Cássia Ravena Mulin de Assis Medel
A
 sala de aula de Educação Infantil deve ser ampla e pode ser montada em 
um único ambiente ou em dois os três ambientes, por exemplo. Deve ser 
reservado um espaço para a “rodinha”, onde são realizadas atividades do 
cotidiano como: chamada; calendário; contação de histórias; canto de 
músicas e outras.
A
 sala poderá conter os “cantinhos”: o cantinho da leitura, de 
matemática, das ciências, de historia e geografia, de artes, da 
psicomotricidade, da dramatização, por exemplo. O cantinho da Leitura, 
por exemplo, deve incluir livros de história de papel, de tecido, de 
plástico, e outros materiais; revistas em quadrinhos, por exemplo, e 
livros confeccionados pelos próprios alunos.
O
 cantinho de Matemática, incluindo jogos relativos à disciplina, como, 
por exemplo: Dominós; baralho; jogo da memória; ábacos; cuisinaire; 
material dourado; numerais em lixa e outros que poderão ser adquiridos 
ou confeccionados pelo próprio professor e pelos alunos. Poderá ser 
montado um minimercado com estantes incluindo embalagens vazias de 
produtos e uma “caixa registradora”.
O
 cantinho das Ciências, que poderá incluir livros referentes à 
disciplina; experiências realizadas pelos alunos como o plantio do 
feijão; um terrário; um aquário; por exemplo. O cantinho de História e 
Geografia, que poderá incluir materiais como um quebra-cabeças do mapa 
do município onde os alunos residem e outro do Brasil; confeccionados 
pelo professor e pelos alunos, no caso do 3º Período, e uma maquete dos 
Planetas da Galáxia, incluindo o Planeta em que vivemos A Terra, 
utilizando bolas de isopor de tamanhos diversos para representarem os 
planetas.
O
 cantinho de Artes, incluindo, materiais necessários para os alunos 
realizarem atividades de artes, como, por exemplo: tinta guache, pintura
 a dedo, anilina dissolvida no álcool, massa de modelar, revistas para 
recorte, tesouras, cola, folhas brancas para desenho, lápis de cor, giz 
de cera, hidrocor e outros.
O
 cantinho da Psicomotricidade, que poderá conter materiais como tênis 
(de madeira) com cadarço para o aluno aprender a amarrar, telaios 
(material montessoriano) com botões, colchete, velcron ( para as 
crianças aprenderem a utilizá-los), tabuleiro de areia, materiais e 
jogos de encaixe, de “enfiagem”, como, por exemplo, ( para enfiar os 
macarrões ou contas no barbante para trabalhar a motricidade refinada 
das crianças).
O
 cantinho da Dramatização, que poderá incluir um espelho afixado de 
acordo com o tamanho das crianças, trajes dentro de um baú como, por 
exemplo, fantasias, acessórios como chapéus de mágico, de palhaço, enfim
 de diversos tipos, cachecóis, echarpes, bijouterias, estojo de 
maquiagem e outros. Poderá ser construído um pequeno tablado de madeira,
 onde as crianças poderão apresentar as dramatizações.
O
 mobiliário deverá ser adequado ao tamanho das crianças: mesas, 
cadeiras, estantes, gaveteiro (para guardar o material pessoal dos 
alunos: escova de dentes, creme dental, pente ou escova, avental e 
outros), cavalete de pintura e outros.
Os
 murais da sala podem ser confeccionados com materiais como cortiça, no 
estilo flanelógrafo, utilizando tecido próprio, onde deverão ser 
expostos os trabalhos dos alunos: pesquisas, exercícios, atividades de 
artes e outros. Quadro de giz afixado de acordo com tamanho dos alunos.
Todo
 material que for afixado na parede, como por exemplo: murais, quadros 
de chamada de giz, linhas do tempo, janelinhas do tempo, cartazes, e 
outros deverão ser colocados de acordo com o tamanho dos alunos para que
 estes possam visualizar.
As paredes da sala devem ser de cores claras, pois além de clarear o ambiente, “passam” tranqüilidade às crianças.
É
 fundamental que haja um cantinho reservado para colocar colchõezinhos, 
caso alguma criança adormeça, pois nessa fase algumas ainda dormem 
durante o dia. É necessário também o travesseirinho e uma manta ou 
edredon para os dias mais frios.
Concluindo,
 a sala de aula de Educação Infantil deve ser clara, arejada e deve 
conter “estímulos” apropriados ao desenvolvimento integral da criança.
CONTEÚDOS..COMPETÊNCIAS?
a interdisciplinaridade e a 
Articulação entre os conteúdos, 
competências e habilidades
Cássia Ravena Mulin de Assis Medel
A
 escola de hoje deve procurar organizar no seu Projeto Político 
Pedagógico, a intenção de desenvolver o currículo de forma integrada, de
 maneira que os conteúdos, mesmo que ainda organizados em disciplinas, 
sejam abordados por temas nas diversas disciplinas, as quais por sua 
vez, mantêm-se articuladas com a intenção de que o conhecimento 
construído pelos educandos venha a ajudá-los na análise, interpretação, 
compreensão e problematização dos fatos e dos fenômenos da realidade 
complexa em que vivem.
Os
 conteúdos específicos referentes a cada disciplina são considerados 
como formas de se desenvolver, nos educandos, competências e habilidades
 que são desenvolvidas e consolidadas, por processos de 
ensino-aprendizagem caracterizados pelo diálogo entre temas e conteúdos 
de uma mesma disciplina, assim como entre as diversas disciplinas entre 
si.
Atualmente,
 vivemos numa sociedade que é caracterizada por sua complexidade, e a 
escola é o local onde os fenômenos sociais e as diversas maneiras e 
concepções de vida social são trabalhados, analisados e discutidos nas 
diferentes disciplinas. Desse modo, o educador se vê diante de 
diferentes desafios, entre os quais, o de encontrar o meio termo entre o
 desafio à lógica disciplinar e a sistematização dos conteúdos. É 
necessário o diálogo entre as disciplinas, na construção dessa 
realidade. 
A
 interdisciplinaridade deve reconhecer o domínio de cada área. Ela deve 
propiciar as condições necessárias para a coexistência de um diálogo 
entre as disciplinas. Tem a finalidade de estabelecer uma relação que 
leve o educando a compreender, processar, pensar, criticar e incorporar 
os diferentes conteúdos e as ligações entre as disciplinas, 
permitindo-lhe uma construção coerente e lógica dos conhecimentos 
adquiridos nas diferentes áreas.
O
 currículo da escola, deve trabalhar em prol da formação de identidades 
abertas à esta pluralidade cultural, desafiadoras de preconceitos, numa 
perspectiva de educação para a cidadania, para a paz, para a ética nas 
relações interpessoais, para a crítica às desigualdades sociais e 
culturais.
Para
 dar conta da formação do cidadão do século XXI, a escola deve estar 
comprometida em propiciar, através de diversas linguagens, a construção 
do saber, do conhecimento, preparando o educando para a transformação do
 mundo. Pela convivência com as diversas manifestações culturais, 
impregnadas de crenças, costumes e valores, espera-se que cada indivíduo
 passe a reconhecer e respeitar o direito do outro à diversidade. É 
necessário que o educador reconheça que a humanidade caracteriza-se pela
 produção da linguagem como sistema simbólico, que torna possível a 
construção de referências culturais, o desenvolvimento cognitivo e a 
formação e circulação de valores; que as diversas formas de expressão 
dos educandos devem ser respeitadas, em função da sua história de vida.
É
 necessário que o educador perceba os educandos como cidadãos de hoje, 
indivíduos que participam em um mundo social, do qual a escola 
representa apenas uma de suas instâncias. Isso envolve respeitar suas 
experiências de vida, sua linguagem e seus valores culturais, pois não 
existem conhecimentos que sejam melhores ou mais legítimos do que 
outros. Não cabe à escola, desqualificar ou ignorar essas experiências, e
 sim tentar incorporá-las, a fim de que o educando perceba uma 
articulação da vida social com seu cotidiano. Ao dar liberdade de 
expressão aos educandos, a escola permite que estes sejam encorajados a 
atuar criticamente em outras instâncias do mundo social.
A postura
 ética e crítica do indivíduo abarca a assimilação e reconstrução dos 
conceitos, da cultura e do conhecimento público da comunidade social no 
qual o educando está inserido. 
A
 escola deve desenvolver no educando a capacidade de expressar e 
comunicar suas idéias, participar e interpretar as produções culturais, 
intervir pelo uso do pensamento lógico, da criatividade e da análise 
crítica. Este processo é viabilizado pelas disciplinas que propiciam ao 
educando o seu crescimento como cidadão consciente e crítico, como 
inserção social, política e compromisso histórico, além do exercício 
cotidiano dos seus direitos, deveres, atitudes, condutas, como uma 
atitude de respeito às diversidades e autoconfiança.
quarta-feira, maio 26
segunda-feira, janeiro 18
QUEM ORIENTA..O TRABALHO ..É O PLANEJAMENTO...
Plano de Aula 
Mesmo
 para um professor experiente, é impossível entrar em classe sem antes 
planejar a aula. É por isso que os profissionais que entendem bastante 
de didática insistem na idéia de planejamento como algo que requer 
horário, discussão, esquematização e certa formalidade. Agindo assim, 
tem-se uma garantia de que as aulas vão ganhar qualidade e eficiência. 
"O professor fica mais seguro e logo percebe a diferença na aprendizagem
 e até na disciplina", afirma Cecília Mate Hanna, da Faculdade de 
Educação da Universidade de São Paulo. 
Tecnicamente,
 plano de aula é a previsão dos conteúdos e atividades de uma ou de 
várias aulas que compõem uma unidade de estudo. Ele trata também de 
assuntos aparentemente miúdos, como a apresentação da tarefa e o 
material que precisa estar à mão. "Esses detalhes fazem toda a diferença
 e garantem 90% do aprendizado dos alunos", diz Patrícia Diaz, 
coordenadora pedagógica do programa Escola que Vale, do Centro de 
Educação e Documentação para Ação Comunitária (Cedac), em São Paulo.
O
 plano de aula se articula com o planejamento - a definição do que vai 
ser ensinado num determinado período, de que modo isso ocorrerá e como 
será a avaliação. O planejamento, por sua vez, se baseia na proposta 
pedagógica, que determina a atuação da escola na comunidade: linha 
educacional, objetivos gerais etc. (leia reportagem sobre o tema na 
edição 181, de abril).
Portanto,
 o plano de aula se encontra na ponta de uma seqüência de trabalhos. 
Esse encadeamento torna possível uma prática coerente e homogênea, além 
de bem fundamentada.
Tema, objetivo e avaliação devem ser definidos
Antes
 de partir para o plano de aula, é preciso dividir em etapas o 
planejamento de um determinado período (bimestre ou quadrimestre, por 
exemplo). Com uma idéia do todo, fica mais fácil preparar o plano 
conforme o tempo disponível. Não há modelos certos ou errados. Os planos
 de aula variam segundo as prioridades do planejamento, os objetivos do 
professor e a resposta dos estudantes. Mesmo assim, é possível indicar 
os itens que provavelmente constarão de um plano de aula proveitoso. 
Um
 dos primeiros tópicos da lista deve ser o próprio assunto a ser 
tratado. Logo em seguida vêm os objetivos da atividade e que conteúdos 
serão desenvolvidos para alcançá-los. As possíveis intervenções do 
professor (como perguntas a fazer), o material que será utilizado e o 
tempo previsto para cada etapa são outros itens básicos.
Finalmente,
 é preciso verificar a eficiência da atividade. A única forma de fazer 
isso é avaliar o aluno. O critério de avaliação também é flexível. 
"Avaliar apenas com base na expectativa definida lá no começo pode 
tornar o trabalho superficial", adverte Patrícia. Da avaliação dependem 
os ajustes a serem feitos no processo. Eles são fundamentais para que a 
aula dê certo. "Ela não pode ser muito fácil nem muito difícil, mas um 
desafio real para o aluno." 
Planejar
 dá mais experiência para antecipar o que pode acontecer. Com base 
nisso, o professor se prepara para os possíveis caminhos que a atividade
 vai tomar. Não é desejável prever cada minuto da aula. Os planos vão se
 construindo a cada etapa, dependendo do que foi percebido na etapa 
anterior. Se o plano de aula não prevê tempo e espaço para os alunos se 
manifestarem, a possibilidade de indisciplina é grande - e de 
aprendizado problemático também. "O plano de aula dá abertura para lidar
 com o imprevisível sem perder o pé", diz Cecília Hanna. "É um fio 
condutor para onde sempre se volta." 
Os
 alunos não são os únicos modificados pelo aprendizado. Reservando um 
tempo depois da aula para refletir sobre o que foi feito, você tem 
oportunidade de rever sua prática pedagógica. Se o trabalho for 
acompanhado por um orientador ou coordenador pedagógico, tem-se um dos 
melhores meios de formação em serviço. Portanto, o plano de aula é uma 
bússola para que você conduza da melhor forma seu dia-a-dia 
profissional.
FONTE: http://www.cscj.com.br/
E...DISCIPLINA NA SALA DE AULA..
Disciplina em turmas de Educação Infantil
Conheça formas eficazes de manter a harmonia em Sala de Aula
Aqui
 vão as dicas da Psicóloga Daniela Alonso, de São Paulo, para a Revista 
"Guia Prático para Professoras de Educação Infantil" de setembro de 
2005.
Como fazer para crianças de 3 a 6 anos pararem quietas e prestarem atenção?
Não
 existe uma fórmula pronta pra manter a turma de maternal, jardim ou pré
 interessada na aula. Isto depende de vários fatores e um deles é 
simples: as crianças podem não estar maduras o suficiente para a 
disciplina exigida. 
Nesta
 faixa etária, o comportamento e as noções de ética e moral encontram-se
 em processo de construção. Uma das funções da professora é justamente 
colaborar com essa construção. 
LIMITES SEM SOFRIMENTO
Colocar limites, porém, nem sempre é fácil. A tentação de ficar irritada e começar a gritar pode ser grande. 
1)
 - Acima de tudo seja coerente: Não confunda as crianças com graus de 
aceitação diferentes perante um determinado comportamento. Se subir na 
cadeira for uma proibição sua, esta deve ser sempre uma proibição. Se 
você deixar num dia e não deixar no outro, as crianças tentarão tirar 
proveito dessa brecha. "Apenas alunos com hiperatividade ou alguma 
deficiência devem receber, eventualmente, um tratamento diferenciado. E 
isso os colegas de classe conseguem entender", observa Daniela. 
2)
 - Altere a voz e a expressão, mas não grite: Quando fizer uma censura, 
altere a voz para marcar a emoção, mas não se mostre muito irritada, 
pois pode parecer que você não se sente capaz de controlá-los. Em caso 
de balbúrdia geral, adote códigos de silêncio: 
- Bata palma 3 vezes; 
- Apague a luz; 
- Comece a cantar;
- Pare tudo e sente-se.
3)
 - Combine as regras de antemão: Essa atitude impede que você tenha de 
explicar a razão de uma regra no momento em que ela é quebrada. E a 
melhor forma de chegar às regras que valerão a todos é a chamada 
assembléia. "Promova uma assembléia: Em roda, estimule-os a expressar o 
que consideram certo e errado. Fale você também. Os motivos das regras 
devem ser discutidos nessa hora. Assim, no momento de chamar a atenção 
de um aluno, diga "Lembra que isso é errado?", partindo do princípio de 
que a justificativa já foi dada." 
4)
 - Não peça para a criança refletir: Se tiver de refletir quando faz 
algo errado, a criança pode acabar relacionando a reflexão a algo 
negativo. Como a reflexão é essencial no aprendizado e na vida em geral,
 evite ligá-la a situações de repreensão. 
5)
 - Adote a cooperação: A cooperação pode ser um santo remédio para maus 
comportamentos. Peça para os alunos arrumarem a classe com você ou para 
participar do "conserto" de algo que fez: se machuca um colega, pode 
ajudar no curativo. 
6)
 - Expressão dos sentimentos: Dizer "Não gostei" ou "Isso me ofende" é 
muito válido, pois, na vida em sociedade, sempre teremos de lidar com os
 limites das outras pessoas. Se você se expressa, mostra ao aluno que 
tem sentimentos a ser respeitados. 
7) - Dê exemplos positivos: Não basta dizer que a atitude está errada. Especifique com o aluno como poderia ter sido diferente. 
IMPORTANTE!
- A autoridade da classe é a professora: seja firme! 
- Se a turma inteira estiver desinteressada, questione-se sobre a atividade. Ela pode não ser adequada. 
- Só comunique os pais se o aluno apresentar especial dificuldade com regras. 
-Lembre-se:
 crianças de até 6 anos não têm disposição para ouvir sermões. Faça 
observações curtas e diretas, como "Isso não pode" e "Pare com isso".
sexta-feira, janeiro 15
PLANEJAR É ANTECIPAR AÇÕES PARA ATINGIR OBJETIVOS......
AO TRAÇARMOS UM OBJETIVO...SABEREMOS ONDE QUEREMOS IR E O QUE FAZER PARA CHEGAR ATÉ LÁ!
POR ISSO ......A IMPORTANCIA DO PLANEJAMENTO....
Celso
 dos Santos Vasconcellos já foi professor, coordenador pedagógico e 
gestor escolar. Ao longo de sua extensa carreira de educador, participou
 de inúmeros processos de planejamento nas escolas e gosta de dizer que 
aprendeu muitas lições. "Às vezes, há uma tentação enorme de ficar 
gastando tempo com problemas menores, quase sempre da esfera 
administrativa ou burocrática. Justamente por isso é tão importante 
planejar o planejamento", afirma. Doutor em Educação pela Universidade 
de São Paulo, mestre em História e Filosofia da Educação pela Pontifícia
 Universidade Católica de São Paulo e autor de diversos livros sobre 
esse assunto, o especialista fala na entrevista a seguir a respeito dos 
meandros do processo de elaboPor onde se deve começar um bom 
planejamento? 
POR ONDE COMEÇAR UM BOM PLANEJAMENTO?
VASCONCELLOS 
 Depende muito da dinâmica dos grupos. Existem três dimensões básicas 
que precisam ser consideradas no planejamento: a realidade, a finalidade
 e o plano de ação. O plano de ação pode ser fruto da tensão entre a 
realidade e a finalidade ou o desejo da equipe. Não importa muito se 
você explicitou primeiro a realidade ou o desejo. Então, por exemplo, 
não há problema algum em começar um planejamento sonhando, desde que 
depois você tenha o momento da realidade, colocando os pés no chão. Em 
alguns casos, se você começa o ano fazendo uma avaliação do ano 
anterior, o grupo pode ficar desanimado - afinal, a realidade, 
infelizmente, de maneira geral, é muito complicada, cheia de 
contradições. Às vezes, começar resgatando os sonhos, as utopias, 
dependendo do grupo, pode ser mais proveitoso. O importante é que não se
 percam essas três dimensões e, portanto, em algum momento, a avaliação,
 que é o instrumento que aponta de fato qual é a realidade do trabalho, 
vai aparecer, começando o planejamento por ela ou não. 
É POSSÍVEL REALIZAR UMM PROCESSO DE ENSINO APRENDIAGEM SEM PLANEJAR?
VASCONCELLOS
 É impossível porque o planejamento é uma coisa inerente ao ser humano. 
Então, sempre temos algum plano, mesmo que não esteja sistematizado por 
escrito. Agora, quando falamos em processo de ensino e aprendizagem, 
estamos falando de algo muito sério, que precisa ser planejado, com 
qualidade e intencionalidade. Planejar é antecipar ações para atingir 
certos objetivos, que vêm de necessidades criadas por uma determinada 
realidade, e, sobretudo, agir de acordo com essas ideias antecipadas. 
EM ALGUNS CONTEXTOS, O PLANEJAMENTO AINDA É ENCARADO COMO UM INSTRUMENTO DE CONTROLE?
VASCONCELLOS
 Sim, em algumas escolas e redes, ele ainda é um instrumento burocrático
 e autoritário. Em um sistema autoritário, o planejamento é uma arma que
 se volta contra o professor porque o que ele disser - ou alguém disser 
por ele - que vai ser feito tem que ser cumprido. Caso contrário, ele 
foi incompetente. E, nem sempre, conseguimos fazer o que planejamos. Por
 diversas razões, inclusive por falha nossa, mas não unicamente por 
isso. No entanto, o movimento da sociedade e o processo de 
redemocratização têm favorecido o conceito de planejamento como real 
instrumento de trabalho e não como uma ferramenta de controle dos 
professores. 
Qual a relação entre o planejamento e o projeto político pedagógico? 
VASCONCELLOS
 Nesse processo de planejar as ações de ensino e aprendizagem, existem 
diversos produtos, como o projeto político pedagógico, o projeto 
curricular, o projeto de ensino e aprendizagem ou o projeto didático, 
que podem ou não estar materializados em forma de documentos. O ideal é 
que estejam. Quando falamos do planejamento anual das escolas, temos 
como referência o projeto político pedagógico.
É possível fazer um planejamento sem conhecer o projeto político pedagógico da escola? 
VASCONCELLOS
 Um projeto, a escola sempre tem, mesmo que ele não esteja materializado
 em um documento. Agora, o ideal é que esse projeto seja público e 
explicitado. Na hora do planejamento anual, ele deve ser usado como algo
 vivo, como um termômetro para toda a comunidade escolar saber se o 
trabalho que está sendo planejado está se aproximando daqueles ideais 
políticos e pedagógicos ou não.
Como evitar que o tempo dedicado ao planejamento anual não seja desperdiçado? 
VASCONCELLOS
 Nas escolas, o coordenador pedagógico é o responsável por esse 
processo. É preciso prever momentos específicos para cada tipo de 
assunto e ser firme na coordenação. Às vezes, há uma tentação muito 
grande em ficar gastando tempo do planejamento com problemas menores, 
administrativos ou burocráticos. Então, é muito importante planejar o 
planejamento, reservando momentos específicos para cada assunto, e ser 
rigoroso no cumprimento dessa organização. Ele precisa ser um 
coordenador pedagógico forte, mas onde buscar apoio para se fortalecer? 
Em alguns casos, há o apoio da direção, mas é muito importante que ele 
faça parte de um grupo com outros profissionais no mesmo cargo para 
trocar experiências e sentir que não está sozinho nesse trabalho. 
Com que frequência as ações do planejamento anual devem ser revistas pela equipe? 
VASCONCELLOS
 Eu insisto muito na reunião pedagógica semanal. Na minha opinião, esse 
encontro não deve ser por área, e sim com todos os professores daquele 
ciclo, daquele período. Se todos os professores, por exemplo, do ciclo 
II do Ensino Fundamental do período da manhã estão presentes no mesmo 
momento, em um dia fixo da semana, no período da tarde, durante cerca de
 duas horas, o coordenador pedagógico pode montar reuniões por área, ou 
por nível ou gerais, conforme as necessidades. Esse momento de encontro é
 imprescindível para planejar um trabalho de qualidade com coerência 
entre os professores. Além de ser um momento de socialização. Existem 
professores que descobrem coisas excelentes que vão morrer com ele 
porque não foram sistematizadas nem ele compartilhou aquelas 
descobertas. E, na hora do planejamento, há a possibilidade de reservar 
um momento para isso. 
Existe algum momento que deve ser planejado com mais cuidado? 
VASCONCELLOS
 Sim, as primeiras aulas. Principalmente das séries iniciais. Existem 
estudos que mostram que a boa relação professor/aluno pode ser decidida 
nessas aulas. Há pesquisas que vão além e apontam os primeiros instantes
 da primeira aula como determinantes do sucesso da atividade docente. 
Então, se o professor tem de preparar bem todas as aulas, as primeiras 
precisam de mais cuidado. E não é só determinar os conteúdos a ser 
abordados, os objetivos a atingir e a metodologia mais adequada. É, 
sobretudo, se preparar, tornar-se disponível para aqueles alunos, 
acreditando na possibilidade do ensino e da aprendizagem, estando 
inteiramente presente naquela sala de aula, naquele momento.
FONTE: REVISTA NOVA ESCOLA
OBJETIVOS DO TRABALHO PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL...
O que é Educação Infantil?
Historicamente,
 no Brasil, a Educação Infantil tem sido encarada de diversas formas: 
como função de assistência social, como função sanitária ou higiênica e,
 mais recentemente, como função pedagógica. De modo geral, podemos dizer
 que, em nosso país, existem dois tipos de Educação Infantil, 
constituindo um sistema educacional que visa, desde a mais tenra idade, 
reforçar a exclusão e a injustiça social presente na economia 
capitalista: há a “Educação Infantil dos Pobres” e a “Educação Infantil 
dos Ricos”.
A
 “Educação Infantil dos Pobres” baseia-se na concepção de que as 
crianças das classes trabalhadoras têm deficiências de todos os tipos 
(nutricionais, culturais, cognitivas, etc.), as quais precisam ser 
compensadas pela escola, a fim de que, no futuro, as crianças possam ter
 alguma instrução e, assim, desempenhar o seu papel na sociedade: o de 
trabalhador.
As
 mães da classe trabalhadora precisam de algum lugar onde possam deixar 
seus filhos durante o dia, e para isto foram criadas as creches e 
pré-escolas públicas, local onde as crianças poderiam suprir as 
carências provenientes do seu meio ambiente social. Visto que tais 
crianças são consideradas muito “carentes”, qualquer atendimento dado a 
elas é satisfatório, pois já pode ser visto como uma melhoria nos 
estímulos que recebem no seu meio ambiente natural.
Deste
 modo, cria-se um atendimento na Educação Infantil onde encontramos: 
classes superlotadas, poucos adultos para atender a um número grande de 
crianças; espaços físicos improvisados e inadequados, onde as crianças 
não podem se movimentar livremente (porque o espaço é pequeno e/ou 
perigoso), bem como não encontram estímulos ou desafios; despreocupação 
com os aspecto essenciais da Educação Infantil, o educar e o cuidar 
(indissociáveis um do outro), afinal, a criança está ali apenas para que
 a sua mãe possa trabalhar; adultos que atuam junto às crianças, com 
pouca ou nenhuma formação pedagógica, já que não são considerados como 
educadores, mas como babás.
Do
 outro lado, temos a “Educação Infantil dos Ricos”. Ela também foi 
criada devido à necessidade que as mulheres/mães, hoje em dia, têm de 
trabalhar fora de casa, mas apresenta concepções e práticas diferentes. 
Os pais, neste caso, pagam caro para que as crianças freqüentem as 
“escolinhas”, por isto as instituições esforçam-se para atender aos 
anseios das famílias, que esperam garantir a melhor educação possível 
para os filhos, preparando-os para as provas que o futuro reserva, como o
 vestibular e o mercado de trabalho.
Aqui
 a Educação Infantil tem a função de preparar a criança para o ingresso,
 com sucesso, na primeira série do Ensino Fundamental. Por isto é 
preciso desenvolver as habilidades cognitivas: treina-se a coordenação 
motora; ensina-se a criança para reconhecer e copiar letras e números; 
e, a fim de promover a boa saúde das crianças, ensina-se hábitos de 
higiene e boas maneiras. As escolas têm infra-estrutura muito rica, com 
piscinas, quadras de esportes e salas de informática, além de estarem 
sempre limpas, e com murais enfeitados.
Para
 mostrar o desenvolvimento dos alunos, as escolas procuram organizar 
eventos para as famílias, como festas onde as crianças apresentam 
números artísticos, acerca de temas relativos às “Datas Comemorativas”. 
Ou realizam reuniões pedagógicas onde entregam aos pais os 
“trabalhinhos” das crianças: tarefas mimeografadas, o livro didático 
preenchido, e as atividades artísticas, além de relatórios sobre as 
crianças (sob a forma descritiva ou folhas do tipo questionário de 
múltipla escolha, preenchidos pelo professor).
Entretanto,
 podemos perguntar: Serão estas propostas pedagógicas suficientes para 
garantir o direito das criança a uma Educação Infantil que estimule o 
seu desenvolvimento integral? Em busca de respostas, encontramos algumas
 pistas, por exemplo, na concepção do psicanalista Winnicott:
“A
 função da escola maternal não é ser um substituto para uma mãe ausente,
 mas suplementar e ampliar o papel que, nos primeiros anos da criança, 
só a mãe desempenha. Uma escola maternal, ou jardim de infância, será 
possivelmente considerada, de modo mais correto, uma ampliação da 
família ‘para cima’, em vez de uma extensão ‘para baixo’ da escola 
primária.”  (WINNICOTT, 1982, p. 214)
A
 Educação Infantil surgiu quando as mulheres precisaram buscar seu 
espaço no mercado de trabalho. Por isso, a educação das crianças de 0 a 6
 anos desempenha um importante papel social. Entretanto, não pode ser 
considerada substituta das mães, o que acarreta uma confusão de papéis 
acerca da função da Educação Infantil. Por um lado, provoca uma 
desvalorização dos profissionais que atuam neste nível de ensino; 
considerando-se que estes educadores não precisam de uma sólida formação
 teórico-prática, basta que saibam cuidar adequadamente do bem-estar 
físico das crianças, evitando sujeira, doença ou bagunça. Por outro 
lado, considera-se que esta é uma “extensão para baixo” da escola 
fundamental, onde as crinças devem ser treinadas para o acesso à 
primeira série. Os educadores, desta forma, também não precisam de 
sólida formação (são menos qualificados que os de outros níveis de 
ensino), e devem ser mais sóbrios na relação com as crianças, para 
facilitar a adaptação destas na 1ª série.
Winnicott
 aponta um caminho diferente. Quando afirma que a Educação Infantil 
seria melhor considerada uma “ampliação para cima da família”, o autor 
pretende apontar para o fato de que, ao entrar na escola, a criança não 
deixa de lado a vida afetiva (centrada sobretudo na mãe) que vivia no 
lar. Ao contrário, ela está ali para ampliá-la, relacionando-se com os 
educadores e com outras crianças, de diversas idades, com valores 
culturais e familiares diferentes dos seus. É importante, também, 
ressaltar que qualquer aprendizagem está intimamente ligada à vida 
afetiva. Por tanto não cabe à escola minimizar esta vida afetiva, mas 
sim ampliá-la, criando um ambiente sócio-afetivo saudável para a criança
 na escola.
Acerca destas tarefas de socialização, de natureza sobretudo afetiva, podemos, também, acrescentar:
“As
 tarefas das crianças pequenas nas creches e pré-escolas são muitas e de
 grande importância para o seu desenvolvimento cognitivo e emocional, e o
 principal instrumento de que utilizam são as brincadeiras. Nesses 
locais, elas têm de aprender a brincar com as outras, respeitar limites,
 controlar a agressividade, relacionar-se com adultos e aprender sobre 
si mesmas e seus amigos, tarefas estas de natureza emocional.
Entretanto,
 a Educação Infantil não se restringe ao aspecto social e afetivo, 
embora eles sejam de fundamental importância para garantir as demais 
aprendizagens. Porém, qual tipo de organização pedagógica poderá permear
 estas aprendizagens? Novamente o Dr. Antônio márcio Lisboa, pediatra, 
pode contribuir para a nossa resposta:
“A
 escola dos pequeninos em de ser um ambiente livre, onde o princípio 
pedagógico deve ser o respeito à liberdade e à criatividade das 
crianças. Nela, os pequeninos devem poder se locomover, ter atividades 
criativas que permitam sua auto suficiência, e a desobediência e a 
agressividade não devem ser coibidas e, sim, orientadas, por serem 
condições necessárias ao sucesso das pessoas.”  (LISBOA, 1998, p. 15)
Entendemos
 que a organização do trabalho pedagógico na Educação Infantil deve ser 
orientada pelo princípio básico de procurar proporcionar, à criança, o 
desenvolvimento da autonomia, isto é, a capacidade de construir as suas 
próprias regras e meios de ação, que sejam flexíveis e possam ser 
negociadas com outras pessoas, sejam eles adultos ou crianças. 
Obviamente, esta construção não se esgota no período dos 0 aos 6 anos de
 idade, devido às próprias características do desenvolvimento infantil. 
Mas tal construção necessita ser iniciada na Educação Infantil.
Consideramos
 que a Educação Infantil tradicional não procura desenvolver a 
autonomia, mas sim a heteronomia, ou seja, a dependência, da criança, de
 regras e meios de ação ditados pelo adulto. A heteronomia é 
característica do pensamento das crinças de 0 a 6 anos, entretanto, a 
escola tradicional a reforça. A criança, neste modelo pedagógico, deve 
sempre esperar a ordem do adulto: ver o modelo do exercício mimeografado
 antes de fazê-lo; ver a maneira correta de realizar um trabalho manual 
antes de iniciá-lo; esperar que o adulto resolva o conflito com a outra 
criança (premiando uma das partes e repreendendo a outra); esperar a 
ordem para que possa levantar-se da cadeirinha e movimentar-se (como o 
adulto pede), como bem relata Lisboa:
“Chega
 ao colégio e – surpresa! – pedem-lhe que faça um navio. A coisa que ele
 mais gosta: desenhar. Faz um navio lindo, redondo como a lua, cheio de 
árvores no interior e com dois bichos nadando – elefantes, diz ele. A 
professora olha a obra de arte, pergunta o que é e recebe a resposta: 
‘Um navio!’ Carinhosamente, a professora vai até o quadro e desenha um 
navio clássico, com velas, proa e popa, um digno navio de adulto, e diz:
 ‘João Paulo, isto é um navio e elefante não nada!’ João Paulo havia 
feito um navio original, diferente dos outros, lindo, nunca feito por 
alguém. Havia criado o primeiro navio redondo, e a professora, que 
seguramente não havia lido O Pequeno Príncipe, deu-lhe uma lição de como
 as pessoas devem ser bitoladas desde criancinhas.”   (LISBOA, 1998, p. 15)
Certamente,
 este não é o melhor modelo pedagógico, se pretendemos o desenvolvimento
 integral e a construção da autonomia infantil. Para que a criança possa
 alcançar estes objetivos o modelo pedagógico deve proporcionar-lhe 
situações em que ela possa vivenciar as mais diversas experiências, 
fazer escolhas, tomar decisões, socializar conquistas e descobertas. 
Vale ressaltar que não se trata de um trabalho espontaneísta, onde o 
adulto não organiza objetivamente as atividades oferecidas às crianças, 
assumindo um papel de mero espectador, que observa e espera o 
desenvolvimento dos pequeninos.
Trata-se
 de uma organização do trabalho pedagógico em que o adulto/educador e as
 crianças têm, ambos, papéis ativos. Cabe ao educador pesquisar e 
conhecer o desenvolvimento infantil a fim de poder organizar atividades 
onde a criança possa experimentar situações as mais diversas, que possam
 lhe proporcionar, como veremos no quadro que se segue:
OBJETIVOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Sentir-se
 segura e acolhida no ambiente escolar, utilizando este novo espaço para
 ampliar suas relações sociais e afetivas, estabelecendo vínculos com as
 crianças e adultos ali presentes, a fim de construir uma imagem 
positiva sobre si mesma e sobre os outros, respeitando a diversidade e 
valorizando sua riqueza.
Ø
 Ø Tornar-se, cada vez mais, capaz de desenvolver as atividades nas 
quais se engaja de maneira autônoma, e em cooperação com outras pessoas,
 crianças e adultos. Desta forma, desenvolver a capacidade de começar a 
coordenar pontos de vista e necessidades diferentes dos seus, 
socializando-se.
Ø
 Ø Interagir com o seu meio ambiente (social, cultural, natural, 
histórico e geográfico) de maneira independente, alerta e curiosa. Isto 
é, estabelecendo relações e questionamentos sobre o meio ambiente, os 
conhecimentos prévios de que dispõe, suas idéias originais e as novas 
informações que recebe.
Ø
 Ø Apropriar-se dos mais diferentes tipos de linguagem construídos pela 
humanidade (oral, escrita, matemática, corporal, plástica e musical), de
 acordo com as suas capacidade e necessidades, utilizando-as para 
expressar o seu pensamento e as suas emoções, a fim de compreender e 
comunicar-se com as outras crianças e os adultos.
Assim
 sendo, o educador precisa ter em mente estes objetivos, a fim de 
avaliar as atividades que ele planeja e as suas próprias atitudes, 
observado se elas proporcionam às crianças meios de alcançar estes 
objetivos. Deve também, atuar de maneira extremamente próxima às 
crianças, sendo um mediador para que elas alcancem os objetivos 
propostos. E, também, deve avaliar o desenvolvimento do grupo onde atua e
 de cada criança, em particular, sem, porém, jamais compará-las umas às 
outras, compreendendo que cada uma delas carrega histórias de vida e 
ritmos de desenvolvimento próprios.
Currículo vivo: a organização do trabalho pedagógico na Educação Infantil.
Toda
 instituição de educação possui um currículo, e desenvolve a organização
 do trabalho pedagógico baseando-se nele. Por vezes, este currículo pode
 estar registrado num documento formal, mas, na realidade, a maior 
expressão do currículo encontra-se na prática pedagógica diária, 
realizada em cada sala de aula (ou fora dela, em outros espaços 
pedagógicos oferecidos pela escola).
Acreditamos
 que o currículo da Educação Infantil manifesta-se concretamente através
 das atividades planejadas pelos educadores e oferecidas às crianças. 
Por esta razão, consideramos essencial analisar as modalidades de 
planejamento presentes na Educação Infantil. No planejamento, o educador
 expressa os objetivos de sua prática educativa, os métodos utilizados e
 a modalidade de avaliação adotada. Segundo Ostetto (2000, p. 175-200), 
os modelos mais comuns de planejamento adotados nas instituições de 
Educação Infantil brasileiras são:
Þ
 Þ Listagem de Atividades: consiste em listar as atividades a serem 
cumpridas durante os vários momentos da rotina, o que geralmente 
proporciona longos momentos de espera, pela criança, entre uma atividade
 e outra, sendo que estas são planejadas pelo adulto que a atende, sem 
que exista muita expectativa deste em atender às necessidades da 
criança. Por isto a concepção de avaliação restringe-se às expectativas 
do adulto referentes ao “bom comportamento” das crianças. Afinal, este 
não espera que as atividades oferecidas proporcionem algum tipo de 
desenvolvimento às crianças; espera apenas que a criança cumpra as 
tarefas propostas, preenchendo o tempo durante o qual ela permanece na 
instituição, sem causar distúrbios, como brigas, bagunça, sujeira, 
barulho, etc.
Þ
 Þ Datas Comemorativas: geralmente composto por festejos dedicados a 
marcar as várias datas do calendário comemorativo (Carnaval, Páscoa, Dia
 das Mães, etc.). Pode, muitas vezes, reforçar preconceitos e 
estereótipos, pois baseia-se na concepção de história sob a ótica do 
vencedor. (Ninguém “comemora” os derrotados.) Também contribui para a 
estereotipia o fato de que as datas praticamente se atropelam, restando 
pouco tempo para que a sua origem seja realmente aprofundada e 
compreendida. Tomemos, como exemplo, o mês de abril: Páscoa, Tiradentes,
 Descobrimento, aniversário de Brasília... Será possível realmente 
compreender o significado de cada uma delas? O conhecimento torna-se, 
muitas vezes, fragmentado e repetitivo (afinal, todos os anos são 
“comemoradas” as mesmas datas). O objetivo das comemorações seria 
fornecer informações às crianças. Por exemplo, em relação ao “Dia do 
Índio”: espera-se que a criança compreenda que eles foram os primeiros 
habitantes do Brasil, que vivem em aldeias, que moram em ocas, etc. Como
 as crianças são ainda pequenas, as informações são “simplificadas” para
 que elas possam memorizá-las no curto espaço de tempo destinado a cada 
comemoração. Assim, acabam transmitindo concepções, muitas vezes, 
equivocadas. Voltando ao exemplo do Dia do Índio: não se informa às 
crianças que existem várias aldeias indígenas no Brasil, que cada uma 
tem costumes e culturas muito ricos e diversos, nem sobre o massacre a 
que os colonizadores portugueses submeteram esta população. Quanto à 
avaliação, vemos uma maior preocupação com a verificação da transmissão 
de conteúdos, que devem ser reproduzidos pelas crianças nas mais 
diversas atividades (construir com sucata a oca do índio, de acordo com o
 modelo trazido pela professora; desenhar o índio com tanga, cocar e 
segurando o arco-e-flecha; copiar a palavra índio, dentre outras).
Þ
 Þ Planejamento baseado em aspectos do desenvolvimento: influenciado 
pela Psicologia do Desenvolvimento, este tipo de planejamento procura 
contemplar todas as áreas do desenvolvimento infantil (psicomotor, 
afetivo, cognitivo, social, etc.). As atividades são selecionadas de 
acordo com o valor que possam ter para o desenvolvimento da criança. Se,
 por um lado, procura observar a criança como um todo, por outro, peca 
por vê-la como um ser ideal, situado numa faixa de presumível 
“normalidade”, e não considera o contexto sócio-histórico onde ela se 
encontra inserida. Assim sendo, podem haver conflitos nos critérios de 
avaliação: A criança será avaliada de acordo com as expectativas ideais,
 descritas nos compêndios de Psicologia, ou será avaliada levando-se em 
conta, também, os aspectos sócio-históricos que marcam sua vida? Não 
negamos as contribuições da Psicologia à Educação Infantil. é essencial 
que o profissional de Educação Infantil compreenda o desenvolvimento 
social, afetivo, psicomotor e cognitivo da criança. Entretanto, ele deve
 considerar que este desenvolvimento dá-se em ritmos diversos, de acordo
 com a história de vida da criança, e com as possibilidades oferecidas 
pelo seu meio ambiente, sem que variações nesse ritmo sejam vistam como 
“atrasos” ou “deficiências”. A avaliação não deve apenas identificar 
tais problemas, mas apontar soluções, caminhos e possibilidades de 
atuação pedagógica, para que a criança possa vir a superá-los, com o 
auxílio dos educadores.
Þ
 Þ Temas Geradores/Centros de Interesse: são elencados temas semanais, 
supostamente interligados um ao outro, para serem trabalhados em todas 
as turmas de uma instituição. Partem do pressuposto de que os “temas” 
despertariam os interesses de todas as turmas envolvidas, do “maternal” 
ao “pré”. O objetivo deste modelo pedagógico seria ampliar os 
conhecimentos das crianças, alargando o seu universo cultural. 
Entretanto, o profissional de Educação Infantil pode encarar o trabalho 
com temas de diversas maneiras: Num modelo tradicional, o 
adulto/professor, escolhe o tema a ser trabalhado pela classe, e espera 
que, nas avaliações (realizadas pela observação em todas as atividades 
desenvolvidas) a criança reproduza aquilo que aprendeu. Por exemplo, se o
 tema gerador foi “Animais”, é esperado que a criança saiba dar 
informações sobre os hábitos de diversos animais, classificando-os de 
acordo com os critérios repassados pelo adulto, tais como “animais que 
vivem na terra”, “animais que vivem na água”, “animais que voam” e assim
 por diante, sem levar em conta que as crianças podem vir a criar 
critérios muito diferentes para classificá-los. Já numa visão 
identificada com a pedagogia escolanovista, as crianças têm um papel 
mais ativo, e maior possibilidade de expor suas próprias idéias. Os 
temas nem sempre são impostos ao grupo de crianças pelo professor, ou 
pela coordenação pedagógica, mas partem da sua curiosidade natural, 
observada pelo educador. Entretanto, por ater-se apenas aos “interesses”
 dos alunos, neste caso o educador pode pouco contribuir para que as 
crianças ampliem o seu mundo e seus conhecimentos.
Þ
 Þ Conteúdos/Áreas de Conhecimento: podemos citar como exemplo deste 
tipo de planejamento o “Referencial Curricular Nacional para a Educação 
Infantil” (RCNEI) e o “Currículo para a Educação Básica no DF – Educação
 Infantil/4 a 6 anos”, pois ambos dividem as atividades a serem 
desenvolvidas “Formação Pessoal e Social”, “Conhecimento de Mundo”, 
“Linguagem Oral e Escrita”, “Conhecimento Lógico-Matemático” e “Natureza
 e Sociedade”. Destacamos que este tipo de trabalho surgiu como uma 
oposição à pré-escola assistencialista, baseada na concepção de educação
 compensatória (KRAMER, 1995). Vale, ainda, registrar que, na 
exacerbação deste modelo de planejamento, a Educação Infantil pode vir a
 copiar a divisão por disciplinas do Ensino Fundamental, tornando-se uma
 espécie de “cursinho preparatório” para o ingresso na 1ª série, 
copiando, também, o modelo de avaliação do Ensino Fundamental: avaliação
 por disciplinas, a qual, ainda que seja realizada durante o processo, 
observando o desenvolvimento da crianças nas diversas atividades, 
propostas pela rotina da instituição educativa, não considera a 
inter-relação que existe entre os diversos eixos do conhecimento e do 
desenvolvimento infantil.
Þ
 Þ Projetos de Trabalho: o projeto de trabalho parte dos interesses e 
necessidades apresentados pelos próprios alunos; por isso, nem sempre 
todas as turmas de uma escola desenvolverão o mesmo projeto. Desse modo,
 respeita-se as características de cada grupo, bem como as 
particularidades de cada indivíduo, levando-se em conta o contexto 
sócio-histórico onde estes estão inseridos. Quando é adotado o 
planejamento através de projetos, a avaliação apresenta-se mais 
integrada ao planejamento. Isto porque os temas, datas, etc., não são 
elencados previamente pelo adulto, seja ele o professor ou o coordenador
 pedagógico, sem que eles conheçam a realidade concreta das crianças. 
Nem atendem apenas aos interesses naturais que os adultos constatam pela
 observação das ações espontâneas das crianças. O projeto parte de uma 
proposta que os educadores definem após um contato inicial com as 
crianças e o seu meio ambiente (social, cultural, histórico, 
geográfico), procurando atender às necessidades constatadas. Entretanto,
 ele é um planejamento mais flexível. Sua duração de tempo não é 
predeterminada com rigidez; não é um tema que deve “durar uma semana”, 
ou uma data a ser festejada apenas na sua época. E seu andamento, as 
atividades propostas às crianças, dependem da observação e reavaliação 
constantes do trabalho pedagógico, feitas pelo educador. As crianças têm
 oportunidade de sugerirem rumos diferente para o seu planejamento, nas 
“rodas de conversa” em que o educador e seus colegas de sala escutam 
seus relatos e idéias. O educador conduz o processo pedagógico, mas 
sempre avaliando, ouvindo e observando as crianças junto às quais atua, 
visando o seu desenvolvimento integral.
No
 cotidiano da Educação Infantil, todos esses modelos de planejamento 
coexistem: em maior ou menor grau; com maior ou menor, harmonia; sendo 
quase impossível distingui-los. Entretanto, uma das modalidades de 
planejamento acaba sendo a principal, e, ao optar por adotá-la, o 
educador expressa a sua escolha por um modelo pedagógico.
Como
 já afirmamos anteriormente, o nosso modelo pedagógico de Educação 
Infantil visa o desenvolvimento integral e a construção da autonomia 
infantil. Por esta razão, optamos pela Pedagogia de Projetos (projetos 
de trabalho), por consideramos que ela possibilita, ao professor e às 
crianças, um papel ativo na construção do planejamento e do projeto 
político-pedagógico que ele possibilita.
Isto
 ocorre porque os temas abordados nos projetos não são determinados pela
 coordenação pedagógica, direção do estabelecimento de ensino ou 
documentos oficiais – o que tornaria o educador, que está na sala de 
aula, um passivo executor de planejamentos alheios a ele e à sua turma 
de crianças. Nem são definidos somente pelo educador/adulto, o que 
tornaria as crinças/alunos passivos diante do professor. Mas são 
definidos pelas crianças e adultos/educadores em conjunto, atendendo à 
suas expectativas, curiosidades e necessidades, procurando alcançar os 
objetivos que propusemos anteriormente.
A
 fim de possibilitar às crinças um ambiente onde elas possam pesquisar e
 expressar os temas que desejam abordar nos projetos, o educador deve, 
desde o início do ano letivo, organizar o espaço pedagógico (a sala de 
aula, demais espaços da escola, e outros espaços que a comunidade possa 
oferecer), proporcionando diversas experiências às crianças. Afinal, os 
temas não surgirão apenas da “espontaneidade” das crianças, mas de sua 
interação com um meio ambiente rico e estimulante. Denominamos esta 
organização do espaço pedagógico de rotina, e consideramos que, dentre 
inúmeras possibilidades, a rotina deve oferecer às crianças momentos 
onde elas possam desenvolver as atividades sugeridas no quadro que se 
segue:
ROTINA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Hora da Roda
Este
 momento é presente na rotina de diversas instituições de Educação 
Infantil, e, podemos afirmar, é um dos mais importantes para a 
organização do trabalho pedagógico e o desenvolvimento das crianças. Na 
roda, o professor recebe as crianças, proporcionando sensações como 
acolhimento, segurança e de pertencer àquele grupo, aos pequenos que vão
 chegando. Para tal, pode utilizar jogos de mímica, músicas e mesmo 
brincadeiras tradicionais, como “andoleta” e “corre-cotia”, promovendo 
um verdadeiro “ritual” de chegada. Após a chegada, o educador deve 
organizar a roda de conversa, onde as crianças podem trocar idéias e 
falar sobre suas vivências. Aqui cabe ao educador organizar o espaço, 
para que todos os que desejam possam falar, para que todos estejam 
sentados de forma que possam verem-se uns aos outros, além de fomentar 
as conversas, estimulando as crianças a falarem, e promovendo o respeito
 pela fala de cada um. Através das falas, o professor pode conhecer cada
 um de seus alunos, e observar quais são os temas e assuntos de 
interesse destas. Na roda, o educador pode desenvolver atividades que 
estimulam a construção do conhecimento acerca de diversos códigos e 
linguagens, como, por exemplo, marcação do dia no calendário, 
brincadeiras com crachás contendo os nomes das crinças, jogos dos mais 
diversos tipos (visando apresentá-los às crianças para que, depois, 
possam brincar sozinhas) e outras. Também na roda deverão ser feitas 
discussões acerca dos projetos que estão sendo trabalhados pela classe, 
além de se apresentar às crinças as atividades doa dia, abrindo, também,
 um espaço para que elas possam participar do planejamento diário. O 
tempo de duração da roda deve equilibrar as atividades a serem ali 
desenvolvidas e a capacidade de concentração/interação das crianças 
neste tipo de atividade.
Hora da Atividade
Neste
 momento da rotina, o professor organizará atividades onde a criança, 
através de ações (mentais e concretas) poderá construir conhecimentos de
 diferentes naturezas: Conhecimentos Físicos (cuja fonte é a observação e
 interação com os mais diversos objetos, explorando as suas 
propriedades); Conhecimentos Lógico-Matemáticos (resultado de ações 
mentais e reflexões sobre os objetos, estabelecendo relações entre 
eles), e Conhecimentos Sociais (de natureza convencional e arbitrária, 
produzidos pelo homem ao longo da historia – a cultura. Por exemplo, a 
leitura e a escrita, e conhecimentos relacionados à Geografia, à 
história e a parte das Ciências Naturais). As atividades que 
proporcionam a construção destes tipos de conhecimentos podem estar 
ligadas aos temas dos projetos desenvolvidos pela classe, ou podem ser 
resultado do planejamento do professor, criando uma seqüência de 
atividades significativas. A organização da sala de aula , para o 
desenvolvimento de tais atividades, deve proporcionar às crianças a 
possibilidade de trocarem informações umas com as outras, e de se 
movimentarem, e de atuarem com autonomia. Assim sendo, é importante que a
 disposição dos móveis e objetos na sala torne possível: que as crianças
 sentem em grupos, ou próximas umas das outras; que haja espaço para 
circulação na sala de aula e que os materiais que as crinças 
necessitarão para desenvolver as atividades estejam ao seu alcance, e 
com fácil acesso. Estas atividades também podem ser realizadas em 
espaços fora da sala de aula, como. Por exemplo, se a turma está 
desenvolvendo um projeto sobre insetos, pode dar uma volta no jardim da 
escola, à procura de exemplares para o seu “Insetário”. De qualquer 
modo, é necessário que o professor planeje as atividades oferecidas, que
 forneça às crianças os materiais necessários para a sua realização e, 
sobretudo, esteja presente, ouvindo as crianças e auxiliando-as, pois 
somente assim ele poderá compreender o desenvolvimento das crianças e 
planejar atividades cada vez mais adequadas às necessidades delas. Para 
realizar este acompanhamento, o professor pode planejar e oferecer ao 
grupo atividades diversificadas, em que cada criança escolhe, dentre as 
várias atividades disponíveis, em qual se engajará primeiro.
Artes Plásticas
O
 trabalho com artes plásticas na Educação Infantil visa ampliar o 
repertório de imagens das crianças, estimulando a capacidade destas de 
realizar a apreciação artística e de leitura dos diversos tipos de artes
 plásticas (escultura, pintura, instalações). Para tal, o professor pode
 pesquisar e trazer, para a sala de aula, diversas técnicas e materiais,
 a fim de que as crianças possam experimentá-las, interagindo com elas a
 seu modo, e produzindo as suas próprias obras, expressando-se através 
das artes plásticas. Assim, elas aumentarão suas possibilidades de 
comunicação e compreensão acerca das artes plásticas. Também poderão 
conhecer obras e histórias de artistas (dos mais diversos estilos, 
países e momentos históricos), apreciando-as e emitindo suas idéias 
sobre estas produções, estimulando o senso estético e crítico.
Hora da História
Podemos
 dizer que o ato de contar histórias para as crianças está presente em 
todas as culturas, letradas ou não letradas, desde os primórdios do 
homem. As crinças adoram ouvi-las, e os adultos podem descobrir o enorme
 prazer de contá-las. Na Educação Infantil, enquanto a criança ainda não
 é capaz de ler sozinha, o professor pode ler para ela. Quando já é 
capaz de ler com autonomia, a criança não perde o interesse de ouvir 
histórias contadas pelo adulto; mas pode descobrir o prazer de contá-las
 aos colegas. Enfim, a “Hora da História” é uma momento valioso para a 
educação integral (de ouvir, de pensar, de sonhar) e para a 
alfabetização, mostrando a função social da escrita. O professor pode 
organizar este momento de diversas maneiras: no início ou fim da aula; 
incrementando com músicas, fantasias, pinturas; organizando uma pequena 
biblioteca na sala; fazendo empréstimos de livros para que as crianças 
leiam em casa, enfim, há uma infinidade de possibilidades.
Hora da Brincadeira
Brincar
 é a linguagem natural da criança, e mais importante delas. Em todas as 
culturas e momentos históricos as crianças brincam (mesmo contra a 
vontade dos adultos). Todos os mamíferos, por serem os animais no topo 
da escala evolutiva, brincam, demonstrando a sua inteligência. 
Entretanto, há instituições de Educação Infantil onde o brincar é visto 
como um “mal necessário”, oferecido apenas por que as crianças insistem 
em fazê-lo, ou utilizado como “tapa-buraco”, para que o professor tenha 
tempo de descansar ou arrumar a sala de aula. Acreditamos que a 
brincadeira é uma atividade essencial na Educação Infantil, onde a 
criança pode expressar suas idéias, sentimentos e conflitos, mostrando 
ao educador e aos seus colegas como é o seu mundo, o seu dia-a-dia. A 
brincadeira é, para a criança, a mais valiosa oportunidade de aprender a
 conviver com pessoas muito diferentes entre si; de compartilhar idéias,
 regras, objetos e brinquedos, superando progressivamente o seu 
egocentrismo característico; de solucionar os conflitos que surgem, 
tornando-se autônoma; de experimentar papéis, desenvolvendo as bases da 
sua personalidade. Cabe ao professor fomentar as brincadeiras, que podem
 ser de diversos tipos. Ele pode fornecer espelhos, pinturas de rosto, 
fantasias, máscaras e sucatas para os brinquedos de faz-de-conta: 
casinha, médico, escolinha, polícia-e-ladrão, etc. Pode pesquisar, 
propor e resgatar jogos de regra e jogos tradicionais: queimada, 
amarelinha, futebol, pique-pega, etc. Pode confeccionar vários 
brinquedos tradicionais com as crianças, ensinando a reciclar o que 
seria lixo, e despertando o prazer de confeccionar o próprio brinquedo: 
bola de meia, peteca, pião, carrinhos, fantoches, bonecas, etc. Pode 
organizar, na sala de aula, um cantinho dos brinquedos, uma “casinha” 
além de, é claro, realizar diversas brincadeiras fora da sala de aula. 
Além disso, as brincadeiras podem despertar projetos: pesquisar 
brinquedos antigos, fazer uma Olimpíada na escola, ou uma Copa do Mundo,
 etc.
Hora do Lanche/Higiene
Devemos
 lembrar que comer não é apenas uma necessidade do organismo, mas também
 uma necessidade psicológica e social. Na Bíblia, por exemplo, 
encontramos dezenas de situações em que Jesus compartilhava refeições 
com seus discípulos, fato que certamente marcou nossa cultura. Em 
qualquer cultura os adultos (e as crianças) gostam de realizar 
comemorações e festividades marcadas pela comensalidade (comer junto). 
Por isso, a hora do lanche na Educação Infantil não deve atender apenas 
às necessidades nutricionais das crianças, mas também às psicológicas e 
sociais: de sentir prazer e alegria durante uma refeição; de partilhar e
 trocar alimentos entre colegas; de aprender a preparar e cuidar do 
alimento com independência; de adquirir hábitos de higiene que preservam
 a boa saúde. Por isto, a hora do lanche também deve ser planejada pelo 
professor. A disposição dos móveis deve facilitar as conversas entre as 
crinças; devem haver lixeiras e material de limpeza por perto para que 
as crianças possam participar da higiene do local onde será desfrutado o
 lanche (antes e depois dele ocorrer); deve haver uma cesta onde as 
crianças possam depositar o lanche que desejam trocar entre si 
(estimulando a socialização e, ao mesmo tempo, o cuidado com a higiene).
 Além disso, é importante que o professor demonstre e proporcione às 
crianças hábitos saudáveis de higiene antes e depois do lanche (lavar as
 mãos, escovar os dentes, etc.). O lanche também pode fazer parte dos 
projetos desenvolvidos pela turma: pesquisar os alimentos ais saudáveis,
 plantar uma horta, fazer atividades de culinária, produzir um livro de 
receitas, fazer compras no mercado para adquirir os ingredientes de uma 
receita, dentre outras, são atividades às quais o professor pode dar uma
 organização pedagógica que possibilite às crinças participar 
ativamente, e elaborar diversos projetos junto com a turma.
Atividades Físicas/Parque
Fanny
 Abramovich lembra-nos, com muito humor, o papel usualmente atribuído ao
 movimento nas nossas escolas: “Não se concebe que o aluno sequer possua
 um corpo. Em movimento permanente. Que encontre respostas através de 
seus deslocamentos. Um corpo que é fonte e ponte de aprendizagens, de 
reconhecimentos, de constatações, de saber, de prazer. Basicamente, 
possui cabeça (para entender o que é dito) e mão (para anotar o que é 
dito). Portanto, pode e deve ficar sentado o tempo todo da aula. Breves 
estiramentos, andadelas rápidas, podem ser efetuadas nos intervalos. No 
mais, os braços são úteis para segurar livros/cadernos/papéis e pés e 
pernas se satisfazem ao ser selecionados para levantar/perfilar/sair. E 
basta.” (ABRAMOVICH, 1998, p. 53) Na Educação Infantil, o principal 
objetivo do trabalho com o movimento e expressão corporal é proporcionar
 à criança o conhecimento do próprio corpo, experimentando as 
possibilidades que ele oferece (força, flexibilidade, equilíbrio, entre 
outras). Isto proporcionará a ela integrá-lo e aceitá-lo, construindo 
uma auto-imagem positiva e confiante. Para isso o professor deve 
proporcionar atividades, fora e dentro da sala de aula, onde a criança 
possa se movimentar. Alongamentos, ioga, circuitos, brincadeiras livres,
 jogos de regras, tomar banho de mangueira, subir em árvores... são 
diversas as possibilidades. O professor deve organizá-las e planejá-las,
 mas sempre com um espaço para a invenção e colaboração da criança. O 
momento do parque também assume uma conotação diferente. Não é apenas um
 intervalo para descanso das crianças e dos professores. É mais um 
momento de desafio, afinal, há aparelhos, árvores, areia, baldinhos e 
pás, pneus, cordas, bolas, bambolês e tantas brincadeiras que esses 
materiais oferecem. O professor deve estar próximo, auxiliando e 
estimulando a criança a desenvolver a sua motricidade e socialização, 
ajudando, também, a resolver os conflitos que surgem nas brincadeiras 
quando, porventura, as crianças não forem capazes de solucioná-los 
sozinhas.
Atividades Extra-Classe
(Interação com a comunidade)
A
 sala de aula e o espaço físico da escola não são os únicos espaços 
pedagógicos possíveis na Educação Infantil. Em princípio, qualquer 
espaço pode tornar-se pedagógico, dependendo do uso que fazemos dele. 
Praças, parques, museus, exposições, feiras, cinemas, teatros, 
supermercados, exposições, galerias, zoológicos, jardins botânicos, 
reservas ecológicas, ateliês, fábricas e tantos outros. O professor deve
 estar atento à vida da comunidade e da cidade onde atua, buscando 
oportunidades interessantes, que se relacionem aos projetos 
desenvolvidos na classe, ou que possam ser o início de novos projetos. 
Isto certamente enriquecerá e ampliará o projeto político-pedagógico da 
instituição, que não precisa ser confinando à área da escola. Podem 
haver até mesmo intercâmbios com outras instituições educacionais.
Obs.:
 Quadro baseado em DEVIRES e ZAN (1998). Utilizamos algumas 
terminologias das autoras, acrescentando elementos da nossa própria 
prática pedagógica.
A
 rotina é um elemento importante da Educação Infantil, por proporcionar à
 criança sentimentos de estabilidade e segurança. Também proporciona à 
criança maior facilidade de organização espaço-temporal, e a liberta do 
sentimento de estresse que uma rotina desestruturada pode causar. 
Entretanto, como vimos, a rotina não precisa ser rígida, sem espaço para
 invenção (por parte dos professores e das crianças). Pelo contrário a 
rotina pode ser rica, alegre e prazerosa, proporcionado espaço para a 
construção diária do projeto político-pedagógico da instituição de 
Educação Infantil. Vale, ainda, lembrar que “a dinâmica de um grupo de 
crianças é maior que a rotina da creche” (BATISTA, 2001). Isto é, a 
rotina aqui proposta é apenas uma sugestão, pois a melhor rotina para 
cada grupo de crianças só pode ser estabelecida pelo seu professor, no 
contato diário com as crianças.
Avaliação na Educação Infantil: o adulto como um dos mediadores do desenvolvimento infantil.
Nenhuma
 proposta de organização do trabalho pedagógico está completa sem 
expressar sua concepção sobre avaliação. Afinal, a forma como os 
educadores realizam suas avaliações sobre os alunos expressam, em último
 grau, a sua concepção de educação. Seja como uma educação repressora e 
bancária, onde o professor deposita o conhecimento, que o aluno deve 
reproduzir. Ou como uma educação progressista e democratizadora, voltada
 para o pleno desenvolvimento do ser humano, de sua consciência crítica,
 de sua capacidade de ação e reação. Nesta última visão a avaliação não 
tem a função de medir, comparar, classificar, e aprovar/reprovar, 
excluindo aqueles que não chegam ao padrão preestabelecido. Mas a função
 de proporcionar ao professor uma melhor compreensão sobre a 
aprendizagem dos alunos, avaliando constantemente o trabalho pedagógico 
por ele oferecido aos alunos, a fim de poder superar as dificuldades 
encontradas. É esta a concepção que defendemos.
No
 que se refere à Educação Infantil, esta postura avaliativa significa a 
adoção de “posturas contrárias à constatação e registro de resultados 
alcançados pela criança a partir de ações dirigidas pelo professor, 
buscando, ao invés disso, ser coerente à dinâmica do seu processo de 
desenvolvimento, a partir do acompanhamento permanente da ação da 
criança e da confiança na evolução do seu pensamento. Tal postura 
avaliativa mediadora parte do princípio de que cada momento de sua vida 
representa uma etapa altamente significativa e precedente as próximas 
conquistas, devendo ser analisado no seu significado próprio e 
individual em termos de estágio evolutivo de pensamento, de suas 
relações interpessoais. E percebe-se, daí, a necessidade do educador 
abandonar listagens de comportamentos uniformes, padronizados, e buscar 
estratégias de acompanhamento da história que cada criança vai 
constituindo ao longo de sua descoberta do mundo. Acompanhamento no 
sentido de mediar a sua ação, favorecendo-lhe desafios, tempo, espaço e 
segurança em suas experiências.” (HOFFMANN, 1996, p. 24)
Esta
 proposta de avaliação concebe o professor/adulto como mediador. Isto 
significa que não é esperado que, na avaliação, a criança reproduza os 
conhecimentos que o professor transmitiu. Pois aqui o professor não é a 
única “fonte” de conhecimento. O conhecimento surge da relação que a 
criança estabelece com as outras crianças (de diferentes idades), com os
 adultos (pais, professores, e outros) com o meio ambiente e com a 
cultura. Por tanto, ela jamais irá reproduzir uma informação recebida, 
mas sim irá fazer a leitura desta informação, de acordo com os recursos 
de que dispõe. O professor, as outras crianças, o meio, a cultura, todos
 estes elementos são agentes mediadores entre a criança e a informação. 
Entre conhecimento e desenvolvimento. Entre cultura e inovação.
Por
 isto, não há como avaliar a criança de acordo com expectativas 
preestabelecidas pelo adulto. Não é possível preencher listas, 
formulários ou boletins, pois isto tudo significaria comparar e medir, 
classificando as crianças. O registro da avaliação deve ser o registro 
da história vivida pela criança, no período descrito. Desta forma podem 
ser utilizados relatórios descritivos e porta-fólios, por exemplo. 
Quanto aos relatórios descritivos, estes devem ser elaborados de maneira
 que “ao mesmo tempo que refaz e registra a história do seu processo 
dinâmico de construção do conhecimento, sugere, encaminha, aponta 
possibilidades da ação educativa para pais, educadores e para a própria 
criança. Diria até mesmo que apontar caminhos possíveis e necessários 
para trabalhar com ela é o essencial num relatório de avaliação, não 
como lições de atitudes à criança ou sugestões de procedimentos aos 
pais, mas sob a forma de atividades a oportunizar, materiais a lhe serem
 oferecidos, jogos, posturas pedagógicas alternativas na relação com 
ela.” (HOFFMANN, 1996, p. 53)
Enfim,
 esta é uma proposta de avaliação em que não apenas a criança é 
avaliada, mas todo o trabalho pedagógico oferecido a ela também é 
avaliado, repensado e modificado sempre que necessário. Não é uma 
avaliação final, pontual, retratando um único momento da criança. Mas 
uma avaliação processual, que, entretanto, é registrada periodicamente.
Concluindo (por enquanto).
Como
 afirma o Dr. Lisboa, “O fundamental para as crianças menores de seis 
anos é que elas se sintam importantes, livres e queridas.” (LISBOA, 
2001) Este deve ser o objetivo fundamental de qualquer ação educativa 
voltada para as crianças de 0 a 6 anos. A organização do trabalho 
pedagógico visando alcançar estes objetivos pode assumir várias formas, 
expressas em diferentes métodos. Mas, necessariamente, tem de ser 
pautada por uma postura de respeito à criança: ao seu ritmo de 
desenvolvimento, à sua origem social e cultural, às suas relações e 
vínculos afetivos; à sua expressão (plástica, oral, escrita, em todos os
 tipos de linguagem) e às suas idéias, desejos e expectativas. Sem, 
porém, jamais abdicar da procura por ampliar, cada vez mais, este mundo 
infantil.
Bibliografia
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médicas, 1991.
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KRAMER, Sônia. A política do pré-escolar no Brasil: a arte do disfarce. São Paulo: Cortez, 1995, 5 ed.
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LISBOA, Antônio Márcio Junqueira. Correio Braziliense, 20/04/2001.
LISBOA, Antônio Márcio Junqueira. O seu filho no dia-a-dia: dicas de um pediatra experiente. Vol. 3. Brasília: Linha Gráfica, 1998.
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