"A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo. (Nelson Mandela) "

sábado, 13 de dezembro de 2014

O segredo do tesouro de Bresa


Houve outrora, na Babilônia, um pobre e modesto alfaiate chamado Enedim, homem inteligente e trabalhador, que não perdia a esperança de vir a ser riquíssimo. Como e onde, no entanto, encontrar um tesouro fabuloso e tornar assim, rico e poderoso?

Um dia, parou na porta de sua humilde casa, um velho mercador da fenícia, que vendia uma infinidade de objetos extravagantes. Por curiosidade, Enedim começou a examinar as bugigangas oferecidas, quando descobriu, entre elas, uma espécie de livro de muitas folhas, onde se viam caracteres estranhos e desconhecidos.
Era uma preciosidade aquele livro, afirmava o mercador, e custava muito caro.
Era muito dinheiro para o pobre alfaiate, razão pela qual o mercador concordou em vender lhe o livro por apenas dois dinares.
Logo que ficou sozinho, Enedim tratou de examinar, sem demora, o bem que havia adquirido. Qual não foi sua surpresa quando conseguiu decifrar, na primeira página, a seguinte legenda: "o segredo do tesouro de Bresa."
Que tesouro seria esse... Enedim recordava vagamente de já ter ouvido qualquer referência a ele, mas não se lembrava onde, nem quando.
Mais adiante decifrou: "o tesouro de Bresa, enterrado pelo gênio do mesmo nome entre as montanhas do Harbatol, foi ali esquecido, e ali se acha ainda, até que algum homem esforçado o venha encontrar.
Muito interessado, o esforçado tecelão dispôsto ficou para apoderar-se de tão fabuloso tesouro.
Mas, as primeiras páginas eram escritas em caracteres de vários povos, o que fez com que Enedim estudasse os hieróglifos egípcios, a língua dos gregos, os dialetos persas e o idioma dos judeus.
Em função disso, ao final de três anos Enedim deixava a profissão de alfaiate e passava a ser o intérprete do rei, pois não havia na região ninguém que soubesse tantos idiomas estrangeiros. Passou a ganhar muito mais e a vida melhorou.
Continuando a ler o livro encontrou várias páginas cheias de cálculos, números e figuras. Para entender o que lia, estudou matemática com os calculistas da cidade e, em pouco tempo, tornou-se grande conhecedor das transfomações aritméticas dispôs-se a decifrar todas as páginas daquele livro,
Graças aos novos conhecimentos, calculou, desenhou e construiu uma grande ponte sobre o rio Eufrates, o que fez com que o rei o nomeasse prefeito. Ainda por força da leitura do livro, Enedim estudou profundamente as leis e princípios religiosos de seu país, sendo nomeado primeiro-ministro por seu vasto conhecimento.
Passou a viver em suntuoso palácio e recebia visitas dos príncipes mais ricos e poderosos do mundo. Graças a seu trabalho e ao seu conhecimento vasto conquistou riquezas e alegria para todo seu povo. No entanto, ainda não conhecia o segredo de Bresa, apesar de ter lido e relido todas as páginas do livro.
Certa vez, teve a oportunidade de questionar um venerável mestre a respeito daquele mistério, que sorrindo esclareceu:
"O tesouro de Bresa já está em seu poder, pois graças ao livro você adquiriu grande saber, que lhe proporcionou os invejáveis bens que possui. Afinal, Bresa significa trabalho."

Moral da fábula: Com estudo e trabalho pode o homem conquistar tesouros inimagináveis. O tesouro de Bresa é o saber, que qualquer homem esforçado pode alcançar, por meio dos bons livros, que possibilitam "tesouros encantados" àqueles que se dedicam aos estudos com amor e tenacidade.

Autor: Malba Tahan

12 de junho de 2014

A rainha das abelhas, conto de Grimm

Certa vez, dois filhos de rei saíram em busca de aventuras e se entregaram a uma vida tão desregrada e dissoluta que nem se lembravam de voltar para casa. O mais moço, que era chamado de Bobo, saiu à procura de seus irmãos; quando finalmente os achou, só ouviu caçoadas, porque, sendo tão ingênuo, pensava em vencer na vida, enquanto eles, muito mais espertos, não tinham conseguido.
Os três puseram-se a caminho juntos e chegaram a um formigueiro. Os dois mais velhos quiseram remexer nele para ver as formigas fugirem alvoroçadas carregando os próprios ovos, mas o Bobo lhes disse:
- Deixem os bichinhos em paz, eu não suporto que vocês lhes façam mal.
Então eles continuaram andando e chegaram a um lago onde nadavam muitos, muitos patos. Os dois irmãos queriam pegar alguns para assar, mas o Bobo não consentiu e disse:
- Deixem os bichinhos em paz, eu não suporto que eles sejam mortos.
Por fim, chegaram a uma colméia, onde havia tanto mel que escorria pelo tronco da árvore. Os dois quiseram acender fogo embaixo para sufocar as abelhas e poder tirar o mel. O Bobo tornou a impedir, dizendo:
- Deixem os bichinhos em paz, eu não suporto que eles sejam queimados.
Afinal, os três irmãos chegaram a um castelo. Nas cavalariças havia cavalos de pedra, e não aparecia pessoa alguma. Eles passaram por todas as salas até que, no fim, encontraram uma porta com três fechaduras. No meio da porta havia, porém, um buraquinho por onde se podia espiar o aposento. Viram lá dentro um homenzinho grisalho, sentado diante de uma mesa. Eles o chamaram uma, duas vezes, mas o homenzinho não ouviu. Quando o chamaram pela terceira vez, ele se levantou, abriu as fechaduras e saiu. Não disse uma palavra, mas os levou a uma mesa ricamente preparada. Tendo os três comido e bebido, ele conduziu cada um a seu quarto de dormir.
Na manhã seguinte, o homenzinho grisalho chegou-se para o mais velho, acenou chamando-o e o guiou até uma placa, onde estavam escritas três tarefas que poderiam desencantar o castelo. A primeira dizia que no bosque, debaixo do musgo, estavam as pérolas da filha do rei, em número de mil, que precisariam ser catadas; e, ao pôr-do-sol, se ainda faltasse só uma, a pessoa que as procurava se transformaria em pedra. O mais velho foi e procurou o dia inteiro. Como, porém, o dia chegou ao fim e ele tinha achado só cem pérolas, aconteceu o que estava escrito na placa, e ele se transformou em pedra. No outro dia, o segundo irmão assumiu a tarefa, mas não se saiu melhor que o mais velho, pois só achou duzentas pérolas e ficou transformado em pedra. Por fim chegou a vez do Bobo, que procurou no musgo; mas era tão difícil encontrar as pérolas e demorava tanto, que ele se sentou numa pedra e chorou. Nisto, apareceu o rei das formigas, cuja vida ele salvara. Vinha acompanhado de cinco mil formigas. Não demorou muito, e os bichinhos acharam todas as pérolas e as amontoaram ali. Mas a segunda tarefa era ir pegar, no fundo do lago, a chave do quarto da filha do rei. Quando o Bobo chegou ao lago, vieram nadando os patos que ele uma vez salvara, mergulharam e pegaram a chave lá no fundo. A terceira tarefa era a mais difícil, pois das três filhas de rei que estavam dormindo ele devia escolher a melhor. Elas eram, porém, completamente iguais, não tendo nada que as distinguisse uma da outra, a não ser por terem comido, antes de dormir, três doces diferentes: a mais velha, um torrão de açúcar; a segunda, um pouco de melado; a mais moça, uma colherada de mel. Então chegou a rainha das abelhas, que o Bobo havia protegido do fogo, e foi provando da boca de todas três; por fim ficou pousada na boca da que havia comido mel, e assim o Bobo reconheceu qual era a filha de rei certa. Com isso, o feitiço se desfez, tudo no castelo despertou daquele sono, e quem tinha virado pedra retomou sua forma. O Bobo se casou com a mais jovem e melhor filha do rei e, depois que o pai dela morreu, ele ficou sendo o rei; seus irmãos, porém, casaram-se com as outras duas irmãs.

8 de junho de 2014

A água da vida, um conto de fadas dos Irmãos Grimm

Era uma vez um rei muito poderoso que vivia feliz e tranquilo em seu reino. Um dia adoeceu gravemente e ninguém esperava mais que escapasse. Seus três filhos estavam consternados vendo o estado do pai piorar dia a dia. Choravam no jardim quando surgiu à sua frente um velho de aspecto venerável que indagou a causa de tamanha tristeza. Disseram-lhe estar aflitos por causa da enfermidade do pai, já que os médicos não tinham mais esperanças de o salvar. O velho lhes disse: "Conheço um remédio muito eficaz que poderá curálo; é a famosa Água da Vida. Mas é muito difícil obtê-la." O filho mais velho disse: "Vou encontrá-la, custe o que custar." Foi imediatamente aos aposentos do rei, expôs-lhe o caso e pediu permissão para ir em busca dessa água. "Não. Sei bem que essa água maravilhosa existe, mas há tantos perigos a vencer antes de chegar à fonte que prefiro morrer a ver um filho meu correndo esses riscos" disse o rei. O príncipe porém insistiu tanto que o pai acabou por consentir. Em seu íntimo o príncipe pensava: "Se conseguir a água me tornarei o filho predilecto e herdarei o trono." Partiu pois montado em rápido corcel na direcção indicada pelo velho. Após alguns dias de viagem, ao atravessar uma floresta viu um anão mal vestido que o chamou e perguntou: "Aonde vais com tanta pressa?" - "Que tens com isso, homúnculo ridículo? Não é da tua conta" respondeu altivamente sem deter o cavalo. O anão se enfureceu e lhe rogou uma praga. Pouco adiante o príncipe se viu entalado entre dois barrancos; quanto mais andava mais se estreitava o caminho, até que não pôde mais avançar nem recuar, nem voltar o cavalo nem descer. Ficou ali aprisionado sofrendo fome e sede mas sem morrer. 
O rei esperou em vão sua volta. O segundo filho, julgando que o irmão tivesse morrido, ficou contentíssimo pois assim seria o herdeiro do trono. Foi ter com o pai e lhe pediu para ir em busca da Água da Vida. O rei respondeu o mesmo que ao primeiro; por fim cedeu ante a insistência do rapaz. O segundo príncipe montou a cavalo e seguiu pelo mesmo caminho. Quando atravessava a floresta surgiu-lhe o anão mal vestido e lhe dirigiu a mesma pergunta: "Para onde vais com tanta pressa?" - "Pedaço de gente nojento! Sai da minha frente se não queres que te espezinhe com meu cavalo." O anão lhe rogou a mesma praga, assim o príncipe acabou entalado nos barrancos como o irmão. 
Passados muitos dias sem que os irmãos voltassem, o mais moço foi pedir licença ao pai para ir buscar a Água da Vida. O rei não queria consentir, mas foi obrigado a ceder ante suas insistências. O jovem príncipe montou em seu cavalo e partiu; quando encontrou o anão na floresta ele, que era delicado e amável, deteve o cavalo dizendo: "Vou em busca da Água da Vida, o único remédio que pode salvar meu pobre pai, que está à morte." - "Sabes onde se encontra?" perguntou o anão. "Não." - "Pois já que me respondeste com tanta amabilidade vou te indicar o caminho. Ao sair da floresta não te metas pelo desfiladeiro que está à frente, vira à esquerda e segue até uma encruzilhada; aí segue ainda à esquerda. Depois de dois dias encontrarás um castelo encantado: é no pátio dele que se encontra a fonte da Água da Vida. O castelo está fechado com um grande portão de ferro maciço, mas basta tocá-lo três vezes com esta varinha que te dou para que se abra de par em par. Assim que entrares verás dois leões enormes prestes a se lançarem sobre ti para te devorar; atira-lhes estes dois bolos para apaziguá-los. Aí corre ao parque do castelo e vai buscar a Água de Vida antes que soem as doze badaladas, senão o portão se fecha e tu ficarás lá preso. 

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7 de junho de 2014

A Floresta Enfeitiçada


Era uma vez um Gnomo que vivia nas profundezas de uma Floresta encantada. A sua única companhia, para além das árvores e das flores que cobriam a sua casinha, era um Gato preto.
Um dia, estava o Gnomo a cuidar das suas plantas, quando apareceu o Gato com um ar muito preocupado:
- Gnomo, Gnomo, nem imaginas o que aconteceu!
- Porque estás tão inquieto? – perguntou o Gnomo.
- A Floresta está a desaparecer! – respondeu – Para lá daquele vale restam apenas escassas ervas. Até o rio deixou de correr!
- Mas porque será?
- Dizem que, há muitos anos atrás, um Feiticeiro perdeu nesta Floresta a sua amada, uma princesa de beleza extrema. O desgosto foi tão grande que, movido pela raiva, lançou um feitiço. Se dentro de sete dias não forem encontradas três pedras mágicas, esta Floresta deixará de existir, e com ela todos os seres que nela habitam.
No dia seguinte, o Gnomo e o Gato foram, com a ajuda de uma nuvem mágica, à procura das pedras mágicas.
Os dias passavam e, já cansados de tanto procurar, resolveram descansar à sombra de uma árvore. Pouco depois estavam a dormir. Na manhã seguinte, mal o Gnomo acordou, encontrou a seus pés uma carta e uma espada. A carta dizia:
“Meu caro amigo, sou uma pessoa que te quer ajudar. Para encontrares as três pedras mágicas, basta salvares a Princesa do reino, que se encontra presa numa masmorra. Para isso terás que atravessar toda a Floresta e lá encontrarás o castelo de um monstro. Se à meia-noite do dia de hoje a Princesa não estiver neste sítio, tudo desaparecerá”.
Ao atravessarem a floresta, o Gnomo e o Gato deram com o castelo do monstro. Com a ajuda da nuvem mágica e da espada, o Gnomo matou o monstro e salvou a Princesa.
Já na Floresta, o Gnomo exclamou:
- São tantas as árvores! Como vamos descobrir aquela onde dormimos?
- Marquei uma cruz nessa árvore; basta agora descobri-la – respondeu o Gato.
Estavam as badaladas da meia-noite a tocar, quando o Gato e o Gnomo entregaram a Princesa à pessoa que escrevera a carta.
- É um feiticeiro! exclamou o Gnomo.
- Pois sim! Obrigado por me trazerem a minha amada de volta.Nenhum dos meus feitiços seria tão ágil como a vossa pequenez. A vocês devo a minha vida. E a minha felicidade. E, com um pequeno toque, apareceram as pedras mágicas na mão do Gnomo.
Foi assim que, salva a Floresta e todos os seus habitantes, o Gnomo e o Gato voltaram para a sua casinha, nas profundezas da Floresta, e viveram felizes para sempre.

5 de junho de 2014

O peixinho que descobriu o mar.


Cristóbal nasceu num aquário. O mundo dele resumia-se a um pouco de água entre quatro paredes de vidro, alguma areia, pedras, uma miniatura de caravela em madeira e uma tartaruga, cujo nome era Alice.
Alice, que vivera em outros lugares, contava para Cristóbal suas aventuras no mar, foi ai que Cristóbal iniciou seu projeto em busca da liberdade.
Cristóbal tentou sair de qualquer jeito, mas não conseguiu. De repente Alice acordou e viu, Cristóbal tentando sair. Então ela perguntou:
- Porque você está tentando sair de dentro do aquário?
- Porque eu queria explorar coisas novas, como as histórias que você estava me contando! – Respondeu Cristóbal.
Alice ficou triste pois não queria dizer que se ele saísse do aquário, ele não conseguiria sobreviver fora da água. Mas ele não queria desapontá-lo.
O peixinho sonhava toda a noite com o mar. Numa certa noite apareceu a gata Verônica, querendo comê-lo. Mas ele era muito escorregadio. Por esse motivo a Verônica não conseguiu comer o Cristóbal.
Então num certo dia ele conheceu Jucá, um pelicano que morava por perto. Alice só ficou ouvindo o plano dele, e as tentativas que ele fez para sair do seu aquário e conhecer o mar.
Por isso Jucá disse:
- Eu já conheci o mar! É muito bonito! Aposto que você iria adorar. Mas como você não consegue sair do aquário, eu acho que nunca conseguirá.
- Já sei, se você me tirar com o seu bico e me levar até o mar. Depois você leva a Alice! – Disse Cristóbal.
Alice e Jucá concordaram.
Jucá levou Cristóbal e Alice conhecer o mar. Os dois adoraram. Eles queriam ficar lá para sempre. Mas não queriam que a Ama ficasse triste.
Então decidiram voltar para casa.
No outro dia Jucá perguntou a eles, se queriam visitar o mar novamente. Eles aceitaram. E assim jucá perguntou:
- Se vocês quiserem posso levá-los todos os dias para o mar.
Os dois ficaram felizes pela proposta de Jucá. E assim fizeram novos amigos. E todos ficaram contentes.
Larissa Drechsler

23 de janeiro de 2014

O Gosto da Bruxa


Era uma vez uma menina que estava presa na torre mais alta de um castelo.
Ela era uma princesa, mas não lhe valia de nada, porque perdera os seus pais e o reino, numa guerra que o dono do castelo, já se vê, é que ganhara.
Ainda era o tempo das fadas. Por isso a menina disse, para que as paredes ouvissem:
— Se uma fada me salvasse, fosse boa, má ou assim-assim, eu repartia a meias com ela o tesouro do meu perdido reino, que só eu sei onde está enterrado.
As paredes toda a gente diz que têm ouvidos. Estas ouviram, passaram palavra e daí a nada uma velha fada apareceu na sala.
— Vou dar volta à tua vida — disse a fada.
— És uma fada boa? — Perguntou a menina.
— Nem por isso — respondeu a fada.
Era uma fada assim-assim e para provar que não era das melhores, mas também não era das piores, impôs, à partida, uma condição. Salvava a menina, mas, antes, ela tinha de adivinhar-lhe o nome. E avisou logo que não tinha um nome muito mimoso.
— Serafina — disse a menina.
Nem pensar. Não era Serafina nem Leopoldina nem Marcolina. Nem Eufrásia nem Tomásia. Nem Quitéria nem Pulquéria. Nem Aniceta nem Eustáquia nem Teodósia nem Venância nem Bonifácia nem Gregória. Nem sequer Capitolina.
A princesa esgotou os nomes mais esquisitos que conhecia. E a fada sempre com a cabeça a dizer que não. Até que propôs o seguinte negócio:
— Salvo-te, mesmo que não descubras o meu nome, mas fico com o tesouro só para mim. Todinho!
A menina concordou. Não tinha outro remédio. Vai daí a fada pronunciou umas palavras mágicas e ela e a princesa atravessaram as paredes da prisão.
Uma vez em liberdade, a princesa ensinou o local onde estava escondido o tesouro e pronto, a história acaba aqui.
E o nome da fada-bruxa?
Também a menina quis saber.
— Chamo-me Joaninha — respondeu a fada-bruxa, baixando os olhos, envergonhada.
— Mas Joaninha é um nome bonito — estranhou a princesa.
— Eu não acho — disse ela. — Gostava mais de ser Virgolina Zebedeia.
Vá lá a gente entender o gosto das bruxas.

Autor desconhecido

15 de dezembro de 2013

O Reino de Cristal


Era uma vez, em uma aldeia à beira de um caudaloso rio, um casal de pescadores muito bondosos que sonhavam em ter um filho. Passaram-se os anos sem que tivessem a felicidade de embalar um bebezinho nos braços. Esperançosos, pediam ao bom Deus que atendesse as suas preces e abençoasse o seu modesto lar com uma criança, um filho para completar a felicidade das suas vidas.

Um dia, a mulher foi à beira do rio lavar roupas e avistou nas margens das águas uma concha dourada, aproximou-se e, espantada, viu um belo menino recém-nascido dormindo tranquilo dentro daquele estranho objeto. Sem saber o que fazer, a mulher gritou pelo marido, pedindo-lhe que viesse ver o milagre que estava acontecendo... Os dois pegaram a criancinha nos braços, levaram para a casa onde moravam, alimentaram-no, vestiram-no e começaram a dedicar àquele filho inesperado um amor maior que o mundo. Deram-lhe o nome de Jorge.

Os anos passaram, Jorge tornou-se um belo rapaz, muito amoroso com os pais e querido por todos que habitavam o vilarejo onde se criara. 

Certa manhã, banhando-se nas águas azuis e transparentes do rio, Jorge avistou um belíssima moça, cantando e sorrindo para ele. A paixão logo tomou conta do coração puro de Jorge. Todas as manhãs os dois se encontravam nas águas do rio, até que ela o convidou a ir com ela conhecer o lugar onde ela morava, co fundo do rio. Pensando que seria um passeio rápido, Jorge acompanhou a sua amada, sem se despedir dos pais.

Nadaram até chegarem a um lugar belíssimo, um reino de cristal, no qual a bela moça era a princesa, filha única do rei viúvo que desejava vê-la casada, dando um herdeiro para o trono. Jorge ficou fascinado com tudo que via a sua volta, casou-se com a jovem, tiveram um filho e viviam numa felicidade perfeita. Todavia, num belo dia, Jorge sentiu uma imensa saudade dos seus pais, desejou visitá-los e falou nisto à sua mulher.

-Você quer voltar? Vai deixar-me aqui com nosso filho?

-Querida, quero somente abraçá-los. Voltarei logo em seguida.

Ele teve permissão do rei para sair do reino e foi à superfície. Mal sabia a tristeza que o aguardava ao chegar à aldeia. Tudo estava mudado, a casa dos pais já não existia, ninguém sabia nada sobre o paradeiro dos dois, sequer os conheciam,. Procurou os amigos e parentes sem encontrá-los. Desesperado, Jorge procurou o padre capelão da igreja. Já não era o mesmo do seus tempos de juventude. Este, vendo os trajes à moda muito antiga de Jorge, perguntou-lhe:

-Meu filho, em que ano você partiu?

Ao ouvir a resposta, espantadíssimo o padre lhes disse: - Filho, passaram-se mais de 100 anos depois que você deixou a aldeia e seus pais. Morreram todos.

Muito triste, Jorge caminhou até o rio, começou a entrar nas águas límpidas, pensando em voltar para junto da mulher e do filhinho. Todavia, quando olhou para o espelho da água viu sua imagem refletida. Não se reconheceu. Havia envelhecido! Longe do espaço mágico do reino de cristal tornara-se um ancião centenário. Já não podia retornar. Os golfinhos que nadavam no rio, pegaram-no delicadamente e levaram-no para junto da sua família. Alí, ele despertou e descobriu que voltara a ser jovem, voltara a ter a sua família. 

(Autor desconhecido)

 A maçã envenenada da Branca de Neve é tentadoramente vermelha. Como cheira o pão quentinho da Galinha Ruiva! Que medo deve sentir o ratinho entre as garras do leão. O vestido de Cinderela brilha como as estrelas... Histórias não são feitas apenas de palavras: têm peso, cor, sabor, têm detalhes que não cabem nos limites do texto, mas são tão importantes quanto as narrativas que vêm se repetindo há séculos..
Histórias são pontes; são laços entre o narrador e o ouvinte, entre o real e o imaginário, entre o passado, o presente e o futuro; são elos que se constroem e reconstroem entre seres humanos, em um processo sem fim.................
Partir desse princípio não é apenas uma forma poética de realçar a importância das narrativas fantásticas, das fábulas e de todas as histórias que povoam o universo infantil. No projeto “Quem conta, reconta... faz de conta”, que começa agora, queremos recuperar um olhar que se perdeu ao longo do tempo...

Normalmente, quando os adultos leem as fábulas ou mesmo quando tentam interpretá-las, sobressaem os aspectos “pedagógicos” que estão na origem dessas narrativas.
Quando não existiam escolas, imprensa, quando os livros eram copiados à mão e o mundo era ainda um enorme continente inexplorado, essas histórias representavam um caminho para a educação de valores, posturas de vida, costumes.
Esse é um dos motivos pelo qual as fábulas são maniqueístas e moralistas. Falam do bem e do mal, do certo e do errado, do justo e do injusto, da união e da desunião, do medo e da coragem. Tanto que não eram dirigidas às crianças, mas especialmente aos adultos – daí o tom até assustador que assumem nas versões originais.
Mas faz sentido, nos tempos de hoje, tratar as histórias de fadas como se fazia na Idade Média. Não é esse mundo cheio de certos e errados que magnetiza as crianças (e os adultos). É, sim, a sua riqueza imaginativa, a sua base de sonhos e de possibilidades que levam os humanos para muito além de seu cotidiano. Quem não queria possuir uma bota de sete léguas, ou encontrar príncipes encantados; quem não queria ter uma varinha de condão?
As histórias são catalisadores da imaginação sem fronteiras que caracteriza a infância. Este, sim, é o caminho a ser explorado em um projeto pedagógico afinado com o século XXI.
Em um mundo marcado pelo lazer passivo da televisão, pela imobilidade dos apartamentos, pelas ruas apinhadas de carros, as histórias de fadas são um passaporte livre para o mundo da criança e para todos os processos formativos típicos da idade – a formação da personalidade, a construção de regras e valores, o desenvolvimento cognitivo, motor e socioemocional.
É aqui que entra a Escola.
Nosso papel não é inventar histórias, não é instrumentalizá-las como itens do currículo, nem tornar obrigatório um prazer tão natural. Ao contrário, nosso papel é mergulhar no fundo da fantasia, junto com as crianças, construindo permanentemente paralelos com a vida de cada um.
Voltamos ao começo deste texto. As histórias têm cheiros, cores, sabores, densidades. As histórias não são apenas processos mentais de intelecção, mas uma fábrica de sentidos e experiências.
Vamos forçar um pouco a memória: quem de nós nunca quis saber o que ia dentro da cesta de Chapeuzinho Vermelho? Pois então, vamos para a cozinha preparar esses quitutes. Que tal passear na fazenda da Galinha Ruiva? Cada momento, cada detalhe ganha uma leitura especial e diferenciada. Ou melhor, a cada leitura, a história, como um prisma, ganha novas cores. Quem conta, reconta... faz de conta.
O que as crianças aprenderão? Não há limites. Cada narrativa leva a mundos diferentes, embora tenham um substrato comum. Daí a construção de mapas conceituais para cada um dos 32 contos escolhidos.
Em cada um dos projetos, serão desenvolvidas ações pedagógicas em áreas como:
– atividades de Música e Educação Física, vivências apresentadas nos jogos dramáticos, que levarão os alunos a criar situações imaginárias e encenações representativas;
– a exploração de todas as dimensões artísticas;
– o aprendizado e o exercício da língua oral e escrita, conforme a faixa etária;
– a compreensão de conceitos nas áreas de Ciências e Matemática, entre outras aprendizagens;
– o uso de diversos recursos. Alguns dos contos apresentados favorecerão, também, o acesso a computadores e outros recursos tecnológicos;
– o trabalho com a linguagem e a comunicação. Os alunos possivelmente irão se familiarizar com livros, filmes e situações que requerem o uso da linguagem oral e escrita;
– atividades de exploração sensorial, todo o tempo.
Vivendo as histórias, convivendo com os personagens e suas aventuras, seus sentimentos, as crianças serão convidadas para um aprendizado prazeroso e significativo.
As histórias – como as selecionadas para o projeto – trazem saberes e experiências acumuladas por várias gerações. Oferecem exemplos de modelos e papéis que, desde a infância, facilitam nossa relação com o mundo. Levam-nos a experimentar as emoções, a “treinar” posturas, a nos identificar com personagens e situações, a sonhar coisas melhores do que temos e a perceber que tudo também poderia ser pior.
Contos de fadas, histórias de bichos e fábulas são uma porta de entrada para o mundo da fantasia, e, como podem ver, também uma porta de saída para a vida real.
Por Myriam Tricate