega-se ao Leão): Que queres do Reformador?
LEÃO - É com ele.
HOMEM - Não posso saber? Afinal sou amigo dele...
LEÃO - Os amigos não resolvem. Quero falar com ele.
HOMEM - (volta a sentar-se sob a árvore e começa a dedilhar no violão): Está bem. Logo virá.
LEÃO - (Vai a um canto do cenário, logicamente no lado oposto em que os atores costumam entrar e
sair de cena. Senta-se).
CENA II
(Homem, Leão, Flor, Peixe, Cão)
- (Entram, cantarolando, a Flor, o Peixe e o Cão, este sempre desafinado. Não percebem a
presença do Leão. Ficam de costas para ele e cantam juntos com o Homem).
- Depois de alguns segundos. -
LEÃO - Como é, o Reformador vem ou não?
- (Os três olham para o Leão, indiferentes, pois ainda não perceberam que se trata de um leão).
CÃO - Logo virá. (aí, olha-o detidamente, percebendo que se trata de um leão): Um leão!
- (Os três dão um salto e põem-se a tremer. O Homem continua dedilhando).
FLOR - Que queres?
LEÃO - Falar com o Reformador.
PEIXE - Não sei se ele falará contigo.
LEÃO - Por que?
PEIXE - Terá medo de ti.
HOMEM - Não é perigoso.
CÃO - (cheio de pavor). Mas é um leão.
FLOR - E tem cara feia.
LEÃO - (ergue-se e tenta aproximar-se).
PEIXE - Não se aproxime.
HOMEM - Não lhe fará mal.
FLOR - Não creio.
LEÃO - (aproximando-se): Ora, não estou com fome.
- (A Flor e o Peixe escondem-se atrás da árvore. O Cão quer fugir mas não consegue).
CÃO - Não posso correr. Tenho as pernas presas.
HOMEM - Não seja covarde.
LEÃO - Vou provar-te que não faço mal.
- 9 -
CÃO - Não, não venha. Por favor...
PEIXE - (atrás da árvore): Corre, Lorde.
FLOR - Ele te comerá todinho.
CÃO - Por favor, vai-te daqui.
LEÃO - (bem próximo): Não te farei mal, verás.
- (O leão, já à frente do Cão, toca suavemente em seu ombro. O Cão, joga-se ao chão e põe as
pernas para o ar, por alguns segundos.
LEÃO - (afasta-se um pouco): Se quisesse devorar-te, já o teria feito.
CÃO - (ergue-se, lentamente): É mesmo. Tu não és mau...
- (A Flor e o Peixe, mais aliviados, chegam-se ao grupo).
HOMEM - (aponta para a Flor e o Peixe): Não me parecem bons amigos.
LEÃO - Quem?
HOMEM - Esses dois.
FLOR - Somos amigos.
PEIXE - Claro.
HOMEM - Se fossem, não deixariam o Cão sozinho.
CÃO - Ora, não foi por mal...
HOMEM - Os amigos são para as horas difíceis.
LEÃO - Esta é uma verdade.
CÃO - Eu os compreendo.
FLOR - (triste): Tens razão. Homem. Falhamos.
PEIXE - (ao Cão): tu nos perdoas?
CÃO - Não há o que perdoar.
LEÃO - E quando é que o Reformador chega, afinal?
HOMEM - Logo, já te disse.
FLOR - O que te traz aqui?
LEÃO - Assunto particular.
PEIXE - Seja lá o que for, se falares assim com ele, nada conseguirás.
CÃO - Isso é verdade. (mostra-se ainda com medo do Leão).
HOMEM - Eu que o diga!
FLOR - Para teres uma idéia, o Homem ainda não conseguiu ser reformado.
LEÃO - Não deve tê-lo sabido convencer.
HOMEM - Palavras não adiantam.
CÃO - Deves provar que és amigo.
FLOR - E isso é um pouco difícil.
LEÃO - Se ou não fosses amigo, já vos teria devorado.
CÃO - Isso é verdade.
HOMEM - (ao Cão): Não falas outra coisa, agora?
PEIXE - Que acontece com o Lorde?
HOMEM - Quebrou o disco. Isso é verdade, isso é verdade...
CÃO - Isso é verdade.
HOMEM - Bolas!
- 10 -
LEÃO - O que me importa é logo ver o Reformador.
FLOR - Logo virá.
CENA III
(Reformador e os demais)
- (O Reformador entra, cabisbaixo)
PEIXE - (apontando para o Reformador): Ei-lo.
LEÃO - (corre ao Reformador): Preciso de ti.
REFORMADOR - Quem és?
CÃO - Não tens medo dele?
REFORMADOR - Não sei quem és. Quem és?
LEÃO - Sou um leão.
FLOR - Rei dos animais.
PEIXE - O mais forte de todos.
LEÃO - (entristece-se): Antes fosse.
REFORMADOR - E por que não?
LEÃO - Sou um leão fracassado.
HOMEM - É a primeira vez que vejo um leão fracassado
LEÃO - Pois sou,
REFORMADOR - Que queres de mim?
LEÃO - Que me reformes.
(Todos se olham admirados).
REFORMADOR - Não me peças nada. Conta-me a tua história e deixa que eu descubra o que pretendes.
HOMEM - É o tal regulamento.
FLOR - E como sabes que ele é teu amigo?
REFORMADOR - Conheço a fama dos leões. Se esse não fez mal a nenhum de nós, logo é amigo.
LEÃO - Falaste certo.
PEIXE - Bem que nos assustou.
REFORMADOR - Fala. Mas, só a história.
LEÃO - Na selva onde eu moro, há três leões. Um deles será o rei. O mais forte. Marcou-se uma luta.
O vencedor será coroado.
REFORMADOR - E qual é o teu problema?
LEÃO - Sou o mais fraco dos três.
REFORMADOR - É fácil adivinhar o que pretendes. Ser forte.
LEÃO - Isso.
CÃO - É verdade...
HOMEM - Não te esqueças que as tuas reformas não terão mais efeito se partires.
REFORMADOR - (abaixa a cabeça, triste): Sim, eu sei...
FLOR - Ora, homem, não o faças entristecer.
PRIXE - És imprudente.
CÃO - Se eu pudesse, dava-te uma mordida.
HOMEM - Está bem, não devia... Desculpe-me.
LEÃO - E então?
- 11 -
REFORMADOR - Não sei... Se eu partir, serás deposto. É o regulamento.
HOMEM - Bolas! Diabo de regulamento.
FLOR - Por que tu não ariscas, pequeno? Talvez...
PEIXE - Sim, talvez a tua rainha resolva...
CÃO - Seria bom, seria bom...
HOMEM - (para o Cão): Arre! Até que enfim, mudaste o disco.
REFORMADOR - Deixa-me pensar. (senta-se, põe as mãos na cabeça, como se estivesse meditando)
- Os outros põem-se a torcer.
LEÃO - (implorando): Resolve.
REFORMADOR - (volta a ficar de pé): Gostaria que tu fosses o rei da tua selva.
- (Todos, menos o Homem, dão vivas de alegria e põem-se a brincar de roda).
HOMEM - Só eu não tenho sorte. (param de rodar).
REFORMADOR - (ao Homem): Tenho pena de ti. És o mais infeliz.
HOMEM - Quem fala! Tu és o culpado. Não me atendes...
REFORMADOR - Mas, o regulamento...
HOMEM - (irritado): Que se amole o regulamento. Esqueça-o!
REFORMADOR - Tu sabes que eu não posso.
HOMEM - Faz uma semana que estamos aqui. E nada! Tu e teu regulamento...
FLOR - Espera.
PEIXE - Que impaciente tu és.
HOMEM - Ora, vão para o diabo! Vocês estão satisfeitos, eu não
REFORMADOR - Vês, não és tão amigo como dizes.
PEIXE - Os amigos devem perdoar os erros. Como o Lorde fez comigo e com a Flor.
CÃO - Isso é verdade!
HOMEM - (põe-se de pé, raivoso. Para o Cão): E eu, cala-te.
CÃO - (Dá um salto e morde a traseira do Homem, que dá pulos de dor).
REFORMADOR - Por que fizeste? Não devias.
CÃO - Insultou-me. E a ti.
LEÃO - Depois, o perigoso sou eu.
FLOR - Ora, Lorde. Foste longe demais.
PEIXE - Pede-lhe desculpas.
CÃO - (cabisbaixo): Desculpe-me.
HOMEM - (apalpando, com caretas, o lugar mordido): Não foi nada. Fui o culpado. Afinal, somos
amigos...
REFORMADOR - Gostei de te ouvir. Começas a provar que és amigo.
LEÃO - E eu, que devo fazer?
REFORMADOR - Vai-te. Participa da luta. Serás o vencedor.
LEÃO - (apressado): Até breve, turma! (sai) Todos - Até breve!
- Pequena pausa.
HOMEM - Não tiveste medo dele?
REFORMADOR - Não. Logo percebi que era um leão covarde.
- 12 -
FLOR - Conheces as pessoas.
REFORMADOR - Procuro conhecê-las, pelo menos agora. Antes não pensava assim. Não teria deixado o meu
mundo. (Caminha triste e senta-se em baixo da árvore).
PEIXE - Ora, pequeno. Logo a rainha virá e tudo voltará a ser como antes.
REFORMADOR - Por isso é que sofro. Também tu voltarás a ser como antes. E a Flor... E o Cão...
HOMEM - Menos eu. Nunca saí disto. (mostra as roupas maltrapilhas).
REFORMADOR - (estala os dedos): Já sei! Queres uma roupa nova!
HOMEM - (desolado): Qual nada. Quero mais. Uma roupa nova logo seria velha.
FLOR - És ambicioso.
PEIXE - Isso é mau.
CÃO - Deixem-no. Ele é como é.
REFORMADOR - Se houvesse um meio para livrar todos do regulamento...
HOMEM - Agora, sim. Pensas como um sábio.
CÃO - O meu dono é um sábio.
FLOR - Talvez houvesse um meio...
PEIXE - E se falássemos com a rainha?
REFORMADOR - Não adiantaria. Também não depende dela.
HOMEM - Com teus superiores.
REFORMADOR - A rainha é a superiora.
CÃO - Nesse caso, ela poderá resolver.
REFORMADOR - O regulamento é superior à rainha
HOMEM - Claro está que tu é que não queres resolver.
REFORMADOR - (irritado): Não sejas bobo. Quero-vos mais que a mim mesmo. Se a minha morte resolvesse...
FLOR - (chega-se ao Reformador e segura-o no rosto): A morte nunca resolve nada. Queremos
como és, bem vivo, mesmo que seja muito longe daqui.
CÃO - Isso é verdade.
HOMEM - Insuportável.
PEIXE - O que resolverá será a nossa compreensão. Paciência.
FLOR - Sim, compreendemos a situação.
HOMEM - Mas, deve haver um jeito...
PEIXE - Também acredito que sim.
CÃO - Isso é... Ou melhor... É muito certo...
- Põem-se todos a pensar.
CÃO - Tenho uma idéia!
REFORMADOR - Diga!
CÃO - Se mantiveres as formas até a hora da partida, elas perderão o efeito, certo?
REFORMADOR - Certo!
CÃO - Voltaremos a ser como antes da tua reforma?
REFORMADOR - Isso.
CÃO - Então, vos contarei o meu plano.
- (Todos se reúnem num canto, em confidência)
- 13 -
FIM DO ATO II
TERCEIRO ATO
CENA I
(Homem, Reformador).
-(O Homem está deitado no chão. O Reformador, de costas para o público, olha para cima da
árvore).
REFORMADOR - Já viste?
HOMEM - O que?
REFORMADOR - Nesta árvore. Dois bichinhos esquisitos.
REFORMADOR - Não sei... São esquisitos.
HOMEM - O que eles têm de esquisito?
REFORMADOR - Um é verde. O outro é azul.
HOMEM - tem o bico redondo?
REFORMADOR - (procura ver melhor): Sim, (ri) Engraçado...
HOMEM - São periquitos.
REFORMADOR - Dormem encostados um no outro.
HOMEM - Aquecem-se.
REFORMADOR - O luar faz brilhar a roupa deles.
HOMEM - (ri): Não é roupa.
REFORMADOR - Não? E o que é?
HOMEM - São as penas. Assim como o cão é coberto de pêlos, eles são de penas.
REFORMADOR - Ficam muito bonitos sob o luar. (pausa) será que precisam de reforma?
HOMEM - Oh, não. Eles são perfeitos.
REFORMADOR - (chega-se ao Homem. Deita-se ao lado dele): Tu moras numa árvore?
HOMEM - Numa árvore? Claro que não!
REFORMADOR - Pois devias morar numa árvore. Veria as estrelas.
HOMEM - Daqui de onde estou, vejo as estrelas. E daí?
REFORMADOR - Não é como vê-las de nossa casa. Onde eu moro, não se vê as estrelas. Somos cobertos por
eterno nevoeiro. É triste.
HOMEM - Ora, não te lamentes. Onde eu moro posso ver as estrelas, tantos são os buracos.
REFORMADOR - Tua casa é furada?
HOMEM - Completamente. É um buraco feito com tábuas de caixotes e coberto com folhas de zinco. O
zinco está velho e os buracos são muitos.
REFORMADOR - Pobre homem. Queres uma casa nova?
HOMEM - De que me valerá se não tenho dinheiro?
REFORMADOR - Dou-te dinheiro. Reformo-te.
HOMEM - Não, obrigado, De nada adiantará. Não estou preparado para a riqueza...
REFORMADOR - Como estás mudado, Nem pareces aquele que conheci há dez dias.
HOMEM - Aprendi muito contigo.
REFORMADOR - E ficarás assim, pobre?
HOMEM - Vou me arranjando. Depois, pretendo procurar um emprego. Aí a coisa melhora.
- 14 -
REFORMADOR - Queres um emprego? Posso te dar.
HOMEM - Não. Quero encontrá-lo com meu próprio esforço. Não tem valor o que se ganha sem
esforço.
REFORMADOR - Tens razão. (ergue-se): Vamos brincar de amarelinha?
HOMEM - Como? Brincar de amarelinha?
REFORMADOR - Isso mesmo, vamos?
HOMEM - Ora, pequeno... Eu já não estou na idade de...
REFORMADOR - Estás enganado. Nunca é tarde para se brincar de amarelinha.
HOMEM - Não ficaria bem. O que diriam os outros?
REFORMADOR - Não diriam nada. Ficariam contentes de te ver brincar comigo.
HOMEM - Está bem. (ergue-se): Mas, previno-te, não me lembro mais como é esse negócio.
REFORMADOR - Eu te faço lembrar.
HOMEM - E tu sabes?
REFORMADOR - Vi algumas crianças brincando. Aprendi. É fácil.
HOMEM - Bem... Nesse caso...
REFORMADOR - (começa a riscar o chão): Tu não brincas com crianças/
HOMEM - Oh, não. Não conheço muitas...
REFORMADOR - E as poucas que tu conheces?
HOMEM - Não se atreveriam.
REFORMADOR - (terminando de riscar): Credo! Por que?
HOMEM - Chamam-me de Zé Sujeira. Quando eu passo, jogam-me pedras. Tu foste o primeiro menino
de quem eu pude me aproximar. Por isso, gosto de ti.
REFORMADOR - Preciso de uma pedra.
HOMEM - (assusta-se): Oh, não. Vá. Tu também?
REFORMADOR - (emocionado, corre ao Homem, abraçando-o): Não, não. Não é para atirar em ti. Nunca. É
para o nosso jogo.
HOMEM - Puxa, que susto me deste. Pensei...
REFORMADOR - Não, amigo. Nunca faria uma coisa dessas.
HOMEM - Ali está uma (aponta para o chão).
REFORMADOR - (corre a apanhá-la): Esta serve.
HOMEM - Então, vamos começar. Tu primeiro.
REFORMADOR - Não, tu.
HOMEM - Esqueces que eu não me lembro?
REFORMADOR - Tens razão. Então, eu começo. (começa a pular).
HOMEM - Agora, estou me lembrando. É fácil.
REFORMADOR - (pulando): Os jogos das crianças são sempre fáceis.
HOMEM - Gosto de te ver contente.
REFORMADOR - Não estou muito. Procuro esquecer a tristeza.
HOMEM - Erraste. Pisaste na grama.
REFORMADOR - (passa a pedra ao Homem): Viu como te lembras?
HOMEM - (pulando): Qual é a tua tristeza?
REFORMADOR - Hoje é o dia.
HOMEM - Dia?
- 15 -
REFORMADOR - A minha rainha deverá voltar.
HOMEM - Devias estar alegre.
REFORMADOR - Mas não estou. Se ela conseguiu...
HOMEM - (ainda pulando): Conseguiu o que?
REFORMADOR - Convencer os de lá. Terei de voltar.
HOMEM - Errei. Agora és tu.
REFORMADOR - 9começa a pular): Não gostaria. Mas, as saudades...
HOMEM - Lá é o teu mundo.
REFORMADOR - Mas, aqui fiz amigos.
HOMEM - Que continuarão teus amigos.
REFORMADOR - (pára de pular, caminha a um canto, sob os olhares surpresos do homem).
HOMEM - Que tens? E a amarelinha?
REFORMADOR - Não quero mais. Estou muito triste.
HOMEM - Não há razão para tanta tristeza.
REFORMADOR - Pensas tu. As reformas perderão o efeito...
HOMEM - (chega-se ao Reformador, carinhoso): Ora, vamos. O plano do Cão vai dar certo. Foi uma boa
idéia.
REFORMADOR - Não sei. Tenho as minhas dúvidas.
HOMEM - Pois eu não. Tudo dará certo!
REFORMADOR - Falas assim para me contentar. Eu sei.
HOMEM - É a verdade. Tenho certeza do sucesso.
CENA II
(Homem, Reformador, Cão)
CÃO - (entrando, todo feliz): Olá, Tudo bem?
HOMEM - Não muito. O pequeno está triste.
CÃO - (aproxima-se do Reformador): Não há razão. Todos nós estamos contentes.
REFORMADOR - Hoje, vou-me embora. A rainha deve ter conseguido.
HOMEM - Conseguir, sim. E ficarás feliz revendo seus amigos.
CÃO - Isso é verdade.
HOMEM - (ríspido): Olha aqui, seu vira-lata. Não me venha mais com essa mania de “isso é verdade,
isso é verdade”...
REFORMADOR - Deixe-o
HOMEM - Isso me irrita.
CÃO - Isso é verdade.
HOMEM - (tenta avançar contra o Cão, mas este lhe mostra os dentes, rosnando).
REFORMADOR - Viu? Ele acaba te mordendo outra vez.
HOMEM - Bem, isso é verdade.
REFORMADOR - Também, tu?
HOMEM - (ri): Saiu sem querer. É pior que cachumba. Pega.
CÃO - Isso é... Bem, isso é um fato.
- (Os três explodem em gargalhadas, com o Cão rolando pelo chão de tanto rir. Nessa
movimentação, o Cão prende a cauda num dos braços. Quando se põe de pé, dá com a suposta
- 16 -
falta do rabo).
CÃO - (olha para trás de si e não vê o rabo): Socorro, roubaram o meu rabo! Socorro! Socorro!
REFORMADOR - (rindo à beça): O teu rabo está preso no braço. Lorde.
CÃO - (encabulado, desata a cauda do braço).
CENA III
(Homem, Reformador, Cão, Flor, Peixe).
- (O Peixe e a Flor entram, surpreendendo toda a folia).
PEIXE - Muito bem. Mostram-se alegres.
FLOR - É bom sinal!
HOMEM - Só mesmo o Lorde para fazê-lo rir. (aponta para o Reformador).
REFORMADOR - Também, doido desse jeito...
FLOR - Que te fazia triste?
REFORMADOR - A minha provável partida.
PEIXE - Voltarás para o teu mundo.
REFORMADOR - Aprendi a gostar daqui, apesar de também querer voltar.
HOMEM - Pelos amigos?
REFORMADOR - Sim. Pelos amigos, penso em voltar.
PEIXE - A vida é assim mesmo.
REFORMADOR - Não se pode ter o sol e as estrelas ao mesmo tempo. São opostos. O dia apaga as estrelas.
CÃO - E a noite as acende.
REFORMADOR - Então, de dia temo o sol e pensamos nas estrelas. À noite, temos as estrelas e pensamos no
sol.
FLOR - Irás para os teu amigos de lá, mas não deixarás de pensar em nós.
REFORMADOR - Nunca. E quando cada um pensar em mim, se firmar bem o pensamento, ouvirá a minha voz,
sentirá o meu abraço... (põe-se a chorar).
HOMEM - (corre ao Reformador, abraça-o): Oh, não chores meu pequeno. Algum dia, quem sabe,
estaremos contigo, lá no teu mundo.
CÃO - Serei teu cão novamente.
FLOR - E eu tornarei a enfeitar tua vida.
PEIXE - Só poderei te fazer companhia.
- (Pequena pausa) -
HOMEM - Por onde andará o Leão?
FLOR - Teria vencido a luta?
CÃO - Acho que já é o rei. Há muito que não o vemos.
CENA IV
(Leão e os demais)
- (Mal o Cão acaba de falar, entra o Leão)
LEÃO - (exultante): Ora, viva os meus amigos!
CÃO - (dá um pulo de susto e joga-se ao chão de pernas para o ar): Não me comas, não me comas.
HOMEM - (ri): Tu és um boboca. Não vês que é nosso amigo?
CÃO - Pensei que fosse outro. São todos iguais...
- 17 -
REFORMADOR - E então? Como foste?
LEÃO - Maravilhosamente. Quando chegou a minha vez de lutar, pensei em ti. Foi o bastante. Na
primeira patada, pus meus adversários fora de combate.
FLOR - Que ótimo! Então, és o rei?
LEÃO - (orgulhoso): Sou o rei da minha selva.
PEIXE - Pensávamos que não virias mais.
LEÃO - Ora, como poderia esquecer os meus amigos?
FLOR - Demoraste tanto...
LEÃO - Tinha umas leis para assinar, alguns decretos para estudar... A nomeação dos meus
ministros...
Cão - Puxa, trabalho prá burro!
REFORMADOR - Prá burro, não. Prá Leão.
- (Todos riem).
PEIXE - Estás feliz?
LEÃO - Muitíssimo.
REFORMADOR - Eu também. Só espero que o plano do Lorde dê certo.
CÃO - Dará, tenha certeza.
HOMEM - Claro!
REFORMADOR - Daqui a pouco saberemos. Está chegando a hora.
FLOR - Que bom estarmos todos juntos.
PEIXE - É verdade.
HOMEM - Vamos comemorar?
CÃO - O que, desta vez?
HOMEM - A nossa felicidade.
FLOR - Boa idéia.
REFORMADOR - Cantando.
PEIXE - Eu topo.
HOMEM - Então, vou apanhar o meu violão. (sai, a fim de pegar o violão).
- (Os outros sentam-se em círculo. O Homem retorna, e senta-se entre eles. Estão alegres).
CENA V
(Rainha e os demais).
- (Estão ainda cantando. A Rainha entra, suavemente, sem ser vista. Aproxima-se do grupo.
Bem perto, o Reformador a avista)
REFORMADOR - (ergue-se, lentamente, e põe-se aos pés da Rainha).
RAINHA - Ergue-te. Como vais?
REFORMADOR - (ergue-se): Bem, eu creio.
RAINHA - (olha para os outros, que estão ainda sentados, imóveis): E os teus?
REFORMADOR - Todos bem.
RAINHA - Trago-te notícias.
REFORMADOR - Esperava-as.
RAINHA - Perdoaram-te. Podes voltar.
- 18 -
- (Os outros ficam de pé, dando vivas às novas trazidas pela Rainha. Correm a cumprimentar o
Reformador, que não parece ter ficado muito satisfeito com a notícia).
HOMEM - Meus parabéns, pequeno! Merecias.
FLOR - Sinto que te vais, mas estou feliz por ti.
RAINHA - Vejo que deixarás bons amigos.
REFORMADOR - É esta a minha tristeza.
CÃO - (emocionado): Nem posso falar.
RAINHA - Tenho-te outra novidade. Mas, eles deverão provar-me que são teus amigos sinceros.
REFORMADOR - Como, assim?
RAINHA - Se todos eles provarem lealdade à tua amizade, tu poderás visitá-los a cada lua nova. Caso
contrário, irás para sempre. É uma parte do regulamento que não conhecias.
HOMEM - Pois que seja respeitado o regulamento. Anda, põem-nos à prova.
FLOR - Estou disposta.
PEIXE - E eu também.
CÃO - Estou sempre disposto.
LEÃO - Posso falar?
REFORMADOR - Claro. E por que não falavas?
LEÃO - Porque não fui apresentado à essa senhora (aponta para a rainha).
REFORMADOR - Oh, Leão, perdoa-me. Agora me lembro, não estavas aqui quando ela veio da primeira vez.
CÃO - Não, ele não estava.
REFORMADOR - Então, esta é a minha Rainha (aponta para o Leão).
LEÃO - Agora, sim. Bem, eu acho que todos nós devemos grandes coisas ao Reformador. Por isso,
faremos o possível para provar nossa amizade, a fim de que ele possa se mais feliz.
FLOR - Apoiado.
PEIXE - Palavras de rei.
HOMEM - Então, comecemos. Que quer que se faça.
RAINHA - (ao Homem): Começarei por ti, que tanto te queixaste da outra vez. Tenho mais poderes que
o pequeno Reformador. Por isso, tornar-te-ei o mais rico dos homens se renegares a amizade
do Reformador.
HOMEM - (indignado): Se és mesmo rainha, carrega todo o teu ouro para o teu palácio. Prefiro a
pobreza a ter que desprezar esta amizade.
RAINHA - Pois bem. (vira-se para a Flor): E tu, trocas a condição da mais bela flor deste mundo pela
amizade do pequeno? Lembra-se és feia e sem perfume. E continuarias andante.
FLOR - Pois faze-me para sempre imóvel, mas num lugar onde eu possa ver o céu. Lá encontrarei os
olhos do meu pequeno. Ë o bastante.
RAINHA - (para o Leão): Tu, então, és um leão medíocre. Voltarás a ser covarde quando o pequeno se
for. Queres dominar todas as selvas do mundo? Recusa o pequeno Reformador?
LEÃO - Que me tornes prisioneiro de um lagarta. Nunca o deixarei.
RAINHA - (para o Peixe): Serás o senhor dos mares. Governarás os oceanos.
PEIXE - Prefiro morrer à seca.
RAINHA - (ao chão): Serás o príncipe dos cães. Teu dono será um rei e tua moradia um castelo. Terás
escravos para teu uso. Serás eterno.
CÃO - Deus me fez fiel ao homem. Que me faças morrer à míngua. Sem dono, sem nome. Terei a
recompensa de ter sido o cão de uma bondosa criança, o meu pequeno Reformador.
RAINHA - (caminha um pouco): Meu pequeno Reformador. A amizade dos teus me surpreende. Está
acima das ambições. Considera-te feliz.
- 19 -
REFORMADOR - (exultante): Então, poderei voltar sempre?
RAINHA - Em toda lua nova.
- (Todos comemoram a notícia, de modo expressivo, com cantorias, vivas, saltos, danças, etc.).
RAINHA - Um momento! Está na hora da partida.
PEIXE - Tu voltarás sempre.
FLOR - Estarei sempre te esperando.
CÃO - Aguardarei a tua chegada.
HOMEM - Já estarei trabalhando, se Deus quiser. Poderei comprar balas e doces para ti.
LEÃO - Trarei outros animais para conheceres. Serão teus amigos.
REFORMADOR - (comovido): Tenho que despedir-me. Mas, estou alegre. A cada lua nova, aqui estarei, junto
de todos.
RAINHA - Vamos. E não te esqueças de avisá-los sobre o regulamento. As reformas perderão os
efeitos e eles voltarão a ser como antes.
REFORMADOR - Eles já sabem. (vai à Flor): Até breve. Logo nos veremos.
FLOR - Que Deus te acompanhe.
REFORMADOR - (vai ao Peixe): Até logo, amigo.
PEIXE - Até... (começa a chorar).
REFORMADOR - (ao Leão): Felicidades no teu reino.
LEÃO - Com a tua ajuda.
REFORMADOR - (ao Homem): Terei saudades de ti. És muito bom.
HOMEM - (Vai ao Cão e abraça-o): Lorde, nem sei o que te dizer. Se eu pudesse levar-te-ia comigo.
CÃO - Continuo sendo teu, aqui, deste mundo.
REFORMADOR - Bem, amigos, até uma outra vez.
CÃO - (sussurrando): O plano, não te esqueças.
REFORMADOR - Ah, sim. Gostaria que todos ficassem como antes, quando eu vos encontrei (sai em
companhia da rainha).
- (O Peixe põe-se a debater-se. A Flor fica completamente imóvel. O Homem deita-se, a bocejar.
O Leão encurva-se, como um covarde. O Cão cai ao solo, por não poder manter-se sem a
muleta).
- Segundos depois -
- (De repente, todos ficam imóveis, por segundos, silentes. Depois, a um salto só, põem-se de
pé. Todos estão novamente perfeitos, como quando reformados).
HOMEM - Deu certo!
FLOR - Sim. A esta hora, o Reformador já deve ter saído da atmosfera (olha o alto).
PEIXE - Vejam, eu continuo respirando mesmo fora da água.
CÃO - E eu não estou mancando.
LEÃO - Confesso sentir-me novamente corajoso.
FLOR - (para o Cão): Como tiveste a idéia do plano?
CÃO - Muito fácil. O regulamento é assim. Todas as reformas do pequeno perderiam seus efeitos,
certo?
TODOS - Certo.
CÃO - Se nós estivéssemos assim, como agora, ficaríamos o contrário, certo?
TODOS - Certo!
- 20 -
CÃO - Logo, o regulamento faz com que tudo volte à forma anterior da última reforma. O pequeno
reformando-nos ao contrário, na hora da sua partida, deixando-nos com todos os defeitos...
PEIXE - Quando ele se fosse...
HOMEM - Voltaríamos a ser como antes da última reforma.
LEÃO - Com as reformas primeiras.
HOMEM - Mas, eu não fui reformado.
FLOR - Não? E a tua disposição ao trabalho? E o teu novo modo de pensar?
HOMEM - (pensativo): Tens razão.
LEÃO - (olhando para o céu): Vejam, dois pontinhos de luz lá longe.
PEIXE - São eles. O Reformador e a Rainha.
FLOR - Estão se afastando.
CÃO - Vamos acenar? Será que eles nos podem ver?
HOMEM - Claro. Eles nos vêm com o coração.
- (Todos se põem a acenar em direção ao céu).
FIM

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