A GALINHA DOS OVOS DE OURO
Certa manhã, um fazendeiro descobriu que sua gansa tinha posto um ovo de ouro. Apanhou o ovo, correu para casa, mostrou-o à mulher, dizendo:
- Veja! Estamos ricos!
Levou o ovo ao mercado e vendeu-o por um bom preço.
Na manhã seguinte, a gansa tinha posto outro ovo de ouro, que o fazendeiro vendeu a melhor preço. E assim aconteceu durante muitos dias. Mas, quanto mais rico ficava o fazendeiro, mais dinheiro queria. E pensou:
"Se esta gansa põe ovos de ouro, dentro dela deve haver um tesouro!"
Matou a gansa e, por dentro, a gansa era igual a qualquer outra.
Quem tudo quer tudo perde.
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A RAPOSA E AS UVAS
Uma raposa faminta entrou num terreno onde havia uma parreira, cheia de uvas maduras, cujos cachos se penduravam, muito alto, em cima de sua cabeça. A raposa não podia resistir à tentação de chupar aquelas uvas mas,por mais que pulasse, não conseguia abocanhá-las. Cansada de pular, olhou mais uma vez os apetitosos cachos e disse:
- Estão verdes . . .
É fácil desdenhar daquilo que não se alcança.
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A FORMIGA E A POMBA
Uma formiga sedenta veio à margem do rio para beber água. Para alcançá-la, devia descer por uma folha de grama. Quando assim fazia, escorregou e caiu dentro da correnteza.
Uma pomba, pousada numa árvore próxima, viu a formiga em perigo. Rapidamente, arrancou uma folha da árvore e deixou-a cair no rio, perto da formiga, que pode subir nela e flutuar até a margem.
Logo que alcançou a terra, a formiga viu um caçador de pássaros, que se escondia atrás duma árvore, com uma rede nas mãos. Vendo que a pomba corria perigo, correu até o caçador e mordeu-lhe o calcanhar. A dor fez o caçador largar a rede e a pomba fugiu para um ramo mais alto.
De lá, ela arrulhou para a formiga:
- Obrigada, querida amiga.
Uma boa ação se paga com outra.
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A LEITEIRA E O BALDE
Uma leiteira ia a caminho do mercado. Na cabeça, levava um grande balde de leite. Enquanto andava, ia pensando no dinheiro que ganharia com a venda do leite:
- Comprarei umas galinhas. As galinhas botarão ovos todos os dias. Venderei os ovos a bom preço. Com o dinheiro dos ovos, comprarei uma saia e um chapéu novos. De que cor?
Verde, tudo verde, que é a cor que me assenta bem. Irei ao mercado de vestido novo. Os rapazes me admirarão, me acompanharão, me dirão galanteios, e eu sacudirei a cabeça ... assim! . . .
E sacudiu a cabeça. O balde caiu no chão e o leite todo espalhou-se. A leiteira voltou com o balde vazio.
Não se deve contar hoje com o lucros de amanhã!
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O CERVO E O LEÃO
Num belo dia de verão, um cervo chegou até junto a um regato, para beber. Quando inclinou a cabeça, viu na água a própria imagem e exclamou, orgulhoso:
- Oh, como eu sou bonito e que bonitos são meus chifres!
Aproximou-se mais e viu o reflexo das próprias pernas dentro da água:
- Mas como são finas as minhas pernas . . . - observou com tristeza.
Nesse momento surgiu um leão que saltou sobre o cervo.
O cervo disparou pela campina, com tanta velocidade que o leão não podia pegá-lo. Aí, o cervo entrou por dentro da floresta e logo os seus chifres se embaraçaram nos galhos das árvores. Em poucos instantes o leão saltava sobre o prisioneiro.
- Ai de mim! - gemeu o cervo. - Senti orgulho de meus chifres e desprezei minhas pernas . . . no entanto, estas me salvariam e estes causaram minha perda . . .
"Muitas vezes desdenhamos do que temos de melhor."
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O CORVO E O JARRO
Um corvo morria de sede e se aproximou de um jarro, que uma vez vira cheio d'água. Mas, desapontado, verificou que a água estava tão baixa que ele não podia alcançá-la com o bico. Tentou derramar o jarro mas era impossível: o jarro era pesado demais.
De repente, viu ali perto um monte de bolas de gude. Apanhou com o bico uma das bolas e jogou dentro do jarro. Depois outra. E outra mais. E outra. E a cada bola que jogava, a água subia. Jogou tantas bolas dentro do jarro que a água subiu-lhe até o gargalo. E o corvo pode beber.
Onde a força falha, a inteligência vence.
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O PESCADOR E O PEIXE
Um pescador estava pescando e, depois de horas de pescaria, conseguiu apanhar um peixe muito pequeno. O peixinho lhe disse:
- Poupe minha vida e jogue-me de novo no mar. Dentro de pouco tempo, estarei crescido e você poderá pescar um peixe grande!
O pescador respondeu:
- Eu seria um tolo se te soltasse por uma pescaria incerta . . .
Mais vale a certeza de hoje do que a incerteza de amanhã.
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O CONSELHO DOS CAMUNDONGOS
Um dia os camundongos se reuniram para decidir a melhor maneira de lutar contra o inimigo comum, o gato. Discutiram horas seguidas, sem encontrar um bom plano.
Afinal, um ratinho pediu a palavra e falou:
- Sabemos que o grande perigo é quando o gato se aproxima tão mansamente que não percebemos sua presença. Proponho que se coloque um guizo no pescoço do gato. raças ao barulho do guizo, saberemos da aproximação do gato, e teremos tempo para fugir.
Todos aplaudiram a idéia brilhante. Mas um ratinho mais experimentado pediu também a palavra e disse:
- A idéia é muito boa. Mas que vai pendurar o guizo no pescoço do gato?
É mais fácil falar do que fazer.
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O GALO E A JÓIA
Um galo estava ciscando no terreiro e, no meio da suja poeira, encontrou uma jóia.
- Ah - disse, triste, o galo - como ficaria feliz o meu dono se encontrasse esta jóia! Para mim, porém, ela é completamente inútil; eu preferiria ter achado um sabugo de milho...
O que para uns tem valor, para outros nada vale.
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%uFEFFO PASTORZINHO E O LOBO
Todos os dias, um jovem pastor levava um rebanho de ovelhas às montanhas perto da aldeia. Um dia, por brincadeira, ele correu de lá de cima gritando:
- Um lobo! Um lobo!
O Habitantes da aldeia trataram de apanhar pedaços de pau para caçar o lobo. E encontraram o pastorzinho às gargalhadas, dizendo:
- Eu só queria brincar com vocês!
E, vendo que a brincadeira realmente assustava os aldeões, gritou no dia seguinte:
- Um lobo!
E novamente os moradores da aldeia trataram de apanhar suas armas de madeira.
Tantas vezes o fez que a gente da aldeia não prestava mais atenção aos seus gritos. Mais uns dias e ele volta a gritar:
- Um lobo! Um lobo! Socorram-me!
Um dos homens disse aos outros:
- Já não acredito. Ele não nos engana mais.
E era de fato um lobo, que dizimou todo o rebanho do pastorzinho.
Ninguém acredita num mentiroso, mesmo quando ele diz a verdade.
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A LEBRE E A TARTARUGA
A lebre, muito gabola, vivia contando para todos que era o animal mais veloz do mundo. Por isso gostava da apostar corridas.
Dona Lebre já tinha nas corridas um casaco de peles da onça malhada e um pote de mel do amigo urso.
- Olhem só! Outro dia fiz uma corrida com o Sol e ganhei fácil. Ele até se escondeu, todo envergonhado, atrás de uma nuvem - disse a lebre.
- Corto minhas orelhas se alguém ganhar de mim. Desafio todos os animais da floresta - disse novamente a lebre.
A tartaruga, muito calma, aceito o desafio:
- Aceito e darei a você a minha casa se eu perder.
O corredores dariam a volta ao redor da Floresta Encantada, voltando ao ponto de partida.
Partiram. A lebre correu como o vento e a tartaruga saiu lentamente.
Depois de algum tempo a lebre olhou para trás e, vendo que a tartaruga estava muito longe, resolveu tirar uma soneca.
Roncou... Roncou... Roncou...
A tartaruga muito lentamente passou e ganhou a corrida.
Dizem que até hoje Dona Lebre corre muito porque tem medo de que a tartaruga corte suas orelhas.
Paciência vale mais do que pressa.
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AS LEBRES E AS RÃS
As lebres, animais tímidos por natureza, se sentiam oprimidas por causa da sua excessiva timidez, e cansadas de viverem em constante alerta, temendo a tudo e a todos, o tempo todo.
Em comum acordo resolveram por fim as suas vidas e a todos os seus problemas, saltando do alto de um penhasco, para as águas profundas de um lago abaixo.
Assim que elas correram, todas de uma só vez, para colocar em prática sua decisão, as Rãs que repousavam nas margens do lago escutaram o barulho dos seus pés, e desesperadas e tomadas de pânico, fugiram para o fundo da água em busca de segurança.
Ao ver o desespero das ãs em fuga, uma das ebres, rogou aos seus companheiros:
- Fiquem meus amigos, não façam isso que estão pretendendo, vimos agora que existem criaturas que vivem mais aterrorizadas que nós.
É uma grande ilusão e egoísmo, acharmos que nossos problemas são os maiores do mundo e que, apenas nós os temos.
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%uFEFFA CIGARRA E A FORMIGA
A cigarra é uma grande cantora e passou o verão todo cantando lindas canções no alto de uma árvore.
Ficava o dia inteiro cantando e olhando as formigas trabalharem sem parar.
O verão passou. O inverno chegou.
A cigarra, com frio, fome e tossindo muito, um dia bateu na porta da casa da formiga.
A formiga olhou por uma fresta e perguntou:
- Quem é você? Por que está tão suja e gripada?
-E u sou a cigarra que mora no alto da árvore, cantei o verão todinho e agora não tenho comida nem casa para me abrigar do vento e do frio.
- Ah, cantava? Pois agora dance!
A cigarra ia saindo entristecida, quando a formiga chamou.
- Puxa vida! Então era você que ficava alegrando nossas vidas enquanto trabalhávamos? - disse a formiga.
- Sim, era eu mesma - disse chorando, a cigarra.
- Então está bem, fique morando aqui até o tempo ficar bom.
A cigarra sarou e continuou a cantar, alegrando a vida de toda a bicharada da floresta.
Deve-se prever sempre o dia de amanhã.
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A OSTRA E O CARANGUEJO
Uma ostra estava apaixonada pela lua.
Quando seu grande disco de prata aparecia no céu, ela passava horas a fio, com as conchas abertas, olhando para ela.
Certo dia um caranguejo percebeu que a ostra se abria durante a lua cheia e pensou em comê-la. A noite seguinte, quando a ostra se abriu, o malvado caranguejo jogou uma pedra dentro dela.
Nesse momento, a ostra tentou se fechar, mas a pedra a impediu.
Então o astuto caranguejo saiu de seu esconderijo, abriu suas pinças afiadas e quase comeu a ostra inocente, se não fosse um tubarão que apareceu das profundezas para assustá-lo.
Pois é exatamente isso o que acontece com quem abre muito a boca para divulgar seus segredos. Sempre existe algum ouvido querendo se apoderar deles.
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O MACACO E A LEBRE
Maria Hilda de J. Alão.
No reino dos animais foi aberto um concurso para escolher o bicho que tinha o mais belo par de chifres. Inscreveram-se vários animais, entre eles cabras, carneiros, gamos, cervos e bois. Todos tratavam de lustrar e afiar os chifres para que ficassem mais bonitos, os melhores. A concorrência era grande. Quem levaria o prêmio? A cabra, vaidosa como ela só, dizia:
- Mééé, eu ganharei o primeiro lugar. O meu par de chifres é o mais lindo, o mais bem cuidado, mééé.O carneiro protestou. Quem essa cabra pensa que é? O par de chifres mais bonito, o melhor de todos era o dele. Passavam o tempo discutindo, medindo, comparando os chifres. Todos queriam ganhar. O prazo de inscrição para o concurso ainda estava vigorando quando uma lebre viu a sua sombra no chão e percebendo o tamanho das suas orelhas pensou:- Eu vou entrar neste concurso. As minhas orelhas são grandes e, se eu der uma disfarçada, elas podem, muito bem, passar por um par de chifres. Posso enrolá-las com cipó... ou...Com essa idéia na cabeça ela foi procurar o macaco, seu amigo de longa data. Encontrou o malandro comendo banana deitado no galho de uma árvore.- Amigo macaco, eu estou indo me inscrever no concurso mais belo par de Chifres
- Amiga lebre, você não tem chifres. Essas coisas compridas na sua cabeça são orelhas. Não quer esperar o CONCURSO DAS MAIS BELAS ORELHAS? - Por que está me dizendo isso? perguntou a lebre zangada se eu fizer um arranjo com cipó ou fibra do tronco da bananeira, minhas orelhas não ficaram iguais a um belo par de chifres? Ora, não venha querer mudar o meu pensamento... - Calma, amiga! Por acaso você leu o regulamento do concurso?
- Não, não li! respondeu a lebre.- Diz lá, no artigo 5º - parágrafo II que, em caso de fraude, o bicho será desclassificado, perderá a amizade dos outros animais e nunca mais poderá participar dos eventos da floresta. Você sabe quem é o presidente da comissão julgadora? É o leão ruivo. E ele, minha amiga, não perdoa a desonestidade, a mentira.O macaco, com muito jeito, levou a lebre até o lugar onde seria realizado o concurso para que ela visse como funcionava. Chegaram bem na hora em que o leão berrava ferozmente para uma fila de candidatos ao mais belo par de chifres:
- Senhores participantes, eu Leão Ruivo, Presidente da Comissão Julgadora do concurso O mais Belo Par de Chifres, comunico a todos que não admitirei fraudes. Há uns minutos atrás foi banida, para os confins da floresta, a girafa. Ela quis que passassem por chifres aquelas duas coisinhas plantadas lá no alto da sua cabeça, por este motivo foi rejeitada a sua inscrição. Digo mais: este é um concurso honesto com base na honra de caráter de cada bicho. Quem tem chifres tem, quem não tem não adianta querer disfarçar. Se houver mais alguém pensando em passar a perna nesta Comissão que desista agora, não faça a sua inscrição.O macaco olhou para a lebre e perguntou:- Ainda quer se inscrever, amiga?
- Não. Vou esperar o concurso das orelhas. respondeu ela de cabeça baixa toda envergonhada.O macaco, todo saltitante, ficou feliz com a decisão. Não podia deixar a sua amiga se meter numa encrenca com o leão. Ele acompanhou a lebre até a sua casinha dando-lhe sábios conselhos;
- Amiga, a mentira não é prêmio, é a coisa mais feia que existe. Não fique triste, sorria. Hoje você se livrou de ir morar lá no fundão da floresta e não ver mais os seus amigos, os seus filhotes e este macaquinho aqui. Como eu poderia viver sem a sua companhia? Para quem eu iria contar as minhas aventuras? E pulando entre as flores do mato, o macaco colheu algumas e entregou para a lebre dizendo:- Para a minha querida amiga lebre, flores para perfumar a sua vida e a sua sabedoria. Flores de amizade eterna.A lebre sorriu, agradeceu e entrou na sua casinha para cuidar dos muitos filhotinhos cheios de fome.
Moral: Mentir não é um bom negócio. Faz mal ao corpo e a alma.
O MENINO E A MOEDA
Maria Hilda de J. Alão.
Um menino queria comprar uma bolinha de gude para completar sua coleção. Sem dinheiro, ele caminhava por uma estrada e, em certo trecho, achou uma moeda. Abaixou-se para apanhá-la. Neste instante passou por ele, voando, uma nota de maior valor. Ele largou a moeda e saiu correndo para alcançar a nota. Com ela poderia comprar muitas bolinhas de gude, sonhava. Quanto mais ele corria mais a nota se afastava. Furioso, o menino gritou:
- Olá "seu" vento! Esta nota não te pertence, por que a levas para longe?
O vento, zunindo forte, respondeu:
- Quero ver o que és capaz de fazer por ela. Ela é um sonho, o desejo de querer mais e mais, também chamado de ganância, a certeza tu a deixaste para trás.
E lá se foi o menino disputando com o vento a posse da nota. Subiu e desceu morros, embrenhou-se no mato, e o vento continuava rindo dele levando a nota para bem distante. Depois de muito tempo de corrida, já cansado, o menino percebeu que estava se aproximando da borda de um precipício. Parou. O vento continuou levando a nota até que ela despencou, abismo abaixo, caindo nas águas do mar. Foi como acordar de um pesadelo. O pobre menino pensou:
- Tanto trabalho para nada. É melhor eu voltar e pegar a moeda. Com ela eu posso comprar a bolinha que me falta.
Voltou ao local onde deixara a moeda, mas ela havia desaparecido. Algum passante encontrou e levou a moeda com ele.
- Ta vendo! - pensou o menino -, quem manda trocar o certo pelo incerto! Não tenho a moeda nem a nota e, muito menos, a bolinha que me falta.
UM GATO NO ESPELHO
Maria Hilda de J. Alão.
Um gato, parado diante do espelho do quarto de sua dona, discutia com sua imagem refletida.
- Quem é você? Pensa que vai tomar o meu lugar nesta casa? Miauuurur! Aqui não vai ficar. Dormir no meu cestinho nem pensar. Também não terá os carinhos da menina Lili. Pode sair! Já! Olha, eu já mandei! Sai daí valentão imitador! Miauuurur! Estou ficando nervoso. Olha só o meu pêlo todo arrepiado.
O bichano, todo eriçado e com o corpo curvado, partiu para cima da imagem dando uma testada no espelho que doeu bastante. Como o outro bichano não saiu nem se abalou, ele resolveu desafiá-lo para um duelo.
- Não adianta ficar me imitando o tempo todo. Vamos duelar, briga de gato pra valer! Pode ser aqui ou no telhado. O vencedor fica na casa. Miauuurrur!
Uma aranha, que morava atrás da cortina do quarto, cansada de ouvir o falatório do gato, saiu e pendurada num fio de sua teia se pôs a apreciar o teatro que o gato fazia com sua imagem refletida no espelho. Estava engraçado. O gato pulava, arrepiava-se, miava, arreganhava os dentes para a imagem como se estivesse diante de um inimigo.
A princípio a aranha se divertiu. Um tempo depois ela já estava sentindo a agulhada de sua consciência que dizia: "não ria da ignorância alheia". É. O gato não sabia que aquele outro gato era ele mesmo. Foi aí que ela tomou uma atitude correta.
- Olá amigo bichano! Por que está tão bravo assim?
- É que apareceu este gato estranho para tomar o meu lugar. - disse ele sacudindo o rabo com força fazendo uma careta para a imagem.
- Amigo, amigo! Este que você vê aí é você mesmo. O amigo está diante de um espelho. Veja, se eu esticar o meu fio mais um pouco eu vejo outra aranha que sou eu mesma.
- Dona aranha, mas que confusão é esta? - perguntou o bichano.
- Não tem confusão nenhuma. Veja! - e esticando o fio de sua teia, aranha apareceu no espelho gritando para o gato:
- Olha eu aí! Tá vendo? É a minha imagem. Eu não vou brigar com ela pensando que ela quer a minha casa. É isso amigo. É o seu reflexo no espelho.
- Então este sou eu...eu? Meu Deus! Não sabia que eu era assim! - perguntava de boca aberta o bichano.
- Claro! É você mesmo. - respondeu a aranha contente.
- Todos os gatos são iguais a mim...? - quis saber.
- Não. Todos os animais são diferentes uns dos outros. Para dar um exemplo: tem gato todo branco, malhado, preto e branco, grande, pequeno e assim por diante. Isso vale para todos os seres existentes na natureza. Se tudo fosse igual, já imaginou o quanto monótono seria o mundo? - respondeu a aranha.
Então o gato, já mais calmo, começou a olhar mais atento para o espelho. Levantou a pata da frente, a imagem repetiu o gesto. Abriu a boca imitando um tigre, a imagem fez o mesmo. Ele gostou do viu e disse para a aranha.
- Obrigado amiga aranha por ter me esclarecido. Eu nunca havia me visto num espelho, daí a minha ignorância.
- Adeus amigo bichano! Não fique muito tempo diante do espelho... - disse ela rindo e escalando, lentamente, o fio da teia para voltar a sua casa atrás da cortina do quarto.
Faça como a aranha. Não ria, esclareça.
A Lição da Dona Ratinha
Marlene B. Cerviglieri
Na toca de dona Ratinha, havia muita alegria!
Estavam felizes, pois nasceram todos os ratinhos esperados.
A mamãe ratinha radiante limpava a cria, e o papai já havia saído para ver o que poderia trazer para o jantar.
Era difícil enganar o Totó e a Jesebel, a branquinha.
Correu por entre os entremeios das cantoneiras da sala e ficava esperando uma oportunidade para poder pegar um pouco de alguma coisa para a família comer.
Cada dia ficava mais difícil, não pelo Totó, um cachorro de cor preta e bem gordinho, com tanto pelo no cara que nunca se sabia se estava dormindo ou acordado...Não dava para ver os olhos.
Um certo dia, quando os ratinhos já estavam maiores, um deles de nome Taynó, saiu e foi seguindo o pai pela casa.
Viu o Totó e levou um susto!
Mas quem deu muito trabalho mesmo foi a gatinha branca Jesebel!
Conseguiram os dois se safarem e entraram, ofegantes, na pequenina toca onde moravam todos.
Correu para a mamãe ratinha e disse ter visto uma coisa muito feia, grande cheia de pelos grandes. Não sabia nem onde começava a cabeça daquilo!
Mas a branquinha era tão lindinha!
Andava devagarzinho, seus olhos tinham um brilho!
- Meu filho você teve uma grande lição hoje, disse a mamãe ratinha.
- Eu mamãe?
- É, você mesmo.
As aparências enganam.
Quem mais nos dá trabalho é a branquinha, enquanto que o Totó dorme o tempo todo.
Ele sabe que pegamos comida do prato, mas só late não é perigoso.
Portanto preste muita atenção, e não julgue pela aparência, ela pode enganar.
Ali quietinho em seu cantinho Taynó pensava:
- Puxa eu até que gostei da branquinha e seus olhinhos brilhantes, mas vou tomar cuidado.
A mamãe sabe das coisas, e dormiu rapidamente depois de ter comido um bom bocado de queijo.
Ah, não era queijo não só tinha a aparência...
Marlene B. Cerviglieri
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